segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Jesus pregando Retiro para seus sacerdotes - ( VIII )

O recolhimento do sacerdote

   Meu filho, tu que me és fiel, acolhe-me no íntimo da tua alma. Permite-me repousar em ti e consolar-me das minhas muitas e penosas decepções.
   Tu estás sempre comigo e tudo o que me pertence é teu. Tenho em ti as minhas delícias: tu és a minha casa, o meu templo. Toma consciência do mistério de amor que te envolve e te penetra por toda parte.
   Feliz quem caminha na verdade! Feliz quem compreendeu que o reino de Deus está dentro de si mesmo, e que ali participa já da vida eterna!
   O homem animal não compreende as coisas de Deus. Vive absorvido pelo mundo sensível que é apenas uma aparência enganosa, um véu encobrindo as realidades do Além.
   Tu ao menos, meu sacerdote, faze-me companhia no fundo da tua alma. Fica unido a mim como os membros estão unidos ao corpo, como os sarmentos incorporados na cepa.
   Tu vives, mas não és tu que vives, sou eu que vivo em ti pela minha graça. Esta graça é uma participação de natureza divina. Ela santificou a minha humanidade e dela faço participantes a todos os que me amam. 
   A minha graça penetra até à essência a tua alma, enobrece-a, diviniza-a. Assim eu estou em ti como um novo ser, o cristão: um só e mesmo princípio de atividade. 
   Todas as tuas ações, feitas em união comigo, procedem ao mesmo tempo de ti e de mim como de uma só e mesma causa. Desta arte, eu continuo a viver sobre a terra, a trabalhar e a estender o meu reinado até o fim dos tempos em cada um dos meus fiéis.
   Todos os teus sofrimentos, suportados com a minha ajuda, são nosso bem comum, porque ambos somos somente um. Assim eu continuo sobre a terra a minha Paixão. Cada alma, que sofre com paciência, ajuda-me a acabar o que ainda faltava à minha vida de vítima.
   Juntos glorificamos o Pai, juntos lhe damos graças, juntos o amamos, e juntos no Céu nos sentaremos à sua mão direita e gozaremos da mesma felicidade.
   Meu filho, há tanto tempo que estou contigo, e tu ainda mal me conheces. 
   Eu te convido de novo a gozar no amor da tua união comigo pela graça, e, por mim, com a Santíssima Trindade. Penetra em ti mesmo por um simples movimento da tua inteligência e da tua vontade. Não tens necessidade alguma dos esforços da imaginação e do sentimento. Deus é Espírito e em espírito e em verdade quer ser adorado.
   Que horas deliciosas passaremos juntos, se te quiseres prestar aos meus desejos, e quantos segredos eu tenho a comunicar-te a respeito da tua santificação pessoal e do bom sucesso do teu sagrado ministério!
   As três divinas Pessoas moram em ti, porque eu te comuniquei a minha graça.
   Em ti estabeleceram o Céu e fazem em ti a sua vida infinitamente feliz.
   Em ti o Pai, a cada momento, por um mistério inefável dá-me o ser, e do Pai e de mim precede o Espírito Santo, nosso mútuo Amor.
   E tu és, não somente o palácio onde se realizam estes mistérios e a testemunha de vista, admitido a contemplá-los, mas ainda tu mesmo tens parte ativa neles. 
   Comigo, Filho de Deus encarnado, tu amas o Pai porque és uno comigo. Em mim tu és amado do Pai, porque és comigo o Cristo. E este Amor do Pai e do Filho é o Espírito Santo. Ele estreita num abraço comum de amor a minha humanidade, a tua pessoa, e todas as almas justas.
   Assim tu vives em mim no seio do Pai. Não és já um mercenário. És o filho da família, e quão ternamente amado!. O teu divino Pai administra por si próprio os teus interesses, só querendo de ti o amor, a docilidade à sua voz, e a fidelidade ao dever de cada dia. 
   Sendo filho de Deus, és também meu irmão muito amado. Minha própria Mãe torna-se igualmente tua Mãe. Comigo tens direito à herança do céu. Todos os bens do nosso Pai do Céu são propriedade nossa.
   Oh, vivamos juntos no céu da tua alma! Cuidemos dos interesses do nosso Pai comum. Estendamos o seu reinado sobre a terra, salvando e santificando as almas. 

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