sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

CARTA APOSTÓLICA "MOTU PROPRIO" "SUMMORUM PONTIFICUM"

Considerações como complemento dos últimos posts

   É lícito, diz o "Motu Proprio", celebrar o Sacrifício da Missa de acordo com a edição típica do Missal Romano promulgado pelo Beato João XXIII em 1962 e NUNCA AB-ROGADO". (grifos nossos). Quero comentar apenas estas duas preciosíssimas palavras destacadas: "nunca ab-rogado".
   Primeiro é um reconhecimento feito de maneira oficial. É o Santo Padre, o Papa, nosso guia no Magistério Vivo e Perene da Santa Madre Igreja quem o faz, e de maneira tão simples e natural, deixando claramente transparecer de que se trata de uma coisa óbvia. No entanto, no dia do Juízo vamos ver a quantos sofrimentos os padres e fiéis tradicionalistas foram submetidos, por  as autoridades da Igreja terem agido como se o contrário é que fosse verdade.
   Numa palestra que D. Antônio de Castro Mayer, bispo de Campos, fez ao microfone da Rádio Cultura de Campos, no dia 27 de novembro de 1971, entre outras coisas diz o seguinte: (...) " a Missa é o centro do Cristianismo, é o que lhe dá vida, e o faz autêntico. Por isso mesmo, Lutero, a primeira coisa que fez para abalar a Igreja de Roma, foi atacar a Missa" (...) "Segundo esta legislação canônica em vigor um costume mais do que centenário, ou imemorial só se considera ab-rogado, quando semelhante ab-rogação é declarada de modo explícito (c. 30). Ora, de um lado a Missa tradicional de São Pio V tem uma tradição muito mais do que centenária. É milenar, e mais que milenar. Pelo menos no século VI já se celebrava a Missa, como se celebra hoje a Missa de São Pio V. De onde, continua a ser lícita a celebração dessa Missa. Ninguém pode censurar um padre porque continua a celebrá-la".
   "Alguém poderia perguntar por que este apego à Missa tradicional?
   "Explica-se:
   "São Pio V fixou o rito da Missa, conservando o rito tradicional, e proibindo pequenas adições e subtrações que se faziam em alguns lugares, para impedir que se alargassem na Igreja, e viessem adulterar o rito sagrado, de maneira que sua característica de verdadeiro sacrifício propiciatório caísse no esquecimento e viesse a ser anulado. A Missa de São Pio V é, pois, uma barreira contra a heresia: os protestantes diziam e dizem que todos os fiéis são sacerdotes e que o padre não tem nenhum sacerdócio especial.- A Missa de São Pio V fixa de modo insofismável a distinção entre o padre que celebra, que sacrifica, e o povo que se junta ao sacerdote em posição subalterna, para participar do sacrifício. Os protestantes negavam que a Missa fosse um verdadeiro sacrifício. Era apenas uma Ceia. - A Missa de São Pio V afirma de modo peremptório que a Missa é um verdadeiro sacrifício. Os protestantes negavam, e negam, que a Missa seja um sacrifício propiciatório. No máximo aceitam que se diga um sacrifício de ação de graças. - A Missa de São Pio V marca indelevelmente o caráter propiciatório da Missa. É pois uma barreira a invasão herética"
   "Daí o explicável apego que a ele (ao rito da Missa de S. Pio V) têm fiéis que amam a Igreja e amam a Jesus Cristo, porque o apego e o amor à doutrina e Revelação de Jesus Cristo é sinal de verdadeiro amor ao mesmo Jesus Cristo, segundo a expressão dele mesmo: "Quem me ama, guarda a minha palavra" (S. Jo. XIV, 23). Compreende-se, assim, a pergunta que faz o publicista francês Luiz Salleron, no semanário parisiense "Carrefour" de 14 de julho último: "É acaso, possível proibir uma Missa que, desde os primórdios, é a Missa ininterrupta da Tradição e que foi fixada no século XVI em plena harmonia com o Concílio de Trento, cujos trabalhos, seguidos por longos anos, tiveram como finalidade determinar bem o objeto do Dogma Eucarístico?" - Também a nós nos parece que não é possível. Até agora a Santa Sé também não a proibiu. Portanto, em plena harmonia com a Igreja, podem todos os padres continuar celebrar a Missa Tradicional de São Pio V".
   Na época, lembro-me que os progressistas da Diocese de Campos, acharam que D. Antônio estava errado. Bem parecido com a época do Papa Honório I; só a matéria da controvérsia era diferente. Patriarcas, bispos e padres monotelitas acharam que o monge Máximo estava errado em não obedecer ao Papa Honório I; mas hoje Máximo é enaltecido pelo seu amor a Igreja e a Jesus Cristo, e foi canonizado; e o Papa Honório I, 40 e poucos anos depois de morto, foi anatematizado, aliás, por um Papa santo, ou seja, São Leão II.
   Se D. Antônio de Castro Mayer estivesse vivo, como ele teria se alegrado por este documento "Motu Proprio" "Summorum Pontificum" de Sua Santidade o Papa Bento XVI!!! Sobretudo por ter declarado de modo insofismável que a Missa de São Pio V nunca foi ab-rogada. Homem de fé e que amava verdadeiramente a Nosso Senhor Jesus Cristo e Sua Mãe Santíssima, D. Antônio de Castro Mayer teria se alegrado enormemente, não só simplesmente por ver sua opinião confirmada pelo Papa; não pensando no própria glória, mas na maior glória de Nosso Senhor Jesus Cristo e no triunfo da Santa Madre Igreja.
   Lendo hoje a carta "Summorum Pontificum", pensamos também em D. Marcel Levebvre, outro bispo que amava ternamente a Santa Madre Igreja. D. Mayer e D. Levebvre eram dois homens capazes de dar a vida no martírio pelo triunfo da Santa Madre Igreja.
   Em 23 de dezembro de 1982, o então Prefeito da Congregação para a doutrina da Fé, o cardeal Ratzinger, hoje o nosso Santo Padre, o Papa, em nome do Papa João Paulo II, apresentava a D. Lefebvre algumas propostas em vista da sua regularização e da dos membros da Fraternidade de São Pio X; e depois, no fim da carta, observou: "Eu devo acrescentar, enfim, que, no que concerne à autorização de celebrar a Santa Missa segundo o "Ordo Missae" anterior ao de Paulo VI, o Santo Padre decidiu que a questão será resolvida para a Igreja universal e, portanto, independentemente de seu caso particular".
   Destas palavras do então cardeal Ratzinger podemos tirar algumas conclusões: 1ª) É uma injustiça contra D. Levebvre dizer (como alguém disse) que ele foi culpado por esta demora de 25 anos na liberação da Missa de São Pio V para a Igreja Universal. Por que injustiça? Primeiro porque o cardeal Ratzinger declarou que o Santo Padre decidiu que a vontade dele era resolver esta questão para a Igreja universal, independentemente do caso de D. Lefebvre, ou seja, não dependeria da solução ou não solução deste caso particular da regularização de D. Lefebvre e de sua Fraternidade de São Pio X. Portanto, se o Papa não resolveu senão depois de 25 anos, não foi por causa de D. Lefebvre. 2ª) D. Lefebvre visitou a João Paulo II, poucos meses depois de sua eleição, para o cumprimentar , e pedir a bênção a Sua Santidade e, especialmente, fazer-lhe um pedido, para o bem de toda a Igreja: reconhecer oficialmente o direito de se celebrar a Missa de sempre. "O Papa João Paulo II, conta o próprio D. Lefebvre, por ocasião da audiência que me concedeu em novembro de 1979, ele parecia bastante disposto, após uma conversação prolongada, a deixar a liberdade de escolha na liturgia, a deixar-me fazer, no fim de contas, o que eu solicito desde o começo: entre todas as experiências que são efetuadas na Igreja, "a experiência da tradição. Parecia ter chegado o momento em que as coisas se iriam arranjar, não mais ostracismo contra a missa, não mais problema. Mas o cardeal Seper, que estava presente, viu o perigo; exclamou: 'Mas Santíssimo Padre, eles fazem desta missa uma bandeira!' A pesada cortina que se havia erguido num instante recaiu. Será preciso esperar ainda." (Confira "CARTA ABERTA AOS CATÓLICOS PERPLEXOS" edição feita pela Permanência, capítulo XX, os 2 §§ finais).
   Todos sabemos que D. Lefebvre dentro da década de 80 fez alguns escritos ou conferências que depois foram publicadas, em que ele diz palavras muito severas como: "é em Roma que a heresia instalou-se... É por isso que nós não podemos nos ligar a Roma". É preciso estarmos lembrados e os mais novos precisam saber que nas décadas de 70 e 80, ou seja, alguns anos após o Concílio Vaticano II, aconteceram tantos e tão grandes escândalos e sacrilégios, por causa do ecumenismo, da liberdade religiosa e da inculturação, das novas teologias; enfim com a destruição de tudo o que era sagrado e tradicional, que realmente éramos levados a pensar que a profecias de Nossa Senhora de La Salette estavam se realizando. As vezes fico pensando assim: Se todos os absurdos que foram cometidos dentro da Igreja tivessem sido filmados e hoje fossem mostrados, muitos teriam dificuldade em acreditar; alguns morreriam de tristeza; teriam exclamado: mas isto não é Religião!!! É a abominação da desolação dentro do lugar santo!!! Hoje também há coisas muito tristes. Mas a grande diferença é que hoje temos muitas coisas boas que na época não tínhamos e nem sequer a esperança de tê-las tão cedo.
   D. Pestana, de saudosa e santa memória, era na época bispo de Anápolis GO. (1979-2004). Por causa dos absurdos que estavam sendo cometidos dentro da Igreja chegou a dizer que não foi só a fumaça de Satanás que entrou na Igreja, mas foi o demônio inteiro. Eis as palavras de D. Pestana: "O demônio todo inteiro, não só a sua fumaça como disse Paulo VI, transpôs triunfalmente os portões da Igreja e está colocado nos seus mais altos postos, através de seus fiéis seguidores. Estupidificados pelo engodo do ecumenismo, estão engolindo a infidelidade e a apostasia que escorrem do alto. A Igreja esá caminhando para Sodoma e Gomorra".  Realmente foi a coisa mais triste do mundo!!! Até o idoso bispo D. Lazo passou para o Fraternidade de São Pio X.
   Como a Santa Igreja é divina, desde a promulgação de Missa de Paulo VI, houve reações contra esta missa feita com a assistência complacente e concorde de seis pastores protestantes. E como na época do Papa Honório I que com sua ambigüidade, imprudência e negligência favoreceu a heresia monotelita defendida pelos bispos patriarcas Sérgio e Pirro, houve dois homens providenciais: o monge São Máximo e o bispo São Sofrônio, podemos dizer que para defender a Missa Tradicional, a Providência Divina suscitou na Igreja dois bispos: D. Antônio de Castro Mayer e D. Marcel Lefebvre.
   Suponhamos, por absurdo, que nem eles nem outros tivessem reagido contra a Missa Nova e não tivessem defendido que a Missa de São Pio V nunca poderia ser ab-rogada, o que teria acontecido? Com certeza, hoje, não teríamos mais a Missa Tradicional. Por isso devemos concluir que D. Lefebvre e D. Mayer foram homens providenciais e quem sabe um dia a Igreja não os vai canonizar como canonizou Santo Atanásio, São Máximo e São Sofrônio?! D. Lefebvre e D. Mayer eram homens de fé, de penitência e de oração. E eram humildes. Com relação a D. Lefebvre, numa carta de 30 de julho de 1983 o então cardeal Ratzinger declarou: "O Santo Padre não desconhece nem sua fé nem sua piedade". Já é um bom início!!! Não é verdade?!
   Em carta de 7 de julho de 2007, D. Bernard Fellay, DD. Superior Geral da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, escrevia: "O Motu Proprio Summorum Pontificum do dia 7 de julho de 2007 restabelece a missa tridentina no seu direito. Nele se reconhece claramente que nunca tinha sido ab-rogada. Deste modo, a fidelidade a esta missa em nome da qual muitos sacerdotes e leigos foram perseguidos e inclusive punidos desde 40 anos atrás - esta fidelidade, pois, nunca foi desobediência. Não é senão um ato de justiça agradecer hoje a D. Marcel Lefebvre por ter-nos mantido nesta fidelidade à missa de sempre em nome da verdadeira obediência, contra todos os abusos de poder. Ninguém duvida que este reconhecimento do direito da missa tradicional seja o fruto dos numerosíssimos rosários oferecidos a Nossa Senhora durante nossa cruzada do Rosário no mês de outubro passado. Saibamos agora expressar-lhe a nossa gratidão".
   Vejam como devemos fazer para conseguirmos graças e bênçãos de Deus, Nosso Senhor: rezar com devoção o Santo Rosário da Santíssima Virgem Maria. E nunca devemos atribuir a nós mesmos, à nossa esperteza política de sobrevivência, a aquisição de alguma coisa. Tudo é graça de Deus; e Nosso Senhor quer que a peçamos.
   Tenho lido nos jornais e nas revistas que assino, agora na Internet, como o Santo Padre o Papa tem sofrido por ter feito esta carta "Summorum Pontificum". Os progressistas não gostaram. E só para se ter uma idéia: no Jornal "O Globo", do dia 09/07/2007 li o seguinte: o título do artigo: "Bispo se diz de luto" por decisão anunciada por Bento XVI. "Eu não consigo conter as lágrimas. Esse é o momento mais triste de minha vida como homem, padre e bispo" afirmou Luca Brandolini, membro da Comissão de Liturgia da Conferência dos Bispos Italianos, em entrevista ao jornal "La Estampa". "É um dia de luto não só para mim, mas para muitas pessoas que trabalharam no Concílio Vaticano II, uma reforma (...) inspirada somente pelo desejo de renovar a Igreja e que agora foi cancelada". (O Globo, 09 de julho de 2007, p. 22). Como os progressistas amam o Vaticano II!!! Será de graça? Foi muito sintomática a referência deste bispo ao Concílio Vaticano II! Cada dia mais me convenço de que os Tradicionalistas (os verdadeiros) são os verdadeiramente obedientes ao Santo Padre, o Papa. Os progressistas só obedecem quando algum papa, a exemplo de Honório I que favoreceu o Monotelismo, favorece o Modernismo; enquanto os verdadeiros tradicionalistas só desobedecem, à exemplo de São Máximo, nestes mesmos casos em que o papa favorece a heresia.
   Que Nosso Senhor Jesus Cristo dê ao Santo Padre, o Papa a fortaleza e a luz necessárias para completar a boa obra de desfazer a "reforma" querida e realizada pelo Concílio Vaticano II. Amém!
  

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