sexta-feira, 31 de maio de 2013

O QUE DEVEMOS CRER - ( 3 )

   71. AMOR DE DEUS.

   Quando Nosso Senhor exige o amor a Deus, de todo o coração, para se ganhar a vida eterna - e amar a Jesus Cristo é o mesmo que amar a Deus, porque Jesus Cristo é Deus (Se algum não ama a Nosso Senhor Jesus Cristo seja anátema - 1ª Coríntios XVI-22) - não se pense que se trata apenas de um mero afeto ou sentimento, ou de uma comoção passageira; o amor de Deus se manifesta pelas obras: Não amemos de palavra, nem de língua, mas por OBRA e em verdade (1ª João III-18).

   E de que modo havemos de mostrar pelas obras o nosso amor a Deus? Pela observância dos mandamentos. É o que nos ensina o Divino Mestre: Se me amais, GUARDAI OS MEUS MANDAMENTOS (João XIV-15). Aquele que tem os meus mandamentos e que os GUARDA. esse é o que me AMA (João XIV-21). Aquele que TEM os meus mandamentos, explica Cornélio Alápide, quer dizer: "Aquele que tem na memória, no espírito e no afeto os preceitos que de mim ouviu" é preciso tê-los assim, e observá-los. E Santo Agostinho, naquele seu belo e inconfundível estilo, assim desenvolve o pensamento do Mestre: "Aquele que tem os meus mandamentos na memória e os guarda na vida; aquele que os tem nas palavras e os guarda nas obras; aquele que os tem ouvindo e os guarda fazendo; que os tem fazendo e os guarda perseverando, esse é o que me ama". 

   Outra não podia ser a doutrina dos Apóstolos: Esse é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos (1ª João V-3). 

   É por isso que o amor de Deus é chamado o máximo e o primeiro mandamento: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o máximo e o primeiro mandamento (Mateus XXII-37 e 38). Porque para bem observá-lo é preciso observar todos os outros. Se algum disser, pois: Eu amo a Deus, e aborrecer a seu irmão, é um mentiroso, porque aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, como pode amar a Deus, a quem não vê? E nós temos de Deus este mandamento: que o que ama a Deus ame também a seu irmão (1ª João IV-20 e 21). 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O QUE DEVEMOS CRER - ( 2 )

70. A PALAVRA INFALÍVEL DO MESTRE (b). 

   Em outra ocasião (sim, em outra ocasião, pois S. Lucas narra um e outro episódio: X-25 a 28; XVIII-18 a 20), eis que aparece um doutor da lei e faz a Jesus a mesma pergunta: Mestre, que hei de eu fazer para entrar na posse da vida eterna? (Lucas X-25).

   Vejamos agora a resposta de Cristo: Disse-lhe então Jesus: Que é o que está escrito na lei? como lês tu? -  Ele respondendo disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E Jesus lhe disse: Respondeste bem: faze isso e VIVERÁS (Lucas X-26 a 28).

   É claro que Jesus lhe quer dizer: Faze isto e VIVERÁS ETERNAMENTE, pois o que Lhe perguntaram foi o que se devia fazer para ENTRAR NA POSSE DA VIDA ETERNA. Havia dúvidas e discussões entre os judeus sobre o sentido da palavra: o próximo. Muitos estavam inclinados a pensar que o próximo era só o amigo, o patrício, o correligionário; e não o inimigo, o de outra religião, o estrangeiro. O doutor da lei pergunta a Jesus: E quem é o meu próximo? A consulta vem a tempo, porque há grande inimizade e separação entre samaritanos e judeus. Jesus então propõe a parábola do Samaritano; este faz um grande benefício a um judeu que caiu ferido no meio da estrada, benefício que os judeus, seus compatrícios, não quiseram fazer. Tira-se da parábola a conclusão de que o inimigo também é nosso próximo. E depois de apresentar a bela ação do Samaritano, Jesus manda o doutor da lei imitá-lo: pois vai e faze o mesmo (Lucas X-37).

   De tudo isto se conclui o papel importantíssimo que não somente a fé, mas também o AMOR (o amor de Deus e o amor desinteressado do próximo) exerce na consecução da vida eterna, a verdadeira VIDA: Aquele que não AMA permanece na MORTE (1ª João III-14).

   E como é que diante de ensinamentos tão claros, tão simples, tão decisivos do Divino Mestre, os protestantes pregam que só a fé é necessária, que as nossas obras não influem na salvação? 

terça-feira, 28 de maio de 2013

O QUE DEVEMOS CRER ( 1 )

   70. A PALAVRA INFALÍVEL DO MESTRE (a). 

   Jesus, Verdade Eterna, nos ensinou muitas coisas. Havemos de crer em tudo o que Ele disse, para podermos ganhar o Céu: Quem n'Ele CRÊ não é condenado, mas o que não CRÊ já está condenado, porque não crê no nome do Filho Unigênito de Deus (João III-18). Não vamos repetir aqui tudo o que Jesus ensinou. Mas há uma questão que nos está preocupando neste momento: o que é e o que não é necessário para a salvação, não é assim? Pois bem, vamos ver alguma coisa do que Jesus nos diz a este respeito.

   Por felicidade nossa, um dia apareceu um homem que fez a Jesus esta pergunta: Bom Mestre, que obras boas devo eu fazer para alcançar a vida eterna? (Mateus XIX-16).

   É precisamente o problema que ora nos preocupa. 

   Ora, se bastasse a fé para a salvação, a resposta de Jesus só podia ser uma: "Se queres entrar na vida, basta crer em mim, não é preciso mais nada, crê em mim e serás salvo". Se as obras não vogassem nada para a conquista da vida eterna, não fossem causa nem direta, nem indireta da salvação, se não fosse, entre outras coisas, a nossa maneira de proceder que decidisse a nossa sorte na eternidade, Jesus não daria a resposta que deu, não falaria da maneira como falou. E a resposta do Mestre foi esta: Se queres entrar na vida, GUARDA OS MANDAMENTOS (Mateus XIX-17).

   E para que desaparecesse qualquer dúvida, para que ninguém pudesse sofismar sobre o sentido desta palavra MANDAMENTOS, o próprio consulente se encarrega de perguntar que mandamentos são estes. Ele Lhe perguntou: Quais? (Mateus XIX-18). Vejamos agora a resposta do Mestre: E Jesus lhe disse: Não cometerás homicídio; não adulterarás; não cometerás furto; não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe, e amarás ao teu próximo como a ti mesmo (Mateus XIX-18 e 19).

   Se para a salvação basta a fé, se basta estender a mão para recebê-la, como dizem os protestantes, como é que Jesus impõe tantas obrigações para o homem ALCANÇAR A VIDA ETERNA?

   Chamamos a atenção do leitor para o estilo abreviado das Escrituras; a Bíblia não diz tudo num versículo, mas a doutrina completa se obtém conferindo os versículos uns com os outros. O Mestre não fala aí no principal mandamento, que é amar a Deus sobre todas as coisas; cita alguns, porque assim o seu consulente já poderá identificar que mandamentos são estes. Quando houver oportunidade, Jesus falará no máximo e primeiro mandamento (Mateus XXII-38). 

Continua no próximo post.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O VERDADEIRO SENTIDO DA SALVAÇÃO PELA FÉ - ( 13 )

   69. FÉ PARTICULARIZADA (b).


   Não há dúvida que, entre os ensinamentos de Jesus, estão a vida eterna, a remissão dos pecados, a salvação que Ele realizou na cruz, porém muitas outras verdades, inclusive as obrigações que Cristo nos impôs, também estão incluídas nestes ensinamentos. 

   Crer em Jesus é ACREDITAR NA SUA PALAVRA, seja quando Ele nos faz uma promessa (daí a base em que se firma a nossa CONFIANÇA),  seja quando nos anuncia qualquer verdade (daí o fundamento da nossa CRENÇA). Por que é que acreditamos n'Ele quando nos faz as suas promessas de vida eterna? Porque Ele não se engana e nem quer, nem pode enganar-nos. É justamente este o motivo que nos obriga a aceitar tudo o que Ele nos ensina. A posição que tomam os protestantes, colocando a fé salvadora EXCLUSIVAMENTE no ficarmos convictos de suas promessas, sem incluir neste conceito o crédito que havemos de dar a TODAS AS SUAS PALAVRAS, sem irmos verificar nestas infalíveis palavras em que condições a promessa nos é feita, é uma interpretação mesquinha, interesseira, ofensiva ao Divino Mestre e sem nenhum fundamento. Não há nenhum texto da Bíblia pelo qual nos provem que a fé salvadora consiste só NA CONFIANÇA, teoria esta que tornaria completamente inútil todo empenho de Jesus em nos ensinar uma DOUTRINA, indo para o Céu da mesma forma os que aceitam fielmente esta doutrina e os que a rejeitam, torcem, adulteram, falsificam e deformam, exigindo-se apenas a interesseira convicção de que se salvam e nada mais. Todo o que se aparta e não permanece na DOUTRINA DE CRISTO não tem a Deus; e o que permanece na doutrina, este tem assim ao Pai como ao Filho (2ª João verso 9º).

   Crer em Jesus é, portanto, aceitar tudo o que Ele nos revelou, seja promessa, seja doutrina: Se eu vos digo a VERDADE, por que me não CREDES? (João VIII-46). Ele merece todo o nosso crédito, porque é o Filho de Deus: Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo (Mateus XVI-16). Ensinou-nos uma doutrina que se chama o Evangelho: Crede no Evangelho (Marcos I-15). Só nos resta folhear as páginas do Evangelho para vermos. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O VERDADEIRO SENTIDO DA SALVAÇÃO PELA FÉ - ( 12 )

69. FÉ PARTICULARIZADA (a). 

   Vamos ver outras passagens da Bíblia em que aparece a palavra CRER, sempre no sentido de dar crédito àquilo que nos dizem, aceitar uma verdade que nos é proposta.

Maria Santíssima acreditou
que, embora virgem, seria
Mãe. 
   O Anjo Gabriel anuncia a Zacarias que Isabel conceberá um filho. Zacarias não acredita: Por donde conhecerei eu a verdade dessas coisas? porque eu sou velho e minha mulher está avançada em anos (Lucas I-18). O anjo lhe diz: Desde agora ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas sucedam, visto que não deste crédito às minhas palavras (Lucas I-20). Ao contrário Maria Santíssima, que não duvidou das palavras do Anjo, quando este lhe anunciou a Encarnação do Verbo, é elogiada por Santa Isabel: Bem-aventurada tu, que CRESTE, porque se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas (Lucas I-45). Maria Santíssima é enaltecida, porque creu - mas não se trata aí de crer que estava salva - e sim crer que, embora virgem, seria mãe, conforme lhe foi anunciado pelo Anjo.

   São Tiago fala em crer na existência de um só Deus: Tu CRÊS que há um só Deus. Fazes bem; mas também os demônios CREEM e estremecem (Tiago II-19). Trata-se aí de CRER; mas não é esperança de salvação, pois se diz que até os demônios creem (embora saibam que não podem salvar-se).

  Tu CRESTE Tomé, porque me viste; bem-aventurados os que não viram e CRERAM (João XX-29). De que se tratava então? Da confiança de que seria salvo por Jesus? Não; tratava-se do crédito dado às palavras daqueles que lhe deram notícia de um fato: o fato da Ressurreição do Mestre.
 Não podemos falar nesta questão de crer ou não crer, sem que nos venha à lembrança o episódio de São Tomé, a quem Nosso Senhor disse:

   Crer é, portanto, aceitar como verdadeira a palavra de alguém: Veio João a vós no caminho da justiça e não o CRESTES; e os publicanos e as prostitutas o CRERAM;  e vós outros, vendo isto, nem ainda fizestes penitência para o CRERDES (Mateus XXI- 32). Se vós CRÊSSEIS  a Moisés, certamente me CRERÍEIS também a mim, porque ele escreveu de mim. Porém se vós não dais crédito aos seus escritos, como dareis crédito às minhas palavras? (João V-46 e 47). Jesus aí exige dos judeus que creiam n'Ele com a mesma fé com que deveriam crer em Moisés. Porventura a crença em Moisés era CONFIANÇA de que Moisés os salvava, os levava para o Céu de qualquer maneira? Não; a crença que deveriam ter em Moisés era, como diz o próprio Divino Mestre, DAR CRÉDITO às suas palavras, aos seus escritos. 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O VERDADEIRO SENTIDO DA SALVAÇÃO PELA FÉ - ( 11 )

   68. CRER NO EVANGELHO.

   A Bíblia tem outra expressão para resumir numa só palavra o objeto da nossa fé: temos obrigação de crer no Evangelho.
   O Evangelho é o conjunto de toda a doutrina ensinada por Cristo. Quando falamos em Evangelho, logo nos lembramos dos quatro livros que nos narram a vida de Cristo e que têm este título. Mas a palavra já era empregada por Cristo antes de existirem os livros, os quais só foram escritos alguns anos depois que Cristo morreu. É precisamente porque estes livros trazem esta doutrina que tomaram tal nome. Crer no Evangelho é crer na doutrina pregada por Jesus e pelos Apóstolos, doutrina esta que ou está encerrada nos livros do Novo Testamento, ou foi transmitida oralmente aos primeiros cristãos (2ª Tessalonicenses II-14, III-6, 2ª Timóteo I-13 e 14).

   Diz o Evangelho de São Marcos: Depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para Galileia, pregando o EVANGELHO  do reino de Deus dizendo: Pois que o tempo está cumprido e se aproximou o reino de Deus, fazei penitência e CREDE NO EVANGELHO (Marcos I-14 e 15). 

   E é depois de dizer aos Apóstolos: Ide por todo o mundo; pregai o EVANGELHO  a toda a criatura (Marcos XVI-15), que Jesus lhes diz: O que CRER  e for batizado será salvo; o que, porém, não CRER será condenado (Marcos XVI-16). Não é, portanto, a crença só nesta ou naquela verdade, muito menos a impressão de que estamos salvos por Jesus, embora sem o merecermos; é a crença em toda a doutrina de Jesus, a qual é pregada pelos Apóstolos, que é exigida para a salvação. 

   E São Pedro diz no Concílio de Jerusalém: Vós sabeis que desde os primeiros dias ordenou Deus entre nós que da minha boca ouvissem os gentios a palavra do EVANGELHO  e que CRESSEM (Atos XV-7), o mesmo São Pedro que diz na sua 1ª Epístola: Qual será o paradeiro daqueles que não CREEM no EVANGELHO de Deus? (1ª Pedro IV-17). 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O VERDADEIRO SENTIDO DA SALVAÇÃO PELA FÉ - ( 10 )

   67. CRER EM CRISTO - FILHO DE DEUS.

   Cristo ensinou muitas coisas, quando andava neste mundo. Para exprimir a nossa fé em tudo o que Ele ensinou, a gente não precisa relembrar, um por um, todos os seus ensinamentos, pode resumir tudo isto num só artigo: Creio que Jesus é o Filho de Deus; crendo na divindade de Cristo temos que crer necessariamente em tudo o que Ele disse.

   Assim resumida foi a profissão de fé que fez Marta, a irmã de Lázaro. Jesus lhe diz: Eu sou a ressurreição e a vida; o que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá eternamente. Crês isto? (João XI-25 e 26). Marta Lhe responde: Sim, Senhor, eu já estou na CRENÇA de que tu és o Cristo, Filho de Deus Vivo, que vieste a este mundo (João XI-27).

  Nestas palavras estava logicamente incluída a fé em todo o ensino de Jesus; embora Marta não conhecesse perfeitamente todos os dogmas do Cristianismo, contudo neles cria implicitamente, porque cria em Jesu que os ensinou.

   Um exemplo pitoresco e edificante da disposição de crer em tudo o que Jesus disser, se vê no cego de nascença a quem o Mestre concedeu a vista e, dias depois, perguntou: Tu CRÊS no Filho de Deus? (João IX-35). O cego não sabe ainda quem é o Filho de Deus; mas o que Jesus disser, ele acredita. Aponte Jesus quem é o Filho de Deus e ele está disposto a aceitá-Lo. Quem é Ele, Senhor, para eu crer n'Ele? Disse-lhe, pois, Jesus: Até tu já O viste, e é Aquele mesmo que fala contigo. Então respondeu ele: Eu CREIO, Senhor. E prostrando-se, O adorou (João IX-36 a 38). 

   Jesus, sendo o Filho Unigênito do Pai (João 1-14) é necessariamente cheio de graça e de VERDADE (João 1-14) e bem pode dizer: Eu sou o caminho e a VERDADE e a vida (João IV-6). Por isto, só poderia ser exato o que Lhe disseram os fariseus, embora não o dissessem com reta intenção: És VERDADEIRO,  e ensinas o caminho de Deus pela VERDADE (Mateus XXII-16). Seria absurdo, portanto, pensar que crer que Jesus é o Filho de Deus quer dizer somente, crer na divindade ou na divina missão de Jesus e nada mais, sem tirar daí a conclusão lógica, inevitável, imperiosa de que é necessário crer tudo o que Jesus disser. 

   

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O VERDADEIRO SENTIDO DA SALVAÇÃO PELA FÉ - ( 9 )

   66. CRER OU NÃO CRER.  

   Crer em Jesus é, portanto, aceitar como verdade tudo o que Jesus nos ensinou; uma vez que Ele é o Filho de Deus, igual ao Pai, temos que reconhecer como verdadeiro tudo o que Ele disser, ainda que seja um mistério, ainda que o não possamos compreender. Isto se mostra claramente no capítulo 6º de São João, onde se vê um choque entre Jesus e os judeus que n'Ele não querem crer. 

   Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós. O que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia, porque a minha carne VERDADEIRAMENTE  é comida; e o meu sangue VERDADEIRAMENTE  é bebida (João VI-54 a 56).
Jesus lançou perante os judeus a seguinte afirmação:

   O que significam estas palavras? Depois (em outra oportunidade) teremos ocasião de explicar. Por enquanto, pode o leitor perguntar a qualquer um desses protestantes que andam por aí, ilustríssimos, sapientíssimos e entusiasmadíssimos intérpretes das Sagradas Escrituras, o que quer dizer: comer a carne de Cristo, beber o Sangue de Cristo. Se ele disser que significa crer em Cristo, peça-lhe que prove, por especial obséquio, com citações da Bíblia ou de qualquer escritor do mundo, que comer a carne de uma pessoa é o mesmo que crer nela; beber o seu sangue é o mesmo que fazer um ato de fé. O que é fato é que os ouvintes, como não podia deixar de ser, tomaram as palavras de Cristo no sentido de que Ele falava em dar mesmo a sua carne para comer, o seu sangue para beber. Cristo falava sério, não estava brincando, porque Ele nunca falou brincando, nem para enganar a ninguém. 

   Qual a reação que aquelas palavras do Mestre produziram entre os seus ouvintes? Uns pensaram assim: Jesus não erra, não mente, não engana, Ele tudo pode fazer, porque o poder de Deus está n'Ele, se Ele disse que dará sua carne para comer, é porque vai dar mesmo. Outros, porém, acharam isto impossível e absurdo: Como pode este dar-nos a comer a sua carne? (João VI-53). Duro é este discurso e quem o pode ouvir? (João VI-61). Jesus se queixa de sua incredulidade: Há alguns de vós outros que não CREEM (Jorão VI-65). Porque bem sabia Jesus desde o princípio quais eram os que não CRIAM (João VI-65). 

   Trata-se aqui, portanto deste assunto: CRER ou NÃO CRER. Mas crer ou não crer não é, no caso, confiar ou não confiar em que se vai para o Céu mas: ACREDITAR OU NÃO ACREDITAR  na revelação tão espantosa que Jesus acabara de fazer, isto é, que daria sua própria carne para comer, seu próprio sangue para beber. Não resta a menor dúvida E tão obstinados ficaram aqueles em não crer em Jesus, que O abandonaram de vez: Desde então se tornaram atrás muitos de seus discípulos e já não andavam com Ele (João VI-67).

   Jesus volta-se então para os doze. Quererão eles ir embora também, pelo fato de acharem impossível Jesus dar a sua carne para comer, o seu sangue para beber? Quererão eles, também, dizer: Não creio; não Vos sigo mais? Simão Pedro, o primeiro dos Apóstolos, o chefe de todos eles, se encarrega de falar em seu nome e em nome de todos: Senhor, para quem havemos de ir? Tu tens palavras de vida eterna; e nós temos CRIDO  e conhecido que tu és o Cristo, Filho de Deus (João, VI-69 e 70). Primeiro creram sem ter visto os grandes prodígios; depois à vista dos grandes milagres e pela convivência com o Mestre, conheceram ainda melhor que Jesus é o Filho de Deus, e, portanto, infalível.

   Aqui vemos claramente o que o Evangelho entende pela palavra CRER.  Crer não é lançar-me aos pés de Jesus e procurar sugestionar a mim mesmo que eu, pessoalmente, eu, Fulano de tal estou salvo, infalivelmente salvo. Crer é aceitar tudo o que Jesus disse, mesmo que isto se me afigure dificílimo, incompreensível, misterioso, impossível aos meus olhos; se ele diz, é porque está certo; se Ele diz que faz, é porque faz mesmo. E o fundamento da fé é magistralmente apresentado por São Pedro: Jesus não pode mentir, não pode enganar a ninguém, porque é o Cristo, Filho de Deus e, como tal, tem palavras de vida eterna. 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O VERDADEIRO SENTIDO DA SALVAÇÃO PELA FÉ - ( 8 )

65.  NOÇÃO LEGÍTIMA DE FÉ.

   Desfeita a ilusão protestante, que pretende confundir a fé com a esperança, vejamos o que significa a palavra CRER.

   Quando dizemos a uma pessoa: Creio em Você, significamos com isto que aceitamos como sendo verdadeiro o que esta pessoa nos está dizendo, disto estamos convictos, embora nada tenhamos visto nem presenciado, porque estamos certos de que a referida pessoa não é capaz de nos enganar.

   Aqui, neste assunto de crença religiosa, crer é estar convicto das verdades reveladas, não porque foi a nossa razão que nos disse que era assim, mas porque Deus o disse, e Deus não nos engana, nem pode enganar-se: Se nós recebemos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior (1ª João V-9).

   Deus merece todo o nosso crédito, porque é a Suma Verdade; e aparecendo Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, Deus se encarregou de dar o testemunho em favor de Jesus Cristo, mostrando que suas palavras eram palavras de Deus e mereciam toda a nossa aceitação: Este é aquele meu Filho especialmente amado; OUVI-O (Lucas IX-35). Este é o meu Filo amado, no qual tenho posto toda a minha complacência (Mateus III-17).

   O testemunho de Deus a favor de Jesus não foi dado somente por palavras, mas também pelos milagres, obras divinas, que por Jesus foram realizadas: As obras que eu faço em nome de meu Pai, elas dão testemunho de mim (João X-25). Se eu não faço as obras de meu Pai, não me creiais; porém, se eu as faço, e quando não queirais crer em mim, crede as minhas obras, para que conheçais e creiais que o Pai está em mim, e eu no Pai (João X-37 e 38).

   Tendo Jesus a seu favor o testemunho divino, crer em Jesus é o mesmo que crer em Deus; duvidar de Jesus é duvidar de Deus: A minha doutrina não é minha, mas é d'Aquele que me enviou (João VII-16). O que me enviou é verdadeiro; e eu o que digo no mundo é o que d'Ele aprendi (João VIII-26).

   Se cremos na doutrina de Jesus, cremos também que Ele é Deus e igual ao Pai: Eu e o Pai somos uma mesma coisa (João X-30).