segunda-feira, 26 de novembro de 2018

OS ARDIS DA SEITA COMUNISTA NA EDUCAÇÃO



O que tudo comanda são as ideias. Ao modo de pensar e de crer corresponde o modo de agir. Assim, dentro da mesma lógica, devemos dizer que o problema moral está em dependência rigorosa do problema religioso. Ora, para a seita comunista que é ateia, visceralmente materialista, não há moral e a religião é farsa. Para um ateu é legítimo tudo o que venha contribuir para seus ideais materialistas. Se não há Deus, não há mandamentos, leis de Deus. Portanto, roubar, matar, mentir são coisas legítimas.

Daí, antes de implantar o regime, isto é, a ditadura comunista num país, é mister, segundo eles, primeiro fazer uma lavagem cerebral nas crianças, adolescentes, jovens nas escolas, na faculdades e nas universidades.  Aniquilar neles todo sentimento religioso, pervertendo até as noções e instituições mais naturais. Se a Religião, para os comunistas, é o ópio do povo, na verdade, eles fazem do materialismo, da corrupção, o ópio das massas, com o lema enganoso da preferência pelos pobres. 

E como fazem isto?  Devemos reconhecer que o desregramento moral que hoje assola o mundo, é fruto e fase final do trabalho de séculos: a revolução do homem contra Deus, do homem que se quis se colocar no lugar de Deus. Isto teve início com o humanismo. Seu fim foi  banir por completo e por fim destruir absolutamente o sobrenatural, o divino. Ora, o homem afastado de Deus e negando a Deus, sente-se livre de todo jugo e fora do domínio de toda a lei. O "eu" passou ocupar o lugar de Deus. O homem, doutrinado no puro materialismo, inchado de soberba e alucinado por si mesmo, divinizou a própria raça humana. Entrincheirou-se nas espaldas do mais surdo egoísmo.

E como disse Anile: "Quando a caridade começa a faltar, começam as grandes revoluções a preparar-se". Assim, reduzida a existência humana aos limites restritos do tempo, eliminada a visão do transcendente, afirmou-se, por rígida lógica, o princípio HEDONISTA da vida. Na verdade, para que estabelecer um limite ao gozo, para que opor um freio aos instintos do coração e da carne, para que aceitar a dor, para que fazer renúncias e sacrifícios como ensinou Cristo? Donde, as mentes foram sofrendo uma mutação ideológica inadvertida: a moral humana passou a parecer anti-humana e ilógica. Só o paganismo imoralíssimo na sua essência, pareceu aceitável. E hoje vemos este triste quadro: aqueles que continuam a viver e a regular-se pelos velhos (e sempre novos) princípios são acoimados de homens fora do seu tempo. Verdadeiramente, quando o homem se afasta de Deus, desonra-se e perece miseravelmente.

 É o que vemos em todas os países em que os comunistas implantaram sua ditadura.

Depois do humanismo, o comunismo encontrou o terreno fértil para banir Deus das mentes, e afirmar que Deus simplesmente não existe. Só existe a evolução da matéria. E assim, após a primeira guerra mundial, o que vemos? Vamos descrevê-lo em poucas palavras.

A maioria dos homens não leva mais em conta as leis morais e assim cooperam para a descristianização da sociedade. Quem não vê que os maus costumes, quer em público quer na vida particular, ultrapassam todas as medidas? A família cristã está sendo destruída. O lar doméstico converteu-se num foco de infecção que corrói, como gangrena oculta, todo o organismo da sociedade.  Mas é nas escolas e universidades que é inoculado o veneno do comunismo ateu. As quatro paredes da casa impedem por vezes que se veja por fora o véu de ignomínia que a cobre. Nas escolas, mais ainda. Ali reina a escravidão mais desumana que é a doutrinação comunista. Poucas são as exceções. Esta podridão tanto familiar como escolar é mortal, porque, mais cedo ou mais tarde, supura para fora e concorre inevitavelmente para contaminar a vida pública. E os sinais dessa contaminação já estão à vista de todos os que querem ver. Infelizmente, digo com lágrimas, os comunistas conseguiram o que eles acham ser a facada mortal na Igreja: um papa que os favoreça.  Mas Jesus (que livrou Jair Messias Bolsonaro da morte), dela não livrará a Sua Esposa Mística, a Santa Madre Igreja?!!! Claro que sim! "As portas do inferno nunca prevalecerão contra ela" (S. Mateus XVI, 18).

Caríssimos, hoje já não há nada que se oponha à satisfação das próprias ambições e dos apetites carnais mais abjetos. Procura-se o prazer, sem quaisquer preocupações de evitar ao menos o escândalo, porque este, terrível e assustadoramente está escancarado no seio da hierarquia da própria Igreja: corrupção no que tange à dinheiro; corrupção atinente aos costumes.

Chegou-se ao auge da abominação e da iniquidade, quando vemos países fazendo leis contra as leis de Deus. A grande mídia, isto é, TV, Jornais, Revistas etc. ( com poucas exceções), são os veículos do comunismo e assim da perversidade. A consciência pública  já não se escandaliza. E é assim que os comunistas acham o caminho aberto para todos os enganos, para todas as fraudes, para todas as trapaças, para todas as mentiras que compõem a intriga da convivência social dos nossos dias. Daí estamos vendo através da abençoada LAVA JATO e em breve, com certeza, vê-lo-emos na abertura da caixa preta do BNDES, o furto organizado com a astúcia mais requintada, com aquele propósito perverso de explorar a ignorância de milhões de  brasileiros que pelo voto colocaram políticos esquerdistas no poder.  

Caríssimos, o único caminho de salvação, no meio de tanta confusão, entre tantas dores e tanta decadência moral, é o regresso ao Evangelho. Isto significa: aproximação de Nosso Senhor Jesus Cristo e, portanto, regresso aos conceitos cristãos da vida.

Escrevi pensando mais no Brasil, mas, na verdade, é todo o mundo que é preciso refazer desde os alicerces; mister se faz percorrer o caminho inverso, é preciso CONVERSÃO, é preciso transformar o homem de selvagem que se tornou, em humano; mais, de humano em divino, segundo o Coração de Deus. Amém!

PS: Se Deus assim o permitir, escreverei ainda muitos artigos contra o comunismo e o socialismo. Para tanto peço as luzes do Divino Espírito Santo; imploro também as orações de meus caríssimos leitores.

ESCOLA SOVIÉTICA COMUNISTA



Lenine já decretava alto e bom som: "A escola soviética não é neutra, como as hipócritas escolas burguesas; ela é atéia e a ideologia do comunismo ateu não deve ser ministrada aos educandos apenas especulativamente, mas de maneira que possam dirigir por ela todas as próprias atividades". E em 1930 se fundou em Leningrado uma "Universidade anti-religiosa para crianças.

Devemos dizer em poucas palavras: As escolas soviéticas eram a concretização da filosofia materialista e inimiga de Deus, e, portanto, são precisamente o contrário da pedagogia cristã. Se, de um lado, o Cristianismo reclama todas as atividades para a construção da Cidade de Deus, o comunismo, por outro lado completamente contrário, exige a concentração de todos os esforços e aptidões para a constituição do reino terrestre e materialista. O Cristianismo tudo reduz, corpo, trabalho, etc., ao espiritual, já o comunismo tudo faz centralizado na matéria.

Os comunistas fazem da escola um viveiro de propaganda anti-religiosa. Vejam: A 04 de agosto de 1937, queixava-se um Decreto do Comissariado da Instrução Pública: "os resultados do ano escolar demonstram que, embora haja algumas exceções, não lograram os mestres vincular o ensino à educação política dos alunos... Durante o ano, pouco se fez para ilustrar os estudantes acerca da nova Constituição Staliniana que dá a maior importância à educação comunista das crianças... Particularmente se notou quase total ausência de educação anti-religiosa. É perigosa entretanto a opinião segundo a qual a educação anti-religiosa constitui uma etapa já passada..." Disto vemos claramente duas coisas: primeiro, o porquê de tanto ódio que os esquerdistas estão demonstrando contra o projeto da "ESCOLA SEM PARTIDO"; e segundo, nós cristãos devemos lutar com todas as forças e sem esmorecer, pelas escolas sem doutrinação partidária. É na verdade, um mero paliativo, porque o ideal será que, tenhamos grandes pedagogos cristãos e que cheguem um dia a ser grande maioria; mas isto demandará muito tempo porque, infelizmente, o Brasil já está totalmente impregnado do veneno comunista. Nem o regime militar impediu tal desgraça.  Mas se os comunistas querem que as escolas sejam viveiros de ateus, mister se faz que os anti-comunistas, façam das escolas viveiros de verdadeiros patriotas e para tanto, é preciso que tenham Deus no coração. Do contrário, todos os outros esforços serão fadados ao fracasso.  Os que são contra o projeto da Lei da Escola sem Partido, afirmam que não há doutrinação comunista nas escolas. Então, é mister que as autoridades competentes vigiem para que isto realmente não aconteça.

Os romanos diziam: "Maxima debetur puero reverentia": o máximo respeito se deve à criança. Mas os professores comunistas, ali dentro das quatro paredes da sala de uma escola, geralmente longe da vigilância dos pais, procuram fazer uma lavagem cerebral que consiste em tirar Deus e, em seu lugar colocar a pura matéria nas mentes pueris e juvenis. S. Paulo diz que não podemos dar lugar ao demônio. O mesmo devemos dizer dos esquerdistas. Caríssimos, vemos que também no Brasil se realizava esta profecia de Nossa Senhora em Fátima no mês de julho de 1917: "Se não atenderam aos meus pedidos a Rússia espalhará seus erros pelo mundo". E qual é o erro da Rússia? É a doutrina comunista. Os esquerdistas se infiltram na Hierarquia da Igreja, na Política, e até nos Exércitos, e vão manobrando a massa popular especialmente nas escolas. Fidel Castro implantou a revolução comunista em Cuba com a colaboração de católicos, católicos estes animados por Padres. O mesmo vem acontecendo ou vinha acontecendo no Brasil e esperamos que o nosso povo cristão tenha aberto de vez os olhos. E nunca percamos de vista que os comunistas têm uma ousadia e tenacidade verdadeiramente diabólicas. Meditemos este fato contado pelo então Padre Fernando Arêas Rifan no seu livro "QUER AGRADE QUER DESAGRADE":
"Certa vez, em Turim, numa reunião de círculos católicos, se discutia por que razão os Partidos comunistas cresciam e progrediam tanto, ao passo que os Partidos católicos se enfraqueciam. Depois de muitas opiniões, um senhor, que tinha sido militante comunista e se convertera ao catolicismo, levantou-se para falar, dizendo que sabia perfeitamente e por experiência a causa daquela diferença: 'É porque nós comunistas falávamos a mentira, mas com toda a desfaçatez e coragem como se estivéssemos falando a verdade; e os católicos falam a verdade, mas com um medo terrível como se estivessem falando a mentira!'

Hoje, graças a Deus, as redes sociais (graças à Internet bem empregada) estão fazendo a diferença! Quantas grandes inteligências, das quais, algumas mesmo exponenciais da Direita, estão mostrando com clareza e destemor, as falácias dos políticos comunistas! Vejo isto com grande alegria na alma, e uma chama viva de esperança se acende em nossos peitos: o nosso Brasil não será mais maculado pelo vermelho comunista!

Mas continuemos com a descrição da escola comunista. Mostrando os fins gerais da escola soviética, dizia o comunista Zinoviev: "transformar a escola que é arma de dominação burguesa, em arma de destruição das classes sociais, em arma da construção comunista da sociedade".  E vejam o que disse o próprio Lenine: "A menor atividade da escola, cada passo da educação, no aprendizado, na instrução, devem estar indissoluvelmente ligados à luta dos explorados contra os exploradores".  E Paulo Freire deixou transparecer seu preconceito contra os que ele considerava "classes dominantes": "Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse à classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica". Na verdade, porém, para os comunistas sim,  o papel fundamental da escola  é formar o futuro lutador do comunismo, o construtor do novo regime. A escola fará todo o possível para armar o aluno com a ciência, os processos e os hábitos que lhe facultem cumprir sua missão de revolucionário. Portanto, para os comunistas a escola deve ser a arma ideológica da revolução, da luta de classes.

Terminemos com a alta ilustração sobre o tema, feita pelo Papa Pio XI na "Divini Redemptoris": "Insistindo sobre o aspecto dialético de seu materialismo, os comunistas pretendem que o conflito que leva o mundo até a síntese final, pode ser acelerado pelos homens. Daí o esforçarem-se por fazer mais agudos os antagonismos que surgem entre as diversas classes sociais; e a luta de classes, com os seus ódios e destruições, adquire o aspecto de uma cruzada pelo progresso da humanidade".

Caríssimos, peçamos a Deus a grande graça de termos professores que amem a Deus e assim, só com o seu bom exemplo já serão nas salas de aula, o bom odor de Jesus Cristo! Amém!

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

DIA NACIONAL DE AÇÃO DE GRAÇAS

OBRIGADO, MEU DEUS!

                                                                                                                                                      Dom Fernando Arêas Rifan*

            Amanhã celebra-se o Dia Mundial e Nacional de Ação de Graças. Essa comemoração teve origem nos Estados Unidos, no século 17, em agradecimento a Deus pela farta colheita depois de um inverno rigoroso, e se tornou feriado em 1863, por decreto do presidente Abraham Lincoln. No Brasil, o Dia Nacional de Ação de Graças foi instituído em 1949 pelo presidente da república General Enrico Gaspar Dutra, por sugestão de Joaquim Nabuco, entusiasmado com as comemorações que vira na Catedral de São Patrício, quando embaixador em Washington. De fato, nos Estados Unidos, é um dos feriados mais importantes, juntamente com o Natal, comemorado sobretudo em família. Este é um dia de agradecimento, a Deus e ao próximo, por tudo de bom que recebemos ao longo do ano. 
            A gratidão é uma virtude a se cultivar, para com Deus e para com o nosso próximo.  “São Paulo inculcava nas suas cartas este contínuo espírito de gratidão: ‘Em todas as circunstâncias dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo’ (1 Tess. 6, 18); ‘Enchei-vos do Espírito... dando sempre graças por tudo a Deus Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo’ (cf. Ef. 5, 18-20). É uma atitude ‘eucarística’, que vos dá paz e serenidade nas fadigas, vos liberta de todo o apego egoísta e individualista, vos torna dóceis à vontade do Altíssimo, também nas exigências morais mais difíceis, vos abre para a solidariedade e para a caridade universal, vos faz compreender como é absolutamente necessária a oração, e sobretudo a vida eucarística mediante a Santa Missa, o ato de Ação de graças por excelência, para viver e testemunhar coerentemente a própria fé cristã. Agradecer significa acreditar, amar, dar! E com alegria e generosidade!” (São João Paulo II, homilia no dia de ação de graças 9/11/1980).  
           E agradecemos a Deus as alegrias e até os sofrimentos, pois são para o nosso bem e deles podemos tirar bons frutos. Celebramos há pouco a memória de Santa Isabel, rainha da Hungria. Quando no castelo, aproveitou da sua influência para fazer o bem. Sempre agradecia a Deus. Poder-se-ia dizer que isso é fácil pela vida rica que tinha! Mas a desgraça lhe bateu à porta: após a morte do marido, foi expulsa da corte pelos usurpadores do reino, insultada por todos, até pelos mendigos e enfermos que ela tinha socorrido, e teve que se refugiar, com os filhos pequenos, num curral de porcos. Dali, de madrugada, ouviu o sino de um convento, que ela tinha ajudado a construir, e lá foi pedir que rezassem em ação de graças, pela tribulação que ela estava passando!
        Em português, como forma de agradecer, temos a belíssima palavra “obrigado”. Significa o mais profundo grau da gratidão, não só um reconhecimento intelectual do favor recebido (thank you), nem apenas uma simples retribuição com outra mercê (merci, gracias), mas uma vinculação, um comprometimento a continuar a servir, a retribuir favores, a quem nos prestou algum benefício. É nesse sentido que dizemos a Deus e aos irmãos: “muito obrigado!”  


*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

sábado, 17 de novembro de 2018

SOBRE QUESTÕES POLÍTICAS, ECONÔMICAS, SOCIAIS (3)



INTRODUÇÃO: Caríssimos, transmitirei, se Deus quiser, em algumas postagens,  as 11 proposições (de 70-80) falsas ou ao menos perigosas acompanhadas de imediato das proposições certas respectivas e das explanações. São excertos da Carta Pastoral Sobre Problemas do Apostolado Moderno, que contém um catecismo de verdades oportunas que se opõem a erros contemporâneos. As 11 proposições fazem parte do VIII capítulo deste catecismo. Esta carta pastoral foi escrita em 06/01/ 1953 por D. Antônio de Castro Mayer, então bispo da Diocese de Campos, RJ, hoje de saudosa e santa memória. "Defunctus adhuc loquitur". Embora escritas na metade do século passado, são inteiramente oportunas essas considerações, porque o comunismo e o socialismo, embora por vezes se procurem  mascarar, porém, são sempre os mesmos, pois intrinsecamente maus; enquanto, por outro lado, a doutrina autêntica da Santa Madre Igreja é perene e viva, porque é a VERDADE, isto é, a PALAVRA DE JESUS CRISTO que permanece para sempre.
Demos, pois, a palavra a D. Antônio de Castro Mayer:

77
[Proposição falsa]: A questão social é uma questão de mera justiça no campo econômico. Para resolvê-la não se deve apelar para a caridade.

[Proposição certa]: A questão social é antes de tudo uma questão moral e religiosa (Leão XIII, Enc. "Graves de Communi"). Envolve questões de justiça e caridade, e nunca será resolvida pela prática dos meros deveres de justiça.

EXPLANAÇÃO
A sentença impugnada seria coerente com o materialismo histórico, pois não toma em qualquer consideração, na questão social, a existência da alma humana, mas somente o corpo e suas necessidades. De fato, a Igreja ensina que a questão social é preponderantemente moral, e como todas as questões morais são religiosas, é essencialmente religiosa. Leão XIII, na "Rerum Novarum", ensina que a questão social só tem solução possível admitindo-se dois princípios: 1 - A desigualdade social; 2 - A necessidade da união das classes sociais. Desenvolvendo este segundo princípio, dá os meios a serem aplicados para se conseguir esta união, e são: a)  -  Justiça, b)  - A amizade que leva os ricos a atender não somente aos deveres de estrita justiça, mas também a serem generosos com o supérfluo. Acrescenta que este dever da esmola é obrigação moral verdadeira, e a Providência assim dispôs para fomentar a união entre as classes. Foi esse o desígnio da Providência quando a uns deu mais do que a outros, quer em talentos, quer em riquezas: para que uns servissem aos outros, distribuindo do seu supérfluo, e assim todos vivessem unidos e amigos. c)  - Em terceiro lugar o sentimento de caridade cristã penetrando também nas outras relações entre as classes, impregna a vida social daquela ordenada suavidade que é a perfeição do convívio humano.  - Está longe, pois, Leão XIII de restringir a questão social aos estreitos e mesquinhos limites da "do ut facias". Ele encara a questão de modo humano, considerando que Deus Nosso Senhor fez todas as criaturas para um mesmo fim último, a ser conseguido mediante o multiforme auxílio que se prestam uns aos outros aqui na terra.
Na "Graves de Communi", escrita dez anos mais tarde, em 1901, Leão XIII declara categoricamente que a questão social não se resolve só com aumento de salário e diminuição de horas de trabalho, e medidas dessa natureza. A paz social é fruto da virtude, que só a Religião pode incutir solidamente.
A mesma doutrina é ensinada por Pio XI na "Quadragesimo Anno", que aponta a causa dos males sociais no desenvolvimento da economia realizado à margem dos princípios morais ou mesmo contra eles.
78
[Proposição falsa]: A Igreja errou quando no passado aprovou os regimes monárquico e aristocrático que favorecem as desigualdades e o orgulho de classe e são portanto incompatíveis com o espírito evangélico.

[Proposição certa]: Em si, a Igreja considera igualmente compatíveis com seus princípios, e, pois, com o espírito evangélico, os três regimes, monárquico, aristocrático e democrático. São Tomás de Aquino ensina que, em princípio, o melhor regime é o monárquico, mas que, dadas as contingências humanas, o melhor sistema de governo deve conter elementos de cada um desses três regimes (Suma Teológica, 1ª 2ª. q. CV, a. 1, c. et ad 1).

EXPLANAÇÃO
A sentença impugnada foi condenada pelo Beato Papa [São] Pio X, na Carta Apostólica "Notre Charge Apostolique" contra "Le Sillon", organismo de propaganda modernista chefiado por Marc Sangnier. Nesse documento declara o Santo Padre que a civilização cristã, segundo Leão XIII, é possível em qualquer das três formas de governo.
Ademais, a sentença impugnada procede do pressuposto falso de que a igualdade plena entre os homens foi ensinada por Jesus Cristo. Todos os documentos pontifícios a respeito de questões sociais estabelecem como base intencionada pela Providência, a desigualdade de classes. Assim, por exemplo, a "Rerum Novarum", a "Quadragesimo Anno", a alocução do Santo Padre por ocasião do Natal de 1944, etc.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

SOBRE QUESTÕES POLÍTICAS, ECONÔMICAS, SOCIAIS (2)



INTRODUÇÃO: Caríssimos, transmitirei, se Deus quiser, em algumas postagens,  as 11 proposições (de 70-80) falsas ou ao menos perigosas acompanhadas de imediato das proposições certas respectivas e das explanações. São excertos da Carta Pastoral Sobre Problemas do Apostolado Moderno, que contém um catecismo de verdades oportunas que se opõem a erros contemporâneos. As 11 proposições fazem parte do VIII capítulo deste catecismo. Esta carta pastoral foi escrita em 06/01/ 1953 por D. Antônio de Castro Mayer, então bispo da Diocese de Campos, RJ, hoje de saudosa e santa memória. "Defunctus adhuc loquitur". Embora escritas na metade do século passado, são inteiramente oportunas essas considerações, porque o comunismo e o socialismo, embora por vezes se procurem  mascarar, porém, são sempre os mesmos, pois intrinsecamente maus; enquanto, por outro lado, a doutrina autêntica da Santa Madre Igreja é perene e viva, porque é a VERDADE, isto é, a PALAVRA DE JESUS CRISTO que permanece para sempre.

A proposição falsa ou ao menos errônea será escrita em itálico;  a proposição certa, em negrito.



Demos, pois, a palavra a D. Antônio de Castro Mayer:


74
  • ·         [Errado]: O único título de propriedade no sentido estrito é o trabalho, de maneira que o homem só é proprietário do que pessoalmente produz. As riquezas naturais que possui não lhe pertencem de modo absoluto; delas é apenas o administrador, e as possui na medida em que as administra.


  •     [Certo]: Ensina Leão XIII que o título originário da propriedade não é o trabalho, mas a ocupação (=tomar posse de bens de raiz legitimamente adquiridos). De maneira que o homem é proprietário não só do fruto de seu trabalho, mas também das riquezas naturais, isto é, não só do fruto da terra, como também da própria terra. Esta última poderá ele explorá-la por si ou por outros.

EXPLANAÇÃO
A sentença impugnada confunde-se com o chamado "socialismo agrário", que nega a propriedade sobre a terra, condenado pelos sociólogos católicos, estribados na argumentação com que Leão XIII, na "Rerum Novarum", justifica a propriedade privada. E de fato, nessa Encíclica, mostra o Papa que o homem tem direito também aos bens de raiz, legitimamente adquiridos. Veja-se a doutrina da "Quadragesimo Anno", que reproduzimos em explanação à proposição 71. Na mesma Encíclica, Pio XI diretamente rejeita a opinião daqueles que vêem no trabalho o único título de propriedade.

75
  • ·         [Errado]: De si a terra é insuscetível de apropriação individual, pois pertence à coletividade. Assim, as pessoas que vivem da terra devem pagar à coletividade as vantagens que tiram da utilização exclusiva dela. Este pagamento, o Estado pode percebê-lo por meio de um sistema tributário que faça recair sobre a terra todos os impostos. E como a terra é a fonte natural de todos os bens, tal tributação deve bastar para atender a todas as necessidades do Estado.


  •    [Certo]: A terra, como quaisquer outros bens móveis ou imóveis, é susceptível de apropriação individual. Assim, o proprietário da terra não deve ao Estado qualquer pagamento pela utilização exclusiva dela. Os impostos devem recair sobre os proprietários tanto quanto sobre quaisquer outras pessoas, de acordo com a justiça distributiva. A terra não é a única fonte dos bens econômicos. Uma tributação que recaísse exclusivamente sobre a terra subverteria a economia privada e seria insuficiente para atender aos gastos normais do Estado.

EXPLANAÇÃO
A sentença impugnada é uma das teses clássicas da socialismo agrário de Henri George. A Igreja está longe de se associar a esta fobia da propriedade fundiária. Nesta propriedade vê, muito pelo contrário, um apoio precioso para a estabilidade das famílias, das classes sociais, das associações pias e de caridade, como também dos institutos eclesiásticos.

76
  • ·         [Errado]: Os grandes latifúndios são intrinsecamente maus, porque contrários à doutrina cristã que só justifica a pequena propriedade, mais conforme com a igualdade que deve reinar entre os homens.


  •        [Certo]: É desejável que a propriedade se difunda o mais possível entre os homens, como apanágio natural da personalidade. A prosperidade social, não obstante, comporta e por vezes exige que ao lado da pequena propriedade existam as médias e as grandes. A igualdade entre os homens deve entender-se não no sentido nivelador, mas no sentido proporcional: os direitos e as responsabilidades são correspondentes à situação que a pessoa tem na sociedade.


EXPLANAÇÃO
Como a propriedade tem também uma função social, há limites necessários para a grande propriedade: quando ela favorece a improdutividade das riquezas em detrimento do bem comum; quando ela concentra tanto as riquezas nas mãos de poucos, que reduza os outros à miséria, indigência, ou servidão, ou impossibilite notável parte dos homens de se tornarem proprietários (cf. explanação à proposição 71).
Sobre a legitimidade dos grandes latifúndios, pronunciou-s o Santo Padre (Pio XII) na alocução de 2 de julho de 1951, feita aos participantes do Congresso reunido em Roma para o melhoramento da condição de vida do operário agrícola (A.A.S. 43, p. 554). Disse o Papa, depois de falar sobre a conveniência da pequena propriedade rural: "Disso não resulta que se negue a utilidade, muitas vezes a necessidade, de empresas agrárias mais vastas".

domingo, 11 de novembro de 2018

SOBRE QUESTÕES POLÍTICAS, ECONÔMICAS, SOCIAIS

INTRODUÇÃO: Caríssimos, transmitirei, se Deus quiser, em algumas postagens,  as 11 proposições (de 70-80) falsas ou ao menos perigosas acompanhadas de imediato das proposições certas respectivas e das explanações. São excertos da Carta Pastoral Sobre Problemas do Apostolado Moderno, que contém um catecismo de verdades oportunas que se opõem a erros contemporâneos. As 11 proposições fazem parte do VIII capítulo deste catecismo. Esta carta pastoral foi escrita em 06/01/ 1953 por D. Antônio de Castro Mayer, então bispo da Diocese de Campos, RJ, hoje de saudosa e santa memória. "Defunctus adhuc loquitur". Embora escritas na metade do século passado, são inteiramente oportunas essas considerações, porque o comunismo e o socialismo, embora por vezes se procurem  mascarar, porém, são sempre os mesmos, pois intrinsecamente maus; enquanto, por outro lado, a doutrina autêntica da Santa Madre Igreja é perene e viva, porque é a VERDADE, isto é, a PALAVRA DE JESUS CRISTO que permanece para sempre. 


Demos, pois, a palavra a D. Antônio de Castro Mayer:


70
[Proposição falsa]:      Jesus Cristo pregou a pobreza e a humildade, a preferência pelos fracos e pequenos. Uma sociedade imbuída deste espírito deve eliminar as desigualdades de fortuna e de condição social. As reformas políticas e sociais decorrentes da Revolução Francesa foram conscientemente ou não, de inspiração evangélica, concorrendo para realizar uma sociedade verdadeiramente cristã.


[Proposição certa]: Jesus Cristo pregou o espírito de pobreza e humildade, a preferência pelos fracos e pequenos. Por pobreza, a Igreja entende o desapego dos bens da terra, ou seja, um tal emprego dos mesmos, que sirvam para a salvação da alma e não para sua perdição. Assim, nunca ensinou que ser rico é intrinsecamente mau; mas que tão somente é mau fazer uso desordenado da riqueza. Por humildade a Igreja entende o fato de o fiel reconhecer que nada tem de si e tudo recebeu de Deus, e de se situar no lugar que lhe compete. A existência das classes sociais é, pois, condição para a prática da virtude e da humildade. Quanto à preferência pelos fracos e pelos pequenos, seria impossível numa sociedade em que todos fossem iguais. A Revolução Francesa, na medida em que tendeu para a completa igualdade política, social e econômica, na sociedade ideal sonhada pelos seus fautores, foi um movimento satânico, inspirado pelo orgulho.

EXPLANAÇÃO
Por certo, as desigualdades quer no domínio político, quer no social ou econômico têm por vezes sido iníquas, e isto por dois motivos principais: ou porque essas desigualdades eram ilegítimas, e mero fruto da opressão; ou porque se acentuavam tanto que negavam a dignidade natural do homem, ou os meios para viver sadia e honestamente. Um exemplo frisante de desigualdade exagerada é a sorte duríssima e imerecida a que, no século XIX, foram lançados os operários em consequência da revolução industrial (Pio XI, "Quadragesimo anno", A.A.S. 23, p. 195, 197/8). Ao contrário do que se tem dito, a Igreja tem cumprido seu dever de lutar contra essa situação. Mas, em tal luta, seu objetivo é uma sociedade hierárquica dentro dos limites da ordem natural. Nunca a abolição de todas as desigualdades legítimas, sonhada pelos revolucionários e na qual se empenham a ação da Maçonaria e outros fatores (cf. Pio XII, Alocução do Natal de 1944, A.A.S. 37, p. 14).


71
·  [Proposição falsa]:       A Igreja deve fazer causa comum com o operariado na luta contra o regime capitalista.

[Proposição certa]:   
A Igreja intervém nas questões sociais para proteger a lei natural. Seu objetivo não é favorecer uma classe contra outra, mas fazer reinar nas relações entre as classes a doutrina de Jesus Cristo. Apóia as justas aspirações dos operários como os direitos autênticos dos patrões. O regime capitalista, enquanto toma como base a propriedade privada, em si é legítimo. A Igreja combate seus abusos, mas não apóia sua destruição.


EXPLANAÇÃO
Generaliza-se entre católicos a ideia de que a Igreja é como que um partido trabalhista, cuja finalidade fosse a defesa de uma só classe. Pelo contrário, ela paira acima das classes como acima dos partidos. Ainda quando defende as justas reivindicações dos operários, jamais desconhece a Igreja os direitos dos patrões. E no momento atual, em sua alocução ao Katholikentag de Viena (14 de setembro de 1952, cf. "Catolicismo" nº 24, dezembro de 1952). deixou o Santo Padre bem claro que a questão operária, candente ainda na primeira metade deste século [XX], já está superada por outra mais grave, que é a luta de classes, insuflada pelo socialismo. É preciso, agora mais do que nunca, mostrar a Igreja como protetora da todos, operários e patrões, e não como advogada sistemática de uns contra outros.

Quanto ao capitalismo, cumpre dissipar a confusão que se estabeleceu a seu respeito na linguagem corrente. O regime capitalista em si mesmo, isto é, enquanto sistema baseado na propriedade privada e na livre iniciativa, e comportando lucros na medida em que os permita a moral, é legítimo e não pode ser confundido com os abusos a que concretamente foi sujeito em não poucos lugares.

Cumpre pois distinguir a legítima defesa de organizações operárias sadias contra os abusos do capitalismo, da luta das organizações revolucionárias que proclamariam a ilegitimidade do regime capitalista em si mesmo.  Quem se associe à ação destas últimas colabora com o comunismo e incorre na censura contida na Carta da Sagrada Congregação dos Seminários ao Episcopado Brasileiro: "Para alguns, nem são suficientes, no campo social, as diretivas tão humanas, tão sabiamente favoráveis às classes trabalhadoras que a Santa Sé, principalmente desde Leão XIII até Pio XII, tem promulgado, mas procurar-se-á avançar sempre mais para a esquerda, até nutrir uma verdadeira simpatia para com o comunismo bolchevista, destruidor da Religião e de todo o verdadeiro bem da pessoa humana" (A.A.S. 42, p. 841).  

NOVENA PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO - OITAVO DIA


  
ATOS PREPARATÓRIOS

ORAÇÃO:  -  Santa Margarida Maria, a quem Nosso Senhor escolheu para estabelecer e propagar por toda parte, como uma fonte inesgotável de graças, a devoção a seu divino Coração; vós que tendes ouvido as almas do Purgatório pedir-vos este remédio novo, tão salutar em seus sofrimentos, e que tendes libertado por este meio uma multidão dessas pobres prisioneiras, obtende-nos a graça de executar santamente essa piedosa prática dum passeiozinho pelo Purgatório, em companhia do Sagrado Coração de Jesus e da novena pelas almas.

União de intenções com os fiéis que realizam diariamente, esta santo exercício, na Igreja titular da Obra, situada em Lungotévere Prati. Roma.

Consagração do dia:  -  Ó divino Coração de Jesus, ao fazer em vossa companhia este passeiozinho  pelo Purgatório, nós vos consagramos tudo o que fizemos e esperamos fazer de bem, com o socorro de vossa graça, durante este dia, e vos pedimos apliqueis os vossos méritos em favor dessas almas sofredoras. E vós, santas almas do Purgatório, empregai ao mesmo tempo todo o vosso poder no sentido de nos obterdes a graça de viver e de morrer no amor e na fidelidade ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, correspondendo, sem resistência, a seus desejos sobre nós. Amém.

Oferecimento:  -  Pai Eterno, nós vos oferecemos o sangue, a paixão e a morte de Jesus Cristo, as dores da Santíssima Virgem e as de São José, pela remissão de nossos pecados, pela libertação das almas do Purgatório e pela conversão dos pecadores.

Invocação:  -  Amado seja por toda parte o Sagrado Coração de Jesus!
Ó Maria, Mãe de Deus e Mãe de misericórdia, rogai por nós e pelos mortos!
São José, modelo e padroeiro dos amigos do Sagrado Coração de Jesus, rogai por nós!

Prelúdio:  -  Desçamos um instante pelo pensamento, com o amor do Coração de Jesus e a abundância de suas graças, à chamas devoradoras do Purgatório!
1. -  Quantas vêm nesse momento iniciar aí o seu doloroso cativeiro!
Como elas são felizes! Livraram-se do inferno para sempre... estão certas de que chegarão à suprema felicidade... são as amigas de Deus... estão salvas!
Como elas estão tristes! Acham-se cobertas de mil imperfeições... de muitas penas temporais devidas ainda aos restos dos pecados perdoados... exiladas por um certo tempo de sua celeste pátria... condenadas ao fogo expiatório!
2.  -  Que santa legião quase inteiramente purificada se apresta hoje mesmo para voar ao céu! Felicitemo-las, demos a elas o derradeiro sufrágio que apressará em alguns instantes a sua festiva partida, digamos a elas que se lembrem de nós no reino eterno.
3.  -  Que multidão se encontra aí encerrada já há tanto tempo, e que aí permanecerá ainda por longo prazo!
Há aí almas de seculares, de religiosos, de sacerdotes, almas que nos são caras.
Contemplemo-las, ouçamos seus gemidos, dirijamos a elas uma palavra de amizade e de compaixão, prestemos-lhes assistência!

OITAVO DIA  - DOMINGO

COLÓQUIO:  -  De que te arrependes, santa alma do Purgatório, de ter feito na terra que deixaste?

Arrependo-me dos pecados de omissão, especialmente de não ter assistido bem à santa Missa.
Não apreciava bem o valor da santa Missa, renovação do santo sacrifício de Jesus no calvário.
Como é importante assistir bem e frequentemente à santa Missa. Morreu Jesus para salvar as almas, e cotidianamente renova esta morte de modo incruento no santo Sacrifício da Missa. E eu não a estivava bastante. Não ia buscar aos pés do altar remissão dos meus pecados pelo preciosíssimo Sangue de Jesus. Não ia buscar as forças necessárias para resistir às tentações; não vivia em constante união com Deus dos nossos altares. Por isso estou agora aqui e sofro. Sofro com paciência, e merecidamente; mas podia ter sido de outra maneira. O santo Sacrifício da Missa é de um valor infinito, e eu podia ter aproveitado. Se o tivesse feito, agora já estaria no céu, perto de Jesus.
Se na terra tivesse recorrido mais às graças que emanam do Sagrado Coração de Jesus na hora da Santa Missa! ... quão grande seria agora a minha santidade! Que tesouro de graças teria tido na minha alma na hora da morte! Como estaria agora perto do trono de Deus! Se pudesse voltar! ... Mas pelo menos tu, alma devota, que ainda vives na terra, tu podes assistir frequentemente à Missa, enriquecer-te com as graças divinas, aplicá-las também a nós, pobres almas do Purgatório.

PIEDOSAS PRÁTICAS

Resolução:  -  Participar mais frequentemente e intensamente da santa Missa, recebendo a santa Comunhão, também pelas almas do Purgatório.

Ramalhete espiritual  -  Quem comer a minha Carne e beber o meu Sangue, terá a vida eterna, e eu o ressuscitarei no derradeiro dia (Jo, VI).

Sufrágio:  -  Assistir também à santa Missa em dias de semana, quando puder.

Intenção particular:  -  Rezar pelas almas mais abandonadas.

Motivo:  -  As almas do Purgatório nada podem fazer para si mesmas. O tempo de merecimentos próprios passou para elas. Devemos ajudar principalmente aquelas almas, das quais ninguém se lembra.

Oração:  -  Deus onipotente, que todos os dias no Santo Sacrifício da Missa vos ofereceis ao Pai celestial para expiação dos nossos pecados, lançai um olhar benigno sobre as almas do Purgatório, especialmente as mais abandonadas, e dizei-lhes a mesma palavra que dissestes ao bom ladrão: hoje estareis como no paraíso.

 Pai-Nosso, Ave-Maria, Salmo 129.

SALMO 129: : Das profundezas do abismo, eu bradei para Vós, Senhor: Senhor, ouví minha voz!
Que vossos ouvidos sejam atentos à voz de minha oração.
Si tomardes em consideração as nossas iniquidades, Senhor: Senhor, quem poderá subsistir diante de Vós?
Mas vós sois rico de misericórdia; e eu espero em Vós, Senhor, por causa de vossa lei.
Minha alma apoiou-se em vossa palavra, minha alma pôs toda sua confiança no Senhor.
Desde a manhã até à noite, Israel espera no Senhor.
Porque no Senhor existe a misericórdia e uma abundante redenção.
É Ele quem resgatará Israel de todas as suas iniquidades.
Versículo:
Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno!
E a luz perpétua as ilumine.
Descansem em paz, Amém.

Jaculatória: Pela repetição incruenta de vosso Sacrifício da cruz, livrai as almas mais abandonadas, meu Jesus!

sábado, 10 de novembro de 2018

PRIMEIRO MANDAMENTO



Eu sou o Senhor teu Deus

(Excertos do capítulo VI do livro "OS DEZ MANDAMENTOS", de autoria de Mons. Tihamer Tóth)

(...) Deste fato fundamental: "pertenço absolutamente a Deus" fluem naturalmente dois deveres: 1 - Amar a Deus; 2 - Viver em Deus.
1 - Amar a Deus. - Amamos a Deus... Facilmente pronunciamos estas palavras; mas cuidado! Que não sejam mentirosas nos nossos lábios.
A nossa alma espiritual está encerrada na prisão do nosso corpo material. De aí o querermos sentir totalmente, isto é, tudo ver, ouvir, palpar; e o que escapa aos nossos sentidos fica-nos quando muito, apenas como conceito abstrato, obscuro, nebuloso, dentro da alma.
Por isso, lanço este brado de alerta. Não vemos a Deus, não o ouvimos, não o tocamos... e, não obstante, temos de o amar sobre todas as coisas. Como é possível? Quando poderei dizer que amo a Deus sobre todas as coisas? Talvez quando, ao pensar n'Ele, um calor sobrenatural, uma terna emoção, uma alegria mística produzem em mim a sensação de que Ele me inunda a alma? De modo algum. Nosso Senhor Jesus Cristo ensina claramente: "Nem todo o que diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos Céus; mas o que faz a vontade de meu Pai celestial, esse é que entrará no reino dos Céus" (S. Mat. VII, 21).
Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua inteligência e com todas as tuas forças, é o eixo fundamental de toda a ética cristã. Ma sabeis quem ama a Deus? Sabeis o que significa o meu coração, a minha alma, a minha inteligência, a minha força? Significa o homem total, significa a vida toda.
2 - Viver em Deus. E com isto chegamos ao segundo postulado: saturar toda a nossa vida de Deus, enchê-la do pensamento de Deus, que tudo vê e está em toda a parte. Estou com Deus... aos domingos e nos dias de trabalho. Estou com Deus... na fábrica e no estabelecimento, na oficina e na escola. Estou com Deus... no escritório, no templo, nos lugares de divertimento [honesto]. Estou com Deus... mesmo quando a noite silenciosa me cobre com o seu véu. Sabeis quem ama deveras a Deus? Aquele que, chamado por Deus a qualquer instante do dia, no meio de qualquer ocupação, está preparado. O que, chamado seja a que hora for, a receber a sagrada comunhão, pode ir imediatamente... sem ter que lavar, antes, a sua alma.
Somos de geração divina! Podemos dizê-lo afoitamente. Há em nós uma centelha divina, um raio de luz, um veio de Deus. E esta centelha tende a voltar à origem eterna de todo o fogo; esta lua anseia por unir-se à fonte inesgotável de toda a claridade; e este veio, este arroio dirige-se, sem que nada o descubra, para o oceano infinito de toda a vida. O grande conhecedor das profundezas do coração humano, SANTO AGOSTINHO, escreve nas suas "Confissões": "Criaste-nos para Vós, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousa em Vós".
Sim, meu Deus. Vós sois o nosso Senhor. Vós sois o nosso Deus.
(...) Se eu quero ser filho obediente , fiel, do meu Pai celeste, então sei que tenho nos seus braços um apoio em que posso confiar inteiramente, ainda que se amontoem nuvens ameaçadoras por sobre a minha cabeça.
Sim; justamente porque alguns acreditam que a fé posta em Deus só dá juros que serão cobrados no outro mundo, quero eu acentuar agora que a fé posta em Deus possui uma força e uma influência incomparáveis também para a vida presente. (...)
"Eu sou o Senhor teu Deus". A coragem que o Senhor comunica se, no meio das ondas revoltas da tentação, ou no reino silencioso do sepulcro, nos diz: "Por que temeis, homens de pouca fé! Convosco está o Senhor!". Que significa, no meio da tentação: "O Senhor está comigo!"
Meus irmãos, vós, antigos mártires da fé cristã! Quando jazíeis às centenas, ensangüentados, na arena do coliseu romano, que é que vos dava força? O Senhor convosco.
Irmão, tu que num enorme prédio de cinco andares de uma cidade moderna, conservas a tua fidelidade inquebrantável ao nome de cristão, enquanto à tua volta, as ondas da idolatria e da impiedade, a adoração do bezerro de outro, a blasfêmia e a imoralidade subvertem todos os demais... Não vaciles... Persevera firma... O Senhor está contigo.
Irmão, tu que serves num bar, tu que ganhas o teu pão no mundo sarapintado do teatro, tu que mourejas entre as ondas da Sodoma e Gomorra... não vaciles: o Senhor está contigo.
Irmão, tu que és um aprendiz de dezesseis anos, quando, ao entrares na fábrica à segunda-feira de manhã, te encontras entre duzentos outros aprendizes... no meio dos rapazes que talvez não tivessem ouvida missa no dia anterior, que, possivelmente, levaram a noite na pândega, que todo o dia falam mal de Cristo, da tua religião e da tua vida virtuosa... Irmão, jovem aprendiz, não vaciles: O Senhor está contigo. (...)
Passemos a outro pensamento: "Que significa, no reino silencioso do túmulo": "O Senhor está conosco?"
Um dia encontrar-nos-emos, com o coração oprimido, junto da campa dos nossos queridos mortos e à medida que as folhas das árvores vão caindo... apodera-se das nossas almas a melancolia esmagadora da morte...
Não, não, irmãos! Corações ao alto! Sabeis o que significa possuir a Deus? Significa que a vida para mim continua ainda para além da sepultura. Tudo há de perecer à minha volta; tudo cai; tudo se desfaz em pó... há, porém, uma vida eterna. Se há Deus, tem de haver uma vida eterna!
Este pensamento comunica ao Cristianismo uma sublime dignidade. Se o suprimirmos, que lhe fica? Um formoso sistema de amor, de paz, de suavidade... falta-lhe, porém, o arcabouço que o sustenta. Sem o outro mundo, sem a preparação adequada para o mesmo, a Religião cristã seria apenas doença, água açucarada, poeira, decoração; mas não fonte séria de vigor moral para os transes em que a tentações assaltam.
E com isto fica explicado um fato interessante: Os filhos do mundo, os pecadores, se vivem alegres, morrem desesperados. Os cristãos, em compensação, se vivem com dificuldades, morrem em paz. E devem esse benefício ao pensamento do além. Ali onde não ajuda a ciência, nem a arte, nem o médico, nem a farmácia, nem o advogado, nem os parentes, nem os amigos...; ali, junto do leito de agonia; ali onde tesouro e pompa, beleza e poder, fama e honra abandonam o moribundo; ali não há outra coisa, não há outro pensamento que possa confortar, senão este: Há Deus!
Para aquele que considerou o Senhor como Deus, a morte não é fim, mas princípio; não motivo de ansiedade, mas porta pela qual há de passar. A seguir à pátria terrena, espera-o a Pátria Eterna; ao prefácio segue-se o livro; à morte na terra, o nascimento para uma vida melhor. (...)
O corpo ferido de morte é engolido pela sepultura, mas a alma espera a luz de Deus. Tê-la-á, se tiver vivido dignamente, segundo o primeiro Mandamento: "Eu sou o Senhor teu Deus". (...)
Temos que demonstrar, com a nossa conduta, que somos ao mesmo tempo homens modernos e católicos fiéis (...). O homem moderno também sabe inclinar humildemente a cabeça diante da lei, de eterna vigência, ditada pelo Altíssimo: "Eu sou o Senhor teu Deus".
AMÉM!

domingo, 4 de novembro de 2018

FELICIDADE SEM DEUS?



(Excertos do capítulo V do livro 'OS DEZ MANDAMENTOS" da autoria de Mons. Tihamer Tóth)

(...) Quem não terá presenciado uma cena semelhante à que vou descrever?
Manhã formosa de outono. Estou recostado no meu escritório, convalescente. A janela está metade aberta, para deixar entrar os raios de sol outonal. Não tarde a entrar uma vespa [para quem não conhece, coloque abelha] extraviada, que se mete por entre as duas lâminas de vidro da metade que está fechada. Atrai-a, lá de fora, um raio brilhante de Sol; e a vespa, e contínuo zumbido, atira-se contra os vidros, ansiosa por se evadir da prisão. Mas, depois de tantos choques, acaba por cair desfalecida. Pobre vespa! A vida, a alegria, a luz, atraem-na... ao lado está aberta outra metade da janela; por ali poderia recuperar a liberdade num instante...; mas ela procura a liberdade, a alegria, a vida, justamente onde não as pode alcançar. Quando, à noite, me abeirei da janela, para fechar a vidraça, vi a pobre vespa sobre a parapeito morta. Pagou com a vida a ambição de procurar por caminho errado a luz, a felicidade.
Lembrei-me do destino de muitos homens. Recordei-me daqueles que são também prisioneiros da luz. Daqueles que procuram com afã a vida e a felicidade ilusória, até que por fim, ao pôr-do-sol  - no ocaso da existência  -  perdem o equilíbrio, devido ao peso de uma vida desvairada. Esta vespazinha que  se despedaça quando vai em busca da felicidade, parece-nos o símbolo da sociedade moderna. Por mais que procuremos a felicidade não a encontraremos longe de Deus. (...)
QUE DOENÇA É A NOSSA?
Quando, no princípio da História, o homem sentiu os fumos do orgulho e da jactância subirem-lhe à cabeça, quis construir uma torre gigantesca, para desafiar o próprio Céu. Mas, por castigo  -  segundo afirma a Sagrada Escritura  -  Deus confundiu a linguagem dos homens: não se entendiam uns aos outros e, cobertos de vergonha, tiveram de abandonar o torre de Babel, sem acabarem de a construir.
Não se assemelha terrivelmente a nossa vida moderna à construção da torre de Babel? Perto de dois mil milhões de obreiros trabalham no edifício da civilização humana. Mas o edifício oscila, estala e a todo o momento pode o cimo despenhar-se por entre as nossas cabeças. Por que? Porque os próprios construtores se orgulharam do seu próprio poder. Por terem querido edificar sem Deus. Porque desafiaram as leis divinas. Porque, no meio da múltiplas e desordenadas obrigações que nos impõe a vida moderna, não nos lembramos da força única, interior que pode dar solidez. Íamos pondo pedra sobre pedra, mas não usávamos argamassa. As pedras representam o trabalho humano; a argamassa, o respeito da Lei de Deus.
Confiamos demais na própria sabedoria. Fiamo-nos na nossa técnica, no progresso. E onde chegamos? Quanto mais luzes a técnica acende, maior é a escuridão que envolve os caminhos do homem. Quanto mais a ciência progride, mais se multiplicam os problemas da alma. Onde iremos parar? Fazemos saltar rochedos com dinamite, mas não conseguimos afogar o fogo veemente da ira. Sabemos navegar pelo fundo do mar, aprendemos a voar, comunicamos pela rádio... mas esquecemo-nos do que significa guardar fidelidade, ter paciência com os outros, perdoar, respeitar os sentimentos alheios, não nos desviarmos do caminho da honra, dizer a verdade, ser amáveis e corteses.
Quão vertiginoso é o nosso progresso no mundo da técnica! Mas adiantamos outro tanto em bondade espiritual? Já não nos chega a velocidade da locomotiva, não nos basta o automóvel, nem sequer o avião; hoje em dia o homem ambiciona viajar em um auto-foguete. Mas apesar de todas estas coisas é melhor, mais digna do homem, a nossa vida?
Progredimos, progredimos a passo de gigante. Ma enganar-nos-emos ao afirmar que o homem necessita hoje mais de ascensão que de progresso? Ascensão que nos liberte do pecado de mil cabeças, que nos livre da maldade, do egoísmo, do ódio, da mentira, do sensualismo. Porque, pelo caminho que levamos, o mais que fazemos é progredir sem nenhum objetivo.
Como estamos hoje adiantados a respeito de técnica, se compararmos com o que há 100 anos! Mas adiantaríamos outro tanto em moral? Há cem anos os salteadores escondiam-se nos bosques; hoje viajam na primeiras classes dos comboios expressos; dantes dormiam a cavalo, sem desmontar; hoje instalam-se comodamente em carruagem-cama. (...)
O Cristianismo fez fugir deste mundo o paganismo; mas se lançarmos uma vista de olhos ao mundo atual, verificaremos com espanto como se organiza e abre caminho o novo paganismo. Podemos olhar para qualquer lado.. Não falemos da Rússia: a triste experiência de quatro meses mostra-nos como o bolchevismo é inimigo declarado do pensamento cristão [Nota: Mons. Tóth refere-se ao governo comunista que a Hungria teve de suportar de 21 de março a 1 de agosto de 1919]. Pelas ruas das grandes cidades da Rússia passa a matilha de garotos abandonados, esfarrapados, degenerados.
E como é que ameaçam o homem adulto que não quer dar-lhes dinheiro? Como os bandidos antigos?  - "A bolsa ou a vida?" Não. O rapaz diz ao homem: "Se não me dás dinheiro arranho-te; e fica sabendo que tenho uma doença de sangue". O paganismo não conheceu tão profunda corrupção!
Mas não é necessário ir à Rússia; olhemos para a vizinha Áustria [Nota: O original húngaro foi publicado em 1932. Mons. Tóth fala da situação em que se encontrava a Áustria naquela data].Existe ali uma frente organizada que trabalha por tirar fiéis à Igreja Católica, para que se escarneça do matrimônio legítimo e da batismo dos filhos; para suprimir o enterro religioso; para inculcar e expandir a cremação dos cadáveres. E esta frente única notificou, um ano, o Conselho Municipal de Viena, que na festa do Corpo de Deus sairia pelas mesmas ruas e à mesma hora que a procissão católica, uma contra-procissão composta de ateus.
É esta a situação. Assim estrebucha a pobre vespa, aturdida, entre os vidros; assim procura a felicidade o homem transviado.
Mas...
HAVERÁ ESPERANÇA DE CURA?
Sim! por mais horrivelmente frívola que seja a fisionomia moral da nossa época; por mais tenebroso que seja em torno de nós o reino do pecado; nunca seremos pessimistas, nunca seremos homens de pouca fé, nunca abdicaremos! Nunca! (...)
... Haverá esperança de cura se voltarmos ao cumprimento dos Mandamentos da Lei de Deus; se soubermos atender com fé de criança à palavra do Senhor e se nos atrevermos a declarar-nos, mediante uma vida conseqüente, adeptos dos Mandamentos de Deus. Haverá esperança de cura, se tivermos coragem para gritar com otimismo confiante, no meio do mundo: "É grande a maldade que nos rodeia, mas, apesar de tudo, seguimos confiados. Apesar de tudo, contra todos os ventos". (...)
Pai Nosso que estais no Céu; não nos deixeis cair em tentação. Pois queremos ser cristãos. Queremos ser vossos filhos... mesmo no meio deste mundo desequilibrado! Vossos filhos... mesmo no meio deste paganismo atual e infiel! Vossos filhos... que consideram sagradas as vossas Leis!
Nunca  -  nem sequer  durante as perseguições na Igreja primitiva  -  foi mais difícil ser cristão coerente, cristão na vida prática, do que agora, entre o ar pestilento das grandes cidades. Portanto, não nos deixeis cair em tentação.
Mas livrai-nos do mal. de todo o mal, cujas ondas estão a ponto de nos afogar. Nós, porém, não o consentimos! Nós continuamos a lutar! Permaneceremos fiéis a Vós e aos vossos mandamentos! Porque só Vós sois  Senhor, só Vós sois poderoso. Vós sois o nosso Senhor, o nosso Pai.
AMÉM!

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

A INFRAÇÃO DO DECÁLOGO. O PECADO



(Excertos do capítulo IV do livro "OS DEZ MANDAMENTOS" de autoria de Mons. Tihamer Tóth)

A infração da Lei de Deus, o pecado, é o maior mal do mundo; assim ensina a nossa religião sacrossanta. E por isso nos repete a cada momento esta sentença: 'Antes morrer que manchar-se'. (...)
QUE PENSA O MUNDO A RESPEITO DO PECADO?

O grande defeito, o principal, da nossa época, está justamente nisto: não se toma nada a sério, em nada vemos pecado. (...)

Se não vemos pecado em nada é porque não somos bastante sérios para o descobrir. Só o nosso divino Salvador podia dizer: Quem de vós me convencerá de pecado? (S. João VIII, 46). (...). Não há sinal mais espantoso do atual processo de decomposição: estamos submersos no pecado até ao pescoço, mas não o sentimos; ainda mais: nem gostamos de falar nele.

Os pecados são inúmeros; e apesar disso veremos os homens amontoarem-se em torno dos confessionários de manhã até à noite? Não. Porque morreu a consciência do pecado. (...)

Ao contemplar a cruz do Redentor dão-nos ânsias de gritar, de gritar com força, para que todo o mundo ouça e grave as palavras do seu coração: 'Homens, olhai e vede o que é o pecado! O que é o pecado que exige tal expiação!'

Deus criou o homem para a felicidade para que seja feliz já nesta vida terrena. No plano primitivo de Deus, o homem depois de passar a vida em tranqüilo gozo nesta terra, sem experimentar sequer as amarguras da morte, havia de entrar no reino do Céu.

E por que não é assim? Por que sofre e sofre tanto esse homem criado para a felicidade? Responde S. PAULO: 'Por um só homem entrou o pecado neste mundo e pelo pecado, a morte' (Rom. V, 12). Foi o pecado que nos perdeu, que tornou desgraçada a nossa vida. (...). O mundo inteiro não é mais que enorme escola de pecado em que todos gabem só o pecado. Vem um pintor e com o seu pincel traça o pecado, cheio de sedução, para que nos agrademos dele. 'É pecado?' Não é pecado! É arte moderna!' Vem o escultor e comunica vida à pedra; o poeta, às palavras. É pecado? Não é pecado! É arte, é literatura moderna!' O filósofo diz que não há pecado, que só há debilidade, defeito, falha, imperfeição... Eis como o mundo decide a respeito do pecado.
Mas...
QUE PENSA DEUS A RESPEITO DO PECADO?
(...)Possuímos um livro antigo que sabemos escrito por inspiração de Deus (a Bíblia). Este livro pinta-nos o primeiro pecado, a primeira queda.(...) A história do Paraíso Terrestre é a descrição não só do primeiro pecado, mas, em certo modo de todos os pecados. (...)

Qual a consequência do pecado? Que lhes (a Adão e Eva) prometeu o tentador? "Abrir-se-vos-ão os olhos...' Pois... abriram-se. Mas que foi que eles viram? Vergonha, temor, remorso. É a única ciência que o pecado comunica ao homem. A vergonha é a consequência de todo o pecado. O pecador pode ocultar-se do mundo, das leis, mas não de si próprio. Poderá haver homem tão depravado que se vanglorie do seu pecado. Pode haver um pseudo-filósofo que apresente o mal com aspecto de bem; um poeta que dedique hinos ao pecado!... Virão, porém, dias, momentos, em que a alma do depravado, do pseudo-filósofo, do pagão, do poeta, soluce, abatida sob a terrível vergonha do pecado. Ninguém pode evitar este castigo.

Principalmente se se acrescentar a segunda consequência do pecado: o temor. 'Ouvi a tua voz no Paraíso e tive medo' (Gen. III, 6). Tive medo! Medo de Deus? Ah! Quando não tínhamos pecados, que alegria para nós era conversar com Deus! Como nos ajoelhávamos diante do seu altar! Por que tens medo da Igreja, do confessionário? Porque gostarias de poder esquecer que há Deus, que tens alma, que há uma vida eterna, que terás de prestar contas. Porque tens medo de Deus!

Em vão pretenderia o pecador esconder-se. Aí temos o terceiro efeito do pecado: o remorso. Deus fala e pergunta a Adão: Onde estás? (ib. 10). Que é a voz da consciência senão a voz de Deus? Que fizeste? Onde está a tua inocência? que significa esta lama na tua alma? (...)

Se não tivéssemos outro argumento, bastava a consciência para provar com bastante evidência que há Deus e para nos dizer a maneira de pensar de Deus a respeito do pecado e como o próprio Deus vigia o cumprimento das suas leis. Por muito que te esforces, por mais que discutas com ela, não poderás calar-lhe a voz. Fala, testemunha, acusa. Não é tudo, arvora-se em juiz severo, em verdugo. Tem látego com que açoita; tem fogo com que toca a rebate; tem aguilhão com que pica. Nem de dia em de noite nos deixa em paz.

A alma pecadora espanta-se de si própria; repugna-lhe a sociedade; e, no meio das suas terríveis lucubrações, exclama muitas vezes: antes a morte do que este constante e terrível remorso!

Depois chega a morte. E neste ponto nos detemos agora, porque nele podemos ver com toda a claridade quanto Deus aborrece o pecado.

O CASTIGO DO PECADO: A MORTE.
Que é a morte? Chega o nosso corpo ao fim da sua vida. Decompõe-se, desfaz-se.

Costuma dizer-se que o homem é a criatura mais perfeita que Deus pôs na terra. E isto afirma-se não só pelo que diz respeito à alma, mas do mesmo modo pelo que se refere ao corpo. O nosso corpo é realmente uma obra-prima da mão de Deus; é o ser mais formoso de toda a criação visível. Que brilho nos olhos do homem! Que nobreza no seu porte! Que expressão inteligente no seu rosto! Mas, sobretudo, que instrumento mais adequado e obediente é o corpo para a alma imortal!

É possível que Deus tenha criado esta obra-prima para viver apenas uns minutos na terra e depois se desfazer em pó? Que pintor, que escultor cria a sua obra-prima para, no momento seguinte, a destruir? Que arquiteto constrói um palácio magnífico e logo que o dá por acabado o faz saltar com dinamite?

Pois era isto o que Deus fazia se criasse o corpo do homem para vida tão breve. Não. Originariamente, Deus não quis a morte. O pecado é que trouxe a morte.

Amigo leitor; medita um instante no que seja a morte. Chega-te junto desta cama  -  não tenhas medo; aqui tens um moribundo. Descansa; não te falo agora das suas dores atrozes, não te digo como anseia o seu coração, como lhe falta o alento, que espantosos fantasmas o aterram... Não. Por todos esses tormento passou já. Agora mal respira. E, contudo, era um rei poderoso, um sábio inventor, um riquíssimo Diretor de Banco, uma atriz de fama universal, uma jovem em plena primavera. E os vestidos que ela possuía! Que vestidos tão atrevidamente curtos e decotados! E como dançava um dia, a semana passada, o tango e o fox-trot! Olha esta cabeça tão nobre! quantos pensamentos nela e agora jaz silenciosa, amarela como cera, sobre a almofada. Olha para este braço robusto que, no ardor do combate, era senhor da vida e da morte. Vê lá: agora não pode mover-se. Olha para aqueles olhos maravilhosos que, com a força do seu encanto, arrastavam multidões de almas ao pecado, que sabiam olhar com coqueteria e sedução, que sabiam beber o pecado; olha para aqueles olhos: como estão apagados, gastos, vidrados, como são espantosos agora...

Mas espera. Tudo isto não é mais que o princípio do castigo. Deus castiga também o pecado cá em baixo, antes da morte, embora o castigue principalmente depois, na outra vida.

Ainda acabastes de morrer já vão abrir um frasco de perfume, porque o ar começa a corromper-se. Já começa a decomposição. Depois... apenas rezaram um Pai-Nosso junto do teu cadáver, e já vem a agência mortuária para te levar para o "depósito", a casa mortuária do cemitério. Não é possível manter-te em casa, porque estás a "corromper o ar". (...)

E depois do enterro? Que será de ti a poucas semanas da morte? Se alguém te visse, uns dias depois do enterro, gelaria de espanto. (...)

Aproxima-te agora e dize-me: "Que é o pecado? Nada. Um espantalho fabricado pelos sacerdotes" Vem agora repetir-me: "Gozo tanto, divirto-me tanto com este ou com aquele pecado. Não é possível que Deus leve a mal a minha felicidade". Podes falar-me com o coração nas mãos.

Irmãos! Que será o pecado, se Deus imediatamente, pelo primeiro pecado, infligiu ao homem, a sua criatura mais excelsa, um castigo tão grave: a morte humilhante, horripilante, inexorável! Meu Deus! quanto deve ofender-te o pecado!

Ainda há alguma coisa que nos surpreenderá mais.
Vivia na terra um homem que ao mesmo tempo era Deus. E também teve de morrer? Sim. Ele submetia-se à terrível sentença. Vede-o: como sua sangue no Monte das Oliveiras e como balbucia a comovedora oração: "Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice" (S. Mat. XXVI, 39). Qual foi a resposta? Não é possível. Por ter querido tomar sobre si os pecados dos homens, teve de suportar os sofrimentos mais atrozes e expirar no meio de terríveis afrontas. Meu Deus! como há de ofender-te o pecado, se não perdoaste ao teu Filho Unigênito!

Mas, ao menos, visto que se consumou o grande sacrifício, visto que o Filho de Deus morreu por causa do pecado, terá acabado, enfim, a devastação da morte, não morrerão já os homens! Está à vista: o homem morre, mesmo depois daquele grande sacrifício.

Ao menos, porém, ter-se-á apagado o fogo da condenação? Não! Arderá eternamente.
Mas, decerto, os que lá estão hão de libertar-se um dia. Nem um só.
Oh! Senhor! Senhor! Então por que morreste? Que é a Redenção? A Redenção consiste em que os que querem, fixai-o bem, os que querem chegar a Deus, recebem a sua graça, mediante os santos Sacramentos; podem cancelar os pecados cometidos; adquirem forças para os não tornar a cometer; e por isso Deus tem misericórdia para com eles e ama-os. Mas os que continuam a querer os seus pecados e se obstinam, não serão introduzidos no Céu à força. Deus não os quer, Deus aborrece-os, porque deixaria de ser Deus no momento em que não aborrecesse o pecado.

Pelo exposto, vê-se o que significa o pecado aos olhos de Deus.

Meu Deus! Ajudai-nos a viver de tal modo que possamos assegurar o nosso sorriso... e não para dez anos, mas para a eternidade, para aquela eternidade serena, ditosa, das almas que vos são fiéis!
AMÉM!