segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A alma em colóquio com Jesus na Eucaristia ( IV )

   A alma: Meu dulcíssimo Jesus! aqui estou novamente na vossa presença real ai no Sacrário sob as espécies do pão. Eu creio firmemente, mas aumentai a minha fé. Eu Vos amo, mas fazei que Vos ame cada vez mais! Ontem, ó Jesus, recebi as vossas instruções através do Vosso ministro, que pregou na hora da Santa Missa. Quero agradecer a Vós, a gente ter verdadeiros ministros vossos que fazem o que Vós mandastes: "Ide, e ensinai a todos a observar o que eu vos mandei". Ouvi que Vós dissestes aos dez leprosos: "Ide mostrar-vos aos sacerdotes". Aprendi de Vós, pela boca do padre:  a alma que estiver com o lepra do pecado, deve mostrá-la ao sacerdote no confessionário, fazendo uma confissão humilde, sincera e íntegra. Aprendi que depois, como o samaritano, devemos agradecer a Vós a inestimável graça do perdão na Confissão. Na verdade, ó dulcíssimo Jesus, quando venho aqui na Vossa presença, recebo as Vossas instruções, às vezes, diretamente, no meu íntimo, mas, na maioria das vezes, sou instruída por Vós, mas através dos vossos ministros; porque Vós dissestes a eles: "Quem vos ouve, a mim ouve". Eu ouço a Vós pela boca dos vossos fiéis sacerdotes, no púlpito e no confessionário com a direção espiritual e os conselhos depois que conto os meus pecados. 
   Mas, vim aqui hoje diante de Vós para expor-Vos, mais uma vez, as dificuldades e dúvidas que sinto quanto à Comunhão. Porque sou demasiado miserável para fazer a Comunhão frequentemente. Estou cheia de defeitos, e por mais que faça não consigo corrigir-me quase nada. Que me diríeis, ó Jesus, se eu Vos obrigasse a descer a um coração tão impaciente, tão indolente, em suma, tão pobre de virtudes? 

   Jesus: Minha filha, vê-se bem que ainda me não conheces, como não conheces ainda bem o valor e o fim da Sagrada Comunhão. Se eu tivesse querido unir-me a almas perfeitas e santas, se só para isto tivesse instituído a Santíssima Eucaristia, não teria tomado a resolução de baixar à terra e de viver no Tabernáculo, mas teria continuado a permanecer no Paraíso com os anjos. Se procedi, porém, diversamente, foi para salvar os pecadores, para sustentar os débeis, para santificar a tua alma. É bom que saibas, ainda, que a Comunhão não é feita para dar um prêmio às almas perfeitas, mas para santificar as imperfeitas; e se tu pretendes comungar somente quando não tiveres imperfeições, nunca comungarás sobre a terra. De resto, se os teus defeitos não te impedem de fazer a Comunhão de quando em quando, porque te impedirão de a fazeres frequentemente? Julgas tu, porventura, que uma Comunhão mensal ou semanal seja menos respeitável que uma Comunhão cotidiana? Pelo contrário. Ora dize-Me: quando um amigo se recebe raras vezes não se lhe deve porventura fazer um acolhimento mais festivo, mais delicado e generoso? E pelo contrário, quando se recebe todos os dias, não é talvez lícito tratá-lo com mais confiança, se bem que com igual respeito? Ora, exatamente porque és defeituosa, e porque tens necessidade de remédio e de cura, vem receber-Me frequentemente, se queres sarar depressa e bem; do contrário, o remédio tomado raras vezes, impedir-te-ás somente de morrer, mas não de enlanguescer; e com as tuas Comunhões mensais ou pouco menos, ficarás sempre a mesma que és, uma alma doente, enervada, e sem as poderosas energias da santidade. 

   A alma: Ó dulcíssimo Jesus, não posso despedir-me de Vós e sair da Vossa presença sem um profundo agradecimento. Sou imensamente grata a Vós, pelas inspirações e tão benéficos conselhos. Sois a verdade, o caminho e a vida. Sede Vós, ó Jesus, a minha vida. Amém!. 

sábado, 25 de agosto de 2012

A alma em colóquio com Jesus na Eucaristia ( II )

   A alma: Graças e louvores sejam dados a todo momento a Vós, ó Jesus, no Santíssimo Sacramento!
   Ó meu Jesus! não me sinto com vontade de aproximar-me da Vossa Mesa Eucarística. Estou agitada, inquieta, e, para falar claro, estou irritada.
    Ontem tive aquele encontro que Vós sabeis, recebi aquela ofensa, sofri aquela humilhação, e o meu amor próprio está ferido; ouço continuamente ao ouvido e ao coração aquelas palavras duras, ásperas, cheias de acrimônia, e por mais que faça não as posso esquecer. Julgava ter já vencido a minha paixão dominante, aquele misto de soberba e de ira, mas vejo que voltei ao princípio e sou sempre a mesma de antes. Ó meu Jesus, esperai que a cólera me passe, e depois voltarei a comungar; mas por hoje... que figura faríeis, Vós que sois um cordeiro tão manso e humilde, dentro dum coração cheio de despeito e pior ainda!

   Jesus: Minha filha, dize-me: quando te aconteceu aquela contradição; aquela ofensa, ressentiste-te de modo a dar grave escândalo aos presentes, ou a faltar gravemente ao respeito para com os superiores, ou à caridade para com o próximo? No caso, estás certa de ter cometido um pecado mortal? Se assim é vai-te confessar antes de comungar. Mas se a tua culpa é só venial, humilha-te diante de mim,  pede-me perdão de coração, e depois vem. Se, porém, todo este perturbamento interno é somente efeito do teu temperamento e do teu caráter, e se tu em vez de secundá-lo o tens já combatido; se, em vez de procurar ocasião ao amor próprio, repeles até a ideia disso; se enfim essa irritação que sentes te veio impensadamente, te desagrada, quiseras não a ter e farias até penitência para te veres livre dela... então não temas nada, vem à Comunhão, e o resto fica por minha conta. Eu descerei ao teu coração e substituirei a calma à tempestade, o céu se tornará um pouco sereno, e depois te encontrarás mais tranquila. Procura, porém, excitar no teu coração um vivo desejo de ser amansada por mim, um sentimento de humildade para o teu caráter tão pronto e inclinado à malignidade, e dispõe-te a pedir-me também por aquela pessoa que te ofendeu, não importa se com razão ou sem ela. Vem, portanto, e verás que, convivendo com o mansíssimo Cordeiro, pouco a pouco te tornarás uma ovelha menos caprichosa. 

  A alma: Com a vossa graça, ó Jesus Sacramentado, farei todo o possível para seguir as vossas inspirações. Fico-Vos sumamente grata. Amém!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Jesus pregando Retiro aos seus sacerdotes - ( XI )

O sacerdote pregador

   Como meu Pai me enviou, assim eu envio os meus sacerdotes a pregar o Evangelho a todas as nações, ensinando-as a observar tudo aquilo que eu mandei.
   Prega, portanto, a minha palavra a tempo e fora de tempo, persuade, repreende, suplica, admoesta com toda a paciência e doutrina.
São João Batista dizia a Herodes:
"Não te é lícito viver no adultério"
   Que a tua voz retina sem cessar como alarido de trombeta. Não canses de dizer ao meu povo os seus crimes e prevaricações. 
   Eu te constituí pregador e pus a minha palavra nos teus lábios; encarreguei-te de arrancar e de plantar, de destruir e de edificar.
   Se descurares de dizer ao ímpio: "Serás punido de morte" e não te esforçares com estas ameaças em o arrancar ao pecado, o ímpio morrerá na sua iniquidade, mas o seu sangue reclamá-lo-ei das tuas mãos.
   Eu dei a vida para deixar ao meu rebanho verdadeiros pastores. Mas ai, quantos de entre eles se deslizaram, entrando no meu redil lobos rapaces!
   Ai destes pastores indignos, que a si próprios se apascentaram em vez de apascentarem o meu rebanho! Bebem o leite das suas ovelhas, vestem-se da sua lã, e desleixam-se de as levar a bons pastos.
   Ai deles! que em lugar de ampararem os fracos, sararem os doentes e buscarem as ovelhas desgarradas, contentam-se com lhes intimarem as suas ordens com severidade e rigor. 
   Desta sorte as minhas ovelhas dispersam-se e são presa das feras selvagens.
   Meu filho, que desgraça se estas ameaças fossem escritas para ti!
   És fiel em pregar a minha doutrina àqueles que eu te confiei? Estão no direito de ouvir da tua boca palavras de vida eterna.
   A ignorância da religião, a indiferença e a impiedade invadiram uma grande parte do campo da minha Igreja. A ti toca exterminar estes males e, em vez deles, semear a boa semente.
   Não te queixes da esterilidade dos teus esforços. Já limpaste bastante o campo, e tiraste a cizânia, e remexeste suficientemente a terra?
   Dás atenção especial aos rebentos das plantas novas, às criancinhas que são a parte preferida do meu jardim?
   Explicas claramente, pacientemente, e com perseverança as verdades do catecismo?
   Não descuras os que por necessidade, por ignorância ou por abandono não frequentam a igreja e crescem como plantas selvagens no meio dos campos?
   Sem a tua solicitude paternal, eu perderia estas almas imortais para sempre.
   Prega a minha palavra em toda a ocasião. Não esperes que venham ouvi-la, junto do púlpito. Vai à procura das ovelhas arredias. Esforça-te em ganhá-las com uma advertência paternal, com uma palavra amável, com um proceder caridoso ou com uma santa indústria. Jamais temas a pena nem a afronta, quando se trata de salvar um dos meus filhos.
   Não tens na tua freguesia alguma ovelha sarnosa, um pecador público, um miserável por todos repelido, um incrédulo obstinado? Oh, como estas almas estão abandonadas e como tu devias deixar as noventa e nove no redil para ires à procura desta pobre ovelhinha tresmalhada!
   Tu és o mordomo da minha casa. E eu te encarreguei de dar a seu tempo e a todos os que nela moram, a medida de trigo que lhes está destinada.
   Ai do sacerdote, se um dia o Mestre o surpreender a maltratar as almas que lhe estão confiadas, ou a fazer causa comum com os pecadores e a armar ciladas às próprias ovelhas!
   A minha doutrina não é minha, é do Pai que me enviou.
   Cuida, portanto, de a não desvirtuares com a demasiada sabedoria humana, com a ciência vã ou com rebuscas literárias.
   Não deves adulterar o vinho bom do Evangelho com a água do teu próprio espírito.
   O verdadeiro Pastor esforça-se por haurir do seu tesouro o velho e o novo. Adapta as verdades velhas às necessidades presentes dos seus ouvintes, consulta humildemente os livros escritos, a seu uso, não poupa sacrifício nem tempo, a fim de preparar alimento espiritual a seu povo.
"É preciso que Cristo cresça e que eu diminua"
   Meu filho, não te pregues a ti mesmo. Que os teus fiéis, ouvindo-te, se esqueçam de admirar o teu talento para pensarem na reforma dos seus costumes.
   De ti mesmo não é mais do que um bronze sonoro ou um címbalo que retine. Sou eu quem dá às almas a graça de entenderem as tuas palavras e de se converterem.
   Guarda-te bem de fazeres da cadeira da verdade um estrado para, aos domingos, defenderes a tua própria honra ou para invectivares os teus paroquianos.
   Isto seria profanar o meu santuário e aviltar o teu santo ministério.
   O sacerdote é o meu porta-voz. Deve pregar a minha bondade e a misericórdia sem limites da minha Mãe Santíssima, o refúgio dos pecadores. Deve inspirar a meus pobres filhos, já tão débeis e desgraçados, confiança, e não acabrunhá-los com lamentos sem fim e com invectivas amargas.
   Deve saber, em ocasião oportuna, repreender com firmeza, mas com doçura, sem corromper o remédio com o veneno da sua própria impaciência.
   Meu filho, jamais te canses de semear a boa palavra. Lança por toda a parte, em toda a ocasião, em público e nas conversas privadas, os grãozinhos da minha doutrina.
   Não te preocupes com o sucesso dos teus trabalhos. Eu terei cuidado em fazer nascer nas almas bem dispostas o germe que tu nelas deixaste.
   Uma simples reflexão, uma boa palavra dita como que ao acaso, produzirá os seus frutos, porque tu és somente o humilde e obscuro semeador. Sou eu, o teu Jesus, o Onipotente, quem dá o crescimento. 
   




   

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Jesus pregando o Retiro aos seus sacerdotes - ( IX )

A Santa Missa

   Recolhe-te, meu Padre, vem mais pertinho de mim. Os anjos enchem o meu santuário. Os querubins e os serafins envolvem, trementes, o meu altar, e tu, mísera criatura, vais subir os seus degraus para me ajudares a continuar o meu sacrifício do Calvário.
   Eu sou a vítima como sou também o sacrificador, e é ao meu divino Pai a quem ofereço minha vida.
   Todavia quis ter necessidade de ti para me dares a existência no altar.
   Considera, pois, a que profundeza eu me abati e a que altura te elevei.
   Como o corpo humano unido à alma constitui o homem, e como o homem enriquecido pela graça forma o cristão, assim, de maneira análoga, o cristão revestido do caráter sacerdotal dá o sacerdote, outro Jesus. 
   Quando tu pronuncias a fórmula da consagração, não é um simples mortal quem a pronuncia; sou eu mesmo, o supremo Sacerdote, que vivo em ti, quem a pronuncia contigo e por tua boca.
   Não tremes pensando que és com o Onipotente um só e mesmo princípio de ação para produzir o Homem-Deus?
    E não se sente comovido e reconhecido teu coração, vendo-te objeto de tanta confiança e de tanta ternura por parte de Deus?
   As coisas santas devem ser tratadas santamente. Prepara-te todas as vezes para o grande ato da celebração dos divinos mistérios.
   Os meus anjos ficaram abismados em adoração diante do meu altar durante todo o tempo, esperando a tua chegada com santa impaciência e profundo respeito.
   Que tristeza e que espanto para eles, quando te vêem chegar turbulento e apressado, sem sequer suspeitares a sua presença, sem lançares um olhar ao divino Prisioneiro a quem eles fazem guarda de honra!
   Se tua alma fosse ao menos bastante pura para te pores em contato com o Cordeiro sem mácula!
   Oh!, meu filho, guarda-te bem de jamais celebrares com a consciência manchada com um pecado mortal.
   Jura-me que jamais no altar me darás o beijo de Judas!
   O zelo pela casa de meu Pai devora-me. Eu não posso sofrer no meu santuário a desordem ou a indiferença. A igreja é o palácio do Rei dos reis.
   Tem um cuidado cioso da pureza da mesa do altar. É o trono do qual desce a Majestade divina. 
   Vela pela limpeza dos vasos sagrados que hão de tocar o Cordeiro imaculado, pela decência dos ornamentos que devem cobrir-me na tua pessoa, enquanto nós ambos oferecemos o santo sacrifício.
   Meu filho, se verdadeiramente me amas, observarás com dignidade e com imenso respeito as mais pequenas cerimônias da santa Liturgia.
   Celebra com atenção e com o espírito e o coração unido a mim, o Sacerdote supremo.
   Comigo adora, ama e dá graças ao Pai do céu, de quem vêm todos os benefícios.
   Comigo implora do Juiz supremo o perdão dos teus pecados e dos pecados do meu povo.
   Comigo e por mim apresenta afoitamente as tuas petições.
   Tudo o que pedires em meu nome ao meu Pai, obtê-lo-ás.
   Após a Santa Missa não me abandones precipitadamente. Fica comigo algum tempo ainda, em trato íntimo, de coração a coração, para me agradeceres  e pedires o meu amor e para obteres o perdão das irreverências cometidas durante as augustas cerimônias.
   Desde que és sacerdote, és como o compêndio e o pai comum de toda a Igreja. Leva-la na tua alma dia a dia e oferece-la como vítima, comigo, ao Pai celestial. Nenhum homem sobre a terra pode encontrar-te indiferente aos seus destinos. 
   Quando celebras, as almas do Purgatório estendem para ti, súplices, as suas mãos. Conjuram-te a que sobre elas faças destilar algumas gotas do meu sangue precioso.
   Suplicam-te que acolhas os seus ardentes desejos, os seus prantos amorosos e os seus gemidos, de si mesmos estéreis; que os faças passar pelo teu coração sacerdotal, permitindo-me assim aliviá-las e libertá-las.
   Quando celebras, até o céu se inclina para ti com respeito e reconhecimento. 
   Os anjos e os bem-aventurados rodeiam-te com veneração e dão-te pressa para ofereceres a divina Hóstia. Pedem-te que unas as suas adorações às adorações da divina Vítima que tens nas tuas mãos.
   A minha própria Mãe, a Rainha de todos os sacerdotes, está presente cada dia ao teu santo sacrifício. Sente-se feliz de poder renovar, graças a ti, seu filho, a oferta que entre lágrimas fez um dia ao pé da cruz.
   

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Jesus pregando Retiro para seus sacerdotes - ( VIII )

O recolhimento do sacerdote

   Meu filho, tu que me és fiel, acolhe-me no íntimo da tua alma. Permite-me repousar em ti e consolar-me das minhas muitas e penosas decepções.
   Tu estás sempre comigo e tudo o que me pertence é teu. Tenho em ti as minhas delícias: tu és a minha casa, o meu templo. Toma consciência do mistério de amor que te envolve e te penetra por toda parte.
   Feliz quem caminha na verdade! Feliz quem compreendeu que o reino de Deus está dentro de si mesmo, e que ali participa já da vida eterna!
   O homem animal não compreende as coisas de Deus. Vive absorvido pelo mundo sensível que é apenas uma aparência enganosa, um véu encobrindo as realidades do Além.
   Tu ao menos, meu sacerdote, faze-me companhia no fundo da tua alma. Fica unido a mim como os membros estão unidos ao corpo, como os sarmentos incorporados na cepa.
   Tu vives, mas não és tu que vives, sou eu que vivo em ti pela minha graça. Esta graça é uma participação de natureza divina. Ela santificou a minha humanidade e dela faço participantes a todos os que me amam. 
   A minha graça penetra até à essência a tua alma, enobrece-a, diviniza-a. Assim eu estou em ti como um novo ser, o cristão: um só e mesmo princípio de atividade. 
   Todas as tuas ações, feitas em união comigo, procedem ao mesmo tempo de ti e de mim como de uma só e mesma causa. Desta arte, eu continuo a viver sobre a terra, a trabalhar e a estender o meu reinado até o fim dos tempos em cada um dos meus fiéis.
   Todos os teus sofrimentos, suportados com a minha ajuda, são nosso bem comum, porque ambos somos somente um. Assim eu continuo sobre a terra a minha Paixão. Cada alma, que sofre com paciência, ajuda-me a acabar o que ainda faltava à minha vida de vítima.
   Juntos glorificamos o Pai, juntos lhe damos graças, juntos o amamos, e juntos no Céu nos sentaremos à sua mão direita e gozaremos da mesma felicidade.
   Meu filho, há tanto tempo que estou contigo, e tu ainda mal me conheces. 
   Eu te convido de novo a gozar no amor da tua união comigo pela graça, e, por mim, com a Santíssima Trindade. Penetra em ti mesmo por um simples movimento da tua inteligência e da tua vontade. Não tens necessidade alguma dos esforços da imaginação e do sentimento. Deus é Espírito e em espírito e em verdade quer ser adorado.
   Que horas deliciosas passaremos juntos, se te quiseres prestar aos meus desejos, e quantos segredos eu tenho a comunicar-te a respeito da tua santificação pessoal e do bom sucesso do teu sagrado ministério!
   As três divinas Pessoas moram em ti, porque eu te comuniquei a minha graça.
   Em ti estabeleceram o Céu e fazem em ti a sua vida infinitamente feliz.
   Em ti o Pai, a cada momento, por um mistério inefável dá-me o ser, e do Pai e de mim precede o Espírito Santo, nosso mútuo Amor.
   E tu és, não somente o palácio onde se realizam estes mistérios e a testemunha de vista, admitido a contemplá-los, mas ainda tu mesmo tens parte ativa neles. 
   Comigo, Filho de Deus encarnado, tu amas o Pai porque és uno comigo. Em mim tu és amado do Pai, porque és comigo o Cristo. E este Amor do Pai e do Filho é o Espírito Santo. Ele estreita num abraço comum de amor a minha humanidade, a tua pessoa, e todas as almas justas.
   Assim tu vives em mim no seio do Pai. Não és já um mercenário. És o filho da família, e quão ternamente amado!. O teu divino Pai administra por si próprio os teus interesses, só querendo de ti o amor, a docilidade à sua voz, e a fidelidade ao dever de cada dia. 
   Sendo filho de Deus, és também meu irmão muito amado. Minha própria Mãe torna-se igualmente tua Mãe. Comigo tens direito à herança do céu. Todos os bens do nosso Pai do Céu são propriedade nossa.
   Oh, vivamos juntos no céu da tua alma! Cuidemos dos interesses do nosso Pai comum. Estendamos o seu reinado sobre a terra, salvando e santificando as almas. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Jesus pregando o Retiro aos seus sacerdotes - ( VI )

O sacerdote deve ter o coração desprendido de todos os bens terrenos. Deve fugir de toda avareza e amar a santa pobreza.

    O teu Redentor não se buscou a si mesmo. Eu fiz sobre a terra, por obediência, a obra imposta pelo meu Pai, e esta obra não foi outra que a Redenção dos homens pelo trabalho, pela fadiga, pela pobreza, pela humilhação, pelo sofrimento e pela morte.
    Vim para ser Hóstia da humanidade, para tomar sobre mim os seus pecados, e sofrer por ela o castigo, para lhe alcançar pela minha paixão e pelo meu sacrifício a vida eterna.
    E tu, meu sacerdote, tu também voluntariamente aceitaste continuar sobre a terra a minha vida de Hóstia para salvar os homens.
    Fiz-me alimento das almas. Da mesma forma deves permitir que os teus fiéis assimilem como um alimento o teu tempo, as tuas forças, o teu talento; que usem e abusem da tua paciência, da tua saúde, dos teus bens, sem neste mundo teres nisto proveito algum.
    O cacho de uvas tem o destino de ser sujeito à prensa. Se o não for, jamais dará o seu precioso licor.
   O sacerdote, a meu exemplo, foi criado para, de alguma forma, ser prensado e pisado pelas almas, consagrando-lhes o seu tempo, as suas comodidades e a mesma vida.
    Que decepção para mim se, no entardecer da tua vida, encontrares o teu cacho ainda intacto e o teu cálice vazio!
    Eu não tive onde repousar a cabeça. Nasci e cresci na pobreza. Morri despojado e nu sobre a cruz e não tive para sepultura senão um sepulcro emprestado.
"Todos os que criam estavam unidos e tinham
tudo em comum. Vendiam suas propriedades e
os seus bens, e distribuíam o preço por todos,
segundo a necessidade que cada um tinha".
Atos dos Apóstolos, II, 44-45.
    Como te fica mal, meu filho, preocupares-te tanto com o bens da terra! O nosso reino não é deste mundo. Nós não temos sobre a terra morada permanente. Por que tu hás de apegar então às coisas que passam?
    Portanto não te inquietes dizendo: Que hei de comer, que hei de beber, com que me hei de vestir? Os pagãos é que se preocupam com estas coisas. Mas tu, tu tens no céu um Pai onipotente que é quem cuida de ti. Até as avezinhas do céu alimenta. 
    Procura, em primeiro lugar, estender o meu reinado sobre a terra. Sê sacerdote comigo, e tudo o mais ser-te-á dado a seu tempo pelo nosso Pai que está nos céus.
    Tu és comigo Redentor, Hóstia e Pastor do meu rebanho.
    O bom pastor não espolia as suas ovelhas; pelo contrário, dá por elas a vida.
    Está pronto a agir desta sorte e as minhas ovelhas ouvirão a tua voz e salvar-se-ão por teu meio.
   Não entres nunca em altercações com os teus paroquianos por causa de bens terrenos. Este procedimento do Pastor escandalizaria e afastaria de mim as minhas ovelhas. 
    Se alguém te quiser roubar o manto, dá-lhe também a túnica. Eu fui tratado sobre a terra por aqueles que vinha resgatar, como homem que não tem direitos.
    De igual sorte serás tratado pelos teus próprios fiéis: o discípulo não está acima do Mestre.
    Tu mesmo, filho, amiúde me fizeste cruéis injúrias, ofendendo-me após tantos benefícios.
    Que teria sido de ti, se eu tivesse agido a teu repeito segundo o rigor dos meus direitos? E que será do meu rebanho, se o sacerdote exige sempre dele a estrita justiça? Não é na terra que deves reclamar os teus direitos. Na terra tu és vítima comigo, destinado a seres sacrificado e calcado aos pés. É necessário partilhares comigo a Cruz até ao Calvário. 
    Nada temas. Na eternidade a ordem será restabelecida. Lá, os meus sacerdotes, os que me seguiram na pobreza e na humilhação, julgarão as doze tribos de Israel; sentar-se-ão à minha direita entre os príncipes de meu povo.
    Faze o bem enquanto há tempo para o fazeres. Renuncia às tuas comodidades, ao teu repouso, aos cuidados excessivos da tua saúde. 
    Gratuitamente recebeste, dá gratuitamente, sem peso e sem medida.
    Se quiser ter necessidade de ti para a minha Obra, eu te conservarei as forças. Se te mando a doença, sabe que o faço por um desígnio de minha misericórdia. 
    Eu vim para servir e não para ser servido. Tu deves ser igualmente o servidor de todos e acudir ao menor chamado de uma alma em perigo.
    Que desordem, se por te poupares desamparas uma alma imortal, comprada com o meu sangue!
    Que desgraça para ti, se um dia eu tivesse que te lançar em rosto esta queixa: Os pequeninos pediam pão e não houve que lho partisse!
    Quem quer ser o primeiro, considere-se último. Se estás elevado pela dignidade, abate-te pela humildade. És grande pelas tuas funções, sê pequeno na tua estima. Estás colocado acima dos teus fiéis pela tua eleição ao sacerdócio; deves estimar-te como o mais indigno de exercer as augustas cerimônias.
    Não esperes com orgulho que os pecadores te venham procurar; previne-os, obsequioso pela tua bondade.
    Eu desci dos esplendores do céu para buscar a ovelha tresmalhada. Não podes tu descer do pedestal da tua dignidade para te abeirares com doçura dos pobres pecadores?
    A tua aproximação fácil e acolhedora ganhar-te-á mais almas de que os teus eloquentes discursos.
    A tua doçura e a tua humildade dar-te-te-ão a chave dos corações mais hermeticamente fechados.
    Sê perfeito como nosso Pai celestial é perfeito. Ele tanto faz cair a chuva no campo do pecador como no campo do justo. E continua a dar existência e os bens temporais ao ímpio, e precisamente no momento em que este abusa deles para o blasfemar.
    Aceita o reconhecimento da gratidão, se os homens to mostrarem. Não é a ti que este reconhecimento vai dirigido, mas sim Àquele a quem tu, como sacerdote, representas.
    Mas não estranhes encontrar no caminho a ingratidão. Eu fui dela saturado, e permito que tu igualmente lhe saboreies a amargura.
    Não tens necessidade do amor e da gratidão dos mortais. Lembra-te que pelo sacerdócio tu tens o teu lugar junto de mim e da minha Mãe muito amada.
    Comparado com a nossa ternura e dedicação por ti, todo outro amor te deve parecer vão e frágil.
    

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Jesus pregando Retiro aos seus sacerdotes - ( IV )

A humildade do sacerdote

   A minha substância humana é diante de Deus como o nada. Assim aniquilei-me perante a majestade do meu Pai! Tomei a forma de escravo. Fui semelhante a um verme de terra, e quis ser considerado como o último dos homens, um homem devotado ao sofrimento.
   A Ele, meu Pai, Princípio de todas as coisas, Ser infinito, Mestre soberano, seja dada honra e glória pelos séculos dos séculos.
  A mim, o Filho do homem, criatura do nada segundo a minha humanidade, seja dado abatimento e confusão.
   Eu sou o Santo dos santos, essencialmente separado dos pecadores; e, todavia, tomei sobre mim o teu pecado e os pecados de todos os homens.
   Assim mereci todos os golpes da ira de Deus. Fui com toda a justiça saciado de opróbrios e como que esmagado debaixo da sua mão onipotente.
   A maldição devida ao pecado, com razão aderiu a mim como um vestido, precipitando-se como a torrente nas minhas entranhas e penetrou como o óleo até à medula dos meus ossos.
  Se eu fui com toda a justiça, tratado desta sorte por haver tomado sobre mim o pecado alheio, que castigo não merece quem cometeu o pecado?
   Se assim foi tratado o lenho verde, com o seco que se fará?
   Ó meu filho, a que espantosa condição te reduziu o pecado! Não é justo que passes a tua vida na abjeção voluntária diante de meu Pai, diante dos homens e perante a tua própria consciência!
  Tu és essencialmente criatura, infinitamente dependente, sob todas as formas, do teu Criador, do teu Redentor, de teu Santificador.
   Não podes existir, nem agir, nem mover-te, sem o socorro atual do seu braço onipotente. 
  Na ordem sobrenatural, nem sequer podes conceber um simples desejo salutar, nem ter um único pensamento bom, nem fazer movimento algum para te acercares de Deus.
   És incapaz de permanecer, embora por um só instante, na sua amizade, incapaz de nela progredir e mais incapaz ainda de perseverar nela, se não és levado pela graça.
   A tua natureza caída é de si capaz de todos os crimes.
   Não és mais que uma gota de água perdida no seio dos mares; e todavia esta gota de água encerra, em germe, toda a malícia e todas as abominações do mundo. Se a minha graça te não prevenisse, eras capaz de cometer realmente todos os crimes. 
   Humilha-te diante do meu Pai. Reconhece a tua infinita miséria, e Deus aproximar-se-á de ti, purificará a tua alma e amar-te-á. 
   Traze sempre à minha presença um coração contrito e humilhado. Não te atribuas quaisquer talento, sucesso, boa obra ou dom de Deus. Sobretudo não te glories de teres sido levantado à dignidade infinita de sacerdote, porque foi gratuitamente que a recebeste.
   Separa bem em ti o que é de Deus e o que é teu. De ti mesmo tens o nada, o pecado, e o direito ao inferno. Tudo o mais é propriedade minha, efeito da minha bondade e da minha misericórdia. 
  Ama e busca a vida escondida. Não é o brilhantismo do talento, nem a atividade natural, nem o movimento a que muitos se entregam, que a mim conduz as almas.
   Elimina da tua vida tudo o que nela há de humano, para seres exclusivamente meu instrumento, um eco de mim mesmo.
   Sê humilde diante de teu próximo. Suporta as suas fraquezas, escusa os seus defeitos. Atrai as almas pela paciência, pela doçura e pela amenidade do teu proceder. 
   Leva com gosto o fardo de teu próximo. Faze-te o servidor de todos. Como sacerdote vieste para servir e não para seres servido. 
   Sê humilde contigo mesmo. Reconhece de boa mente as tuas faltas, aceita a humilhação que te proporcionam a tua impaciência, o insucesso e os desprezos.
   Segue-me pelo caminho do Calvário. Saboreia em silêncio os opróbrios e os insultos com que o mundo me fere na minha pessoa e na pessoa dos meus sacerdotes. 
   E se sentires dificuldades para compreender esta lição de humildade, roga-me, roga à Virgem humilde de Nazaré, minha Mãe e também tua, suplica-me que abra os teus olhos e verás como dos pés à cabeça estás coberto das chagas do teu orgulho, como todas as potências da tua alma estão roídas por este cancro, como todas as fibras do teu ser estão infectadas deste veneno.
   Meu pobre filho, nem sequer vês e julgas-te são, bom, virtuoso e digno de respeito e de admiração!
   Pede-me e eu farei cair dos teus olhos essas cataratas que te impedem de ver a tua alma em toda a sua indigência e em toda a sua nudez.
   Para quem me inclinarei eu, senão para o coração contrito e humilhado?
  O coração humilde vive na verdade, está contente do seu nada, não usurpa os direitos que apenas pertencem a Deus, o Ser soberano.
   Se alguém é pequeno, venha a mim.
   O coração soberbo, pelo contrário, inspira-me horror; leva na sua fronte o estigma de Satanás, pai do orgulho e da mentira.
   Aprende de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrarás o sossego para a tua alma.  
   
    
   
   
     

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Jesus pregando Retiro aos seus sacerdotes ( II )

O sacerdote, hóstia com Jesus

   
   Eu sou sacerdote e hóstia, sacrificador e vítima. No Antigo Testamento, os sacrifícios não tinham valor senão em vista da minha futura imolação sobre a cruz.
   No Novo Testamento, eu sou a vítima oferecida de uma extremidade à outra do mundo, em todos os altares do Universo.
   Até ao fim dos tempos ficarei na Santíssima Eucaristia no estado de hóstia, oculto debaixo de humildes espécies, humilhado ante o meu Pai, aniquilado perante a Sua Majestade infinita.
   Eu vivo em toda a Igreja, mas perseguido pelos meus inimigos, desprezado pela maioria dos homens, traído amiúde pelos meus próprios filhos.
   Meu filho, chamado por um decreto eterno a seres meu sacerdote, foste pelo mesmo decreto designado para seres vítima comigo.
   Minha Mãe, dando-me a humanidade, deu-me a possibilidade de ser sacerdote e de me oferecer como vítima a meu Pai. Todavia, Ela não pôde consentir no meu sacrifício sem ser atravessada por uma espada de dor.
   De igual maneira tu me dás o ser sacramental e me ofereces no altar como Ela me oferecia no Calvário; mas, se és outro Jesus, não poderás oferecer-me sem te imolares comigo.
  No altar, tu assimilas o meu corpo e o meu sangue; mas não poderias dignamente chegar a essa assimilação da vítima sem seres, tu mesmo, transformado em hóstia.
   Oh! Não fujas a esta honra incomparável de seres hóstia comigo!
   Não te espante o participares do meu estado de vítima.
   O grão de trigo não poderia germinar nem produzir o seu fruto sem ser lançado na terra para lá sofrer a decomposição.
   O Filho do homem não pôde entrar na sua glória sem antes ter sofrido e morrido no patíbulo. Sem efusão de sangue não há redenção. 
   Tu és co-redentor e deves morrer e ser sepultado comigo para depois ressuscitares e te sentares a meu lado na glória.
  O mundo rejubilará enquanto tu estás na aflição; tem paciência, passará o sofrimento e a glória não terá fim.
   Feliz aquele que compreende o mistério da cruz! Feliz aquele que não se escandaliza da minha humilhação! Feliz aquele que não se espanta à vista das provas que eu mando aos meus melhores amigos!
   Feliz o sacerdote que recebe com alegria a parte escolhida que eu lhe dou nos meus sofrimentos, pois a minha paixão ainda não está acabada!
   Feliz aquele que vai comigo até ao Calvário e desafia os insultos e as perseguições para me permanecer fiel!
   Meu filho, a tua paciência agrada-me mais do que as tuas pressas. O teu sofrimento produz mais fruto que a tua atividade. Os teus desprezos atraem mais almas do que os teus sucessos.
   Sê vítima comigo! Quando no altar me tens nas tuas mãos, quando levantas a hóstia santa, entrega-te comigo ao nosso Pai do céu e abandona-te nos Seus braços a todo o Seu querer, presente e futuro, sobre ti e sobre os teus, para o tempo e para a eternidade.
   Queres ser meu verdadeiro discípulo? - Toma a tua cruz, vem e segue-me.
   O mundo te aborrecerá e perseguirá. Olhar-te-á com desprezo, porque és meu sacerdote, porque a tua batina lhe prega a penitência e as tuas virtudes são a recriminação dos seus vícios.
   Na terra, eu não recolhi da maioria dos homens senão hostilidade, indiferença ou ingratidão. De igual maneira, tu não terás no mundo nem repouso nem reconhecimento. O discípulo não deve ser melhor tratado do que o Mestre.
   Eu sofri na terra a solidão do coração, o abandono dos meus, ainda dos melhores amigos. Terás também parte nesta cruz!
   Lembra-te então de que estou sempre a teu lado.
   A Minha Mãe seguiu-me até ao Calvário, e tampouco Ela te abandonará.
   Assaltar-te-ão penas interiores e dúvidas angustiosas, em vista das tuas graves obrigações e da tua fraqueza em as cumprires. Une-as à minha tristeza no jardim das Oliveiras, ao tédio e aos temores que então me acabrunharam.
   As enfermidades corporais serão o teu tormento e minarão as forças que tu quererias consagrar ao meu serviço.
   Recorda então que és vítima comigo e que mereces mais pelos teus sofrimentos do que pelas outras ações.
   A morte virá enfim, e vê-la-ás aproximar-se com terror, considerando o número das tuas infidelidades e a severidade do juízo.
   Une-te à minha agonia na cruz. Eu fui abandonado por meu Pai para te merecer a graça de um dia seres acolhido por mim, não obstante a tua miséria.
   Tem coragem, meu filho. Leva esforçadamente a tua cruz e vem em meu seguimento. Não permitirei que sucumbas debaixo do seu peso.
   As tribulações que o meu Pai te destina para te fazer semelhante a mim, não virão sobre ti todas juntas. Distribuí-las-ei por toda a tua existência e fá-las-ei alternar com consolações e alegrias íntimas.
   O meu jugo é suave e leve a minha carga. Não sou eu o forte de Israel? Não sou eu a fortaleza dos mártires no meio dos maiores suplícios?
   
   
    

domingo, 5 de agosto de 2012

Jesus pregando Retiro aos seus sacerdotes ( I )

MENSAGEM DE JESUS AO SEU SACERDOTE
pelo Pe. José Schrivers, C. SS. R.

   Farei apenas algumas postagens extraídas deste livro que pode ser adquirido na Editorial Perpétuo Socorro; Rua da Firmeza, 161, PORTO, PORTUGAL

NA VÉSPERA DE TARDE

   Venha a mim, meu filho. Eu convido-te a subir a montanha santa como outro Moisés. Desejo entreter-me contigo de coração a coração. Não és tu o chefe de meu povo?
   Não temas a minha divina Majestade. Sou o teu Jesus, o teu Redentor. Não te escondas de mim como Adão no paraíso terrestre, apesar, talvez, da tua nudez espiritual. Eu vim, não para te repelir com os meus rigores, mas para te atrair à minha intimidade e revestir da minha graça.
   Não recuses, portanto, o meu convívio. A quem irias então? Não tenho Eu palavras de vida eterna? Para onde fugirias tu, longe de mim, se estás envolvido pela minha divindade e és levado nos meus braços onipotentes? Em mim tens o ser, o movimento e a vida.
   A minha conversação não tem amargura. Sou a alegria dos anjos e as delícias dos eleitos. Criei o coração do homem, e o teu, particularmente, para o encher da minha graça e da minha felicidade. Sem mim serás culpável e infeliz.
   Não te espantes de ver a minha grandeza infinita abater-se até ao teu nada e convidar-te a um diálogo íntimo. Sou teu irmão, feito semelhante a ti. Não te fiz eu meu sacerdote, outro Jesus? Não te escolhi entre milhares para te revestir do meu poder e confiar-te na terra a minha obra de amor? 
   Recolhe-te na minha presença. Estou no centro da tua alma. Se afastares de teu coração todos os mais cuidados, ouvirás a minha voz.
   Presta-me atento ouvido, porque te quero falar. E tenho tantas coisas que te ensinar, tantos interesses a tratar, que a ambos atingem e importam ao nosso Pai comum que está nos Céus!
   Quantas vezes, quando no altar me tinhas nas tuas mãos, quis entrar em contato contigo, meu filho, e dizer-te: meu amor! Mas estavas despreocupado e distraído.
   Agora, está atento à minha voz. Deixa para mais tarde as tuas solicitudes e vem entreter-te comigo.
   Tem confiança, meu filho, meu Padre. Vim para te esclarecer, para sarar com o meu contato as chagas da tua alma, até as mais inveteradas. Oh! conheço-as todas, ainda aquelas que tu a ti próprio quererias dissimular!
   Não me impeças de te fazer bem. Não te furtes a mim pela desconfiança. Se o meu sacerdote se distancia de mim, admitindo-o quotidianamente à minha mesa, quem me  fará companhia na solidão do meu Tabernáculo? Quem me ajudará a glorificar o meu divino Pai?
   Durante estes exercícios não te dedique a buscar grandes pensamentos e ideias sublimes. O teu espírito é só trevas... eu sou a luz do mundo. Se és humilde, eu me revelarei a ti.
   Não procures a doçura e a consolação. O meu reinado em ti não é sentimento. O amor, que quero fomentar em ti, é sobrenatural. Ele transformará a tua alma, mesmo sem tu o saberes, e deixá-la-á pronta para fazer a minha vontade.
   Reza. Recomenda-te à minha Mãe, à Mãe do Perpétuo Socorro, a Rainha dos sacerdotes, e ela te fará dócil à minha voz. 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Oração para tudo que respeita a salvação

Esta oração foi composta pelo Papa Clemente XI (* 1721). Clemente XI foi um homem de grande elevação moral e espiritual.
Esta oração está incluída entre as orações de Ação de Graças para depois da Santa Missa.


   Senhor, creio, mas quero crer mais firmemente. Espero, mas quero esperar com mais confiança. Amo, mas quero amar com mais ardor. Arrependo-me, mas quero arrepender-me com mais veemência. 
   Eu Vos adoro, primeiro Princípio. Eu Vos desejo, último Fim. Eu Vos dou graças, perpétuo Benfeitor. Eu Vos invoco, propício Defensor.
   Seja minha luz Vossa sabedoria, minha norma Vossa justiça, meu consolo Vossa clemência, meu amparo Vossa onipotência.
   Em Vós se fixem meus pensamentos, de Vós fale minha boca, a Vós se conformem meus atos, por Vós sofra minhas penas.
   Quero o que Vós quereis, quero porque quereis, quero como quereis, quero enquanto quiserdes.
   Senhor, iluminai-me o entendimento, inflamai-me a vontade, purificai-me a coração, santificai-me a alma. 
   Não me exalte a soberba, não me envaideça a lisonja, não me engane o mundo, não me enrede satanás.
   Concedei-me a graça de purificar a memória, refrear a língua, guardar os olhos, conter os sentidos. 
   Fazei-me chorar os pecados passados, vencer as tentações futuras, reprimir as más tendências, praticar as virtudes de meu estado. 
   Enchei-me o coração de amor por Vós, de ódio a mim mesmo, de zelo pelo próximo, de desprezo ao mundo.
   Que eu me empenhe em obedecer aos superiores, auxiliar os inferiores, ser fiel aos amigos, perdoar aos inimigos.
   Jesus, quero lembrar-me de Vosso preceito e exemplo, para amar os inimigos, sofrer as injúrias, fazer bem aos que me perseguem, orar pelos que me caluniam.
   Que eu domine os sentidos com a austeridade, a avareza com a esmola, a ira com a brandura, a tibieza com a devoção.
   Tornai-me prudente nos empreendimentos, corajoso nos perigos, paciente nas adversidades, humilde na prosperidade.
   Fazei-me atento à oração, sóbrio no alimento, diligente no dever, firme nas resoluções.
   Que eu procure com solicitude a pureza do coração, a modéstia exterior, o comportamento edificante, a vida regular. 
   Que me esforce por subjugar a natureza, cooperar com a graça, observar Vossa lei, merecer a salvação.
   Possa chegar à santidade por sincera confissão, fervorosa comunhão, contínuo recolhimento e pureza de intenção.
   Meu Deus, fazei-me ver quão pequenas são as coisas da terra, quão grande o que é de Deus, quão breve  o tempo, quão dilatada a eternidade.
   Dai, enfim, Senhor, que me prepare para o morte, tema o Vosso juízo, escape do inferno e entre no paraíso.
    Por Cristo Nosso Senhor. Amém. 

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

SAUDADE E GRATIDÃO

   CASA ONDE MORARAM MEUS PAIS



Casa de minha irmã Maria Aparecida Murucci, Santa Clara, Município de
Porciúncula, RJ., Brasil.
Caríssimos e afeiçoados irmã, irmãos, cunhado José Ferreira, cunhadas
e demais parentes, todos os dias na Santa Missa, rezo no "Memento
dos mortos" por alma de meus saudosos pais e irmão; e no
"Memento dos vivos" rezo por todos os parentes, para
que, um dia, nos reunamos todos no céu.