segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

CONCÍLIO VATICANO I - CÂNONES

1. Sobre Deus, Criador de todas as coisas

Pintura do Beato Pio IX  (autor: Lorenzone)
   Cân. 1 - Se alguém negar que há um só Deus verdadeiro, Criador e Senhor das coisas visíveis e invisíveis - seja excomungado.

   Cân. 2 - Se alguém não se envergonhar de afirmar que além da matéria nada existe - seja excomungado.

   Cân. 3 - Se alguém disser que a substância ou essência de Deus é a mesma que a substância ou essência de todas as coisas - seja excomungado.
  
   Cân. 4 - Se alguém disser que as coisas finitas, tanto as corpóreas como as espirituais, ou ao menos as espirituais, emanaram da substância divina; ou que pela manifestação ou evolução da essência divina se originaram todas as coisas; ou, finalmente, que Deus é um ser universal ou indefinido, que, ao ir-se determinando, daria origem à universalidade das coisas, distinta em gênero, espécie e nos indivíduos - seja excomungado.

   Cân. 5 - Se alguém não professar que o mundo e todas as coisas nele contidas, quer espirituais, quer materiais, foram por Deus tiradas do nada segundo toda a sua substância; ou disser que Deus criou, não com vontade inteiramente livre, mas com a mesma necessidade com que se ama a si mesmo; ou negar que o mundo foi feito para a glória de Deus - seja excomungado. 



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

RETIRO NO CARNAVAL

Em 1953 D. Antônio de Castro Mayer, de santa memória, escreveu a CARTA PASTORAL SOBRE PROBLEMAS DO APOSTOLADO MODERNO contendo um Catecismo de verdades oportunas que se opõem a erros contemporâneos.
  
   No capítulo V do Catecismo onde fala SOBRE A MORAL NOVA, Dom Antônio no nº 56 apresenta a proposição errada ou pelos menos perigosa que diz:
   "É conveniente que os membros da Ação Católica (hoje substitui-se por outro movimento moderno progressista como RCC) participem dos folguedos carnavalescos, para aí fazerem apostolado. Assim, os retiros espirituais, que segregam do mundo os membros da Ação Católica, não devem ser feitos nos dias de carnaval"

   * Proposição certa: "É ilícito procurar ocasião próxima de pecado, sob pretexto de apostolado. Constituindo os folguedos do Carnaval ocasião próxima de pecado, os fiéis devem abster-se deles".

EXPLANAÇÃO

   Nosso Carnaval é tristemente famoso em todo o mundo pelas imoralidades a que dá ocasião, e tudo indica que se vá tornando pior. (nr. que diria D. Antônio, hoje depois de 59 anos!!!). A participação dos fiéis nesses folguedos imorais não só constitui perigo para suas almas, mas também grave escândalo para o próximo. Pelo contrário, o fato de se isolarem eles em recolhimento e oração durante esses três dias, traz edificação não pequena, e constitui em si mesmo excelente apostolado.
   A sentença impugnada parece desconhecer a existência de ocasião próxima de pecado, ao menos para quem pretende fazer apostolado. Lembremos, pois, a condenação lançada por Inocêncio XI contra o Laxismo Moral (2-3-1679), entre cujas proposições há as seguintes: "É lícito procurar diretamente ocasião próxima de pecado com intenção de obter um bem espiritual ou temporal, próprio ou do próximo". E: "Não se deve fugir à ocasião próxima de pecado, quando ocorre uma causa útil ou honesta de não fugir" (prop. 63 e 62, D, 1213 e 1212).

   Obs.: Assim por orientação de  Dom Antônio de Castro Mayer até hoje, graças a Deus, há retiros espirituais em quase todas as paróquias dos nossos padres da Administração Apostólica.

   Pela graça de Deus, pregarei retiros para as senhoras e moças (no ano passado foi para os homens e moços) nos dias de carnaval. Será aqui nas dependências do Carmelo, que ainda não funciona como tal. O Retiro vai começar no sábado à noite, às 19h. e vai terminar na quarta feira de cinzas às 8h. Portanto: do dia 18 a 22 de fevereiro. Durante toda a noite de terça-feira há Adoração diante do Santíssimo exposto em desagravo ao Coração Eucarístico de Nosso Senhor Jesus Cristo.

   Queria deixar aqui também meu total repúdio pelo vilipêndio perpetrado contra o Santíssimo Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo na "Folia com C." no Rio de Janeiro. Objetivamente, é um pecado contra o 2º mandamento da Lei de Deus.
   Eis o que diz o CIC nos números 2143: ..."O nome do Senhor é santo". Eis por que o homem não pode abusar dele. Deve guardá-lo na memória num silêncio de adoração amorosa" (Cf. Zc. 2, 17). Não fará uso dele a não ser para bendizê-lo, louvá-lo e glorificá-lo (Salmos, 29, 2; 96, 2; 113, 1-2). Nº 2144: A deferência para com o nome de Deus exprime o respeito que é devido ao mistério do próprio Deus e a toda a realidade sagrada que ele evoca. O sentido do sagrado faz parte do âmbito da religião:
   "Os sentimentos de temor e do sagrado são ou não sentimentos cristãos? Ninguém pode em sã razão duvidar disso. São sentimentos que teríamos, em grau intenso, se tivéssemos a visão do Deus soberano. São sentimentos que teríamos se nos apercebêssemos claramente de sua presença. Na medida em que cremos que Ele está presente, devemos tê-los. Não tê-los é não perceber, não crer que Ele está presente" (Card. Newman".

CONCÍLIO VATICANO I - CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA SOBRE A FÉ CATÓLICA

Capítulo IV.  -  A fé e a razão

   O consenso constante da Igreja Católica tem também crido e crê que há duas ordens de conhecimento, distintas não só por seu princípio, mas também por seu objeto; por seu princípio, visto que numa conhecemos pela razão natural, e na outra pela fé divina; e por seu objeto, porque, além daquilo que a razão natural pode atingir, propõem-se-nos a crer mistérios escondidos em Deus, que não podemos conhecer sem a revelação divina (cân. 1). E eis porque o Apóstolo, que assegura que os gentios conheceram a Deus por meio das suas obras (Rom. 1, 20 ), discorrendo, todavia, sobre a graça e verdade que foram anunciadas por Jesus Cristo (cf. S. Jo. 1, 17), diz: Falamos da sabedoria de Deus em mistério, que fora descoberta e que Deus predestinou antes dos séculos, para a nossa glória. A qual nenhum dos poderosos destes mundo conheceu..., a nós, porém, o revelou Deus pelo seu Espírito; porque o Espírito tudo penetra, também as coisas profundas de Deus (1 Cor. 7, 8 e 10). E o próprio Unigênito glorifica ao Pai, porque escondeu essas coisas aos sábios e entendidos e as revelou aos pequeninos (cf. S. Mat. 11, 25).
   Em verdade, a razão, iluminada pela fé, quando investiga diligente, pia e sobriamente, consegue, com a ajuda de Deus, alguma compreensão dos mistérios, e esta frutuosíssima, quer pela analogia das coisas conhecidas naturalmente, quer pela conexão dos próprios mistérios entre si e com o fim último do homem; nunca, porém, se torna capaz de compreendê-los como compreende as verdades que constituem o seu objeto próprio, pois os mistérios divinos, por sua própria natureza, excedem de tal modo a inteligência criada, que, mesmo depois de revelados e aceitos pela fé, permanecem ainda encobertos com os véus da mesma fé, e como que envoltos em um nevoeiro, enquanto durante esta vida vivermos ausentes do Senhor; pois andamos guiados pela fé, e não pela contemplação. (2 Cor. 5, 6 e s.)

   Porém, ainda que a fé esteja acima da razão, jamais pode haver verdadeira desarmonia entre uma e outra, porquanto o mesmo Deus que revela os mistérios e infunde a fé, dotou o espírito humano da luz da razão; e Deus não pode negar-se a si mesmo, nem a verdade jamais contradizer à verdade. A vã aparência de tal contradição nasce principalmente ou de os dogmas da fé não terem sido entendidos e expostos segundo a mente da Igreja, ou de se terem as simples opiniões em conta de axiomas certos da razão. Por conseguinte, "definimos como inteiramente falsa qualquer asserção contrária a uma verdade de fé". (V Concílio de Latrão).

   Ademais a Igreja, que juntamente com o múnus apostólico de ensinar recebeu o mandato de guardar o depósito da fé, tem também de Deus o direito e o dever de proscrever a ciência falsa (1 Tim. 6, 20), a fim de que ninguém se deixe embair pela filosofia e por sofismas pagãos (Cf. Col. 2, 8; cân. 2). Eis porque não só é vedado a todos os cristãos defender como legítimas conclusões da ciência tais opiniões reconhecidamente contrárias à fé, máxime se tiverem sido reprovadas pela Igreja, mas ainda estão inteiramente obrigados a tê-las por conta de erros, revestidas de uma falsa aparência de verdade.

   E não só não pode jamais haver desarmonia entre a fé e a razão, mas uma serve de auxílio à outra, visto que a reta razão demonstra os fundamentos da fé, e cultiva, iluminada com a luz deste, a ciência das coisas divinas; e a fé livra e guarda a razão dos erros, enriquecendo-a de múltiplos conhecimentos. Por isso a Igreja, longe de se opor ao cultivo das artes e das ciências humanas, até as auxilia e promove de muitos modos. Porquanto não ignora nem despreza as vantagens que delas dimanam para a vida humana; pelo contrário, ensina que, derivando elas de Deus, o Senhor das ciências (1 Rs. 2, 3), se forem bem empregadas, conduzem para Deus, com o auxílio de sua graça. Nem proíbe (a Igreja) que tais disciplinas, dentro de seu respectivo âmbito, façam uso de seus princípios e métodos próprios; mas, reconhecendo embora esta justa liberdade, admoesta cuidadosamente que não admitam em si erros contrários à doutrina de Deus ou ultrapassem os próprios limites, invadindo e perturbando o que é do domínio da fé.

   Pois a doutrina da fé, que Deus revelou, não foi proposta ao engenho humano como uma descoberta filosófica a ser por ele aperfeiçoada, mas foi entregue à Esposa de Cristo como um depósito divino, para ser por ela fielmente guardada e infalivelmente ensinada. Daí segue que sempre se deve ter por verdadeiro sentido dos dogmas aquele que a Santa Madre Igreja uma vez tenha declarado, não sendo jamais permitido, nem a título de uma inteligência mais elevada, afastar-se deste sentido (cân. 3). "Cresçam, pois, e multipliquem-se abundantemente, tanto em cada um como em todos, tanto no homem individual como em toda a Igreja, segundo o progresso das idades e dos séculos, a inteligência, a ciência e a sabedoria, mas somente no seu gênero, isto é, ma mesma doutrina, no mesmo sentido e no mesmo pensamento" (S. Vicente de Lerins, Commonitorium, n. 28. ML 50, 668 (cân, 23).

   



sábado, 4 de fevereiro de 2012

CONCÍLIO VATICANO I SOBRE A FÉ E A IGREJA

SESSÃO III ( 24 - 4 - 1870)

CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA SOBRE A FÉ CATÓLICA

   Agora, porém, Nós, juntamente com todos os bispos do mundo que conosco governam a Igreja, congregados no Espírito Santo neste Concílio Ecumênico, sob a nossa autoridade, apoiados na palavra de Deus, quer escrita quer transmitida por Tradição, conforme a recebemos santamente conservada e genuinamente exposta pela Igreja Católica, resolvemos professar e declarar, desta cátedra de Pedro, diante de todos , a salutar doutrina de Cristo, proscrevendo e condenando, com o poder divino a Nós confiado, os erros contrários.

CAPÍTULO  I  - DEUS CRIADOR DE TODAS AS COISAS

   A Santa Igreja Católica Apostólica Romana crê e confessa que há um só Deus verdadeiro e vivo, Criador e Senhor do céu e da terra, onipotente, eterno, imenso, incompreensível, infinito em intelecto, vontade e toda a perfeição; o qual, sendo uma substância espiritual una e singular, inteiramente simples e incomunicável, é real e essencialmente distinto do mundo, sumamente feliz em si  e por si mesmo, e está inefavelmente acima de tudo o que existe ou fora dele se possa conceber [cân. 1-4].

   Este único e verdadeiro Deus, por sua bondade e por sua "virtude onipotente", não para adquirir nova felicidade ou para aumentá-la, mas a fim de manifestar a sua perfeição pelos bens que prodigaliza às criaturas, com vontade plenamente livre, "criou simultaneamente no início do tempo ambas as criaturas do nada: a espiritual e a corporal, ou seja, os anjos e o mundo; e em seguida a humana, constituída de espírito e corpo" [IV Concílio de Latrão].
   Tudo o que Deus criou, conserva-o e governa-o com sua providência, atingindo fortemente desde uma extremidade a outra, e dispondo todas as coisas com suavidade (Sab. 8, 1). Pois tudo está nu e descoberto aos seus olhos ( Hebr. 4, 13), mesmo os atos dependentes da ação livre das criaturas.