sábado, 31 de dezembro de 2016

A CONFISSÃO BEM FEITA TORNA O PECADOR DE NOVO CAPAZ DE FAZER OBRAS MERITÓRIAS

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

É óbvio, mas nunca será demais lembrar que os efeitos maravilhosos da absolvição sacramental, só existirão quando a confissão for bem feita. E, com a graça de Deus, vamos hoje meditar em mais um importantíssimo efeito da confissão: o pecador, recuperando a graça santificante, passa a merecer novamente, isto é, volta a fazer obras que têm merecimento sobrenatural para a vida eterna.

Na verdade, a confissão bem feita comunica-nos a graça santificante, como já meditamos em postagem anterior. Ora, esta graça é que nos torna capaz de fazer obras meritórias.  A alma morta pelo pecado grave não pode se mover e dar frutos salutares para a vida eterna. Dizemos na Teologia que as obras embora boas que se praticam enquanto o pecador ainda está no estado de pecado mortal, são obras "MORTAS". E estas nunca ressuscitarão. Mas as obras boas que uma pessoa tenha praticado enquanto estava na graça de Deus, estas obras, digo, são meritórias para o céu, são sobrenaturais. Todas, no entanto são perdidas com o pecado mortal. São obras chamadas na Teologia de "MORTIFICADAS". Estas é que são ressuscitadas pelas absolvição sacramental. E além disso, como veremos agora, a partir daí, isto é, recuperada que foi a graça santificante, a alma volta a merecer sobrenaturalmente, ou seja, passa novamente a fazer obras meritórias que têm valor para o céu.

Esta graça santificante é, na expressão do próprio Jesus Cristo, "aquela fonte de água viva que jorra para a vida eterna" (S. João, IV, 14). O filho adotivo de Deus, que dirige suas obras a Deus, dá a estas obras um valor sobrenatural e divino, que as torna dignas do céu, porque são obras da graça do Espírito Santo que habita em nós. Quando uma alma está na graça de Deus e a pessoa oferece suas ações a Deus, estas obras são divinizadas. E Deus as aceita e as julga dignas de uma recompensa eterna, sendo que cada uma produz em nós, segundo o Santo Concílio de Trento, "um aumento de graça nesta vida e um igual grau de glória na outra".

Conta-se que um dia, S. Francisco de Assis, chegando às portas da cidade de Senna, aí fincou seu bordão e no mesmo instante esse pedaço de pau seco, criou raízes, cobriu-se de folhas, de flores e frutos. A alma no estado de pecado mortal é uma árvore morta que não pode produzir frutos para a vida eterna. Ninguém pode ressuscitar os mortos senão Deus e aqueles a quem Deus comunica o seu infinito poder. Pois bem, Deus deu ao confessor o poder admirável de dar a vida às almas mortas pelo pecado mortal, por meio da absolvição sacramental. A graça santificante que as almas recuperam então, como uma seiva divina torna-as capazes de produzir obras sobrenaturais e meritórias. "Eu sou a vinha, disse Jesus, e vós sois as varas. Aquele que permanece em mim e eu nele, produz muito fruto" (S. João XV, 5).


Caríssimos, que tesouro de merecimentos pode ajuntar uma alma em estado de graça! A cada instante, em cada uma de suas ações, em cada uma de suas afeições, a alma pode adquirir uma glória eterna. Todo ato de amor que ela pratica merece um paraíso à parte. Ah! se os pecadores compreendessem bem esta verdade, não ficariam um só instante em estado de pecado.  Este é aquele tesouro que Nosso Senhor Jesus Cristo manda a gente juntar lá no céu, tesouro este que o ladrão da morte não rouba, a traça não rói nem a ferrugem consome!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

A ABSOLVIÇÃO SACRAMENTAL DÁ À ALMA UMA BELEZA TODA CELESTIAL

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

Parte superior: representação da alma no estado de graça.
Na parte inferior: representação da alma em pecado mortal.

Basta meditarmos que a alma em estado de graça é morada do próprio Deus!!! "A Trindade Santíssima, diz o sábio Cornélio a Lápide, habita pessoal e substancialmente na alma em estado de graça, e nela permanece como em seu templo, enquanto esta alma se mantém em estado de graça".
O Espírito Santo fez ver um dia a Santa Teresa d'Ávila a Santíssima Trindade presente e viva em sua alma. "Eu vi distintamente em minha alma, disse ela, as três pessoas divinas, e compreendi o sentido destas palavras de Jesus Cristo: As três pessoas divinas habitarão na alma que vive em estado de graça".

Esta grande verdade é afirmada pelo próprio Jesus Cristo claramente nas Sagradas Escrituras: "Se alguém me ama, meu Pai o amará também, e nós viremos a ele e nele faremos morada". (S. João XIV, 23). E São Paulo diz o mesmo: "O amor de Deus foi difundido em nossos corações pelo Espírito Santo, que habita em nós" (Rom. V, 5). E, coisa admirável! se ele habita em nós, nós também habitamos n'Ele. "Aquele que habita nos céus, diz Santo Anselmo, Aquele que reina sobre os anjos, Aquele diante do qual se inclinam a terra e os céus com tudo que eles encerram, Aquele mesmo dá-se a nós para ser nossa morada". Pois, aquele que está no amor, quer dizer, em estado de graça, está em Deus, e Deus está nele, como atesta a palavra divina na primeira Epístola de S. João IV, 16.

Caríssimos, que tristeza nos causa ver o pecado mortal, qual terrível incêndio, destruir este palácio da graça em nossa alma!!! Mas, por outro lado, quão maravilhoso é, ver o poder da absolvição levantar novamente das ruínas, este palácio!!!

São Filipe Neri dizia um dia a um dos seus discípulos: "Oh! meu filho, como vossa fisionomia está nojenta"! O moço compreendeu, e apressou-se a ir confessar-se. Quando voltou, seu bom pai lhe disse: "Agora estais belo, meu filho; eis aí como vos amo!"

São José Cupertino dizia ao criado de um cardeal: "Como! meu filho, tu serves a um tão nobre senhor, e não tens vergonha de sair com uma aparência tão imunda?. Vai, pois, lavar-te" O homem foi imediatamente confessar-se; depois voltou para junto do santo, que, abraçando-o, disse: "Meu filho, agora eis que te vejo formoso; ainda há pouco estavas horrível!"

São Bernardo tinha razão em dizer: "Amai a confissão, é ela que nos torna agradáveis aos olhos de Deus, quando é feita com verdadeira dor dos pecados. Amai a confissão, se amais a beleza da vossa alma".

Santo Agostinho já tinha dito: "Se quereis realçar em beleza, confessai-vos; sois disforme, confessai-vos para vos tornardes belo; sois pecador, confessai-vos para vos tornardes justo".


Certa vez um jovem já ia entrando na sacristia onde estava o Padre Pio, e este disse-lhe: "Afasta-te daqui, porco!". O moço sai correndo e tremendo. Mas foi meditar no porquê daquela palavra "porco". E, tocado pela graça, reconheceu que ele, pelos pecados que trazia na alma, era verdadeiramente um porco, em certo sentido, bem pior, porque sua sujeira era culposa e na alma. Voltou e pediu confissão ao Padre Pio que o acolheu com toda bondade. E no fim disse-lhe o grande santo: "Vai em paz, você é belíssimo, és filho de Deus!" 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

EFEITOS DO SACRAMENTO DA CONFISSÃO

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

Em artigos anteriores já tive oportunidade de mostrar como o Sacramento da Penitência constitui a obra prima da misericórdia  divina. Ao tratar dos efeitos da confissão poderemos constatar ainda melhor esta verdade. É óbvio que todas os maravilhosos efeitos da confissão se dão quando o pecador está bem disposto. Do contrário, é claro, este grande remédio, seria transformado pelo pecador, em veneno, ou, no mínimo o inutilizaria.

PRIMEIRO EFEITO: O perdão de todos os pecados cometidos depois do batismo. É de fé, pois Nosso Senhor Jesus Cristo disse: "Os pecados serão perdoados àqueles a quem vós os perdoardes" (S. João XX, 23). Assim, pois, no mesmo instante em que o confessor diz: Ego te absolvo...etc., m pecador, por mais criminoso que seja, deixa de ser pecador diante de Deus: todos os seus pecados são apagados, contanto, como já acabamos de notar, que ele tenha as disposições necessárias. E, caríssimos, e necessário ressaltar que os pecados são APAGADOS,  e não ENCOBERTOS, como loucamente têm pretendido os protestantes. S. João Batista dizia mostrando o Salvador: "Eis o Cordeiro de Deus que apaga (tira) os pecados do mundo" (S. João I, 29). O que é encoberto existe ainda; o que é apagado é inteiramente destruído.

E absolvição apaga os pecados para toda a eternidade. É o que significam estas palavras das Sagradas Escrituras: "Deus lançará todas as nossas iniquidades no fundo do mar (Miquéias VII, 19). "Vós lançastes meus pecados para traz das vossas costas" (Isaías, XXXVIII, 17). "Se o pecador fizer penitência, não me lembrarei mais das iniquidades que cometeu" (Ezequias, XVIII, 21). E isto não uma vez, nem sete vezes, porém, tantas quantas o pecador se confessar com arrependimento, como o decretou o Santo Concílio de Trento.

Além disto a absolvição perdoa todos os pecados, por mais numerosos e por mais enormes e extraordinários que sejam: "TUDO que desligardes na terra, será desligado no céu" (S. Mateus XVI). Quem diz TUDO não excetua coisa alguma.


Um exemplo: Uma mulher de má vida, atravessando um dia uma igreja para encurtar seu caminho, viu um grande número de pessoas que entravam com ânsias, e que pareciam estar à espera de alguma coisa extraordinária. Curiosa por saber o que se ia passar, tomou lugar como as outras; e aumentando a multidão ela achou-se logo cercada de tal modo, que lhe foi de todo impossível retirar-se. Algum tempo depois, um missionário subiu ao púlpito, e pregou sobre a bondade de Deus para com os pecadores. Ele repetia várias vezes: "Para todo o pecado há misericórdia, contanto  que o pecador se arrependa dele". Aquela mulher, que tudo tinha escutado com atenção, prendeu-se principalmente a essas palavras que a tinham tocado. Assim que terminou o sermão, ela atravessou a multidão aproximando-se do pregador. No momento em que este descia do púlpito, disse-lhe pressurosa: "é verdade, padre, que para todo o pecado há misericórdia?  -  Nada mais certo, respondeu ele; Deus perdoa a todos os pecadores contanto que se arrependam.  - Mas, replicou a mulher, há várias espécies de pecadores; Deus perdoará a todos indistintamente?  -  Sim, respondeu o pregador, contanto que eles detestem todos os seus pecados.  - Perdoará Deus a mim, que há 15 anos cometo os maiores pecados?  -  Sem dúvida, se quiserdes arrepender-vos e não cometê-los mais.  -  Se assim é, peço-vos marcar-me uma hora para me ouvir em confissão.  - Ouvir-vos-ei hoje mesmo, preparai-vos, que estarei às vossas ordens daqui a pouco". O missionário voltou alguns instantes depois, para ouvi-la. A confissão da pecadora durou muito tempo, terminando só à noite. Antes de retirar-se, ela disse: "Padre, não posso voltar para casa sem me expor ao perigo de cair nos mesmos pecados. Não poderíeis procurar-me um asilo para este noite? O missionário mostrou-lhe como isto não podia em hora tão avançada. Resolveu-se então a mulher a ficar na igreja até o dia seguinte, sendo que no dia seguinte foi encontrada morta, em uma capela dedicada â Santíssima Virgem; estava de joelhos, com a face prostrada sobre o chão molhado das lágrimas que ela tinha derramado. Chorara tão amargamente os seus pecados, que morrera de dor. 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

QUANDO É PRECISO CONFESSAR-SE

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

 A Santa Igreja no Código de Direito Canônico assim determina no cânon 989: Todo fiel que tenha atingido a idade da discrição, está obrigado a confessar fielmente os pecados graves, ao menos uma vez ao ano. O Catecismo diz assim: Segundo mandamento da Igreja: "Confessar-se ao menos uma vez cada ano". Este 'AO MENOS' é para indicar que a Santa Igreja deseja que nos confessemos mais vezes. Como Nossa Senhora de Fátima pediu para a prática dos Cinco Primeiros Sábados, a confissão, os fiéis devotos confessam-se todos os meses. Quanto bem isto faz à alma!!!

Mas a Igreja tem o direito de nos impor esta obrigação? Sem dúvida, porque Nosso Senhor Jesus Cristo disse: "Ide, ensinai a todas as nações; quem vos ouve a mim ouve, quem não vos ouve, seja tido como pagão. Assim como meu Pai me enviou, assim também eu vos envio" (S. Mateus, XXVII, 19; S. Lucas, X, 19; S. João XX, 21).  A Igreja recebeu, pois, de Jesus Cristo, o mesmo poder que Ele tinha, por conseguinte, o poder de fazer leis. Eis aqui uma lei que a Igreja fez, cuja observância obriga sob pena de pecado mortal.

Aqui vamos mostrar como as várias objeções contra a confissão são aniquiladas por tudo o que nos artigos anteriores já escrevemos. Geralmente as objeções que se fazem contra a confissão são: Segundo uns a confissão não serve senão para crianças ou, quando muito, para mulheres devotas; segundo outros, é suficiente confessar-se a Deus, é degradante ir-se ajoelhar ante um padre; em todo caso, para que precisa o padre saber dos nossos pecados? Há quem diga: "é desagradável confessar-se, não tenho coragem; tenho medo do confessor; zombarão de mim". Há quem se glorie de não ter necessidade da confissão sob pretexto de ser muito honesto. Enfim, há muitos que declaram francamente que não querem confessar-se para não serem obrigados a guardar castidade, a fidelidade conjugal, e a restituições.

Como eu disse acima, todas estas objeções são completamente desfeitas, aniquiladas pelo que já foi dito sobre o sacramento da confissão, a saber: 1º  - a confissão foi estabelecida por Deus; 2º - Deus a impôs e a ordenou ao pecador. Se a confissão foi estabelecida por Deus, quem a destruirá? Se Deus a ordena, desgraçado daquele que não se confessa. Pois, a confissão ou o inferno, não há meio termo.
Pois bem, ou confessareis vossos pecados em segredo ao padre, neste mundo, com o coração contrito, ou então ireis confessá-los no inferno com os réprobos derramando lágrimas eternas. Escolhei... sêde prudente, pois se trata aqui de vós mesmos, dos vossos mais caros interesses, de vossa felicidade e de vosso futuro, em uma palavra, da vossa eternidade.

Os mundanos e os ímpios cercam a confissão, esta grande obra da misericórdia divina, com todas as objeções que pode inventar o orgulho, a cobardia e a corrupção do coração. Mas que são todas estas objeções, senão bolas de neve que se derretem aos primeiros raios do sol divino? Este ataque verdadeiramente pueril dos inimigos da Igreja se dá há 20 séculos, e que, apesar do número e da força dos agressores, a confissão não sofreu nenhum abalo. Está bem estabelecido o que Deus estabeleceu.
Caríssimos, não negamos que uma dúvida sobre a confissão possa surgir no espírito de um homem assisado, mas então a prudência quer que se estude a questão sem prevenção, e que se consultem os homens que melhor nos podem esclarecer.


O melhor meio para compreender e apreciar a confissão, é confessar-se; é mesmo o melhor meio para crer nela quando se julga não crer. Eis um exemplo esclarecedor sobre isto: A 21 de dezembro de 1858 apresentou-se ao santo Cura d'Ars um nobre senhor, muito bem vestido, de uns 50 anos de idade, trazendo no paletó a roseta de Legião de Honra. "Sr. Cura, venho conversar convosco sobre um assunto sério".  -  "Bem - respondeu com amabilidade o zeloso padre, ajoelhai-vos ali" e com o dedo mostrou-lhe um banquinho.  -  Sr. Cura, disse o homem, eu não venho confessar-me.  - Então para que vindes?  -  Venho para discutir.  - Para discutir? Mas eu não sei discutir! Ajoelhai-vos ali.  -  Mas, Sr. Cura, tive a honra de dizer-vos que não vim para me confessar. Não tenho fé, não creio, e...  -  Não tendes fé? pobre homem! Sou muito ignorante, mas vejo que sois mais ignorante do que eu. Ao menos, eu sei o que é preciso crer, e vós nem isto sabeis. Fazei o que vos digo; ajoelhai-vos ali.  -  É justamente sobre a confissão que tenho dúvidas, respondeu o homem, um pouco atrapalhado. Não me quero confessar sem crer, isso seria uma comédia que vós não desejaríeis.  -  Crede, meu amigo, eu sei disso, ajoelhai-vos ali. Vivamente impressionado com o aspecto de santidade que brilhava em torno do Cura d'Ars, e do tom das suas palavras cheias de fé, de sua humildade e de sua amável simplicidade, primeiro colocou um joelho sobre o banquinho e depois o outro. O santo confessor tratou-o com autoridade e bondade paternais. Um quarto de hora depois o senhor levantou-se, com o rosto banhado de lágrimas, lágrimas de alegria. E o senhor contava a todos que podia que, terminada a confissão, o Cura d'Ars dissera-lhe: "E agora, meu filho,  vamos  resolver suas dúvidas sobre a fé. Responde-lhe o penitente: "Senhor cura, não tenho mais nenhuma dúvida!". É que após a confissão, seu coração estava limpo e bem puro, e, então podia ver a Deus!!!

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O PADRE MARIA AFONSO RATISBONNE

   
    O padre Maria Afonso Ratisbonne merece, com justiça, o título de bom servo da Santíssima Virgem.
    Ele deve a sua conversão do judaísmo e da maçonaria à verdadeira religião à Santíssima Virgem que se dignou aparecer-lhe, ordenando-lhe que se fizesse católico e sacerdote. É o que consideramos em  postagens anteriores.
   O padre Maria Ratisbonne, agradecido por tantas preciosas graças, tornou-se um grande devoto de Maria Santíssima.
    Um profundo pesar, porém, lhe amargurava a vida: sua boa mãe era judia e, de modo algum, queria seguir o exemplo do filho.
    O padre rezava e suplicava, sem cessar, à Mãe de Deus pela conversão da mãe , com ilimitada confiança.
    Mas tudo parecia em vão. A mãe do padre adoeceu gravemente, entra em agonia e morre, sem dar o mínimo sinal de conversão.
    O padre Maria Ratisbonne estava como fora de si e continuamente dizia consigo mesmo: "Por que é que a Virgem Senhora não teve compaixão de mim e não salvou a minha pobre mãe? Eu era muito pior e ela me converteu!"
    Passado algum tempo, chega-lhe a visita de um sacerdote, que traz a mais alvissareira das notícias: o sacerdote vinha em nome da Santíssima Virgem Maria.
    O visitante enviado por Nossa Senhora disse ao padre Maria Ratisbonne: "Alegra-te, padre Ratisbonne venho trazer-te uma notícia, que creio ser a mais feliz de sua vida sacerdotal: sou enviado por Nossa Senhora. Ela apareceu a uma alma predileta de Deus e lhe deu o ordem de comunicar a V. Revma. o seguinte: "Quando a mãe do padre estava em agonia, eu a Mãe de Jesus fui falar com meu Filho e lhe disse: "Meu Filho, eu te peço que não permitas que se condene eternamente a mãe do meu servo , o padre Maria Afonso Ratisbonne". E, continua Nossa Senhora, um raio de graça eficaz saído do Coração de Jesus, iluminou a agonizante, que morreu com o arrependimento perfeito e com o desejo do santo batismo e assim se salvou". O padre Ratisbonne cai de joelhos, beija a Santa Medalha Milagrosa, eleva as mãos para o céu para agradecer a sua Mãe Celeste e saudar a sua mãe da terra que agora era também do céu. Um rio de lágrimas brotou de seus olhos, lágrimas de alegria, lágrimas de amor e gratidão a Maria Santíssima!

CONFISSÃO NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTOS

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

Antes da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo a confissão existia mas não como sacramento, porque todos os Sacramentos foram instituídos pelo Divino Salvador. No Antigo Testamento existia, mas apenas como meio dado ao pecador para obter o seu perdão. Para se livrar da confissão seria, pois, preciso abafar a voz da natureza; ela clama a todos os culpados que não há perdão sem arrependimento e não há arrependimento sem acusação da falta cometida. Quem não reconhece sua falta e a confessa é porque dela não se arrepende. E assim, não pode ser perdoado.

Adão e Eva foram os primeiros pecadores e os primeiros penitentes; eles se confessaram, desculpando-se, é verdade, mas nisso eles fizeram o que fazem ainda tantos cristãos que se acusam lançando a culpa sobre os outros. Adão disse: "a mulher que Vós me destes por companheira apresentou-me o fruto da árvore proibida e eu comi. Eva disse: " a serpente me enganou e eu comi" - Eu comi, eis aí a confissão. (Cf. Gênesis III, 12).

Davi confessou sua culpa ao profeta Natan: "Eu pequei" (2 Reis XII, 13).

O filho pródigo, apresentado por Jesus Cristo como modelo de arrependimento, acusa seus erros dizendo: meu pai, eu pequei contra o céu em vossa presença (S. Lucas XV, 18). O bom ladrão na cruz fez uma confissão pública: "quanto a nós recebemos o que mereceram as nossas obras" (S. Lucas, XXIII, 41).

A confissão era formalmente prescrita pela Lei Mosaica: "Anunciai isto aos filhos de Israel  -  disse o Senhor a Moisés  - quando um homem ou uma mulher cometerem um dos pecados que acontecem de ordinário aos homens, eles confessarão a falta que cometeram" (Num. LV).  Estas últimas palavras: "as faltas que cometeram" demonstram evidentemente uma confissão particular e bem determinada. Esta confissão devia-se fazer ao sacerdote como atestam o Levítico capítulo V, e a tradição judaica; fazia-se ao ouvido do sacerdote e não era conhecida senão por ele.


"Quando Jesus Cristo veio ao mundo, diz um autor, ele achou a confissão estabelecida e, impondo aos fiéis a obrigação de se confessar, não deu uma lei nova, não fez senão confirmar e aperfeiçoar uma lei já existente, ele que veio, não destruir a lei, mas aperfeiçoá-la (S. Mateus V, 17). Algo semelhante ao que aconteceu com o matrimônio. Assim como Jesus Cristo elevou o matrimônio à dignidade de sacramento, também elevou a confissão à mesma dignidade, ligando-lhe graças especiais, tornando-a parte essencial do sacramento da penitência. É isto que explica porque o preceito da confissão não excitou murmuração alguma entre os judeus e os gentios. Estavam habituados; nada lhes parecia mais natural; uma tradição constante e universal fazia sentir a necessidade indispensável da confissão". 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

A NECESSIDADE DA CONFISSÃO AFIRMADA POR SANTOS PADRES E CÉLEBRES ESCRITORES

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

S. Basílio (+ 380) em termos formais diz: "Consideramos como obrigatório para todos a confissão dos pecados àqueles a quem confiada a dispensa dos mistérios de Deus".

Santo Ambrósio (+ 397) diz: "Uma humilde confissão é a melhor defesa que o pecador pode fazer. É chorando por nossas faltas cometidas que escaparemos à pena eterna, que seria inevitável se procurássemos justificá-las".

Santo Agostinho (+ 430), comentando esta passagem dos Salmos "Entrai pela porta que conduz a Deus, pela confissão" (In Ps. 97) diz: "Por estas palavras o profeta declara que ninguém pode chegar à porta da misericórdia de Deus, senão pela confissão de seus pecados. O começo das boas obras é a confissão das más".

Tertuliano (+ 216), célebre escritor eclesiástico, já dizia: "Alivia-se o peso dos pecados confessando-os, tanto quanto se os agrava ocultando-os. A confissão é um começo de satisfação; a dissimulação é um ato de revolta... Vale, pois, mais vos condenardes ocultado vossos pecados do que vos salvardes confessando-os?... A confissão vos causa temor? Pensai nas chamas do inferno que a confissão extinguirá para vós. Refleti na enormidade do castigo para não mais hesitardes quanto à adoção do remédio".

O célebre e seguro autor espiritual Mons. Gaume diz que a confissão foi sempre considerada como o único meio para se obter o perdão dos pecados.

Caríssimos, é mesmo impossível que haja um outro meio de perdão. Com efeito, se houvesse na religião outro meio além da confissão, para se restabelecer na graça de Deus; se bastasse, por ex., humilhar-se em sua presença, jejuar, orar, dar esmolas, declarar-lhe sua falta no íntimo do coração, que aconteceria? Que ninguém mais se confessava. Pois quem seria bastante simples para ir solicitar, com um tom suplicante, aos pés de um homem, uma graça que poderia facilmente obter sem ele, e contra a sua vontade? Então que seria da confissão estabelecida pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo (Cf. S. João, XX, 21 a 23).  - Cairia em desuso e ficaria sem efeito no mundo. Que seria do magnífico poder que Ele deu aos seus ministros de perdoar ou reter os pecados? Não é evidente que este poder tão admirável e divino tornar-se-ia um poder ridículo e completamente irrisório visto que nunca teriam de exercê-lo? Assim, ou há obrigação para todos os pecadores confessarem seus pecados ao padre, ou então Jesus Cristo zombou de seus ministros dizendo-lhes: os pecados serão perdoados a quem os perdoardes, etc. E teria igualmente zombado deles quando lhes disse: dar-vos-ei as chaves do reino dos céus (S. Mateus, XVI, 19). De que lhes serviria ter as chaves do céu se nele se pudesse entrar sem que fosse aberto pelo seu ministério?

Mas, não falte quem pergunte: Padre, mas a contrição perfeita não perdoa o pecador na hora? Respondo: é verdade! Mas é necessário estar lembrado que não se faz um ato de contrição perfeita sem que ao mesmo tempo  tenha o desejo da confissão. Ademais devemos dizer que ninguém é bom juiz em causa própria: quem tem segurança de ter conseguido obter uma contrição verdadeiramente perfeita? Com a confissão é segurança é muito maior, porque com a absolvição basta o penitente ter a contrição imperfeita, ou também chamada atrição. É muito mais fácil alguém se arrepender meditando no inferno que mereceu e no céu que perdeu, do que se arrepender sendo movido unicamente pela ofensa feita ao Sumo Bem e Benfeitor, nosso Pai que nos amou de tal modo que nos deu o seu próprio Filho, isto é, arrepender-se tendo como motivo o amor de Deus. Contudo, caríssimos, é sumamente louvável que procuremos sempre ter a contrição perfeita, mas o próprio Espírito Santo, sabendo da nossa fraqueza, aconselha-nos a meditar em nossos novíssimos: "Meditai nos vossos novíssimos e não pecareis jamais".

Como devemos estar sempre no estado de graça, devemos meditar assiduamente na Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo! Procurar em todas as ocasiões fazer atos perfeitos de amor a Deus. 


Quero lembrar outra verdade importantíssima: Se formos confessar levando no coração o ato de contrição perfeita é certo que a purificação da alma é muito maior, neste sentido que também ficam perdoadas as penas temporais justamente segundo o grau do amor a Deus. O fogo do amor de Deus purifica mais que o fogo do purgatório, pelos merecimentos infinitos de Nosso Senhor Jesus, merecimentos estes que as almas do Purgatório não têm mais à sua disposição. 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

OS SANTOS PADRES E O SACRAMENTO DA CONFISSÃO

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Santo Ambrósio (séc. IV) dizia: "Segundo a declaração de Nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que tem o poder de ligar tem também o de desligar. É um direito reservado exclusivamente aos padres. Os verdadeiros padres são os que a Igreja ordena. Aquele que recebeu o Espírito Santo pela ordenação, recebeu o poder de ligar como o de desligar os pecadores. Porque está escrito: recebei o Espírito Santo, os pecados serão remitidos a quem os remitirdes e retidos a quem os retiverdes. Deus prometeu a todos a sua misericórdia, e deu a todos os seus padres o direito ilimitado de conceder perdão (De poenit., c. 2). Deus conhece tudo, mas espera a vossa confissão, não para vos castigar, mas para vos perdoar" (Procec.).

Orígenes, (+ 254), disse: "Declararei a minha iniquidade. Já dissemos, mais de uma vez, que por essas palavras devemos entender a confissão dos pecados. Assim, vede o cuidado que a Escritura toma em dizer-nos que não se devem esconder os pecados no coração. Assim como se procura alívio vomitando a bílis que sobrecarrega o estômago, assim os que escondem os pecados no coração ficam como sufocados e não podem ser curados senão pela acusação de suas faltas: é uma espécie de vomitório salutar. Examinai somente, com cuidado, qual será aquele a quem ides de preferência confessar os vossos pecados. Escolhei, antes de tudo, um médico a quem possais expor as vossas enfermidades espirituais, que saiba chorar e sofrer convosco, e segui exatamente todos os conselhos que ele vos der" (Hom. em Os. 37).

Vamos ouvir agora um bispo do século 3º e que foi a honra da Igreja da África, São Cipriano: Ele louva os que, culpados de pecados por pensamento, vão confessar-se aos ministros de Deus, com dor e simplicidade, descobrindo os segredos de sua consciência (Cf. O. De Lapsis).

Tertuliano (séc. II): "Muitos evitam confessar os seus pecados porque têm mais cuidado com a sua honra do que com a sua salvação. Imitam esses doentes que, acometidos de um mal secreto, o escondem ao médico, deixando-se assim morrer, Será, pois, preferível condenar-vos escondendo os vossos pecados, do que salvar-vos confessando-os? (De Poenit. c. 10).

São Clemente, sucessor de S. Pedro, dizia no 1º século: "Aquele que tem cuidado com sua alma, não tenha vergonha de confessar os seus pecados afim de obter o perdão. S. Pedro, acrescentava ele, mandou descobrir aos Padres até os maus pensamentos. Enquanto estamos sobre a terra, convertamo-nos, pois, uma vez na eternidade, não poderemos mais confessar-nos nem fazer penitência" (In Epist. 2 ad Cor.).

Enfim escutemos S. João Evangelista, ele que recebeu diretamente da boca do próprio Filho de Deus a instituição do Sacramento da Penitência: "Se confessarmos os nossos pecados, Deus, que é justo e fiel, nos perdoará" (1 João, I, 9). Por estas palavras, diz Santo Afonso, deve-se entender a confissão sacramental. Segundo o mesmo santo Doutor da Igreja, vemos na Escritura os primeiros cristãos acusando-se aos pés dos Apóstolos. Os cristãos efésios, que tinham abraçado a fé, e, por conseguinte, recebido o batismo, assustados com os castigos infligidos aos profanadores do nome de Jesus, vinham, diz S. Lucas, em grande número, confessar e declarar a Paulo o que tinham feito, não seus milagres, como diz tolamente Lutero, mas sim seus pecados e ofensas, como diz a versão siríaca, e como o exige o contexto: e vários, que se entregaram a vãs curiosidades, trouxeram seus livros e os queimaram em presença de todos (Atos, XIX, 18). - A confissão existe, pois, desde o tempo dos Apóstolos.

Caríssimos, onde está, pois, o poder que levou os fiéis, há 20 séculos a confessarem aos sacerdotes as suas faltas e pecados? Ele se acha nestas palavras que Jesus Cristo disse aos apóstolos e aos seus sucessores no sacerdócio: "Os pecados serão remitidos a quem os remitirdes, e serão retidos a quem os retiverdes".


Conclusão: Portanto, caríssimos, a Confissão vem de Deus, foi Nosso Senhor Jesus Cristo que a instituiu: Confira S. João XX, 21 a 23. Está muito claro, e por isso, os Santos Padres, os Concílios, enfim toda Tradição da Igreja sempre o reconheceu. E é bom notarmos que este sacramento só existe na verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja, Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana. 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

OS CONCÍLIOS E OS SANTOS PADRES SOBRE O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

Os Concílios: o de Laodiceia em 366, o de Rênes em 639, o de Chalon em 644, o de Nantes em 656, o de Constantinopla em 692, o de Germânia em 735, o de Tours em 813, o de Paris em 820, o de Pavia em 850, etc., proclamavam a instituição divina e a necessidade da confissão muitos séculos antes do 4º Concílio de Latrão.

O Concílio de Germânia, reunido em 735, ordena que cada coronel tivesse à sua disposição um padre para ouvir a confissão dos seus soldados.

A história conserva os nomes de muitos confessores. Eis aqui alguns; no século sétimo, Santo Ausberg, Arcebispo de Ruão, confessor do rei Tierry I; São Wieron, Bispo de Ruremonde, confessor de Pepino, pai de Carlos Martello. No século oitavo, Carlos Magno se confessava a Hildebrando, Arcebispo de Colônia, e seu filho Luiz le Debonnaire a Santo Alderico, Bispo de Mans. No 10º século, o imperador Othon tinha por confessor Ulrico, Bispo de Augsburg. No 11º século, o Padre Estêvão, da diocese de Orleans, dirigia a consciência da rainha Constança, mulher do piedoso rei Roberto.


Depois deste pequeno parêntese sobre os confessores de algumas altas personalidades, passemos finalmente a falar sobre os Santos Padres da Igreja. Aliás, vamos ouvir apenas alguns, porque, na verdade constituem uma multidão esmagadora para os nossos adversários. S. Bernardo (séc. XII) dizia: "De que serve confessar parte de seus pecados e calar outra? Não são todos eles conhecidos de Deus? Ousais, pois, ocultar alguma coisa àquele que ocupa o lugar de Deus em um tão grande sacramento?"  Santo Anselmo, (séc. XI), dizia: "Descobri fielmente aos padres, por uma humilde confissão, toda as manchas da lepra que tendes dentro de vós, e sereis purificados". São João Clímaco (séc. VI), escrevia: "Nunca se ouviu dizer que os pecados declarados no sacramento da penitência fossem divulgados. Deus assim determinou para que os pecadores não se afastassem por isso da confissão, ficando privados da única esperança de salvação que lhes resta". No séc. V. S. Leão, numa carta dirigida aos bispos de Campanha, protesta energicamente contra o abuso da confissão pública: "basta descobrir aos padres, por uma confissão secreta, os pecados de que se acha carregada a consciência". Santo Agostinho, falecido em 430, dizia: "Não basta confessar a Deus, é preciso confessar-se àqueles que receberam d'Ele o poder de ligar e desligar". S. João Crisóstomo (+ 407) falava da confissão nos mesmos termos em que os Padres falam em nossos dias: "O padre coloca seu trono no céu, e é de lá que exerce seu julgamento. Quem disse isso? o próprio Rei do Céu:  -  tudo que ligardes na terra será ligado no céu. Que há comparável a esta honra? O céu empresta à terra as suas decisões. O Juiz acha-se aqui em baixo, e o Senhor obedece ao seu ministro e ratifica o julgamento que este faz." E fazendo alusão aos Sacerdotes da Antiga Lei, que não faziam senão certificar a cura dos leprosos, sem os curar, o mesmo santo dizia: "Não é a lepra do corpo, é a da alma que os padres da Nova Lei curam. Não é o direito de julgar da cura que eles exercem, mas o de curar". 

A MEDALHA MILAGROSA E A CONVERSÃO DE AFONSO RATISBONNE

   "Nessa maravilhosa conversão manifesta-se o dedo de Deus; aí se admira o poder de Maria Santíssima, pois não havia nada, absolutamente nada que dispusesse Afonso Ratisbonne para receber tão assinalado favor.
   Nasceu Afonso em Strasburgo, no meio de uma rica família israelita. Eram ao todo dez irmãos. Teodoro, doze anos mais velho que Afonso, chega à fé cristã após longas e penosas pesquisas, na calma da reflexão e na plena madureza de espírito.
   Teodoro, recebeu o batismo aos 25 anos, após haver concluído seu curso de Direito. Abraçou o estado eclesiástico e foi sagrado sacerdote cinco anos depois do seu batismo.
   Seu irmão Afonso, desde a primeira mocidade jactava-se de não ter nenhuma religião. "Eu era judeu de nome, diz ele; eis tudo, porque eu não acreditava nem sequer em Deus. Nunca abri um livro de religião e, na casa do meu tio, bem como entre meus irmãos e irmãs, não se praticava a menor prescrição do judaísmo".
   Um ano e quatro meses antes da sua conversão, enfermara gravemente um dos seus sobrinhos, filho do seu irmão mais velho. O Padre Teodoro, que então exercia os seus ministérios sacerdotais em Paris, desejava pelo menos abrir as portas do céu a seu sobrinho, conferindo-lhe o santo batismo.
   Teria talvez alcançado o assentimento do pai, se não fosse a intervenção do seu irmão Afonso que, cheio de indignação e de furor, enxotou violentamente para longe do pequenino moribundo o ministro de Deus. Este, que já havia sofrido tanto da parte da sua família e de toda a colônia israelita, retirou-se com calma, disposto a sofrer ainda mais pelo nome de Jesus Cristo e pela salvação dos seus.
   No Santuário de Nossa Senhora das Vitórias, onde trabalhava, fazia o piedoso sacerdote ferventes preces pela conversão do seu irmão Afonso que o não podia tolerar. Como explicar tamanho ódio contra seu bondoso irmão Teodoro, se Afonso era judeu religiosamente falando só de nome? É que ele se filiara a maçonaria e então era implacável inimigo dos cristãos.
   Havia Afonso concluído seu curso de Direito e estava para completar 27 anos, quando os desejos da sua família, corroborados por simpatia recíproca, o induziram a casar-se com a sua sobrinha, filha do seu irmão mais velho. "Pensei, então, narra Afonso, que a minha felicidade fosse completa. Via minha família no auge da alegria, pois devo dizê-lo, há poucas famílias cujos membros se unem tanto como a minha... Só um dos seus membros me parecia odioso: era meu irmão Teodoro. Entretanto ele também nos amava, mas seu hábito me causava repulsa, seu pensamento me turbava, sua palavra grave e séria excitava a minha cólera".
  "E, continua Afonso, "por causa da conversão de Teodoro eu nutria acerbíssimo ódio contra os padres, as igrejas, os conventos, e sobretudo contra os jesuítas, cujo nome só bastava para provocar o meu furor".
   A noiva de Afonso contava 16 anos apenas, pelo que julgaram seus pais conveniente diferir por algum tempo o casamento.
   Neste meio tempo Afonso empreenderia uma viagem ao estrangeiro com o duplo fim de distrair-se e de revigorar a sua saúde.
   Afonso deixou Strasburgo a 17 de novembro de 1841, decidido a visitar Nápoles, a passar o inverno em Malta e a voltar pelo Oriente. Outros, porém, eram os desígnios da Providência. Demorou alguns dias em Marselha e partiu para Nápoles.
   Durante a viagem fundeou o navio em Civitavecchia: era o dia 8 de dezembro e a artilharia disparava algumas salvas. Maravilhado, perguntou Afonso qual era o motivo daqueles rumores de guerra nas terras pacíficas do Papa. Responderam-lhe que era a festa da Imaculada Conceição. Sacudiu os ombros com desdém e não quis desembarcar. Não tinha nenhum desejo de visitar Roma, embora dois amigos seus o estimulassem vivamente a dar esse passo. Deus, porém, o guiava para o Cidade Eterna. Ao deixar Nápoles, em vez de comprar passagem para Palermo. por engano achou-se numa diligência que se dirigia para Roma e lá chegou a 6 de Janeiro. 
    Era o ano de 1842. Afonso Ratisbonne achava-se em Roma,  a cidade eterna, da qual cada pedra é uma lembrança sagrada e tem uma voz para celebrar as grandezas da fé cristã. Ali Ratisbonne encontrou seu companheiro de infância Gustavo Bussíère, irmão do barão Teodoro de Busssière.
   Teodoro de Bussière era íntimo amigo do Padre Teodoro Ratisbonne. O Barão abandonara o protestantismo para fazer-se católico e por esta razão inspirava a Afonso Ratisbonne uma profunda antipatia. Gustavo Bussière mantinha-se protestante e, em companhia de Afonso Ratisbonne, metia freqüentemente a rídiculo a Igreja Católica.
   A 15 de Janeiro, nove dias apenas depois de sua chegada, resolveu Afonso deixar Roma e se viu na dura contingência de ir apresentar suas despedidas ao indesejável barão Teodoro de Bussière. O distinto e piedoso barão  suportou pacientemente, durante uma hora, uma saraivada de sarcasmos proferidos pelo jovem Afonso contra o catolicismo, procurando evidentemente atingir os dois Teodoros convertidos: o seu irmão Ratisbonne convertido do judaísmo; e o irmão de Gustavo Bussière, convertido do protestantismo.
   "Então, - refere o barão - apresentou-se à minha mente uma ideia maravilhosa, uma ideia celeste, que os sábios do mundo teriam julgado rematada loucura: "Já que sois um espírito tão forte e seguro de vós mesmo, lhe disse, não recusareis trazer o que estou para dar-vos".
   - De que se trata? perguntou secamente Afonso. - "Respondi-lhe  mansamente - disse Bussière, trata-se simplesmente desta medalha". Era a medalha milagrosa de Nossa Senhora das Graças. Recusou-a Afonso com um misto de indignação e de espanto.
   "Mas - acrescentou o barão Bussière friamente - segundo o vosso modo de ver, isto vos deve ser absolutamente indiferente, ao passo que para mim trará um grandíssimo prazer". - "Oh! - exclamou Afonso rindo a bom rir, a bandeiras despregadas - "então a trarei por mera complacência para mostrar-vos que é sem razão que acusam os judeus de obstinação e de invencível teimosia. Além disso me fornecereis um belíssimo capítulo para as minhas notas e impressões de viagem".
   "E, prossegue  o barão, "Ratisbonne continuava com motejos que me ralavam o coração... Entretanto, passei-lhe ao pescoço uma fita à qual minhas netinhas tinham pregado uma medalha. Mas restava-me ainda uma coisa mais difícil de obter: queria que ele recitasse a piedosa invocação de São Bernardo: "Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria..." Revoltou-se ao ouvir este segundo pedido. "Mas uma força interior impelia-me, prossegue B. de Bussuère, a lutar contra as suas reiteradas recusas com uma espécie de obstinação. Apresentei-lhe a oração suplicando-lhe que a trouxesse consigo e que tivesse a bondade de copiá-la porque eu não dispunha de outro exemplar". Então, com um movimento de impaciência e ironia, para se ver livre das minhas importunações, disse ele: "Bem! eu escreverei; dar-vos-ei a minha cópia e conservarei a vossa". E retirou-se visivelmente contrariado.
   Afonso cumpriu a palavra; copiou a oração, leu-a e releu-a tantas vezes que já a sabia de cor. As palavras de "Memorare" não lhe saíam da memória.
   No dia 20 de Janeiro, festa de São Sebastião, Afonso ainda se achava em Roma, onde o retinha uma força misteriosa. Ao meio dia conversou num café com dois amigos. "Se neste momento - diz ele - um terceiro interlocutor  se tivesse aproximado de mim e me tivesse dito: "Afonso, dentro de um quarto de hora adorarás Jesus Cristo, teu Deus e teu Salvador... e renunciarás ao mundo, a suas pompas, a seus prazeres, a tua fortuna, a tuas esperanças, a teu futuro, e se for necessário renunciarás ainda a tua noiva, à afeição da tua família... Digo que se algum profeta me tivesse feito semelhante predição, só a um homem eu julgaria mais insensato que ele, e seria aquele que tivesse dado crédito à possibilidade de tal loucura".
   Era 20 de Janeiro de 1842. Ratisbonne acha-se ainda em Roma. Saindo de um Café onde acabara de conversar com dois amigos, encontra uma carruagem: é do Barão de Bussière que o convida para dar um passeio. Afonso, sem muito entusiasmo, mais para não fazer uma descortesia àquele do qual pouco antes tinha sido hóspede, aceita o convite. Acharam-se logo diante da igreja de Santo André delle Fratte. O piedoso conde de Laferronays devia receber as honras fúnebres e o Barão de Bussière fora encarregado de reservar uma tribuna para a família do defunto.
   "Será coisa de dois minutos, diz ele a Afonso que, durante este tempo resolve visitar a igreja. Esperava-o nesta igreja a misericórdia de Maria Santíssima. Soara a hora da graça que desde a conversa no café, já trabalhava suavemente em sua alma. A Mãe de Deus se deixara comover pelas orações do barão de Bussière , do conde de Laferronays que morrera repentinamente depois de ter dito à sua esposa: "Repeti hoje mais de cem vezes o Lembrai-vos", e sobretudo pelas orações e lágrimas ardentes que em seu Santuário derramava seu diletíssimo servo o Padre Teodoro, irmão de Afonso Ratisbonne.
   Tenta Afonso descrever o que então se passou em sua alma: "Esta igreja é pobre e deserta; creio que nela me achei mais ou menos só... Nenhum objeto de arte atraiu a minha atenção... Subitamente nada mais vejo... ou antes, ó meu Deus, vejo uma só coisa! Como seria possível falar do que vi? Oh! não, a palavra humana não deve tentar exprimir o que se não pode exprimir; toda descrição, por sublime que seja, não seria mais que uma profanação da inefável realidade..."
   Tornando à igreja, Barão de Bussière não encontra Afonso onde o havia deixado, mas ajoelhado diante da capela de São Miguel Arcanjo e de São Rafael, submergido em profundo recolhimento.
   "A esta vista, pressentindo um milagre, depõe o barão, apoderou-se de mim um frêmito religioso. Dirijo-me a ele, agito-o várias vezes sem que ele dê conta da minha presença. Afinal, voltando para mim seu rosto banhado de lágrimas, junta as mãos e me diz: "Oh! como este senhor rezou por mim!"
   Compreendi logo que se tratava do falecido Conde de Laferronays. Amparado, quase levado por mim, sobe à carruagem. Onde quereis ir? pergunto-lhe eu.
    _ "Levai-me para onde quiserdes. Depois do que vi, obedeço".
   Declara-me em seguida que só falará com o consentimento de um padre, porque o que eu vi - acrescenta ele - só o posso dizer de joelhos".
   Conduzido à igreja do Jesú, dos padres jesuítas, ao lado do padre Villefort que o convida a explicar-se, tira Afonso a medalha, abraça-a, mostra-a e exclama: "Eu a vi! Eu a vi!... Havia uns instantes que eu estava na igreja, quando repentinamente me senti dominado por uma turbação inexprimível. Ergui os olhos; todo o edifício desparecera à minha vista; só uma capela tinha, por assim dizer, concentrado toda a luz; e, no meio desta irradiação, apareceu, em pé sobre o altar, grande, brilhante, cheia de majestade de doçura a Virgem Maria, tal qual está em minha medalha; uma força irresistível atraiu-me para ela. A Virgem com a mão me fez sinal para que me ajoelhasse. Pareceu dizer-me: "Está bem! Não me falou nada, mas eu compreendi tudo".
   Mais tarde dirigiu-se Afonso à Basílica de Santa Maria Maior a fim de agradecer a sua celeste benfeitora o grande benefício recebido.
   Ao entrar na capela de Nossa Senhora, exclamou: "Oh! como estou bem aqui! Gostaria de ficar aqui para sempre: parece-me que já não estou na terra!"
   Ao fazer a visita ao Santíssimo Sacramento, por pouco não desfaleceu. Apavorado, exclamou: "que coisa horrível estar na presença do Deus vivo sem ser batizado!"
   Afirma o Padre Roothan, geral da Companhia de Jesus, que "depois da sua conversão o senso da fé nele se manifestava de modo tão intenso que lhe fazia sentir, penetrar e reter tudo o que lhe era proposto, tanto que em pouco tempo o julgaram suficientemente instruído para receber o santo Batismo".
   Ratisbonne recebeu sem dúvida uma assistência toda especial de Deus e da Santíssima Virgem.
   A 31 de Janeiro, 11 dias após a aparição, Afonso Ratisbonne abjura solenemente a maçonaria e recebe o batismo na igreja do Gesú das mãos do cardeal Patrizzi. O vasto e suntuoso templo estava repleto. Ali se encontrava o escol da sociedade romana e estrangeira. Acompanhado pelo Padre Villefort e por seu padrinho, o barão de Bussière, Afonso foi levado à porta da igreja. Vestido de uma longa túnica de damasco branco, trazia o Terço e a medalha de Nossa Senhora nas mãos.
   - Que pedes à Igreja de Deus? pergunta-lhe o oficiante.
   - A fé!
   Ah! diz uma testemunha ocular dessa cena majestosa, já tinha a fé católica aquele a quem a estrela da manhã iluminara com os seus raios.
   Afonso beija a terra e fica prostrado até ao fim dos exorcismos.
   Levanta-se e, guiado pelo pontífice, encaminha-se para o altar entre as bênçãos de uma imensa multidão que respeitosamente se abre à sua passagem.
   Perguntam-lhe qual é o seu nome.
   - Maria! responde num arrebatamento de amor e de gratidão.
   - Que desejas?
   - O batismo.
   - Crês em Jesus Cristo?
   - Creio!
   - Queres ser batizado?
   - Quero!
   Com um sorriso de celeste beatitude levantou sua cabeça ainda umedecida da água batismal. Acabava de transpor um abismo: era cristão.
   Afonso, cheio de Deus, radicalmente transformado pela graça, deixa o mundo e entra na Companhia de Jesus. Nela viveu dez anos vida exemplar e só a deixou, desfeito em lágrimas, para fazer a vontade de Deus que o queria ao lado do seu irmão, o Padre Teodoro, para com ele trabalhar numa obra tão grata ao mesmo Deus e de tanta relevância, qual é a da conversão dos judeus.
   O piedoso Padre Maria Afonso Ratisbonne nunca se esqueceu de sua Mãe amantíssima que o arrancou das trevas da incredulidade para os esplendores da verdadeira fé.
   Inclinava-se profundamente sempre que ouvia no canto das ladainhas a invocação: "Refúgio dos pecadores, rogai por nós!"
   Os que o ouviam falar da sua Mãe Celeste adivinhavam o que se passava no seu coração; seu olhar fulgurante parecia que ainda contemplava a mais bela e a mais pura das virgens.
   A medalha milagrosa, que exercera papel preponderante em sua conversão, era o seu mais caro tesouro. Julgou um dia que a havia perdido; sua aflição foi extrema; parecia-lhe que fora abandonado pela Virgem misericordiosíssima. Suas lágrimas não cessaram de correr até que a encontrou.
   Maria Santíssima foi a sua consolação em todas as penas e seu grande motivo de esperança em todas as provações. Dizia que Maria Santíssima não é outra coisa que uma mão de Deus, não a mão que castiga, mas a mão das misericórdias.
    Dizem os historiadores que quando o Padre Ratisbonne pregava sobre Nossa Senhora, todos os ouvintes se comoviam, muitos pecadores se convertiam. Leiam por gentileza o próximo post deste blog e verão a conversão mais importante que o Padre Maria Afonso obteve por intercessão de Maria Santíssima.
   Caríssimos leitores, possa esse episódio tão comovente, que acabais de ler, reavivar em vossos corações a chama da devoção a Santíssima Virgem Maria.
   Se quisermos assegurar o único bem desejável que é a eterna salvação de nossa alma, vivamos, como bons filhos, no Coração maternal de Maria Santíssima.
   Os que a ela recorrem não deixam de ser ouvidos; os que choram em seu regaço materno não deixam de ser consolados e os que nela depositam inteira confiança e evitam tudo o que possa magoar-lhe o coração, nada têm que temer nem na vida nem na morte.
   A devoção sincera a Maria Santíssima é penhor seguro de salvação. Deus quis que por ela tivéssemos Jesus. E Jesus é a nossa salvação. Por isso o pedido que nos faz a Nossa Mãezinha do Céu é este: "Não ofendam mais o meu Filho!!!"
NB: As coisas aqui narradas foram quase integralmente extraídas do livro: "O caminho que leva para Deus" do Pe. Arlindo Vieira, S. J.    

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

CONFISSÃO AURICULAR E NÃO ABSOLVIÇÃO COLETIVA OU COMUNITÁRIA


Nosso Senhor Jesus Cristo, como vimos na leitura anterior, deu aos Apóstolos e seus sucessores, um duplo poder: de ligar e desligar as consciências, e o de perdoar e  reter os pecados. No confessionário o sacerdote é constituído por Jesus como juiz. É um poder judiciário que evidentemente nunca poderá ser exercido arbitrariamente, isto é, não pode perdoar ou não perdoar sem conhecer as condições para poder perdoar ou não perdoar. E para conhecer estas condições, como sejam, o arrependimento, o propósito firme de fazer tudo o que for necessário para não tornar a cair, como dizia, para conhecer estas disposições da alma do penitente, o confessor terá obviamente de ouvir cada um em particular. Isto é que se chama confissão auricular. "Auris" em latim quer dizer: "ouvido", "auricula" quer dizer "orelha". Assim o penitente deve contar os seus pecados ao ouvido do confessor. Segundo a Tradição, absolvição coletiva, só pode ser dada em casos extraordinários em que pessoas correndo risco iminente de morte, não há tempo para cada um em particular se confessar. Por exemplo: em caso de incêndio, em um naufrágio, em uma queda iminente de avião etc. Nestes casos, havendo um padre presente, ele exorta brevemente a todos a se arrependerem de seus pecados e a todos dá a absolvição coletiva. Nestes casos quem tiver o arrependimento mesmo imperfeito, isto é, a atrição, fica perdoado. Mas, quem se escapar da morte, tem obrigação de contar seus pecados em particular a um confessor. Isto é o que chama na Teologia "submeter os pecados  ao poder das chaves".

Portanto, todo confessor, antes de pronunciar a sentença, deve conhecer a causa de cada um. Fazendo uma comparação: que diríamos de um juiz que, sem examinar a causa, pronunciasse a sentença ao acaso, dizendo a um: eu vos absolvo, e a outro, eu vos condeno; a este, eu vos declaro culpado, àquele, vos proclamo inocente! Caríssimos, não seria o cúmulo do absurdo? E o rei (ou qualquer outro de direito) ratificaria semelhantes decisões dadas em seu nome? É, pois, claro que o Salvador confiando sua autoridade aos seus ministros, quis que os seus julgamentos fossem baseados sobre a equidade e que por conseguinte, se conhecesse o estado das consciências.

É pois sumamente necessário que o penitente confesse e descubra ao padre o estado de sua alma, todos os seus pecados, maus hábitos, assim como as disposições atuais, afim de que o padre possa decidir em cada caso particular se deve perdoar ou não.


E nunca podemos perder de vista que a Confissão é um tribunal de misericórdia. O réu (pecador) é o que se acusa, mas o faz justamente para ser perdoado. Só depende de seu arrependimento sobrenatural e sincero, e da sinceridade em contar pelos menos todos os seus pecados mortais, com o número e as circunstâncias que mudam a espécie do pecado. 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O PERDÃO DIVINO

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

O poder de perdoar pecados é um poder divino. É o que estamos demonstrando.

Este poder sublime, Nosso Senhor Jesus Cristo deu-o aos seus Apóstolos no dia de sua Ressurreição. As portas da casa, onde os discípulos se tinham reunido, estavam fechadas, tal o medo aos judeus; e Jesus, aparecendo no meio deles, disse-lhes: "A paz seja convosco. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se, pois os discípulos ao ver o Senhor. Ele disse-lhes novamente: A paz seja convosco. Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. Tendo dito estas palavras, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (S. João, XX, 19 a 23).

O Santo Concílio de Trento acrescenta: Se alguém disser que por estas palavras  ("recebei o Espírito Santo... etc.) do Salvador não se deve entender o poder de perdoar ou reter os pecados pelo sacramento da Penitência, seja anátema (C. T. ss. XIV, Cânon 3).

Devemos provar que este poder é permanente na Igreja, ou seja, deve durar até o fim do mundo. Porque o fim que Nosso Senhor Jesus Cristo se propôs dando à Igreja o poder das chaves é de livrar os fiéis dos laços do pecado e de lhes abrir as portas do céu. Está claro que este poder deve durar enquanto existir pecado para perdoar e tanto quanto durar a Igreja. Ora, sempre haverá pecados que perdoar; porque tal é a fragilidade humana que ninguém há que durante a vida não cometa faltas graves ou leves. O poder de absolver não será menos necessário nos últimos séculos do que o foi no primeiro. Demais a Igreja tem o promessa da imortalidade ou indefectibilidade que garante a sua existência até a consumação dos séculos. Logo, o poder que ela recebeu para perdoar os pecados é permanente e não acabará senão no fim do mundo.

Devemos considerar, outrossim, que Jesus Cristo deu aos seus Apóstolos e a seus legítimos sucessores duplo poder: o de ligar e desligar as consciências e o de perdoar e reter os pecados; em outras palavras, Ele os fez juízes das consciências. Jesus deixou, como diz o Concílio de Trento, aos padres, seus vigários, como presidentes e juízes aos quais os fiéis devem confessar os pecados mortais que tiverem cometido, afim de que, em virtude do poder das chaves, eles pronunciem a sentença que perdoa ou retém os pecados. É claro que os padres não poderiam julgar sem conhecimento de causa. Daí, vem que os penitentes devem enumerar na confissão todos os pecados mortais de que se reconhecem culpados. Este poder judiciário não o podem exercer arbitrariamente; eles devem, antes de pronunciar a sentença, conhecer a causa de cada um. Vamos falar sobre isto, se Deus quiser, na próxima leitura espiritual. 

sábado, 3 de dezembro de 2016

CONFISSÃO, SEGUNDA TÁBUA DEPOIS DO NAUGRÁGIO


Caríssimos, a primeira tábua de salvação é o santo Batismo. Em se tratando do batismo de adultos, como era mais freqüente e comum nos primórdios do Cristianismo, por causa da conversão dos pagãos, o batismo, digo, elimina o pecado original (mas não a concupiscência) e perdoa todos os pecados e penas temporais por eles devidas. Mas o Batismo não se reitera, ou seja, só se recebe uma vez. Assim sendo, se os homens fossem capazes de ter a felicidade de não pecar mais, e, portanto, conservassem a inocência, não seria necessário outro sacramento para perdoar pecados. Mas Deus conhecendo nossa fragilidade e prevendo as nossas quedas, em sua infinita misericórdia, estabeleceu um remédio para fazer reviver os fiéis que recaíssem sob o poder do demônio ao cometer o  pecado. Este remédio é o sacramento da Penitência, que, por isso, mesmo é chamado a segunda tábua de salvação. E, como teremos ensejo de meditar em outras postagens, este sim, pode ser repetido, não só sete vezes como pensava São Pedro, mas setenta vezes sete, isto é, sempre, desde, é claro, que o penitente esteja sempre sinceramente arrependido e faça a confissão com todas as condições requeridas; o que teremos ocasião também de ainda meditarmos.

Quero, caríssimos, lembrar aqui, de passagem apenas, que a Penitência pode ser considerada como VIRTUDE, e como SACRAMENTO. Como virtude moral leva a alma a detestar o pecado, por ser uma ofensa a Deus, e de formar o firme propósito de evitá-lo para o futuro, e de satisfazer à justiça divina. É sobrenatural, interior, universal, isto é, abrangendo todos os pecados mortais, e é máxima, ou seja, por ela detestamos o pecado acima de tudo, pois é o mal absoluto.

A Penitência como Sacramento foi instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo em forma de julgamento, para perdoar pela absolvição sacramental os pecados cometidos depois do batismo, aos fiéis que os confessarem com verdadeira contrição.

A virtude da penitência é indispensável desde o pecado de Adão e sê-lo-á até o fim do mundo para a reconciliação com Deus. Assim, para obter-se o perdão dos pecados foi e será sempre necessário, e indispensável como meio para a salvação, que se detestem os pecados, que se tenha firme propósito de não mais os cometer e de satisfazer desta forma à divina Justiça ofendida. Antes de Nosso Senhor Jesus Cristo, nenhum pecador podia obter o perdão senão pela virtude da penitência. Mas, depois que Jesus Cristo elevou a virtude da penitência à dignidade de sacramento, a simples virtude da penitência não basta, como no Antigo Testamento, para perdoar os pecados, mas é necessário, como meio indispensável para a salvação, receber o sacramento, ao menos em desejo, como já foi explicado. Assim, quando sinto verdadeira dor de minhas faltas com a firme vontade de não mais cometê-las para o futuro, e de satisfazer à divina Justiça, tenho a virtude da penitência. Se em seguida, penetrado dos mesmos sentimentos, for confessar ao sacerdote, com sua absolvição, recebo o sacramento da penitência.


Caríssimos, como devemos lamentar a ignorância daqueles que pretendem receber o sacramento da Penitência, sem ter nenhum espírito de penitência!!! Às vezes, talvez mais do que a ignorância, é a tibieza, a rotina, o costume, a formalidade o responsável motivo de confissões nulas. E é bom notar desde já, quando o pessoa tem consciência de que não possui a virtude da penitência, e mesmo assim, mais por que tudo mundo está indo se confessar, e vai também, neste triste caso, a confissão, além de nula, é outrossim sacrílega, porque é um abuso de uma coisa santa qual é o Sacramento. Que Deus nos livre de tal coisa tão grave e tão desastrosa! Amém!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O SACRAMENTO DO PERDÃO: CONFISSÃO

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

Caríssimos, como é triste ver pobres pecadores que esperam cheios de agonia a hora dos suplícios sem fim longe de Jesus Cristo à sombra do desespero. No entanto a salvação está em nossas mãos, ou para melhor nos expressarmos, está em nossa boca pela confissão, e no coração, pelo arrependimento sincero com propósito firme e eficaz. Assim sendo, o pobre pecador deve ir, humilde e arrependido, àqueles a quem disse o Deus ofendido: "Dar-vos-ei as chaves do reino dos céus" (S. Mat. XVI, 19); "os pecados serão perdoados a quem os perdoardes" (S. Jo. XX, 22).  Vamos, se Deus quiser e com a Sua graça, procurar, em várias leituras espirituais ou pequenas meditações, mostrar a necessidade deste sacramento de misericórdia para que os adultos possam se salvar. Desde já quero lembrar que mesmo quando o pecador tem a graça de um arrependimento perfeito, ele só é perdoado se tiver o desejo de receber o sacramento da Penitência. E assim devemos afirmar que, para os adultos que tenham cometido pecado mortal, não haverá salvação a não ser pelo Sacramento da Penitência, pelo menos pelo desejo de o receber, como  acabamos de explicar, em se tratando do arrependimento perfeito, ou seja, motivado unicamente pelo amor e não somente pelo temor dos castigos.

Mas, talvez a maioria não dá importância a este sacramento, ou, pelo menos, a que ele merece, porque a maior parte da humanidade desconhece tudo o que ele significa. No entanto, quão deplorável é esta ignorância! Se ao menos as consequências não fossem eternas!!! Quantas almas que gemem agora no inferno gozariam as delícias do Paraíso, se estivessem querido instruir-se neste admirável meio de perdão.

Quero dizer com S. João Bosco: "Ó Jesus, só quero almas para o céu, nada mais aspiro sobre a terra! No intuito exatamente de salvar almas é que me propus, ou melhor dizendo, fui movido pela graça de Deus, a fazer várias meditações e postá-los aqui no Blog "ZELO ZELATUS SUM". Inspirar-me-ei principalmente nas obras de Santo Afonso Maria de Ligório. Mas há sobre este assunto muitos outros grandes autores como, por ex. Mons. Gaume (Catecismo de Perseverança); São Leonardo de Porto Maurício, e também Pe. Perriens.  Deste último seguirei, se Deus quiser, a ordem das matérias, ou seja, falarei primeiramente da divindade deste sacramento, da sua necessidade e dos efeitos e benefícios da confissão. Depois mostrarei que o penitente deve ver no confessor o verdadeiro representante de Nosso Senhor Jesus Cristo, e, portanto, considerá-lo como pai, médico e juiz. Finalmente trataremos das disposições do penitente, que são: a contrição, a acusação dos pecados e a satisfação.

Para tanto, pedimos a Nosso Senhor Jesus, cuja misericórdia resplandece de um modo tão admirável neste sacramento; e pedimo-lo através da Imaculada Virgem Maria, Advogada dos pecadores, abençoe-me nesta tarefa até o fim. Amém!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

SANTA IGREJA CATÓLICA


LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA


A Igreja Católica é a sociedade de todos os fiéis reunidos pela profissão de uma mesma fé, pela participação dos mesmos sacramentos e pela obediência ao Santo Padre, o Papa. Compõe-se ela de justos e pecadores, pois Nosso Senhor Jesus Cristo compara-a um campo onde Deus planta o trigo, isto é, os bons, mas o homem inimigo, ou seja, o demônio semeia o joio, isto é, os maus. O divino Mestre também compara-a a uma rede que apanha bons e maus peixes; ainda, a dez virgens das quais umas são prudentes e outras loucas. Compara ainda sua Igreja a umas bodas onde se ajuntam uns que trazem a veste nupcial e outros que não a tem. A separação dos justos e dos pecadores será feita no último dia do juízo . Assim, por maior pecador que seja um católico, ele pertence ao corpo da Igreja, salvo se pela infidelidade e apostasia se tenha retirado voluntariamente, ou tenha sido expulso pela excomunhão. Mas estes infelizes são como galhos secos, que, embora ainda presos à arvore não participam da sua seiva que só se espalha nos galhos vivos. Mas, caríssimos, há uma diferença abismal que é um recurso consolador ao maior criminoso: o galho morto não pode reviver, ao passo que um membro da Igreja, morto pelo pecado grave, pode recuperar a graça, recebendo novamente a influência da vida divina que Nosso Senhor Jesus Cristo, como tronco da videira, derrama sobre os justos. Ao rezarmos todos os dias o CREDO, resumo admirável de nossa fé, dizemos: "Creio no remissão dos pecados". É uma verdade na qual se baseia a Redenção. E assim, que felicidade sermos filhos da Igreja! Pois, só nela se encontra a remissão dos pecados por um Sacramento especial, a obra prima da misericórdia divina: é o Sacramento da Penitência, só existente e praticado na verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sacramento mil vezes abençoado! Quando o pecado tinha feito alguém filho da morte e da perdição, a Penitência, torna-o filho da vida e da ressurreição. Por este sacramento, a maldição dá lugar à benção, por ele, as lágrimas de dor transformam-se em lágrimas de alegria, os espinhos do remorso convertem-se em chamas de amor. Sem ele, como a morte é amarga, mas sob a sua proteção ela é suave e cheia de esperança. É um tribunal, o confessionário, mas onde o réu mesmo se acusa arrependido sabendo que sempre levantar-se-á dele, perdoado. Se estava o penitente nas garras do diabo, levanta-se dali nas mãos do Pai do Céu; se era galho seco; por um prodígio misericordioso do Sangue de Jesus, levanta-se dali, ramo verdade e viçoso! Assim as poucas palavras da forma sacramental, são chaves de ouro que abrem as portas do céu, o ferrolho que fecha o abismo aberto aos pés do pecador; a marreta que quebra as correntes da escravidão; a esponja, que embebida com a sangue do Santíssimo Redentor, apaga a enxurrada lodosa de nossas iniquidades. Amém!

sábado, 26 de novembro de 2016

EFEITOS DO PECADO MORTAL


O pecado mortal é um mal absoluto, extremo; é a maior desgraça tanto para a alma como para o corpo. Podemos avaliar este mal pelos seus efeitos: 1- Danos espirituais; 2 - Danos  temporais.

1 - Danos espirituais: a) A PERDA DA GRAÇA DE DEUS E A DEFORMIDADE DA ALMA. - A alma na graça de Deus é tão bela que se pode dizer por pouco inferior aos anjos. É cara a Deus como a menina de seus olhos. Ela é a moradia de Deus: "Quem está na caridade está em Deus, e Deus nele" (1 Jo IV, 16). Os que estão na graça de Deus participam da própria natureza divina: "Participantes da natureza divina" (1 Pedro I, 4). Pois bem, com o pecado mortal, a alma torna-se disforme, feia, asquerosa. Era moradia de Deus, torna-se moradia do Inimigo e parecida com ele. Lemos na vida de São Filipe Neri que quando passava perto de alguém que tivesse pecado mortal na alma, tapava o nariz com o lenço, pois sentia um insuportável mal cheiro.

b) - A PERDA DOS MÉRITOS ADQUIRIDOS. O pecado mortal dá a morte aos méritos de todas as boas obras até então praticadas. Tornam-se obras mortificadas, sem valor. Pela misericórdia infinita de Deus, porém, se o pecador se arrepende e faz uma boa confissão ou tem uma contrição perfeita com o desejo de se confessar na primeira oportunidade, recupera todos estes merecimentos: dizemos que o mérito destas boas obras ressuscita. O pecado mortal pode assim ser comparado a um navio carregado de tesouros e que afunda num naufrágio. 

c) - A INCAPACIDADE DE MERECER. Além de perder os méritos já adquiridos, quem está em pecado mortal não pode adquirir nenhum mérito para a vida eterna. E isto constitui uma desgraça maior ainda, porque todas as obras boas praticadas estando em pecado mortal, são perdidas para sempre, isto é, nunca ressuscitam. É como diz o profeta Ageu I, 6: "O que ajuntou os seus ganhos, colocou-os num saco furado"."Se o justo se afastar de sua justiça e pecar... todas as obras justas que ele haja feito serão esquecidas" (Ezequiel XVIII, 24). É claro que aquele que está em pecado mortal e ainda não se arrependeu para fazer uma boa confissão, não deve deixar de fazer boas obras e de rezar, porque Deus, em sua infinita misericórdia, ainda olha para estas obras, para dar a este pecador a graça da conversão. Se assim fizer, o pecador recupera a graça de Deus, mas não recupera as obras boas que fez estando em pecado mortal, pois, já nasceram mortas.

d) - A ESCRAVIDÃO. "Quem comete o pecado é escravo do pecado" (S. João, VIII, 34), e por isso é escravo do dono do pecado que é o demônio. O diabo tenta e, se o pecador vira as costas para Deus, seu Pai, e volta-se para o demônio para fazer o mal que ele sugere, o Inimigo da alma  tem a vitória e diz: "Agora és meu!"

e) - A MORTE DA ALMA. "A vida de tua alma é Deus",  diz Santo Agostinho . E assim, se se expulsa a Deus, está morta a alma. Trata-se da morte espiritual. A alma é imortal, nunca vai acabar, mas com o pecado mortal ela está sem a vida sobrenatural. E esta morte espiritual é muito pior que a morte temporal. Às vezes, trazem aqui pessoas que parecem possuídas do demônio.  Muitas vezes nem é possessão. Os parentes e amigos ficam preocupadíssimos. E com razão. Mas procuro aproveitar a oportunidade para explicar que o mais terrível é a possessão da alma.  Com o pecado mortal, Deus é expulso, e, em Seu lugar entra o demônio. De Judas Iscariotes, que já estava em pecado mortal, Jesus disse: Há um no meio de vocês (os Apóstolos) que não está limpo, porque está com o demônio. Isto é terrível! Mas como é invisível quase ninguém dá importância. É, como diz a Bíblia: "O pecador comete o pecado como por brincadeira, e depois, ainda diz, que mal me adveio daí" (Prov. X, 23; Eclo V, 4 ) São João, no Apocalipse, diz ao pecador: "Tu te chamas vivo e estás como morto" (Apoc. III, 1).

f) - A PERDA DO CÉU.  O infeliz Lutero (+ 1546), que antes era frade e sacerdote, depois se meteu pelo caminho do pecado, apostatando da religião católica, falando os maiores absurdos do Papado. Dizia que todo mundo era infalível ao interpretar a Bíblia, menos o Anti-Cristo, o Papa. Pois bem, uma noite, ao fitar o céu estrelado, cheio de remorsos,  teve de exclamar: "É tão belo o céu, mas não é mais para mim!". Por um prato de lentilhas, Esaú renunciou o direito de primogenitura e depois, vendo a sua loucura, se afligia e rugia como um leão ferido. Mas aquele direito, a que renunciou era de uma herança terrena: ao passo que o pecador renuncia à herança do Céu!

2 - Danos corporais: a) A PERDA DA PAZ. O Senhor disse: "Não paz para os ímpios" (Isaías 48, 22). Diz ainda dos pecadores o Espírito Santo: "Em seu caminho há aflição e calamidade, e não conheceram o caminho da paz" (Salmo XIII, 3).

b) OS CASTIGOS DE DEUS: Assim diz o próprio Deus: "Muitos são os flagelos do pecador" (Salmo 31, 10). Como já vimos, Deus puniu o pecado já no céu. Jesus disse: "Vi Satanás cair do céu como um relâmpago" (S. Lucas, X, 18). Depois, pune o pecado no Paraíso terrestre. O dilúvio foi castigo do pecado. Lemos na Bíblia que os habitantes de Sodoma e Gomorra eram péssimos e pecadores descomedidos perante Deus (Gên. XIII, 13) E Deus mandou um dilúvio de fogo, que queimou e incinerou aquelas cidades com todos os habitantes. Só escaparam 4 pessoas - a família de Lot - que eram tementes a Deus e não cometeram aqueles pecados que bradam ao Céu. Diz ainda o Espírito Santo: "O pecado faz infelizes os povos" (Prov. XIV, 34).
Caríssimos, e se vedes que uns cometem tantos pecados e no entanto não são castigados por Deus, ficai sabendo que o castigo virá para eles também, cedo ou tarde; e quanto mais tardar a vir, tanto mais tremendo será.

Sigamos o conselho do Divino Espírito Santo: "Fugi do pecado como se foge da serpente" (Eclo XXI, 2). Amém

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA: OBRA PRIMA DA MISERICÓRDIA DIVINA

LEITURA ESPIRITUAL - Dia 21 de novembro 


"Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. Tendo dito estas palavras, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (S. João XX, 22 e 23).


O Senhor mostra-se misericordioso na absolvição sacramental. Procuremos compreendê-lo através de uma parábola. - Uma vez havia um rei poderoso, bom e misericordioso. Esse rei acolheu em seu palácio um homem pobre e ignorante. Ele mandou vesti-lo de novo, instruir, educar. Depois lhe deu um alto cargo em sua corte. Um mendigo transformado em cortesão! Mas, ouvi o que ele fez. Em vez de ser reconhecido e fiel a seu benfeitor, tentou, com uma traição fazer uma conjura para expulsar do trono o rei. Este, porém, descobriu tudo a tempo, e com toda justiça condenou-o à forca, já que se tratava de crime de lesa-majestade. - Quando, na grande praça cheia de gente, lá estava o carrasco para enforcar o malfeitor, eis que chega um escudeiro do rei, o qual grita: "O rei quer conceder graça a esse assassino..., mas sob uma condição...!" O cortesão retoma fôlego e abre o coração à esperança. Mas pensa: qual será esta condição? Ei-la: arrependido, ele devia confessar a sua culpa (que era secreta) a um dos Ministros, à sua escolha. Conjecturai o contentamento do condenado! Ter a salvação por tão pouco preço! É claro: confessou logo o seu crime, e o Ministro verificando que o culpado estava arrependido, em nome do rei, deu-lhe o perdão. Depois o bom rei ainda o acolheu em seu palácio.

Aplicação da parábola: Quem é o rei? É Deus. E o malfeitor, quem é? É o pecador que ofendeu um Rei e um Pai tão bom. Tal pecador mereceu a condenação ao inferno. Mas como o Senhor quer a salvação de todos, eis que instituiu um Sacramento, por meio do qual qualquer pecador, manifestando a um Ministro de Deus os seus pecados, ainda pode obter o perdão e salvar-se. É o Sacramento da Penitência ou Confissão. O culpado deveria se arrepender do que fez e ter propósito firme de nunca mais fazer o mal porque ofendeu a um Pai tão bondoso, ofendeu ao Sumo Benfeitor que é também o Supremo Senhor, e é a própria Bondade. Seria o ideal! Mas Deus se contenta com um arrependimento imperfeito, isto é, movido mais pelo medo do castigo do que propriamente por amor a um Pai tão bondoso! Por este temor o pecador não quer pecar mais e tem esperança do perdão pelos merecimentos de Jesus Cristo. Deus Pai, enviou ao mundo o seu queridíssimo Filho Único, no qual põe toda a sua complacência. O Filho de Deus se fez Homem, tomou um corpo para poder sofrer e morrer por nós na Cruz. E antes de subir aos Céus, deixou o Sacramento da Penitência pelo qual o seu Sangue Divino, lava as nossas almas, e em atenção ao seu valor infinito, o Pai perdoa o pecador mesmo quando só apresenta um arrependimento imperfeito, que se chama atrição. Isto constitui grande consolo! Nem sempre estamos certos de atingir aquela detestação do pecado como ofensa ao Sumo Bem, que move infalivelmente Deus a nos conceder o perdão. Sem embargo, as nossas disposições, acaso menos perfeitas, não obstam a que, no Sacramento, obtenhamos, pela absolvição do sacerdote, plena misericórdia. Desde que chaguemos ao confessionário atritos, decididos a não mais recair, ser-nos-ão perdoadas as culpas.

Daí a grande responsabilidade dos sacerdotes quanto aos moribundos. Não deixemos os nossos caros enfermos comparecerem diante do Juiz sem terem recebido o Sacramento da Penitência. Não sabemos se lograrão chegar à contrição perfeita! Estando em pecado mortal, e só conseguem ter a atrição e não recebem o Sacramento, estão condenados para sempre! O Papa S. Celestino I (422-432) exprobrava aos rigoristas de antanho de matarem cruelmente as almas dos doentes, recusando-lhes a absolvição no leito de morte (D. 111). O mesmo crime cometem os progressistas laxistas de hoje, por descaso ou mal entendida misericórdia.

Mas há  um  detalhe importantíssimo que não consta na parábola: Imaginemos que aquele culpado da parábola, depois de ser assim tão misericordiosamente perdoado e restituído à amizade do rei, recaísse ainda muitas e muitas vezes, mas sempre arrependido embora só imperfeitamente, confessasse o seu crime ao Ministro do Rei. Seria sempre perdoado em atenção aos méritos infinitos do Sangue que o Filho do Rei derramou numa Cruz por toda a humanidade.

E assim, caríssimos, um pecador está no fundo do abismo, sobrecarregado de enormes e numerosas faltas. Se morresse assim sem ter um arrependimento perfeito com o desejo de se confessar, ou então com arrependimento imperfeito mas sem ter recebido a absolvição (às vezes a unção dos enfermos) estaria condenado eternamente. Mas se confessa com o coração penetrado de dor, ao menos da contrição imperfeita, com que a divina bondade se contenta, quando se junta ao sacramento, e ei-lo reconciliado com Deus e consigo mesmo! Os seus pecados estão perdoados; deixam de chamar sobre a sua cabeça terríveis vinganças, porque já não existem. "Por amor de mim, diz o Senhor, por amor da glória que tenho em perdoar, eu mesmo apagarei as tuas iniquidades, e não me lembrarei dos teus pecados" (Cf. Isaías XLIII, 25). O silêncio absoluto a que é obrigado o meu confessor, é o sinal do silêncio eterno que Deus guardará a respeito das minhas prevaricações. Afogam-se no Sangue de Jesus Cristo, como os Egípcios nas ondas do Mar Vermelho.

Mas o Sagrado Coração de Jesus deseja que creiamos sem duvidar nunca do seu perdão. Porque ele é Deus, mas Deus de amor! É Pai, mas Pai que ama com ternura e não com severidade. O Coração de Jesus é infinitamente sábio, mas também infinitamente santo, e como conhece a miséria e fragilidade humanas, inclina-se para os pobres pecadores com Misericórdia infinita. Jesus Cristo ama as almas, depois que cometeram o primeiro pecado mortal, e vêm pedir humilde e confiantemente o perdão. E ama-as ainda, quando choram o segundo pecado e, se isso se repetir, setenta vezes sete, ou seja, sempre, ama-as e perdoa-as sempre, e lava no mesmo Sangue divino o último como o primeiro pecado. O Coração de Jesus não se cansa das almas, e espera sempre que venham refugiar-se n'Ele, por mais miseráveis que sejam! Não tem um pai mais cuidado com o filho que é doente, do que com os que têm boa saúde? Para com esse filho, não são maiores as delicadezas e a sua solicitude? Assim também o Coração de Jesus derrama sobre os pecadores, com mais liberalidade do que sobre os justos, a sua compaixão e a sua ternura. Na verdade a Misericórdia do Coração de Jesus é inesgotável: às almas frias e indiferentes, o Coração de Jesus é fogo, e fogo que deseja abrasá-las, porque as ama; às almas piedosas e boas, o Coração de Jesus é caminho para se adiantarem na perfeição e chegarem com segurança ao termo feliz. Mas Jesus Cristo quer que todas as estas almas se aproximem do Sacramento da Confissão com grande confiança na sua Misericórdia.


E ainda mais: o pecador privado de todos os bens e prestes a cair no desespero pela sentença de condenação, recupera todos esses bens e inunda-se de alegria pela sentença da absolvição. Tudo quanto tinha perdido, separando-se de Deus, lhe é restituído ao reconciliar-se com Jesus Cristo: "Não há condenação, para os que estão incorporados em Jesus Cristo". Os merecimentos adquiridos, poder de merecer, doce paz, direito ao Céus, eis o que ainda recebe de volta pela misericórdia divina dispensada na absolvição sacramental. Ó reconciliação cheia de encantos, quem pode conhecer-te, e recusar a felicidade que tu obténs. Razão tinha São Paulo em dizer: "Quem não amar a Jesus Cristo, seja anátema!"

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Quem foi Lutero: segundo São João Bosco.

   NB.: Os santos falam a verdade: SIM SIM, NÃO NÃO. Fizeram o que Nosso Senhor Jesus Cristo fez e ensinou. "A verdade vos libertará". Leiamos, então, a verdade sobre quem foi Lutero. Leiamos o que o grande São João Bosco escreveu no seu livro "COMPÊNDIO DE HISTÓRIA ECLESIÁSTICA" falando da:
"QUINTA ÉPOCA: de 1517 até 1579: 
"Nesta época foi a Igreja tão fortemente combatida, que parecia já tivesse chegado o tempo do Anti-cristo; porém, não obstante isto, conseguiu novos triunfos. Acometeu-a um dilúvio de hereges, e muitos de seus ministros, em vez de defendê-la, se rebelam contra ela e abrem-lhe profundas feridas. Unem-se a estes os príncipes seculares que a oprimem com o ferro, com a devastação e o sangue. O demônio se esconde debaixo do manto de sociedades secretas e de uma filosofia mundana e sedutora, mas, falsa e corruptora: excita rebeliões, e suscita perseguições sanguinolentas. Deus, porém, desvanece os esforços do inferno e os faz servir para sua glória. Novas ordens religiosas, missionários incansáveis, pontífices grandes pela santidade, zelo e sabedoria, unidos todos em um só coração e em uma só alma, e fortalecidos pelo braço do Todo Poderoso, defendem heroicamente a verdade e levam a luz do Evangelho até os últimos limites da terra, conseguindo a Igreja novas conquistas e ainda mais gloriosas virtudes".
Lutero. - "Lutero foi o primeiro a levantar a bandeira da rebelião contra a fé católica, e foi o principal autor dos males que amarguraram a Igreja neste tempo. Com seu sistema perverso de submeter a palavra de Deus ao exame e juízo de cada um, causou mais dano à religião católica, do que todos os hereges da idade passada; de maneira que, se pode chamar este apóstata, o primeiro precursor do Anti-cristo. Nascido em Eisleben, Saxônia, e filho de um pobre mineiro, manisfestou, desde sua mais tenra idade, um gênio muito atrevido. A morte de um condiscípulo, que caiu a seu lado fulminado por um raio, induziu-o a entrar na ordem de Santo Agostinho. Por algum tempo pareceu mergulhado em profundas meditações, e agitado por escrúpulos e temores; porém, descobriu finalmente o orgulho que se abrigava em seu coração; e, declarando-se contra a autoridade do Pontífice romano, saiu do claustro e já não houve meio de dominá-lo. Oprimir aos outros com calúnias e tiranias, ridicularizar e desprezar as coisas mais augustas e santas; soberba, desregramento, ambição, petulância, cinismo grosseiro e brutal, crápula, intemperança, desonestidade, eis os dotes característicos deste corifeu do protestantismo. No ano de 1869 levantaram-lhe na Alemanha uma estátua qual insigne benfeitor da humanidade!!!"
 "No ano 1517, começou a pregar contra as indulgências, portanto, contra o Papa e progredindo na impiedade, formulou uma doutrina que, quer se considere em si mesma, quer em suas consequências lógicas e práticas, contamina tudo o que é sagrado, destrói a liberdade do homem, faz a Deus autor do pecado, e reduz o homem ao estado dos brutos. Entre suas impiedades, é bastante lembrar que, conforme ele afirmava, o homem mais virtuoso, se não acredita firmemente achar-se entre os eleitos, é condenado; e que pelo contrário, o homem mais miserável, irá diretamente ao paraíso, se acredita unicamente que há de salvar-se pelos merecimentos de Jesus Cristo. Tão abominável doutrina foi condenada logo pelo Papa Leão X; todavia Lutero mandou atirar ao fogo publicamente a bula. As Universidades católicas e todos os doutores, clamaram contra aquela impiedade e heresia; mas Lutero zombou deles e persistiu em sua revolta. Ainda que ligado por votos solenes, casou-se com Catarina de Bore, religiosa de um mosteiro de Mísnia. Teve desgraçadamente muitos sectários, que, sob o nome de protestantes, tomaram armas e devastaram todas as regiões onde lhes foi dado penetrar. Levavam escrito em seus estandartes: Antes turcos que papistas. Ao pensar algumas vezes nos grandes males que causava a nova reforma exclamava: "Só tu serás douto? Todos os que te precederam enganaram-se? Tantos séculos têm ignorado o que tu sabes? Que te acontecerá se te enganas e arrastas contigo a tantos para a condenação?" Eram estes os gritos de sua consciência que, a seu pesar, protestava contra suas impiedades; contudo não bastavam para fazê-lo voltar ao bom caminho".
   Até aqui São João Bosco. Quero terminar com uma pergunta: Será "amigo apaixonado de Jesus", será "um reformador de intenções corretas (não erradas): um apóstata, um precursor do Anti-cristo, um tão apaixonado inimigo da Santa Esposa de Nosso Senhor Jesus Cristo?! Sabemos que São João Bosco converteu muitos protestantes... "Amigo apaixonado de Jesus": este elogio foi feito pelo então papa Bento XVI; "Reformador de intenções não erradas": estes elogios foram feitos pelo papa atual. Prefiro acreditar em S. João Bosco, que, sendo santo, nunca esteve contaminado por ecumenismo maldito.