sexta-feira, 29 de junho de 2018

PEDRO, A PEDRA

PEDRO, A PEDRA  

                                                                                                                                                                 Dom Fernando Arêas Rifan*

            Depois de amanhã, e também no domingo próximo, celebraremos a solenidade de São Pedro, apóstolo escolhido por Jesus para ser seu vigário aqui na terra (“vigário”, o que faz as vezes de outro), seu representante e chefe da sua Igreja. São Pedro era pescador do lago de Genesaré ou Mar da Galiléia, junto com seu irmão, André, e seus amigos João e Tiago. Foi ali que Jesus o chamou: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”. Eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram” (Mt 4, 19-20).
            Pedro se chamava Simão. Jesus lhe mudou o nome, significando sua missão, como é habitual nas Escrituras: “Tu és Simão, filho de João. Tu te chamarás Cefas! (que quer dizer Pedro - pedra)” (Jo 1, 42). Quando Simão fez a profissão de Fé na divindade de Jesus, este lhe disse: “Não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus (a Igreja): tudo o que ligares na terra será ligado nos céus e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 13-19).
            Corajoso e com imenso amor pelo Senhor, sentiu também sua fraqueza humana, na ocasião da prisão de Jesus, na casa de Caifás, ao negar três vezes que o conhecia. “Simão, Simão! Satanás pediu permissão para peneirar-vos, como se faz com o trigo. Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos” (Lc 22, 31-32).  E Pedro, depois de ter chorado seu pecado, foi feito por Jesus o Pastor da sua Igreja. 
           São Pedro, fraco por ele mesmo, mas forte pela força que lhe deu Jesus, representa bem a Igreja de Cristo. Cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica, edificada por Jesus Cristo sobre a pedra que é Pedro... Cremos que a Igreja, fundada por Cristo e pela qual Ele orou, é indefectivelmente una, na fé, no culto e no vínculo da comunhão hierárquica. Ela é santa, apesar de incluir pecadores no seu seio; pois em si mesma não goza de outra vida senão a vida da graça. Se realmente seus membros se alimentam dessa vida, se santificam; se dela se afastam, contraem pecados e impurezas espirituais, que impedem o brilho e a difusão de sua santidade. É por isso que ela sofre e faz penitência por esses pecados, tendo o poder de livrar deles a seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo” (Credo do Povo de Deus).
             “Enquanto Cristo ‘santo, inocente, imaculado’, não conheceu o pecado, e veio expiar unicamente os pecados do povo, a Igreja, que reúne em seu seio os pecadores, é ao mesmo tempo santa, e sempre necessitada de purificação.... A Igreja continua o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus, anunciando a paixão e a morte do Senhor, até que ele venha. No poder do Senhor ressuscitado encontra a força para vencer, na paciência e na caridade, as próprias aflições e dificuldades, internas e exteriores, e para revelar ao mundo, com fidelidade, embora entre sombras, o mistério de Cristo, até que no fim dos tempos ele se manifeste na plenitude de sua luz” (Lumen Gentium, 8).  

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

sábado, 23 de junho de 2018

RESSURREIÇÃO DA CARNE



Com a graça de Deus, veremos que havemos de ressuscitar, não com um corpo etéreo ou outro qualquer, mas com a mesma carne que agora temos e da qual sairá a alma na hora da morte.

A fé na ressurreição da carne neste sentido supra explicado, existia, segundo o testemunho da Sagrada Escritura, já no Antigo Testamento: "Eu sei, diz Jó, que o Redentor vive e que no último dia ressurgirei da terra, serei novamente revestido da minha pele, e na minha própria carne verei meu Deus" (Jó XIX, 25 e 26). Também o Espírito Santo louva a Judas Macabeu, quando, fazendo menção da coleta que tinha feito e oferecido  ao Templo para o sacrifício pelos que tinham caído no campo da batalha: "Obra bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição, porque se ele não esperasse que os mortos haviam de ressuscitar, seria uma coisa supérflua e vã orar pelos defuntos" (2 Macabeus XII, 43 e 44). "A multidão dos que dormem no pó da terra, acordarão uns para a vida eterna e outros para o opróbrio, que terão sempre diante dos olhos" (Daniel XII, 2).

Esta doutrina da ressurreição foi ensinada muitas vezes sobretudo no Novo Testamento. Primeiramente pelo próprio Jesus e de uma maneira a mais clara possível: "Virá tempo em que todos os que se encontram nos sepulcros ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que tiverem feito obras boas, sairão para a ressurreição da vida; mas os que tiverem feito obras más, sairão ressuscitados para a condenação" (S. João V, 28 e 29). Refutando os saduceus, Jesus deduzia da ressurreição dos corpos de que as almas eram imortais. Pois tendo-lhe os saduceus proposto uma questão capciosa com respeito à ressurreição dos mortos, para O poderem acusar de alguma contradição ou absurdo na doutrina, disse-lhes: "Quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus falou, dizendo-vos: eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e Jacó? Não é Deus dos mortos, mas dos vivos" (S. Mat. XXII, 31 e 32). É como se dissesse: Vós, saduceus, negais a ressurreição dos mortos, porque não credes na imortalidade das almas. Pois, a alma é imortal. E se morrera com o corpo então o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, que morreram segundo o corpo, seria Deus dos mortos e não, como ele é, Deus dos vivos. Portanto, se a alma vive depois da morte corporal, segue-se que ela se reunirá um dia com o corpo que ela animou, e que os mortos ressuscitarão.

Jesus ressuscitou a Lázaro depois de quatro dias já sepultado, e, portanto em estado de putrefação. Para Deus nada é impossível. Como será impossível à Onipotência divina ressuscitar os nossos corpos convertidos em pó e cinza, sendo Ele quem os formou do nada? É porventura o mistério da ressurreição o único deste gênero que se apresenta à nossa vista? Olhai para o grão que cai na terra e se corrompe. O que sucede? Uma planta viva nasce da semente corrompida, e depois dá flores e frutos.

A mesma doutrina ensinam os Apóstolos. São Paulo se serviu inclusive desta figura logo acima citada: "Mas dirá alguém: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Néscio, o que tu semeias não toma vida, se primeiro não morre. Quando tu semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas um simples grão, como, por exemplo, de trigo ou de qualquer outra coisa" (1 Cor. XV, 35-37). Com isto o Apóstolo significa precisamente que aquela corrupção e dissolução do corpo é uma condição prévia e indispensável para a ressurreição, assim como  a corrupção da semente para dela brotar a planta.

 São Paulo falou da ressurreição nos seus discursos públicos diante do Grande-Conselho (Atos XIII), diante do governador Félix (Atos XXIV); nas suas epístolas: "Se os mortos não ressuscitam, então Jesus Cristo não ressuscitou" (1 Cor. XV, 16). "Porém, Jesus Cristo ressuscitou de entre os mortos com o seu próprio corpo; logo também vós ressuscitareis como Ele. Pois, aquele que ressuscitou de entre os mortos também ressuscitará os vossos corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vós" (Rom. VIII, 11).

Terminemos com mais um símbolo belíssimo da ressurreição: O bicho da seda, sendo verme disforme e quase asqueroso, fabrica o seu sepulcro, descansa nele largos meses, e depois rompe o seu invólucro, e levanta-se brilhante mariposa que se eleva nos ares. Porventura Deus, autor sapientíssimo da natureza, nos põe em vão diante dos olhos esta imagem viva da ressurreição? Com certeza que não. Ressuscitaremos. A fé no-lo ensina, e até a natureza visível no-lo recorda. Caríssimos, ressuscitaremos! Amém!


sexta-feira, 22 de junho de 2018

A REENCARNAÇÃO É UMA TEORIA ESPÍRITA SEM NENHUMA BASE



Para os espíritas não morremos uma só vez, porque depois da morte nos encarnamos de novo e tornamos a viver. É bom que todos saibam que este é, por assim dizer, "O DOGMA" do espiritismo; e assim o chamava Allan Kardec. Em consequência desta teoria mentirosa (porque sem nenhuma base bíblica, filosófica e científica), seguem-se outras teorias mentirosas do Espiritismo: não existem os juízos particular e universal, não existem nem purgatório, nem inferno, nem céu. O espírita fica insensível diante da morte.  
Quanto a contradição com as Sagradas Escrituras, basta citarmos um texto e mesmo assim para os cristãos, porque o Espiritismo também não acredita na Bíblia. Aliás, a doutrina espírita é a negação completa e total da Doutrina Cristã. Qual é este texto das Sagradas Escrituras que destrói totalmente a possibilidade de reencarnação? É este de S. Paulo: "Foi decretado que os homens morram uma só vez, e que depois disso se siga o juízo" (Hebreus IX, 27). Logo, depois da morte, sentença imediata, prêmio ou castigo. Na verdade, o Espiritismo transforma fantasias em dogmas de fé, e assim destroem os verdadeiros dogmas da fé.
Quanto ao fundamento filosófico para a reencarnação, também não existe. É mais ou menos assim: existe Saci-Pererê? Prá quem acredita, existe; prá quem não acredita, não existe. Assim há espíritas que não acreditam na reencarnação; para eles não existe. Há outros que acreditam: para estes existe. Que belo argumento filosófico! Allan-Kardec dizia: "Generalidade e concordância no ensino, esse é o caráter essencial" da doutrina espírita. Ora, em matéria de reencarnação não há concordância. Os espíritas latinos, com Allan-Kardec è frente, aceitam a reencarnação, porque "os espíritos superiores revelaram". Já os anglo-saxões, com Staidon Moses, D. Home condenam a reencarnação, porque "os espíritos superiores revelaram". Portanto, a base filosófica do Espiritismo não passa de balela, contradita pelos próprios espíritas.
E quanto à base científica? Vejam o que dizia Allan-Kardec: "O Espiritismo é, antes de tudo, uma ciência..." e "o Espiritismo  -  em suma  -  é uma sociedade científica, como tantas outras, que se ocupa de aprofundar os diferentes pontos da ciência espírita". Mas, nada mais falso! Que é ciência? É o conhecimento metódico de uma coisa, pelas suas causas. O que diferencia conhecimentos científicos de conhecimentos vulgares, não científicos, é o método. O método leva à certeza. Porque não fica no achismo, mas tudo é comprovado metodicamente pelas experiências. Portanto, sem certeza demonstrada metodicamente não há ciência. Só é científico o que é demonstrado metodicamente.
Mas, que significam para os espíritas estes "espíritos superiores". O Espiritismo engana a muitos com " a comunicação com os espíritas". Os intermediários são os MÉDIUNS. Mas o próprio Allan-Kardec fala em médiuns trapaceiros, interesseiros, ignorantes, velhacos, mistificadores...
Agora, não poderia deixar de falar sobre o papel do demônio no Espiritismo. Quando em 1975, havia há poucos dias tomado posse de minha primeira paróquia (Paróquia da Igreja de Nossa Senhora do Terço em Campos, RJ, apareceu um senhor estranho e pediu-me uma conversa em particular. Perguntei se era confissão e ele disse que não. Disse-me o tal homem: Desde de novo que pertenço ao Espiritismo, e sei de tudo a respeito, mas por fim o meu chefão, pediu que eu entregasse minha alma ao demônio e, só assim, poderia conseguir o máximo. E perguntou-me: que você acha? Demorei muito tempo explicando a doutrina católica, a única verdadeira. Mas despediu-se e nunca mais o vi. Qual foi sua intenção não sei. Mas Deus permitiu isso no início de meu ministério, e com certeza muito me incentivou para lutar contra o Espiritismo que já naquela época grassava terrivelmente em Campos. Contei esta passagem para meu pai e ele disse-me que iria contar o que se passou com meu avô: "Certo dia,  -   disse-me meu pai  -   um grande amigo de papai convidou-o para ir á uma sessão espírita. Ele disse que sendo católico, não iria, porque o espiritismo tem ajuda do demônio. Mas tanto o amigo insistiu, dizendo que ele também era católico e que só queria um companheiro para ver como funcionava aquilo. Por fim meu pai consentiu, mas que ele ficaria de lado rezando o seu santo terço. Assim foram. Chegando lá pela meia noite, estando todos na sala, o meu pai rezando discretamente o seu terço, eis que chegam os médiuns e começam a invocar alguém com nome diferente. Mas ficaram todos parados durante algum tempo, porque nada diferente aconteceu. Então o dono do Centro Espírita, voltou-se para os assistentes e perguntou se ali havia alguém descrente de seu trabalho. Meu pai, respondeu que era ele, que estava rezando o Terço. O homem chamou-o lá fora e disse-lhe: Filipe Murucci (era o nome de meu avô), não diga nada prá ninguém, mas, na verdade, isto aqui é um meio de vida, com a ajuda do demônio. Mas hoje falhou, porque você estava rezando o Terço, e, em verdade, sei que a Igreja verdadeira é a Católica".
Caríssimos, o que reina no Espiritismo é a fraude, mas não podemos negar que, às vezes, há intervenção do demônio, que, como todos sabem, é o pai da mentira, da trapaça. Aliás o Espiritismo teve inícios em trapaças numa família de sobrenome Fox, como depois veremos. Realmente, há certos fatos no Espiritismo que só se explicam por intervenção do demônio. Não pode ser Deus, nem Anjo bom, nem alma. As almas dos  defuntos estarão ou no purgatório, ou no céu, ou no inferno. Mas estão sob o domínio de Deus como os Anjos bons. Elas e os Anjos só poderiam aparecer ou intervir com permissão especial ou desígnios de Deus, como aconteceu com o Rei Saul (Cf. 1 Samuel XXVIII  e neste caso, de acordo com a maioria dos exegetas, Samuel apareceu realmente, não porém, por força das palavras da necromante (a qual ficou aterrorizada), mas por obra de Deus, que quis anunciar por boca de Samuel o grande castigo. Na verdade, Deus proíbe a necromancia como se lê em Levítico XIX, 31 e XX, 6).  Ora, Deus não poderá manifestar-se ao permitir que os Anjos bons ou almas se manifestem de algum modo em sessão espírita. Se Deus se manifestasse, ou permitisse seus Anjos bons ou almas se imiscuírem nas sessões espíritas, Deus estaria favorecendo a mentira e a trapaça; o que seria blasfêmia afirmá-lo. Trapaça não é de Deus mas do demônio. São Paulo escreve umas coisas na Bíblia que parecem estar se dando no Espiritismo: "Aparecerá aquele tal na virtude de Satanás, com toda sorte de portentos e prodígios, procurando a todo transe levar à iniquidade os que se perdem por não abraçarem o amor à verdade, que os poderia salvar. É por isso que Deus lhes manda o poder da sedução, para darem fé à mentira e serem entregues ao juízo todos os que não deram crédito à verdade, mas antes se comprazeram na iniquidade" (II Tess. II, 9 -14).
Poderiam os espíritas dizer: nem tudo é demônio, mas há mensagens boas, de amor e fraternidade... Resposta: nem tudo pode ser demônio, é sobretudo o médium que se engana e engana os outros. E mesmo o demônio, como diz a Bíblia, "se transforma em anjo de luz" (II Cor. XI, 14), para melhor enganar.
Para terminar: Em 1959, quando eu estudava em Tombos, MG. o nosso Bispo D. José Eugênio Corrêa, da Diocese de Caratinga, escreveu um livrinho "O ESPIRITISMO".  No c. 2 . O ESPIRITISMO NASCEU DE UMA TRAPAÇA diz o seguinte: "Sob o título de um grande acontecimento na história do Espiritismo, "La Revue Spirite", uma das principais e mais antigas do Espiritismo, fundada pelo próprio Allan Kardec em 1858, resume uma solenidade de quatro dias em Hydesville, por motivo da inauguração de um monumento comemorativo das primeiras manifestações espíritas, que ali se deram em 1848. A ideia do monumento veio do Congresso Espírita de Paris, realizado em 1925. Entre as cerimônias oficiais realizadas em Hydesville, conta-se uma peregrinação espírita que ali foi colocar uma lápide de granito onde se lê: "Aqui nasceu o movimento espírita moderno. Neste lugar em Hydesville estava a casa de habitação das irmãs Fox, cuja comunicação mediúnica com o mundo espírita foi estabelecida a 31 de março de 1848".
A família Fox compunha-se de Dr. João, Margarida sua esposa, e as filhas Margarida e Catarina. Os filhos, Davi e Ana Lah, moravam fora. A casa dos Fox era tida por mal assombrada.
A mãe começa a ouvir ruídos estranhos, que pareciam vir do quarto das meninas, com a particularidade de só se produzirem, quando elas estavam acordadas. A mãe ia ficando muito alarmada, enquanto que as meninas não se incomodavam.
A 31 de março de 1848, dia célebre para o Espiritismo, a mais moça da meninas teve a idéia de dizer estas palavras: "Ouve tu, pés de cabra, como eu faço". E batia com os dedos da mão. E golpes misteriosos repetiam o que ela fazia. Isto na presença da mãe, enquanto que as meninas estavam na cama, cuja cabeceira e  pés eram de tábuas de madeira. Note-se, ainda, que a mãe era supersticiosa e medrosa. E as meninas brincalhonas.
Depois a própria mãe pergunta: "Serás um espírito?" Se assim és, dá dois golpes". E os dois golpes se fizeram ouvir. E as experiências se repetiram de diversos modos. E a notícia dos acontecimentos ia-se espalhando.
As irmãs Fox mudaram-se para Rochester e o espírito as acompanha. Veio juntar-se a elas a irmã Lah, espírito prático e interesseiro. Foi ela que se lembrou de atribuir as pancadas aos espíritos do outro mundo.
Depois de quatro meses, mudam-se para Nova Iorque e de lá o incipiente Espiritismo alastrou-se pelo mundo.
Seria mesmo espírito do outro mundo? Nenhuma prova. Ao contrário, os sinais de trapaça são evidentes.
Em fevereiro de 1851, uma comissão de médicos e professores de Buffalo inspecionam tudo, examina as meninas e se pronuncia contra a autenticidade dos fatos.
Em 1888 Margarida revelou ao New York Herald que ela e sua irmã Catarina haviam sido, desde o início, vítimas da Lah. O que faziam eram imitar pancadas com os dedos e responderam elas mesmas para enganar a mãe. Depois, por sugestão de Lah e outras pessoas interessadas, acharam bom o "negócio" e assim mantiveram e alimentaram a mentira. Disse textualmente: "Nossa irmã servia-se de nós nas suas exibições, e nós ganhávamos dinheiro para ela..." (N. Y. Herald, de 24 de dezembro de 1888).
Pouco depois, a 9 de outubro, sua irmã Catarina chagava da Europa e fazia idênticas declarações ao New York, diante de uma multidão de pessoas, entre as quais numerosos espíritas.
Dizem os espíritas que dois meses depois houve uma contra-retratação. Mas, a portas fechadas, perante espíritas, e nenhuma prova. Eles dizem e é só...
Devemos notar que a retratação foi pública, solene e livre, com todas as características da sinceridade. E da contra-retratação nada consta de claro.
Catarina morreu em 1893, vítima de excesso de álcool Margarida fez-se católica (eram antes de família protestante).
Estava desfeita a trapaça. Acontece, porém, que em França, Léon Hippolyte Denizart Rivail  (Allan-Kardec), havia-se feito codificador e doutrinador do espiritismo. Foi ele propriamente o Fundador do Espiritismo como Religião.
Uma ideia em marcha, por muito absurda e ilusória que seja, não volta mais atrás e encontrará sempre adeptos. Como diz a Bíblia: "É infinito o número dos estultos" (Eclesiástico I, 15).

quinta-feira, 7 de junho de 2018

GREVE

GREVE: PALAVRA DA IGREJA 

                                                                                                                                   Dom Fernando Arêas Rifan*

            Por ocasião das recentes greves, sobre a sua legitimidade e devidos limites, há que se recordar aos católicos o que a Igreja ensina a respeito: quando houver conflitos e problemas, a solução normal é a negociação e o diálogo de conciliação; a greve deve ser o último recurso, um meio extremo, que pode ser legítimo e até necessário; mas tem seus limites, que são o bem comum e os serviços essenciais assegurados, além de não dever ser usada para uso político.
           
Ao agirem em prol dos justos direitos dos seus membros, os sindicatos lançam mão também do método da ‘greve’, ou seja, da suspensão do trabalho, como de uma espécie de ultimatum dirigido aos órgãos competentes e, sobretudo, aos fornecedores de trabalho. É um modo de proceder que a doutrina social católica reconhece como legítimo, observadas as devidas condições e nos justos limites. Em relação a isto os trabalhadores deveriam ter assegurado o direito à greve, sem terem de sofrer sanções penais pessoais por nela participarem. Admitindo que se trata de um meio legítimo, deve simultaneamente relevar-se que a greve continua a ser, num certo sentido, um meio extremoNão se pode abusar dele; não se pode abusar dele especialmente para fazer o jogo da política. Além disso, não se pode esquecer nunca que, quando se trata de serviços essenciais para a vida da sociedade, estes devem ficar sempre assegurados,inclusive, se isso for necessário, mediante apropriadas medidas legais. O abuso da greve pode conduzir à paralização da vida socioeconômica; ora isto é contrário às exigências do bem comum da sociedade...” (S. João Paulo II, Encíclica Laborem Exercens, nº 20, 14/9/1981).     
            A sua atividade (dos sindicatos) não está... isenta de dificuldades: pode sobrevir a tentação... de aproveitar uma situação de força, para impor, principalmente mediante a greve - cujo direito, como meio último de defesa permanece, certamente, reconhecido - condições demasiado gravosas para o conjunto da economia ou do corpo social, ou para fazer vingar reivindicações de ordem nitidamente política. Quando se trata de serviços públicos em particular, necessários para a vida cotidiana de toda uma comunidade, dever-se-á saber determinar os limites, para além dos quais o prejuízo causado se torna inadmissível” (B. Paulo VI, Octogesima Adveniens, 14). “Quando... surgem conflitos econômico-sociais, devem fazer-se esforços para que se chegue a uma solução pacífica dos mesmos. Mas ainda que, antes de mais, se deva recorrer ao sincero diálogo entre as partes, todavia a greve pode ainda constituir, mesmo nas atuais circunstâncias, um meio necessário, embora extremo, para defender os próprios direitos e alcançar as justas reivindicações dos trabalhadores. Mas procure-se retomar o mais depressa possível o caminho da negociação e do diálogo da conciliação” (Gaudium et Spes, 68).
        greve é moralmente legítima, quando se apresenta como recurso inevitável, senão mesmo necessário, em vista dum benefício proporcionado. Mas torna-se moralmente inaceitável quando acompanhada de violências, ou ainda quando por feita com objetivos não diretamente ligados às condições de trabalho ou contrários ao bem comum” (Cat da Igreja Cat, nº 2435).

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/