quinta-feira, 26 de agosto de 2021

A ARCA PERDIDA APARECEU

 A ARCA PERDIDA APARECEU

 

                                                          Dom Fernando Arêas Rifan*   

 

 

            O primeiro filme da saga Indiana Jones – Os caçadores da Arca Perdida – traz a história de Indiana Jones e um grupo de nazistas procurando a Arca da Aliança, que Hitler acreditava ter poderes misteriosos para tornar seu exército invencível. Tudo isso é ficção, é claro.

            O que era a Arca da Aliança? O ponto central do povo de Deus no Antigo Testamento era o Tabernáculo, que continha essa Arca da Aliança, sinal vivo da presença de Deus no meio do povo hebreu. A Arca da Aliança era uma urna feita de acácia, madeira incorruptível, revestida de ouro, com uma tampa também de ouro puro, encimada por dois querubins de asas abertas, em gesto de adoração. Essa tampa chamava-se propiciatório, e representava a presença de Deus.  A Arca continha as tábuas da Lei - o Decálogo, os dez mandamentos dados a Moisés - o cetro de Aarão e um pote com o maná, aquele pão milagroso que alimentou o povo durante quarenta anos no deserto. Esta Arca, que era levada em procissões solenes, foi muito honrada e louvada pelo Rei Davi, que a instalou sob a tenda do santuário real de Jerusalém. O rei Salomão a introduziu no Templo de Jerusalém, por ele magnificamente construído. Ao lado da arca se depositava o livro da Lei ou da Aliança, daí o nome de Arca da Aliança.  

            Parece que esta arca teria desaparecido quando da invasão dos babilônios, chefiados por Nabucodonosor, que destruíram Jerusalém e o Templo de Salomão no ano 587 A.C.. O segundo livro dos Macabeus (2, 1-8) diz que, na ocasião, a Arca foi escondida por Jeremias numa gruta do Monte Nebo, local nunca achado, e que reaparecerá no fim dos tempos.

O livro do Apocalipse (Revelação), que trata dos últimos tempos, fala do reaparecimento da Arca: “Abriu-se o Santuário de Deus que está no céu, e apareceu no Santuário a Arca da sua Aliança... Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas. Estava grávida...” (Ap 11, 19 – 12, 2). Quem é essa mulher-mãe, que seria a Arca da Aliança, que teria um filho que governaria todas as nações, a quem o dragão (o demônio), não conseguiria derrotar?

            A Constituição Apostólica Munificentissimus Deus do Papa Pio XII, sobre a definição do dogma da Assunção de Nossa Senhora em corpo e alma ao céu, cita os Santos Padres da Igreja ao interpretar textos da Sagrada Escritura, referindo-se a Nossa Senhora. Assim, a propósito, o Salmo: “Erguei-vos, Senhor,...Vós e a Arca da vossa santificação” (Sl 131, 8). E, na Arca da Aliança, feita de madeira incorruptível e colocada no templo de Deus, viam como que uma imagem do corpo puríssimo da virgem Maria, preservado da corrupção do sepulcro, e elevado a tamanha glória no céu. Do mesmo modo, ao tratar desta matéria, descrevem a entrada triunfal da Rainha na corte celeste, e como se vai sentar à direita do divino Redentor (Sl 44,10.14-16).

            Como Jesus honrou a sua Mãe, honramos nós também a Virgem Maria, a nova Arca da Aliança, que conteve em seu seio, assim como simbolicamente continha a antiga Arca, o Filho de Deus feito homem, Jesus Mestre (os dez mandamentos), o pão da vida eterna, a Eucaristia (o maná), o sumo sacerdote da nova lei (o cetro de Aarão).

 

        *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       São João Maria Vianney

                                                                         http://domfernandorifan.blogspot.com.br/


quinta-feira, 12 de agosto de 2021

A VACINA DA ORAÇÃO

 Devemos beber nas fontes da graça: o Santo Sacrifício da Missa, os Sacramentos, a ORAÇÃO. Existimos e nos movemos em Deus. É pela vida de oração que permanecemos unidos a Deus. A própria Missa e os Sacramentos ficarão sem todo efeito na alma que não tem espírito de oração. Ela fica sem a luz e a força dos raios vivificantes do Sol da Justiça (= santidade) que é Nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo torna-se tíbio (= morno). Por conseguinte, não há imunidade contra o vírus do pecado. A alma sem oração é anêmica, fraca. 

Caríssimos, a oração bem feita é a vacina 100 % eficaz contra os vírus disseminados pelo mundo e pelo demônio. Quereis saber qual é a mais terrível epidemia dos nossos tempos? A falta de oração e, sobretudo, de oração bem feita. Vivemos num mundo de barulho e de uma agitação febril pelas coisas terrenas. Donde é preciso distanciamento do mundo com seus vícios e concupiscências. Fiquemos em casa, na casa do recolhimento e da oração!!!

"Senhor, quando Vos invoco, é que eu conheço que sois o meu Deus!" (Salmo 55, 10) Amém!



quarta-feira, 4 de agosto de 2021

O DIA DO PADRE

 O DIA DO PADRE

                                                            Dom Fernando Arêas Rifan*   

 

            Hoje é o dia de cumprimentarmos todos os nossos sacerdotes, que seguindo a sua vocação, se tornaram “outro Cristo”, seus ministros, dedicando-se totalmente às nossas almas, esgotando-se ao seu “serviço”, não tendo outra profissão que a dedicação a Deus e à sua Igreja.

            Por que hoje? Porque hoje se celebra o patrono de todos os padres, São João Maria Vianney, o Cura ou Pároco da cidadezinha francesa de Ars, “modelo sem par, para todos os países, do desempenho do ministério e da santidade do ministro”, no dizer de São João Paulo II, paradigma para a nova evangelização. 

Nascido de uma família de camponeses católicos e muito caridosos, João Maria tinha sete anos quando o “Terror” da Revolução Francesa reinava em Paris e os padres eram exilados ou mortos. Recebeu a primeira comunhão aos treze anos, durante o segundo Terror, quando a igreja de sua cidade foi fechada e as tropas revolucionárias atravessavam a paróquia. O governo revolucionário estabeleceu a constituição civil do clero e só os padres que faziam esse juramento cismático eram conservados nos cargos. Os outros padres, fiéis à Igreja e que não aceitavam aquele cisma, eram perseguidos, mas atendiam secretamente os fiéis nos paióis das fazendas. Foi a visão desses heróis da fé que fez surgir no jovem Vianney a sua vocação sacerdotal. Candidato, pois, ao heroísmo e à cruz no ministério.

Enfrentou dificuldades no Seminário, donde chegou a ser despedido por incapacidade nos estudos, teve problemas com o serviço militar, conseguiu, porém, aos vinte e nove anos, ser ordenado sacerdote, mas sem permissão para ouvir confissões. Após três anos, foi enviado a uma pequeníssima paróquia, Ars, onde permaneceu durante 42 anos, até o fim da sua vida.

“Há pouco amor de Deus nessa paróquia”, disse-lhe o Vigário Geral ao nomeá-lo, “Vossa Reverendíssima procurará colocá-lo lá”. De fato, Ars, nesse período pós Revolução Francesa, estava esquecida de Deus: pouca frequência às Missas, trabalho contínuo nos domingos, bailes, blasfêmias, etc. O Pe.Vianney começou com penitências e orações próprias. Pregação e catequese contínuas, visitas às famílias e caridade para com os pobres. A Igreja foi se enchendo. Ouvia confissões desde a madrugada até a noite. Peregrinos de toda a França acorriam a Ars, chegando a cem mil por ano. Suas pregações eram assistidas por bispos e cardeais. Seu catecismo era ouvido por grandes pregadores que ali vinham aprender com tanta sabedoria. Morreu aos 74 anos, esgotado pelas penitências e trabalhos apostólicos no ministério sacerdotal. Dizia esse herói da Fé: “É belo morrer depois de ter vivido na cruz”.

Durante a JMJ, na Missa na Catedral do Rio, o Papa Francisco nos lembrou: “Não é a criatividade, por mais pastoral que seja, não são os encontros ou os planejamentos que garantem os frutos, embora ajudem e muito, mas o que garante o fruto é sermos fiéis a Jesus, que nos diz com insistência: ‘Permanecei em mim, como eu permaneço em vós’ (Jo 15,4)”. Rezemos sempre pelos nossos sacerdotes. Sua santificação nos interessa muito.

 

        *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                São João Maria Vianney

                                                                         http://domfernandorifan.blogspot.com.br/