terça-feira, 3 de setembro de 2019

COMO DEVEMOS SERVIR-NOS DAS CRIATURAS, PARA QUE ELAS NOS CONDUZAM AO NOSSO FIM


LEITURA MEDITADA - dia 3º

Devemos usar das criaturas tanto quanto elas nos conduzam ao nosso fim último. "Foram-nos dadas todas as coisas, diz S. Bernardo, para nosso bem; mas contribuem, para isso, de diverso modo. Umas são destinadas a conservar-nos a vida e as forças; outras, a instruir-nos; outras, a dar-nos descanso; outras, finalmente, a corrigir-nos e a provar-nos". A sabedoria consiste em usar de cada uma, segundo o desígnio de Deus, e conforme a nossa necessidade presente. Apresentam-se, aqui, duas regras:

   1ª - Tratando-se das criaturas de que não poderemos prescindir para comida, habitação, vestuário, descanso: limitemo-nos ao necessário, e recebamo-lo com agradecimento, sacrificando, generosamente, tudo o que é supérfluo. Estas mesmas espécies de criaturas dão-nos este conselho: "Recebei, restituí, temei. -  Recebei o benefício, que vos faço; agradecei-o àquele Senhor, por quem e para quem vo-lo faço, o que vale tanto como restituir-lho; temei a conta que haveis de dar do uso, que dele tiverdes feito" (Ricardo de São Vítor). Não podemos deixar de ver o céu e a terra, os homens, que nos rodeiam; de ouvir milhares de coisas, tristes ou agradáveis; mas há, em todas, algum lado por onde as poderemos encarar, para nos elevarmos por elas a Deus. É o que os Santos chamam: ver a Deus nas criaturas.

   2ª - Quanto àquelas, cujo uso se deixa ao nosso arbítrio, como adotar um gênero de vida, ou abraçar outro, buscar a fortuna, a reputação, ou não fazer nenhum caso disto, etc; a regra que nos dá Santo Inácio de Loiola, é pormo-nos indiferentes para com estas coisas, enquanto não entra a consideração do serviço de Deus e do nosso eterno destino; não buscando, não repelindo por si mesma, coisas alguma criada, mas, unicamente segundo nos aproxima ou afasta do nosso fim. Não há nada mais justo. Não tem Deus, sobre nós, um domínio absoluto e universal? Sem esta indiferença, subtraio-me a esse supremo domínio, dispondo dos meus afetos segundo a minha própria vontade, e não segundo a Sua. Que é o que me leva para Deus? Os exercícios de piedade, o recolhimento de espírito; pois quero aplicar-me a eles. Que é o que me afasta de Deus, ou me impede de ser todo dele? A distração, a imperfeição voluntária, certa paixão, que me domina; é isso o que convém que eu combata intrepidamente. Nosso Senhor Jesus Cristo disse que: "O reino dos céus sofre violência e só os violentos poderão arrebatá-lo".

Devemos louvar a Deus em nome das criaturas: "Quão magníficas são, Senhor, as tuas obras! Quão profundos são os teus pensamentos! O homem insensato não conhece, e o néscio não compreende estas coisas" (Salmo 91, 6 e 7). "Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor; louvai-O e exaltai-O por todos os séculos" (Daniel, III, 57)

Tomemos a resolução de não nos prendermos senão a Deus: só Deus, somente Deus: nos meus temores, nos meus desejos.Amém!

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