sábado, 30 de janeiro de 2021

A RECONQUISTA DO POVO

  A RECONQUISTA DO POVO

 

                                                          Dom Fernando Arêas Rifan*

                                                                                                                                           

Já disseram que a Igreja do século XIX teria perdido os operários. Perdido para as teorias marxistas. Sobretudo a juventude operária. Triste! Mas costuma-se dizer que a Igreja não perde seus fiéis: perde os infiéis, os que não eram suficientemente fiéis. Daí o exame de consciência necessário para ver de quem é a culpa da perda de tantos membros. Em períodos de graves crises, sempre se perdem alguns: é o efeito purificador das crises. Assim aconteceram nas guerras, nas pestes, nas crises na Igreja, nas heresias, etc.

Deus é quem julga de quem seria a culpa da apostasia ou esfriamento. Que nos incumbe é lutar para que não aconteçam defecções, mas que a fé seja robustecida nas crises, especialmente nessa pandemia pela qual estamos passando.

Essa crise serviu para purificar muitas pessoas, para fortalece-las na oração, na convivência familiar, nas reuniões de família em torno do seu altar doméstico. Mas também pode ter servido para esfriar a fé. Resta-nos a reconquista dos valores da fé. Creio que as três bases para a reconquista serão: a Santíssima Eucaristia, sobretudo a Santa Missa, a devoção a Nossa Senhora, vencedora das grandes batalhas de Deus e a instrução catequética.

No século XIX, período de grande crise, Deus suscitou um santo que se tornou o maior educador daquele tempo e modelo de todos os educadores. Estamos falando do grande São João Bosco, cuja festa celebraremos dia 31, com os seus filhos salesianos.

            Estamos em Turim, Itália, na época do começo da industrialização, com o problema decorrente da imigração juvenil. Inundada de jovens procurando emprego, que nem sempre conseguiam, essa cidade oferecia ocasião para muitas desordens e perigos para essa juventude. É nesse contexto que entra em ação o Padre João Bosco, Dom Bosco, como se chamam os padres na Itália, como hábil organizador de iniciativas, implantando um fantástico sistema educacional que mais tarde se chamaria “sistema preventivo”, fundado na razão, na religião e na amabilidade. E assim ele reconquistou a juventude.

            Enfrentando ataques violentos dos anticlericais, ele implantou o oratório festivo de Valdocco, enriqueceu-o de laboratórios artesanais e profissionais, com escolas de artes e ofícios para jovens trabalhadores e com escolas humanísticas para os jovens encaminhados ao sacerdócio. Para assegurar o futuro de sua obra, fundou a Pia Sociedade de São Francisco de Sales, os Salesianos, e, com a ajuda da Irmã Maria Mazzarello, o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, das quais temos ilustres representantes em nossa cidade, dedicados à educação dos jovens. A eles e a elas a nossa homenagem e imensa gratidão.

            Esse grande apóstolo da juventude, fecundo escritor de livros populares, sobretudo para os jovens, exemplo para todos os educadores, faleceu santamente em 31 de janeiro de 1888. Foi proclamado pelo Papa João Paulo II “pai e mestre dos jovens”. Que São João Bosco proteja a nossa juventude!

                                                                  *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                                         São João Maria Vianney

                                                                       http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

S. SEBASTIÃO

 SÃO SEBASTIÃO

 

                                                          Dom Fernando Arêas Rifan*

                                                                                                                                           

Hoje, dia 20, festejamos São Sebastião, padroeiro da Cidade maravilhosa e, por ser o patrono da capital, é também protetor do nosso Estado do Rio de Janeiro.

Foi soldado do exército imperial, chegando a ocupar o posto de Comandante do Primeiro Tribunal da Guarda Pretoriana durante o reinado de Diocleciano, um dos mais severos imperadores romanos, perseguidor dos cristãos.

Mesmo sendo bom soldado romano, suas atitudes demonstravam sua fé cristã, e, sendo interrogado, confessou bravamente sua convicção. Por não aceitar renunciar a Cristo, São Sebastião foi condenado à morte, sendo amarrado a um tronco de árvore e flechado. Porém, não morreu ali. Foi encontrado vivo por uma mulher cristã piedosa que tinha vindo buscar o seu corpo. Recuperada a saúde, apresentou-se diante do Imperador e reafirmou sua convicção cristã. E nova sentença de morte veio sobre ele: foi condenado ao martírio no Circo. Sebastião foi executado, então, com pauladas e boladas de chumbo, sendo açoitado até a morte e jogado nos esgotos perto do Arco de Constantino. Era 20 de janeiro.

Seu corpo foi resgatado e levado para as catacumbas romanas com grande honra e piedade. Sua fama se espalhou rapidamente. Suas relíquias repousam sobre a Basílica de São Sebastião, na via Apia, em Roma. O Papa Caio escolheu-o como defensor da Igreja e da fé.

Nesses tempos de grande negação da fé e de valores espirituais e religiosos, humanos e sociais, São Sebastião torna-se um grande modelo de ajuda para nós hoje, principalmente aos jovens, envoltos em grande confusão moral e espiritual. Ele é um sinal de fidelidade a Cristo mesmo com as pressões contrárias. Dessa forma, ele continua anunciando Jesus Cristo, por quem viveu, até os dias de hoje. Ele nos ensina a não desanimarmos com as flechadas que recebemos e a continuarmos firmes na fé.

Um mártir não deve ser um estranho para nós. Ainda em pleno século XXI encontramos irmãos e irmãs nossas que são mortos em tantos países, outros têm ainda seus direitos civis cassados por serem cristãos, outros são condenados à prisão ou à morte por aderirem ao Cristianismo, e ainda são expulsos de suas cidades e suas igrejas queimadas. Além disso, muitos são martirizados em sua fama, em sua honra e tantas outras maneiras modernas de “matar” pessoas por causa da fé ou de suas convicções cristãs.

Estamos em tempos de cristofobia, ódio a Cristo e aos cristãos, como nos primeiros séculos de perseguição. Perseguição sangrenta em alguns lugares e perseguição ideológica implacável através dos meios de comunicação, de leis e atitudes políticas.

Cabe bem aqui a advertência de Jesus: “Todo aquele, pois, que se declarar por mim diante dos homens, também eu me declararei por ele diante do meu Pai que está nos céus. Quem, porém, me renegar diante dos homens, também eu o renegarei diante de meu Pai que está nos céus” (Mt 10, 32-33).

 

                                                                  *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                                         São João Maria Vianney

                                                                       http://domfernandorifan.blogspot.com.br/