CAPÍTULO PRIMEIRO
DESMANTELO E DESEQUILÍBRIO DA TEORIA PROTESTANTE
(CONTINUAÇÃO E TÉRMINO DO CAPÍTULO PRIMEIRO)
10. A BÍBLIA MAL COMPREENDIDA.
Será possível que o Evangelho nos ensine esta doutrina tão ilógica de que as boas obras, o nosso modo de proceder não influem na salvação da nossa alma?
É claro que não.
Se os protestantes vivem a ensinar isto e julgam ver nas páginas da Sagrada Escritura uma doutrina tão estranha, é porque eles NÃO ENTENDEM certas passagens da Bíblia. Esta é que é a verdade.
E não fiquem de cara amuada os protestantes, não se mostrem ofendidos conosco, pelo fato de dizermos que eles não entendem certos versículos da Bíblia. A Bíblia tem de fato muitas COISAS DIFÍCEIS DE ENTENDER, e é ela própria quem o diz, falando a respeito das epístolas de São Paulo, as quais ADULTERAM os indoutos e inconstantes, como TAMBÉM AS OUTRAS ESCRITURAS, para ruína de si mesmos (1ª Pedro III-16).
E verá o leitor que é justamente nas epístolas de São Paulo, com especialidade, que os protestantes se atrapalham e se confundem, querendo ver aí uma teoria sobre a salvação que o próprio Paulo nunca ensinou.
Não há nenhuma desonra em não entender a Bíblia, que tem como Autor a Deus, cuja inteligência é infinita. Desonra e crime há, sim, em não entendê-la e ao mesmo tempo meter-se a doutrinador desastrado, apresentando uns textos e desprezando outros, blasfemando daquilo que ignora e incutindo no povo uma doutrina que não passa de uma caricatura da legítima doutrina do Evangelho.
Deus nos podia ter deixado uma Bíblia sempre clara e fácil de entender. Por que quis que ela fosse tão obscura e tão difícil em certos pontos? Foi para que ninguém se arvorasse em forjador de doutrinas, quando Deus deixou também aqui na terra a sua Igreja encarregada de ensinar a doutrina da verdade.
É natural, portanto, que procuremos, primeiro que tudo, conhecer, em suas linhas gerais, a doutrina da Igreja sobre a salvação.
Depois veremos como foi que surgiu no século XVI a teoria da salvação pela fé sem as obras. E será interessante ver como foi um homem que procurou arrancar do Evangelho uma doutrina muito CÔMODA, de acordo com os seus interesses pessoais; e depois muitos outros ficaram viciados nesta história de salvação baratíssima.
Finalmente analisaremos os textos apresentados pelos protestantes, com os quais pretendem provar a sua tese da salvação pela fé sem as obras e veremos como todos eles se baseiam numa interpretação errônea, seja porque não tomam a FÉ no mesmo sentido em que a tomam as Escrituras, seja porque não percebem o verdadeiro mecanismo da salvação, no qual a graça de Deus exerce um papel muito importante, sem excluir, no entanto, a necessária cooperação humana.