sábado, 30 de março de 2019

AMAR OS POBRES NÃO É ODIAR OS RICOS


CARTA PASTORAL 
prevenindo os diocesanos contra os ardis da seita comunista.
Escrita em 13 de maio de 1961 pelo então Bispo da Diocese de Campos, D. Antônio de Castro Mayer, de saudosa memória.
(continuação)

Amar os pobres não é odiar os ricos

Amemos, pois, desveladamente os pobres, sejamos seus protetores, defendamos seus direitos,  -   salvando sempre, porém, os direitos das outras camadas da sociedade, porque a felicidade do corpo social está na harmonia de todas as classes, com seus direitos e deveres, e não na supremacia de uma sobre a outra, tripudiando sobre a lei moral.

A laicidade favorece a seita marxista

Nesta mesma ordem de ideias, convém fazer algumas reflexões a respeito do falseamento frequente dos movimentos destinados a ajudar e defender os operários, trabalhadores rurais, empregados domésticos, enfim, a classe dos que ganham dignamente seu pão com o trabalho assalariado.

Qualquer iniciativa no sentido de elevar essa classe espiritual, cultural e moralmente, é digna de todos os encômios. Assim também os movimentos que se propõem a defesa dos legítimos direitos dela nas relações com os empregadores. Há de aqui, porém, levar-se em conta, primeiro, que em tais movimentos, vistos em seu conjunto, jamais se deve recusar a primazia à parte espiritual e moral. Se eles cuidarem apenas da parte econômica, no fundo estarão auxiliando a difusão dos erros comunistas, uma vez que estes afirmam precisamente que são os fatores econômicos os únicos que realizam todo progresso, mesmo cultural e, enquanto não se pode acabar inteiramente com as crenças, até religioso. É isso falso, e uma campanha em prol das classes menos favorecidas da fortuna, que não sublinhasse essa falsidade, estaria indiretamente beneficiando o comunismo. Por semelhante razão, lamentamos profundamente o caráter laico dos nossos sindicatos, quer de empregados, quer de patrões. Posta de lado a influência direta da Religião, resulta impossível resolver os problemas sociais dentro dos quadros da civilização cristã, baseada em valores espirituais aos quais os econômicos devem estar subordinados, como meros auxiliares.

A tendência a igualar as condições de patrões e empregados serve o comunismo

É pelo esquecimento dos valores espirituais que frequentemente as reivindicações operárias descambam para a exigência de uma igualdade absoluta de direitos entre empregados e empregadores. Coisa em si absurda, uma vez que o próprio contrato de trabalho supõe duas situações distintas, cada qual com seus direitos legítimos, não porém os mesmos, pois que se fossem os mesmos nem sequer seria possível contrato. Quando duas pessoas contratam é porque não têm os mesmos direitos: a uma falta o que a outra tem, e o contrato é feito precisamente para que se completem, se auxiliem reciprocamente, ficando ambas satisfeitas, conservando, porém, cada qual, seus direitos. As campanhas a favor dos direitos dos operários, e empregados em geral, com tendência a igualar as situações, servem aos comunistas, cujo ideal é a supressão da diversidade de classes sociais. Eis, pois, um campo em que a defesa de direitos autênticos e até sagrados pode prestar-se, nas condições em que vivemos, à exploração da seita comunista.

Ao cuidar dos operários é preciso marcar bem a função que eles têm na sociedade, função digníssima e deles própria, que bem desempenhada os leva a dar seu contributo indispensável para o bem comum, e que no entanto será fundamentalmente viciada, se, corroídos de inveja porque lhes não coube outra posição mais elevada, vierem a sabotar a tarefa que executam, ou a colaborar em movimentos que provocam a desordem no campo econômico-social. Com semelhante procedimento, eles prejudicariam a sociedade toda, e a si mesmos, espiritual e materialmente.

Sem o concurso das virtudes cristãs nada se fará de útil para os pobres

Não é preciso insistir para que se veja como as reivindicações operárias  -  tão legítimas e simpáticas  -  quando feitas nesse espírito ajudam poderosamente a criar ambiente favorável ao comunismo e contrário à civilização cristã. Esta é feita das grandes virtudes sociais, a obediência, a humildade e o amor. Virtudes que falam em desapego e dedicação. Virtudes não só dos operários, mas também dos patrões. Virtudes cujo concurso impede que as reivindicações operárias, por mais categóricas e enérgicas que sejam, se transformem em fator de desordem social. Virtudes que, se vierem a falhar, nem se obterá a salvação eterna, razão por que fomos criados, nem a paz e a prosperidade social, motivo por que existe a sociedade civil. Sem elas domina a inveja, a desconfiança, o ódio, causas da desagregação social, sobre a qual lança o manto negro da tirania, o despotismo moscovita.

sábado, 23 de março de 2019

COMO SE FAZ O JOGO DOS COMUNISTAS


CARTA PASTORAL 
prevenindo os diocesanos contra os ardis da seita comunista.
Escrita em 13 de maio de 1961 pelo então Bispo da Diocese de Campos, D. Antônio de Castro Mayer, de saudosa memória.
(continuação)

3 - Como se faz o jogo do adversário

Vêm a propósito algumas observações sobre a maneira como, inconscientemente embora, se chega a auxiliar em certos casos o movimento comunista.

Omissões e silêncios que favorecem os comunistas

O comunismo, como se sabe  -  e esta é sua característica mais visível   -  é contrário à propriedade privada. A anulação desse direito constitui para ele uma das metas a atingir para chegar ao ideal supremo da sociedade sem classes (cf. Enc. "Divini Redemptoris", ibid., p. 70); e, como sempre, a campanha contra a propriedade privada é conduzida por seus asseclas sem a menor atenção à ordem moral, aos direitos legitimamente adquiridos, uma vez que para os comunistas  -  convém tê-lo sempre presente  -  não há freio moral (cf. Enc. cit. ibid.). Eles se movem unicamente pela consideração do que é útil à finalidade da seita.

Ora, é patente que, na atual ordem de coisas, aquele instituto, não rara vezes, tem sido utilizado de modo abusivo. Os Papas o reconhecem. É, pois, certo que tais abusos devem ser eliminados.

Um movimento destinado a abolir os abusos da propriedade privada, e a levar os proprietários a fazer uso honesto de seus bens, é em si benemérito. Acontece, não obstante, que facilmente pode ele favorecer o comunismo. Basta que não afirme de maneira enérgica e categórica que o instituto da propriedade privada é legítimo, para que a campanha auxilie a criação de um clima hostil aos proprietários enquanto tais, apresentados pelos comunistas como parasitas da sociedade. Não é só. Cumpre que um movimento assim saliente bem o interesse social que há na existência da classe dos proprietários, da qual se beneficiam todos, especialmente os menos galardoados pela fortuna. É a advertência de Pio XI. Assinala o Pontífice que "a própria natureza exige a repartição dos bens em domínios particulares PRECISAMENTE [grifo nosso] a fim de poderem as coisas criadas servir ao bem comum de modo ordenado e constante" (Enc. "Quadragesimo Anno", A. A. S., vol. 23, pp. 191-192). Este princípio, acrescenta o Papa, deve tê-lo "continuamente diante dos olhos quem não quer desviar-se da reta senda da verdade". É enfim preciso que a campanha de que tratamos não fique em reivindicações vagas, mas antes tome todo o cuidado em não exagerar de tal maneira as restrições ao direito de propriedade, que atinja também a própria existência dele. Assim, por exemplo, não se há de exigir por justiça o que pertence as outras virtudes, como sabiamente ensinava Pio XI (cf. Enc. cit. ibid., p. 192).

Em vários documentos de Pio XII nota-se a preocupação com os movimentos surgidos para combater os abusos da propriedade privada, ou do capitalismo (palavra de que ardilosamente se serve o comunismo para confundir o direito de propriedade com as injustiças da atual ordem econômica). A preocupação do saudoso Pontífice revela como houve excessos nessas campanhas. Citemos apenas o trecho da radiomensagem dirigida ao Congresso Católico de Viena em 14 de setembro de 1952, pelo qual se vê quanto interessa aos comunistas a falta de uma afirmação nítida do direito de propriedade. Eis as palavras de Pio XII: "É preciso impedir a pessoa e a família de se deixarem arrastar para o abismo, onde tende a lançá-las a socialização de todas as coisas, ao fim da qual a terrível imagem do LEVIATAN tornar-se-ia uma horrível realidade", na qual soçobrariam "a dignidade humana e a salvação das almas".  Como impedir este desastre? Mediante a afirmação categórica do direito de propriedade. Continua, realmente o Papa: "É assim que se explica a especial insistência da doutrina social católica sobre o direito de propriedade privada. É a razão profunda pela qual os Papas das Encíclicas sociais e Nós mesmo Nos recusamos a deduzir, seja direta, seja indiretamente, da natureza do contrato de trabalho, o direito de co-propriedade do trabalhador ao capital e, portanto, seu direito de co-direção" (Radiomensagem ao "Katholikentag" de Viena, de 14-9-1952, "Discorsi e Radiomenssaggi", vol. 14, p. 313).

As expressões do Papa são para nós sábia advertência. A Igreja apresenta como ponto inalterável de sua doutrina o direito de propriedade privada, resultante da natureza e objeto de um dos Mandamentos do Decálogo. Faz portanto ele parte dos fundamentos da civilização cristã, cuja manutenção, pela observância dos vínculos jurídicos que a compõem, é um dever grave que obriga a todos os fiéis. Por isso, a Igreja mantém-se vigilante em face dos atentados que contra esse direito se sucedem na agitação da sociedade de hoje, trabalhada pelo espírito socialista. Ouvimos o pranteado Papa Pio XII a falar para o Congresso Católico de Viena. Firmemo-nos na doutrina pontifícia para não aceitarmos as limitações propugnadas por um não se sabe que novo cristianismo progressista, as quais vulneram o direito de possuir nascido da própria natureza. Deixar este último, com efeito, ao sabor de dispositivos legais imprecisos e indeterminados, de medidas como a desapropriação pelo chamado interesse social, quando feita sem causa justa e demonstrada, ou ainda sem indenização correspondente ao valor real e feita em tempo hábil, é mutilá-lo no que lhe é essencial. Os Papas, que tanto e tão energicamente salientaram o papel que a propriedade privada tem na sociedade, jamais a reduziram a mera função social.

terça-feira, 19 de março de 2019

SÃO JOSÉ

O PAI PRESENTE
                                                         
    Dom Fernando Arêas Rifan*

        A família é composta de pai e mãe, que geram os filhos. A presença do pai é necessária, não só para a geração, mas, sobretudo, para a educação dos filhos. O filho precisa do pai, da figura do pai, da presença do pai na sua vida. É dele que os filhos esperam o exemplo e a proteção, e a esposa espera a ajuda, a defesa e a cooperação na edificação e conservação da família. Isso é tão marcante que o próprio Pai eterno, quando enviou o seu filho ao mundo, Deus feito homem, concebido de maneira virginal, quis que alguém o substituísse visivelmente como Pai adotivo na Sagrada Família de Belém e Nazaré e fosse o guarda e protetor daquela que viria a ser a mãe do Filho de Deus feito homem: o escolhido foi São José, cuja solenidade celebramos ontem e festejamos durante todo o mês de março.
        São José era de família nobre, a família real de Davi. Se a sua família ainda estivesse reinando, ele seria um príncipe. Quando ele tinha apenas desposado Maria, primeira parte do casamento hebraico, mas antes de recebê-la em casa, ocorreu a Anunciação e a Encarnação do Filho de Deus. Maria objetou ao Anjo mensageiro a impossibilidade de ter um filho, pois “não conhecia varão” (Lc 1,34), isso apesar de ser noiva de José, o que claramente indica o seu voto de virgindade, de pleno conhecimento do seu futuro esposo. O Anjo, da parte de Deus, lhe garantiu que a concepção daquele filho não seria por obra humana, mas sim “por virtude do Espírito Santo” (Mt 1,18). O próprio José, em sonho, foi advertido pelo anjo do que ocorrera. E ele teria como missão ser o guarda daquela Virgem Mãe e pai nutrício daquele Filho, que era realmente o Filho de Deus. E Jesus lhe dava o nome de pai, sendo conhecido como “o filho do carpinteiro” (Mt 13,55), tido por todos “como sendo filho de José” (Lc 3,23).
        São José protegeu a Sagrada Família, sobretudo na fuga para o Egito, quando da perseguição de Herodes ao Menino Jesus. Como chefe e protetor da Sagrada Família, ele se tornou o patrono de todas as famílias. E seu modelo de amor, humildade, paciência e obediência a Deus. : “Do exemplo de São José chega a todos um forte convite a desenvolver com fidelidade, simplicidade e modéstia a tarefa que a Providência nos designou” (Bento XVI). 
        São José é também o padroeiro dos trabalhadores porque, como carpinteiro, sustentava a Sagrada Família com o seu suor e o trabalho de suas mãos. A festa de São José, como padroeiro dos trabalhadores, se comemora no dia 1º de maio, dia do trabalho.
        Antigamente havia uma festa especial para honrar o Patrocínio de São José, ou seja, sua proteção, seu amparo. Daí o nome muito comum a pessoas e cidades, Patrocínio e José do Patrocínio, em honra do patrocínio de São José. Tendo tido a mais bela das mortes, pois morreu assistido por Jesus, que ainda não tinha começado a sua vida pública, e por Maria Santíssima, São José é invocado como padroeiro dos moribundos e patrono da boa morte. 
        O Papa Pio IX proclamou São José patrono da Igreja, que é a família de Deus. Por tantos gloriosos motivos, São José faz jus à honra e à devoção especial que lhe tributamos.  


*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

sábado, 16 de março de 2019

RECUSAR AS CAMPANHAS PARALELAS DE CATÓLICOS E COMUNISTAS COM OBJETIVO COMUM


CARTA PASTORAL (5)
prevenindo os diocesanos contra os ardis da seita comunista.
Escrita em 13 de maio de 1961 pelo então Bispo da Diocese de Campos, D. Antônio de Castro Mayer, de saudosa memória.
(continuação)

2  -  Recusar as campanhas paralelas de católicos e comunistas com objetivo comum

O exemplo acima [no fim do post anterior] nos leva a uma advertência necessária a propósito das chamadas ações paralelas.

Os comunistas, em geral, a fim de obter a colaboração dos não comunistas, sondam primeiro o ambiente para ver qual a campanha que terá maior receptividade entre estes. E não é difícil encontrar injustiças verdadeiras, objetivas, a deplorar numa sociedade que apostatou de Deus, e vive dominada pelo egoísmo e pela sede dos prazeres materiais. Ora, é natural que os cristãos se indignem com fatos desses. Os Papas têm repetidas vezes levantado a voz contra semelhantes abusos e particularmente contra as injustiças causadas pela nova ordem econômica, na qual domina o dinheiro e não se dá atenção às necessidades espirituais e morais mais urgentes das classes menos favorecidas. Fazer eco aos Papas, e tentar ordenadamente pôr termo a essas desordens sociais, é coisa justa e digna de todo o aplauso.

De circunstâncias concretas como essas, se aproveitam os comunistas, e como que se associam à campanha dos cristãos. Também eles alçam a voz para condenar as injustiças e pedir a punição dos culpados. Pergunta-se: seria lícita, em tal caso, uma ação paralela? Os comunistas, de seu lado, com seus argumentos e seus métodos sem dúvida detestáveis, propugnariam, não obstante, um objetivo justo e desejável. De outro lado, os católicos, com os métodos e argumentos ensinados pela Moral, pelos documentos pontifícios, se empenhariam, sem ligação nenhuma com os comunistas, para conseguir, na prática, o mesmo resultado, isto é, a correção das injustiças sociais.

A  -  NÃO HÁ DE FATO UM OBJETIVO COMUM

É fácil solucionar a questão.
Primeiramente, não nos iludamos; os comunistas jamais desejam reparar injustiça alguma. Eles só querem fomentar agitação, mal-estar, oposição de classe contra classe, de maneira a obter a aversão e o ódio de uma contra a outra. Ainda quando, na aparência, estão a defender objetivos inteiramente de acordo com as exigências e a doutrina da Igreja, ainda nessas ocasiões, o que de fato intentam é promover a luta de classes, o grande meio que Lenine lhes pôs nas mãos para atingirem seu fim último: o domínio do mundo e a tirania da nova classe dirigente, o partido comunista.

B  -- NÃO PODE HAVER PARALISAÇÃO NA LUTA DOS CATÓLICOS CONTRA OS COMUNISTAS

Ainda aqui, um aspecto da luta em torno da reforma agrária servirá para exemplificação. Com efeito, sobre este problema, juntamente com o Exmo. Revmo. Sr. Arcebispo de Diamantina, D, Geraldo de Proença Sigaud, o Professor Dr. Plínio Corrêa de Oliveira e o economista Luiz Mendonça de Freitas, escrevemos o livro "Reforma Agrária  -  Questão de Consciência", que a Editora Vera Cruz, de São Paulo, publicou. Essa obra trata do assunto com serenidade. Reconhece os males gravíssimos introduzidos no campo pela ganância de certos proprietários e especialmente pelo amoralismo da economia liberal, exorta os responsáveis pela situação a sanarem com a possível brevidade injustiças clamorosas, e dá veemente brado de alerta contra a reforma agrária de cunho socialista. Em resumo, uma obra com objetivos humanitários (para usar aqui a palavra corrente entre os não católicos), mas que nitidamente se alheia de qualquer compromisso, ainda em linha paralela, com os comunistas e comunistizantes. Foi o suficiente para que aqueles e estes recebessem  livro com verdadeiro e estrepitoso ódio. É que os autores, ferindo uma injustiça real, não o faziam à moda socialista, nem silenciavam os engodos que a solução socialista envolve. "Reforma Agrária - Questão de Consciência" era uma força que aos marxistas só convinha destruir. O ódio comunista contrasta significativamente não só com os aplausos que nosso trabalho recebeu em outros setores, mas também com a discrepância cortês e serena com que foi acolhido por elementos não comunistas que dele discordaram.

Ódio comunista contra "Reforma Agrária - Questão de Consciência"

Em segundo lugar, e por esse mesmo motivo, qualquer campanha cristã contra as injustiças sociais, para não carregar água para o moinho comunista, precisa, ao mesmo tempo que ataca com veemência tais injustiças, mostrar DE MODO CLARO E INSOFISMÁVEL que não pretende o aniquilamento de qualquer das classes de que forçosamente se compõe o corpo social, que o que deseja tão somente é purificar este último de defeitos que o deformam, e isso através da harmonia das várias camadas sociais; a par disso, é COISA NÃO MENOS INDISPENSÁVEL combater e impugnar, com veemência igual ou ainda maior, a campanha análoga de cunho comunista, denunciando-a como insincera e revolucionária. Ora, agindo os católicos de acordo com estas normas, os próprios comunistas rejeitarão a colaboração que antes procuravam. [Nota do autor: Veja-se a distinção entre "colaboração recíproca"  e "convergência ocasional", que fizemos acima].

A ação dos católicos não tem o caráter destrutivo próprio à ação dos comunistas

Os movimentos inspirados pela caridade cristã jamais tendem à destruição de uma ordem existente que em si não é injusta, como a respeito do regime da propriedade privada, chamado capitalismo, disse Pio XII (cf. Aloc. sobre problemas rurais, de 2 de julho de 1951, Discorsi e Radiomessaggi", vol. 13, pp. 199-200), mas procuram, e isso com toda a energia, corrigir os erros verificados, a fim de que voltem a paz e a harmonia necessárias não corpo social. Pois neste, embora composto sempre de classes diversificadas, deve reinar uma orgânica união de todos os elementos, assegurada pela caridade recíproca e auxílio mútuo.