Celina e Teresinha |
NB.: Antes de iniciarmos queria lembrar aos caríssimos leitores que o processo de beatificação de Santa Teresinha teve início no dia 8 de maio de 1908 sendo então Papa Pio X. Em 29 de abril de 1923 houve a Promulgação solene em S. Pedro de Roma, do Breve da Beatificação da Venerável Teresa do Menino Jesus. Era então papa, Pio XI. Já em 16 de janeiro de 1910 a serva de Deus , Irmã Teresa do Menino Jesus, apareceu à Madre Carmela, prioresa do Carmelo de Gallipoli (Itália) e revelou-lhe que o seu "Caminhozinho era seguro. Celina morreu com 83 anos, e, portanto, teve a graça de dar pessoalmente testemunho no Processo de Beatificação e Canonização de sua irmã Sóror Teresa do Menino Jesus.
"No Processo, quando o Promotor da Fé me perguntou porque desejava eu a beatificação de Sóror Teresa do Menino Jesus, respondi-lhe que "era unicamente para dar a conhecer o seu "caminhozinho". Era assim que ela chamava a sua espiritualidade, a sua maneira de ir a Deus. Ele retorquiu: "Se falar de "Caminho", a causa cairá infalivelmente, como aconteceu já em várias circunstâncias análogas".
"Tanto pior, respondi eu, o medo de perder a causa de Sóror Teresa do Menino Jesus não seria capaz de me impedir de pôr em relevo o único ponto que me interessa: fazer, em certo modo, que se canonize o "caminhozinho". E mantive-me e a causa não caiu à água. Foi por isso que experimentei mais alegria quando do discurso de Bento XV que exaltava a "Infância Espiritual" do que na beatificação e na canonização da nossa santa. Atingira o meu fim nesse dia, 14 de agosto de 1921.
Pintado por Celina em 1912
"Por outra parte, o Summarium registou esta resposta que eu dei a respeito dos "Dons sobrenaturais": "Foram muito raros na vida da serva de Deus. Quanto a mim, preferiria antes que ela não fosse beatificada do que não dar dela o seu retrato como eu o creio exato em consciência". ... A sua vida devia ser simples para servir de modelo às "almas pequenas".
"É fato que em todos os encontros a nossa querida Mestra indicava-nos o seu "caminhozinho". "Para caminhar na "sendazinha", declarava ela, é preciso ser humilde, pobre de espírito e simples". Como ela teria gostado, se a tivesse conhecido, desta oração de Bossuet: "Grande Deus!... não permitais que certos espíritos, alguns dos quais se classificam entre os sábios, e outros entre os espirituais, possam jamais ser acusados no vosso terrível Tribunal, de terem contribuído de alguma maneira para vos fecharem a entrada de não sei quantos corações, porque vós queríeis entrar neles duma maneira cuja simplicidade os chocava e por uma porta que, por mais aberta que esteja pelos santos desde os primeiros séculos da Igreja, não era talvez assaz conhecida deles; fazei antes que, tornando-nos todos tão pequenos como crianças, como Jesus Cristo manda, possamos entrar uma vez por essa portinha, a fim de que em seguida possamos mostrá-la aos outros, mais segura e mais eficazmente". Assim seja.
Teresa menina e sua mãe: pintura de Celina
"Não é para admirar que na sua última hora este homem tenha pronunciado estas palavras comovedoras: "Se pudesse recomeçar a minha vida, quereria não ser outra coisa senão uma criancinha a dar sem cessar a mão ao Menino Jesus".
"Teresa soube maravilhosamente na luz revelada aos pequeninos descobrir essa porta de salvação e indicá-la aos outros. A Sabedoria divina e a sabedoria humana não assinalaram, nesse espírito de infância, a verdadeira grandeza de alma?" ... Para a nossa Santa, esta "sendazinha" consistia praticamente na humildade, como já o disse. Mas traduzia-se ainda por um espírito de infância muito acentuado. E assim ela gostava muito de me recordar estas palavras que tirava do Evangelho: "Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o Reino dos Céus... Os seus anjos vêem continuamente a Face de meu Pai Celeste... Quem for como uma criança será o maior no reino do Céu... Jesus abraçava as crianças depois de as ter abençoado". Evangelho. Ela tinha-as copiado no verso duma estampa na qual estavam as fotografias dos nossos irmãozinhos e irmãzinha que voaram para o céu de tenra idade. Deu-ma de presente, guardando outra igual no seu breviário. As fotografias, agora, estão em parte um pouco apagadas pelo tempo. A estes textos evangélicos ela tinha acrescentado outros, tirados da Sagrada Escritura, que a encantavam e sempre em relação com o espírito de infância: "O Senhor conduzirá o seu rebanho às pastagens. Ele juntará os Cordeirinhos e levá-los-á ao colo" (Isaías, XL, 2). "Se alguém é muito pequeno, venha a mim" (Prov.).
"Mostrei-lhe uma memória mortuária com a fotografia duma criança, falecida em tenra idade; ela pôs o dedo sobre o rosto do bebê, dizendo com ternura e ufania: "Estão todos sob meu domínio!", como se já previsse o seu título de "Rainha dos Pequeninos". Sóror Teresa do Menino Jesus era alta, media um metro e sessenta e dois , ao passo que a Madre Inês de Jesus era muito mais pequena. Disse-lhe eu um dia: "Se a tivessem deixado escolher, que preferiria: ser grande ou pequena? Ela respondeu sem hesitar: "Teria escolhido ser pequena, para ser pequena em tudo".
Teresa e seu pai: pintura de Celina
"A Igreja viu sempre em Teresa do Menino Jesus a Santa da Infância Espiritual. Numerosos são os testemunhos dos Papas a este respeito. Limitar-me-ei a citar o do Pontífice reinante Pio XI, através do seu Legado a latere para a Inauguração da Basílica de Lisieux, a 11 de julho de 1937: "Santa Teresa do Menino Jesus tem uma missão, tem uma doutrina. Mas a sua doutrina, como toda a sua pessoa, é humilde e simples; reduz-se a estas duas palavras: Infância Espiritual, ou a estas duas equivalentes: "Pequeno Caminho".
Nenhum comentário:
Postar um comentário