sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 36 )

   104. DEUS É IMUTÁVEL; MAS NÓS?!

   O homem é fraco e o seu coração está sujeito a mudanças. Pode ter hoje as melhores disposições e amanhã começar a nutrir sentimentos bem diversos. 

   Entre os próprios que CREEM, isto pode verificar-se. Há uns que CREEM E NO TEMPO DA TENTAÇÃO VOLTAM ATRÁS, como disse Nosso Senhor Jesus Cristo no Evangelho. E a experiência de cada dia nos mostra que aquele que é hoje filho dócil, obediente e amoroso pode amanhã, atraído pelo vício ou pelos maus companheiros, tornar-se um filho rebelde; aquele que foi durante muitos anos um esposo inteiramente dedicado à sua esposa e que jamais pensou em infidelidade pode, de uma hora para outra, ceder à tentação de adultério. A moça que sempre resistiu bravamente às insinuações do sedutor, pode algum dia fraquejar. O empregado que foi correto e fidelíssimo durante longo tempo, pode afinal cair em falta. E assim por diante, para só falarmos em pecados graves. Isto se pode dar com qualquer pessoa, seja qual for a sua religião. Nisto não há fatalidade, nem influência do destino, como querem alguns; mas apenas a liberdade humana, que pode a cada momento ceder à tentação do mal, a inconstância do coração humano, a fragilidade da nossa pobre natureza, fragilidade esta que trouxemos do berço e levamos ao túmulo.

   105. A TRANSFORMAÇÃO DO HOMEM.

   A transformação no coração humano, o Evangelho a realiza por si só ou somente pode realizá-la mediante o esforço e a cooperação do homem? Se a realizasse por si só, nenhum de nós poderia ser melhor transformado do que Judas Iscariotes: ele tinha conhecimento da doutrina e dos prodígios do Divino Mestre, não pelos livros como nós o temos, mas ouvindo as palavras da própria boca do Salvador e presenciando pessoalmente os milagres evangélicos. E no entanto, em vez de santificar-se, mergulhou no endurecimento.

   O mesmo Deus que diz ao seu povo, por intermédio do profeta Ezequiel: Dar-vos-ei UM CORAÇÃO NOVO e porei UM NOVO ESPÍRITO no meio de vós, e tirarei da vossa carne o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne (Ezequiel XXXVI-26) é também Aquele que igualmente pelo profeta Ezequiel manda a este mesmo povo que CRIE EM SI UM CORAÇÃO NOVO E UM ESPÍRITO NOVO: Convertei-vos e fazei penitência de todas as vossas iniquidades, e a iniquidade vos não trará ruína. Lançai para muito longe de vós todas as vossas prevaricações, de que vos fizestes culpáveis E FAZEI-VOS UM CORAÇÃO E UM ESPÍRITO NOVO (Ezequiel XVIII-30 e 31). Não é possível a santificação, se não se realizam conjuntamente A AÇÃO DE DEUS E A NOSSA; ambas são indispensáveis. Faça o homem o que está ao seu alcance e Deus não lhe negará a sua graça; a graça, pode, então, realizar maravilhas.

   Imaginar que vamos para o Céu carregados docemente por Jesus, sem nenhum esforço de nossa parte, não passa de um sonho ditado pelo nosso velho comodismo; o cristão tem que lutar como um bom SOLDADO DE JESUS CRISTO (2ª Timóteo II-3) e se dá no Reino de Deus o mesmo que acontece nos jogos públicos: o homem não é coroado senão depois que COMBATEU segundo a lei (2ª Timóteo II-55). 

   

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 35 )

   103. A DESIGUALDADE DAS GRAÇAS (d). 

   Entre os católicos as coisas se passam de maneira bem diferente.
   Suponhamos que um católico se achava em estado de graça, que passou mesmo muitos anos levando uma vida santa e agora caiu num pecado grave. Ele não se sente privado da fé, como se fora um incrédulo, porque a fé consiste em aceitar toda a doutrina de Cristo, a qual nos é proposta pela sua Igreja Infalível. Ele continua a ver em Jesus o seu Salvador: sabe que Deus quer salvá-lo e não lhe negará a graça do arrependimento, nem o seu perdão, a ser adquirido pelos meios competentes, porque Deus não quer a morte do pecador, mas sim, que ele se converta e viva (Ezequiel XXXIII-11). Não se trata aqui absolutamente de pecar alguém com a esperança de alcançar o perdão. Porque, para haver perdão, é preciso haver um PROPÓSITO EFICAZ (isto é, pronto a empregar todos os meios), FIRME E SINCERO de não mais afastar-se de Jesus por todo o resto da vida. [Nota: Uma coisa, porém, é o homem aos pés de Deus fazendo o seu firme propósito, e outra já bocado diversa é o mesmo homem às voltas com as seduções da tentação. E aí muitas vezes fraqueja. A mentalidade excessivamente rígida de certos protestantes não pode compreender isto: acham que, desde que o propósito foi alguma vez quebrado, isto é sinal de que nunca houve o arrependimento. Doutrina muito boa...  para levar a pobre Humanidade ao desespero. Mas é o caso de perguntar: será que esses protestantes se sentem NA SUA VIDA assim tão inflexíveis, tão angelicais que não experimentem o contraste entre os nossos melhores propósitos e a realidade das nossas imperfeições?] Mesmo quem quisesse abusar da misericórdia divina, pecando com a esperança deste perdão, se arriscaria a cair no endurecimento e a não receber A GRAÇA da contrição, que Deus pode por justiça negar àqueles que querem ludibriar de sua benevolência. É por isto que diz São Paulo: Obrai a vossa salvação com receio e com tremor... PORQUE DEUS É O QUE OBRA EM VÓS O QUERER E O PERFAZER, SEGUNDO O SEU BENEPLÁCITO (Filipenses II-12). 

   Trata-se, sim, de soerguer-se, pela misericórdia divina, aquele que ia seguindo o bom caminho, mas pagou o seu tributo à fragilidade humana. E o mesmo Deus que obrigava São Pedro a perdoar 70 vezes 7 vezes (Mateus XVIII-21 e 22) saberá ser rico em misericórdia para com a alma que quer seguir a Cristo de todo o coração, mas se encontra muitas vezes a braços com a sua própria fraqueza. Assim faz o Bom Pastor que corre, pressuroso, em busca da ovelha perdida.

   E agora chamamos a atenção do leitor para uma circunstância que não pode ser esquecida: O católico que se achava em estado de graça e caiu num pecado mortal UNICAMENTE A SI PRÓPRIO vai atribuir a causa de sua desgraça. Uma vez que não tem esta ideia de que a salvação é dada por Deus INTEIRAMENTE DE GRAÇA e de uma vez para sempre, mas sim a de que a salvação deve ser conseguida palmo a palmo por ele, ajudado com a indispensável graça de Deus, uma vez que está convencido, de acordo com a doutrina católica, de que "aquele que faz o que está ao seu alcance, Deus não nega a sua graça, e mesmo para ele fazer o que está ao seu alcance, Deus ainda o ajuda com a sua graça", a sua conclusão é esta: Existem, na salvação, a parte de Deus e a minha. Deus sempre faz maravilhosamente a sua parte, o seu desejo de salvar-me é muito maior do que o meu próprio desejo. Mas fracassei, não soube perseverar na minha cooperação com a graça. De agora  por diante hei de esforçar-me por cooperar melhor, ajudado com a graça de Deus, pois SEM ELA NADA POSSO FAZER  e pedirei ao próprio Deus que me ajude a me tornar melhor daqui por diante.

   Não é difícil verificar, destas duas concepções a respeito da nossa salvação, qual a que se mostra mais adequada à nossa natureza humana, que nada tem de imutável. trata-se aí de um assunto que a TODOS  se refere, pois todos precisam ser salvos, todos têm obrigação de TER FÉ na mensagem do Evangelho. 

   Segundo a teoria protestante, TODOS AQUELES que sinceramente creem no Evangelho, são por uma operação do Espírito Santo transformados AUTOMATICAMENTE em regenerados, que não pecam mais e assim recebem a salvação dada toda de presente. 

   Segundo a teoria católica, o homem precisa CONQUISTAR a salvação, cooperando livremente com a graça, dia a dia; e se fraqueja, se cai no meio do caminho, se perde esta salvação em cuja posse se encontrava, ainda pode recuperá-la com o arrependimento e com o perdão divino. Deus amorosamente o ajudará a levantar-se da queda, a não ser que o pecador prefira continuar no deplorável estado em que caiu. Não se negam as transformações maravilhosas que o Divino Espírito Santo tem realizado em certas almas que se guindaram bem depressa às mais belas culminâncias da santidade. Mas também estas almas só chegaram a tal ponto, só conquistaram o grau mais elevado de glória celeste porque por sua vez souberam dia a dia ir cooperando heroicamente com a graça.

   Medite bem o leitor, olhe para si e para os outros, e para toda a história do homem, inclusive nesses 2.000 anos de Cristianismo e veja qual destas duas concepções reflete com exatidão o que é a marcha da Humanidade sobre a face da terra. E observe também qual delas está mais conforme com a palavra da Bíblia: Aquele, pois, que crê estar em pé veja não caia (1ª Coríntios X-12).

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 34 )

   103.  A DESIGUALDADE DAS GRAÇAS (c).

   O protestante que peca está numa situação lamentabilíssima. Caiu fragorosamente das grandes alturas, a que se julgava elevado, na sua presunção.

   Embalado, como esteve até agora, com a pretensão de que JÁ ESTÁ SALVO, JÁ ESTÁ REGENERADO, ou por cegueira não leva em consideração os pecados que vai cometendo e deles, portanto, não se arrepende, e neste caso é o maior dos infelizes, julgando-se salvo quando está fora do caminho da salvação: vai morrer sorrindo, pensando que o Céu se lhe vai abrir de par em par, mas não sabe a surpresa que o espera no outro mundo, porque LHE FALTA O ARREPENDIMENTO  e porque Deus o julga SEGUNDO AS SUAS OBRAS (Mateus XVI-27; Romanos II-6) e não de acordo com as suas ilusões;
    Ou então sente o remorso do pecado cometido, e uma decepção tremenda se abate sobre o seu espírito: Passei tanto tempo, tendo-me na conta de salvo, de regenerado, pensando que possuía a verdadeira fé; agora cheguei à conclusão de que eu NUNCA TIVE nem fé, nem salvação, nem regeneração, nem coisa alguma. Uma verdadeira lástima!

   E como está convencido de que a salvação não a alcança por seu próprio esforço, ajudado embora com a graça de Deus, como ensinam os católicos; mas é apenas um dom de Deus, dado INTEIRAMENTE DE GRAÇA, em vez de acusar a si próprio de ter perdido a salvação, a que até agora teria o direito, ele se volta para o Divino Espírito Santo, afim de perguntar-Lhe por que motivo ainda não lhe concedeu ESTE DOM DA SALVAÇÃO, DA REGENERAÇÃO COMPLETA.

   - Não culpes assim o Divino Espírito Santo, lhe dirá o "irmão na fé", o outro nova-seita. Se não estás salvo ainda, é porque não tinhas a verdadeira fé, isto é, a confiança absoluta de que Jesus é que te salva. 

   - Mas esta fé, esta confiança de que Jesus me salva, vem só do meu esforço ou é, por sua vez, também um dom de Deus? Se vem só do meu esforço, não sei mais o que possa fazer, porque confiança de que Jesus é que me salva, acho que a tenho e muita, pois passei todo este tempo absolutamente convencido disto e cada vez me convencendo mais. Se é, por sua vez, um dom de Deus, por que é que Deus não me dá este dom?

   E assim vai o homem fazer força novamente para ver se tem fé, até que um novo pecado o faz cair outra vez na mesma situação de desespero. Deste modo, ele está a poucos passos da terrível teoria calvinista de que Deus é quem predestina uns para o Céu, e outros para a perdição. 

   Como é, então, que esta doutrina de que a salvação é dada por Deus, como um presente inteiramente gratuito e só é possuída por aqueles que se acham confirmados em graça, isto é, de pé para nunca mais cair, como é que esta doutrina pode ser consoladora para nós, que somos todos, mais ou menos pecadores? 

(No próximo post veremos como a coisa se passa entre os católicos). 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 33 )

   103. A DESIGUALDADE DAS GRAÇAS (b).

   Ora, acontece que estas seitas, apegadas à ideia de CERTEZA ABSOLUTA DA SALVAÇÃO dada já neste mundo, e não sabendo explicar exatamente em que sentido a salvação é um DOM GRATUITO DE DEUS, imaginam o seguinte sistema: A salvação é dada DE GRAÇA pelo Divino Espírito Santo a todo aquele que tem FÉ, e é dada quando o Espírito Santo regenera o indivíduo. Regenerar o indivíduo é libertá-lo completamente do pecado, ele já não peca, não porque se tornou impecável, mas porque VOLUNTARIAMENTE se mostra em tudo obediente a Cristo. É um operação misteriosa e inefável do Divino Espírito Santo.

   Aquele que peca, é porque ainda não foi SALVO, não foi REGENERADO, o que é sinal de que ainda não tem a verdadeira fé.

   A assim julgam conciliar a realidade da liberdade humana com o sonho da CERTEZA ABSOLUTA DA SALVAÇÃO PARA TODOS OS CRENTES. 

   E ficam a zombar dos católicos que se põem a rezar, a fazer penitência, a ouvir missas, a receber sacramentos etc. para obter maiores graças de Deus e assim garantir ainda melhor a sua própria salvação, quando a salvação eles a julgam ter recebido INTEIRAMENTE DE GRAÇA, já estão salvos definitivamente desde este mundo; foi o Espírito Santo que num momento transformou a sua alma e eles se tornaram regenerados e purificados para sempre... E isto é um dom concedido a todo verdadeiro crente, a todo aquele que tem a verdadeira fé...

   O protestante, portanto, considera a FÉ, a SALVAÇÃO e a REGENERAÇÃO, como sendo uma peça inteiriça que não se quebra nunca e que nunca se perde, como um presente que, ou se dá para sempre, ou então não se deu ainda de forma alguma.

   Tudo isto vai muito bem, ENQUANTO O PROTESTANTE NÃO PECA.

   E é tão fácil o homem pecar! Mais fácil ainda, quando se julga superior a outra pessoa, seja ela qual for, porque isto é o mesmo que privar-se da graça: Deus resiste aos soberbos e dá a sua graça aos humildes (1ª Pedro V-5).

   Os próprios Batistas reconhecem que, mesmo depois de ter levado ANOS de vida santa e frutuosa, o homem ainda pode pecar.

   E o protestante que peca está numa situação lamentabilíssima. Caiu fragorosamente das grandes alturas, a que se julgava elevado, na sua presunção.

   (Veremos no próximo post, esta situação lamentável do protestante que peca. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 32 )

   103. A DESIGUALDADE DAS GRAÇAS (a).

   Todo o mal dos Batistas neste ponto (e é também o mal de muitas outras seitas protestantes) é embalar-se com um SONHO e não encarar a REALIDADE: imaginar que a todos são concedidos os FENÔMENOS EXTRAORDINÁRIOS que são limitados a algumas pessoas. Fazem como a criança que, vendo a firmeza com que os equilibristas fazem em cima do arame as mais incríveis acrobacias, ficasse pensando que isto era um sinal de que ela mesma podia fazê-las também, esquecida de que para aquilo se faz mister um dom especial.

   Não há dúvida que nós vemos os PRODÍGIOS operados pela graça nos grandes santos: uns desde a mais tenra infância, outros desde o momento de sua conversão, entraram de cheio no serviço de Deus com uma firmeza inquebrantável, agigantaram-se cada vez mais na vida sobrenatural, e seguiram para o Céu num caminho direto, sem cometerem nenhuma falta, nem mesmo venial, ao menos deliberada. Aos olhos dos homens poderiam parecer impecáveis, mas era uma ação tão abundante do Espírito Santo que lhes infundia, além das virtudes, um horror muito grande ao pecado, que este, fosse qual fosse, se lhes afigurava o que havia de mais inconcebível, e assim era livremente que eles realizavam em si o ideal da perfeição. E o realizavam, apesar das tentações, por vezes bem acerbas, que tiveram de suportar. 

   É fácil notar pelas Escrituras a transformação extraordinária que, a partir do dia de Pentecostes, se verificou no espírito dos Apóstolos, os quais de ignorantes passaram a mostrar-se altamente iluminados, de cobardes se fizeram intrépidos, de mesquinhos em certas atitudes logo se tornaram generosos e santos. Então antes de Pentecostes não tinham a fé verdadeira? Tinham, sim. Mas era tão importante a missão que eles haviam de exercer, lançando, depois de Cristo, as bases da verdadeira Igreja, que era preciso se realizasse na sua inteligência, no seu coração, em toda sua alma, uma ação superabundante e eficacíssima do Divino Espírito Santo, em grau muito mais elevado do que no comum dos fiéis. E esta operação maravilhosa se verificou precisamente no dia em que lhes chegou a vez de saírem pelo mundo, substituindo a Cristo na obra evangelizadora. 

   Mas agora perguntamos: estas transformações extraordinárias se têm que operar necessariamente em todos?

   Não, porque Deus não quer levar todas as almas pelo mesmo caminho.

   Não, porque as graças do Espírito Santo não são distribuídas a todos da mesma maneira, nem na mesma proporção: A cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de Cristo (Efésios IV-7). 

   Não, porque além de não serem iguais as graças concedidas, também é certo que nem todos cooperam com a graça da mesma forma. 

   Haverá injustiça nesta distribuição desigual das graças? Nenhuma: porque, se Deus dá a todos uma GRAÇA SUFICIENTE para a salvação, cada um trate de salvar-se com esta graça que recebeu, nada tem que ver com a maior liberalidade que Deus usa para com outros, pois Deus dá os seus dons a cada um da maneira que bem Lhe apraz. 

(Este assunto será exposto em mais três posts). 

  

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 31 )

   102. OS BATISTAS E A CERTEZA DA SALVAÇÃO (e).

   [Para o Batista] a condição única da salvação, a seu ver, é a verdadeira fé, mas passa a vida inteira sem saber se possui esta verdadeira fé, porque ela se manifesta pelas OBRAS, obras estas que ele pratica livremente e nelas pode falhar.

   A assim estamos diante de um fato bastante estranho.

   Esses Batistas que nós vemos tão frequentemente acusarem os católicos de serem heréticos e antibíblicos pelo fato de não ensinarem a certeza absoluta, individual, da salvação, são eles próprios que mostram claramente que, na prática, esta certeza absoluta não pode existir.

   É o caso de perguntar: encontra o leitor nesta estranha atitude algum vestígio daquela SINCERIDADE  com que se há de aceitar e transmitir a verdadeira doutrina do Evangelho?

   Amigos Batistas: depois que apareceu o Protestantismo, várias seitas têm pregado no mundo esta CERTEZA ABSOLUTA DA SALVAÇÃO, mas para chegar até aí sempre seguiram um caminho errado e escabroso. Se Vocês querem também chegar a esta conclusão, enveredem por algum desses maus cominhos. 

   Querem pregar a certeza absoluta da salvação, não é assim?
   Então preguem como Lutero e os primeiros luteranos que o homem não é livre, Deus é quem faz em cada um o bem e o mal, que para alcançar o Céu não se precisa de arrependimento, que lá se entra com pecados e tudo, porque Cristo cobre estes pecados debaixo do seu manto. - Mas isto é a destruição de toda a moral. 

   Ou então preguem, como Calvino, que Deus por um decreto firme e irrevogável já predestinou desde toda a eternidade alguns homens e anjos para o Céu e outros para o inferno, isto independentemente de qualquer consideração das obras ou do procedimento de cada um. - Mas, isto é uma doutrina HORROROSA, que se choca evidentemente com a nossa RAZÃO  e que destrói qualquer ideia da JUSTIÇA e da BONDADE de DEUS.

   Ou então preguem, como os Universalistas, que não existe inferno, que todos nós, sem distinção alguma, justos e pecadores, chegaremos ao Céu. - Mas isto vai de encontro abertamente ao ensino das Escrituras. 

   Bem, se não querem seguir nenhum desses caminhos, se querem pregar o LIVRE ARBÍTRIO, a doutrina de que o pecado que não foi retratado pelo arrependimento impede de entrar no Céu, se querem exaltar, como deve ser, a bondade e a justiça divinas, se querem admitir, com a Bíblia, além de um Céu eterno para os bons, um inferno também eterno para os maus, neste caso não há outro jeito senão desistirem desta ideia de andar pregando aos crentes a promessa de uma segurança absoluta no que diz respeito à salvação. Sim, porque há um fenômeno que ninguém jamais poderá negar, pois está à vista de todos: a fragilidade da nossa natureza, a inconstância do coração humano. 
   

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 30 )

   102. OS BATISTAS E A CERTEZA DA SALVAÇÃO (d).

   Mas vejamos o livro [O Que Creem os Batistas]: "Como posso saber se sou um dos eleitos? é em geral a inquirição de uma alma mórbida. Todas as vezes que surgir a dúvida, volte-se a alma para Jesus. Em vez de alimentar dúvidas, esta grande doutrina da Palavra de Deus dá maior certeza" (O Que Creem os Batistas, O.C.S. Wallace, 1945 pág. 71).

   De modo que o crente batista, assaltado pela dúvida se já está salvo ou não, abre a sua Bíblia e nela vai encontrar o remédio para suas inquietações, vai buscar o conforto naqueles grandes ensinamentos: Quem crê no Filho, tem a vida eterna; Crê em Jesus, e serás salvo; Quem crer, não será confundido etc, etc. E aquieta-se completamente sob o efeito destas sublimes palavras.

   Sim, aquieta-se completamente... se quiser realmente iludir-se a si mesmo. Porque, se quiser REFLETIR um pouquinho que seja, logo perguntará: Quando a Bíblia diz: O que crê no Filho tem a vida eterna; Crê em Jesus, e serás salvo; Quem crer, não será confundido etc, ela se refere ao crente verdadeiro ou ao crente só de nome?

   - Refere-se só ao CRENTE VERDADEIRO.
   - E eu? Sou crente verdadeiro ou só de nome?
   - Isto não sabes agora. Porque crente verdadeiro é aquele que se conserva regenerado, que se mantém liberto do pecado até o fim da sua vida. 

   E assim fica o homem exatamente na mesma dúvida.
   Nesta matéria de certeza da salvação, a situação do batismo é, de acordo com a sua própria doutrina, a mesma situação em que se encontra o católico. 

   O católico, ainda que se encontre em estado de graça, mesmo que sinta que Deus está habitando no seu coração, porque a sua consciência não o acusa de falta grave, e de todos os pecados passados está arrependido e perdoado, ainda assim NÃO PODE GARANTIR COM CERTEZA QUE IRÁ PARA O CÉU; seria uma presunção da sua parte, porque seria o mesmo que garantir que na hora da morte estará conservando esta mesma graça santificante; garantir pela própria fidelidade é confiar demais em si mesmo. Pode, sim, ter uma FIRME ESPERANÇA, porque a graça de Deus jamais lhe faltará; se tiver sempre boa vontade em cooperar com ela, se salvará com toda a certeza.

   O batista, ainda mesmo que esteja de boa fé, que esteja procedendo bem, que sinta o bom testemunho de sua consciência, porque, na hipótese, sua conduta é em todos os pontos irrepreensível e ainda mesmo que esta boa situação, já a tenha conservado durante anos seguidos, mesmo assim NÃO PODE GARANTIR COM CERTEZA QUE IRÁ PARA O CÉU, porque no Céu só poderão entrar aqueles que são crentes verdadeiros, e ele não sabe ainda se é crente verdadeiro, pois "A DEMONSTRAÇÃO DE SER ALGUÉM UM CRENTE VERDADEIRO SÓ É COMPLETA NO FIM DA VIDA". (O Que Creem os Batistas, O.C.S. Wallace, 1945 pág. 84). 
                                                      (Continua no próximo post= 102, (e). 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 29 )

   102. OS BATISTAS E A CERTEZA DA SALVAÇÃO (c).

   Mas direi eu: Passei muitos anos, santificando-me, sem cometer nenhum pecado, será que eu ainda não sou crente verdadeiro, será que não tenho a verdadeira fé?

   Vejamos o que diz o mesmo citado livro [O Que Creem os Batistas]: 

   "Uma experiência passada, EMBORA EXTRAORDINÁRIA, não é motivo que justifique a esperança do céu. Anos gastos na fiel observância das obrigações religiosas NÃO PODEM GARANTIR A SEGURANÇA ETERNA do homem que já deixou de andar em conformidade com a vontade de Deus. Se o presente é caracterizado pela impiedade, mundanismo e indiferença, falta a prova da fé e A EVIDÊNCIA DA REGENERAÇÃO DESAPARECEU; em tal caso SERÁ TOLICE da parte do homem esperar um lugar entre os santos". (Livro: "O Que Creem os Batistas, O.C.S. Wallace, 1945 pág. 87). [Eu pensava que os protestantes só tinham a Bíblia e o Espírito Santo inspirando a cada um!!!]. 

   Como se vê pelas palavras acima citadas, esta EXPERIÊNCIA DA SALVAÇÃO, em que tanto falam os Batistas, ou seja - a convicção no homem de que está agindo bem, só faz o que é reto e por isto já está sentindo que Deus está satisfeito com ele, que o Espírito Santo lhe está dando o testemunho de que já fez dele um filho de Deus, co-herdeiro de Cristo e herdeiro do Céu - esta experiência, ainda que se prolongue DURANTE ANOS SEGUIDOS, mesmo assim não pode dar ao homem A SEGURANÇA ETERNA. Ele pode, ainda depois disto, cair na IMPIEDADE, MUNDANISMO E INDIFERENÇA. 

   Não se alegue que isto é apenas uma opinião do comentarista O.C.S. Wallace. É a própria Confissão de Fé de New Hampshire que diz no Artigo 11º: "Cremos que só SÃO CRENTES VERDADEIROS AQUELES QUE PERSEVERAM ATÉ O FIM". 

   Depois de ler tudo isto, lembre-se agora o leitor do seguinte: quantas pessoas, por não terem sólida instrução religiosa, foram atraídas a ingressar na seita dos Batistas e nela ingressaram, porque ficaram encantadas com esta seita que dizia GARANTIR AOS CRENTES a salvação COM TODA A CERTEZA e pretendia provar isto COM PALAVRAS DA BÍBLIA! Uma verdadeira maravilha! Quem é que não quer ter a certeza de que, morrendo, irá direitinho para o Céu?

   E assim se foram engrossando as fileiras dos Batistas!
   
   Mas baste que um batista estude realmente qual é a doutrina de sua seita, para ver como está sendo vítima de um deplorabilíssimo engano e ENGANO REDOBRADO: 1º porque, se estudar CONSCIENCIOSAMENTE a Bíblia, comparando uns versículos com os outros, pois tudo ali é palavra de Deus, verá que ela não promete a ninguém esta regalia de ficar descansado, absolutamente certo de que irá para o Céu, mas a entrada no Céu é sempre apresentada sob certas condições: se o homem crer (João III-18), se observar os mandamentos (Mateus XIX-17), se amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo (Lucas X-25 a 27), se cumprir a vontade do Pai Celeste (Mateus VII-21), se souber evitar a impureza, a idolatria, as invejas, os homicídios, e embriaguez e outras coisa semelhantes (Gálatas V-19 a 21) etc. etc; 2º porque NEM A PRÓPRIA DOUTRINA BATISTA, pelo menos, a seguida pela grande maioria da seita, a qual rejeita o Calvinismo com as suas ideias sobre a predestinação, NEM A PRÓPRIA DOUTRINA BATISTA autoriza ninguém a se julgar salvo assim com ESTA CERTEZA ABSOLUTA. 

   - Sim, meu amigo, deverá dizer o outro batista. Os crentes vão para o Céu com toda certeza. São palavras da Bíblia. Mas há uma coisa: quando se diz que os crentes são salvos definitivamente já neste mundo, aí se entende dos CRENTES VERDADEIROS. Você, DURANTE TODA SUA VIDA, não saberá nunca se é crente verdadeiro ou não, porque só se sabe com certeza se alguém é crente verdadeiro, quando praticou a virtude até o fim da vida. Pois se deixou de praticar a virtude em algum tempo, mesmo que por longos anos a tenha praticado, isto é sinal de que o indivíduo nunca teve nem fé, nem salvação, nem regeneração, nem coisa alguma. 

   É o caso de dizer: Que adianta a mim, desejoso, como estou, de ter certeza absoluta de MINHA salvação, o saber que os crentes verdadeiros vão para o Céu, porque se salvam já neste mundo, se eu não sei nunca se sou crente verdadeiro ou não, se isto é um segredo de Deus, só Ele conhece os verdadeiros crentes? 

   E é interessante observar qual o remédio que usam os Batistas para acalmar esta dúvida, quando assalta o espírito de seus adeptos. 

   Diz o mesmo livro: "Como posso saber se sou um dos eleitos? é em geral a inquirição de uma alma mórbida" (O Que Creem os Batistas, O.C. S. Wallace, 1945, pág. 71). Aqui paramos para apreciar este verdadeiro contraste: uma seita cujos pastores e fiéis tanto falam na certeza absoluta da salvação, é ela mesma a nos dizer que esta indagação sobre se iremos para o Céu ou não é a preocupação de uma alma doentia. Outra observação que vem bem a propósito é esta: donde é, que nasceu o Protestantismo, senão da ideia fixa que se meteu na cabeça de Frei Martinho Lutero sobre a certeza ou não de sua salvação? É o mesmo que confessar que as seitas evangélicas tiveram origem de uma preocupação mórbida... Se a pergunta: Como posso saber se sou um dos eleitos? dominando insistentemente o espírito de uma pessoa, é sinal de uma doença mental, neste caso aqueles médicos, psicólogos e historiadores que, estudando a fundo a vida de Lutero, viram nela um indivíduo anormal, se nos apresentam cobertos de toda razão. 

   No próximo post, se Deus quiser, continuaremos vendo o que diz o mesmo livro: "O Que Creem os Batistas". 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 28 )

    102. OS BATISTAS E A CERTEZA DA SALVAÇÃO (b).

   Vejamos, portanto, a doutrina dos Batistas.

   O homem é salvo pela fé, não pelas obras. A salvação é dada gratuitamente àquele que tem a verdadeira fé e o verdadeiro arrependimento. 

   Mas a fé verdadeira é aquela que SE MANIFESTA PELAS OBRAS, pelo reto procedimento do homem, que assim DÁ TESTEMUNHO DE SUA FÉ, quando age em tudo como uma criatura regenerada e liberta do pecado. Se o homem procede mal, é sinal de que não tem a verdeira fé.

   O homem que peca mostra que não alcançou a salvação, que, portanto, não é um verdadeiro crente, pois "se é um crente verdadeiro, os frutos de sua fé manifestar-se-ão NA SUA VIDA, pois que tal homem não deixará de agir como um herdeiro da salvação. Pretender ser um dos eleitos e agir como um incrédulo, seria fazer o papel de hipócrita ou de néscio" (( Que Creem os Batistas, O. C. S. Wallace, 1945, pág. 71). 

   Há, por conseguinte, duas espécies de crentes: uns que são crentes verdadeiros e outros que são crentes nominais, ou seja, são crentes SOMENTE DE NOME. SÓ SE SALVAM AQUELES QUE SÃO CRENTES VERDADEIROS.

   Daí se conclui, é claro, que para eu ter a certeza de que já estou salvo, não basta que eu seja membro da Igreja Batista. É preciso, além disto, que seja UM CRENTE VERDADEIRO.

   Desejoso, com me acho, de saber realmente se já estou salvo ou não, é natural que eu pergunte: Quando é que posso saber se sou ou não um verdadeiro crente?

   Vamos reproduzir a resposta que dão os Batistas a esta pergunta. Mas repare bem o leitor. Não vamos citar este ou aquele pastor, porque assim os Batistas se descartarão, dizendo que se trata aí apenas de uma opinião pessoal. Vamos citar um livro que expõe OFICIALMENTE o pensamento dos Batistas em geral. É o livro "O Que Creem os Batistas", editado pela Casa Publicadora Batista e vendido em todas as livrarias desta denominação. Está já na 4ª edição brasileira (ndr: naquela época), porque se trata de tradução de uma obra norte-americana do Sr. O.C.S. Wallace, muito conhecida dos Batistas em várias partes do mundo. É, além disto, como diz o Prefácio "um comentário aos 18 artigos de fé que constituem a Confissão da Fé de New Hampshire. Foi formulada e adotada pelos Batistas do Estado de New Hampshire em 1833 e é atualmente aceita pelos batistas em geral. Não se trata de um credo, porque os batistas não o possuem. É apenas uma síntese daquilo que cremos". 

   Pois bem, se eu pergunto QUANDO É QUE SEI QUE SOU UM CRENTE VERDADEIRO, que é o mesmo que dizer, quando é que sei que já estou salvo, eis aí a resposta deste livro, que é destinado a "prestar seus bons serviços na orientação doutrinária do povo batista": 
   "A DEMONSTRAÇÃO DE SER ALGUÉM UM CRENTE VERDADEIRO SÓ É COMPLETA NO FIM DA VIDA. A corrente da âncora não terá sido provada satisfatoriamente, enquanto cada elo não tiver sido provado. Assim também o crente não terá dado prova suficiente da REALIDADE DA SUA FÉ, até que essa fé tenha sido provada, quer na mocidade, quer na velhice, desde o princípio ATÉ O FIM DA JORNADA. Um homem pode enganar os outros durante muitos anos, até que uma circunstância inesperada venha pôr a descoberto seu verdadeiro caráter. ELE MESMO PODE ESTAR ILUDIDO e recusar-se a uma submissão completa a Cristo, como o Evangelho exige, crendo ser possível obter a vida eterna PELO MENOR PREÇO. Neste caso fica convencido de que realmente alcançou a vida e animado por essa esperança passa a executar os deveres cristãos sem, por muito tempo, ter de enfrentar uma provação a que não possa resistir. Como consequência de sua própria ILUSÃO, o homem deixa-se descansar numa SEGURANÇA FALSA, e será despertado só quando sobrevier alguma prova imprevista ou tentação para a qual não esteja preparado. Então se revela o fato de que sua vida anterior apresentava apenas UMA TRANSFORMAÇÃO EXTERNA E NÃO ERA O RESULTADO DE UMA MUDANÇA INTERIOR" (O Que Creem os Batistas, O.C.S. Wallace, 4ª edição, 1945 pág. 84). 

   Mas direi eu: Passei muitos anos, santificando-me, sem cometer nenhum pecado, será que eu ainda não sou crente verdadeiro, será que não tenho a verdadeira fé?

   Vejamos no próximo post o que diz o mesmo citado livro

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 26 )

   101. DA TEORIA PARA OS FATOS. 

   Primeiro que tudo, ainda não é o fato de um indivíduo não fumar, não beber, não dançar, nem jogar, que prova que ele está completamente liberto do pecado. Ser irrepreensível aos olhos dos homens, é uma coisa; estar inteiramente isento de culpa aos olhos de Deus, é outra bem diferente. Um mau pensamento, um desejo impuro, um movimento interior de orgulho, de presunção, de ódio ou de juízo temerário podem passar com rapidez na alma do cristão e deixá-lo manchado e culpável aos olhos divinos, sem que isto transpareça diante das criaturas. São pecados que não se podem averiguar. Mas há outros ainda que podem chegar ao nosso conhecimento: não repugna que um indivíduo que não fuma, não bebe, não dança e não joga seja capaz de caluniar, de cometer adultério, de enlear-se em amizades perigosas, de pregar uma mentira, de agir com falsidade, de se mostrar grosseiro e intratável com a família, de detratar da vida alheia, de passar um calote etc. etc. E aí se vê a responsabilidade tremenda da cada um destes crentes que se apresentam como perfeitíssimos e de cujo procedimento fica a depender a verdade de sua própria religião: a cada falta que cometem, surge uma pessoa para observar: Então a sua doutrina está errada! Você não diz que aquele que aceitou a Cristo como Salvador está salvo, porque está completamente liberto do pecado? Isto é falso, porque Você agora mesmo foi pilhado numa transgressão. 

   E quando se mostram a um protestante os casos de pecado cometidos por crentes e "regenerados", a saída é esta:

   - É porque eles não tinham a fé verdadeira ou não tinham o verdadeiro arrependimento.

   - Quer dizer então que aquilo que a princípio se apresentava como o que havia de mais simples neste mundo, agora de um momento para outro, se transformou no que há de mais difícil e complicado.

    Porque, antes de se converter o pecador, o infiel ou o descrente, como Vocês queiram chamar, o que Vocês diziam a ele era que a salvação é coisa muito fácil. Arrependeu-se o homem, aceitou a Cristo como seu Único e Suficiente Salvador, como seu Salvador Pessoa, já está salvo, completamente regenerado, não peca, não pode perder-se jamais.

   Agora que o homem pecou, vem a ter notícia do seguinte: Seu arrependimento, que o seu coração lhe dizia ser sincero, sua aceitação de Cristo que ele fez de tão boa vontade, não valiam, não eram verdadeiros, porque para isto era preciso que SE PUDESSE GARANTIR QUE ELE JAMAIS VOLTARIA A COMETER NENHUM PECADO, NEM GRAVE NEM LEVE, EM TODA A SUA VIDA.

   Ora, isto não se pode garantir de pessoa alguma!

domingo, 3 de novembro de 2013

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 25 )

NOTA: Por estarmos no Ano da Fé, venho transcrevendo a Primeira Parte do Livro "LEGÍTIMA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA", (Autor: Lúcio Navarro) justamente porque aí fala sobre a SALVAÇÃO PELA FÉ. Esta parte do livro contém 149 números; estamos no nº 100. 

 100. UM QUADRO MARAVILHOSO...

   Os protestantes de hoje não concordam, nem podiam concordar com semelhante teoria. Foram obrigados a fazer uma notável alteração no sistema luterano: o homem é livre e para salvar-se precisa arrepender-se, emendar de vida, deixar o pecado, o que é o mesmo que reconhecer que o pecado que não foi convenientemente retratado impede de entrar no Céu. Mas onde se mostra toda a inexperiência dos protestantes é em querer reconciliar esta nova doutrina com a ideia de certeza absoluta da salvação.Dizer ao crente que ele tem certeza absolta de salvar-se é , no caso, garantir que ele não pecará jamais.

   - Exatamente, dizem os protestantes. O crente está completamente liberto do pecado: Se algum, pois, é de Cristo (ou mais de acordo com o texto grego: se algum está EM CRISTO) é uma NOVA CRIATURA ( 2ª Coríntios V- 17). Desde que o homem se arrepende sinceramente e faz profissão de fé em Cristo, Único e Suficiente Salvador, torna-se regenerado pelo Espírito Santo e assim não peca mais. É a maravilhosa transformação que o Evangelho realiza no coração do homem.

   E como os protestantes não admitem nenhuma distinção entre pecado mortal e pecado venial, porque estas expressões não se encontram na Bíblia, segue-se que o crente não comete pecado de espécie alguma, nem grave nem leve; se o cometesse e não se arrependesse, iria para o inferno. Mas não vai, porque não peca.

   E uma amostra, que pode estar à vista do público, de que estes crentes já estão completamente regenerados e santificados pelo Espírito Santo, pode-se ver em muitas seitas: o crente já não fuma, não toca absolutamente em bebidas alcoólicas, não dança e não joga.

   A Igreja dos crentes é constituída exclusivamente de puros e perfeitos... E enquanto os católicos apresentam o cristão subindo penosamente a montanha da perfeição, em peleja contra as intempéries, contra os animais ferozes, sujeito às vezes a cair ferido nesta luta, embora depois possa levantar-se, no Protestantismo é como se o cristão subisse de mão e carrinho fechado, coberto e... blindado, para não sofrer nada com os ataques adversos. 

   Daí se vê, portanto, a superioridade do Protestantismo sobre a Religião Católica: aquele promete aos seus adeptos a salvação com toda certeza, enquanto esta não dá a ninguém a certeza absoluta da salvação, por conseguinte não traz a paz e a tranquilidade às consciências...

   O quadro é assim traçado com uma ingenuidade espantosa.