1- Uma alegria celestial inunda o nosso coração; um hino de louvor e de gratidão ao Onipotente irrompe dos nossos lábios, por o Senhor nos ter concedido elevar às honras dos altares o nosso Bem-aventurado Predecessor, Pio X. É também alegria e reconhecimento de toda a Igreja, que vós visivelmente representais, diletos filhos e filhas, reunidos aqui sob os nossos olhos como um mar vivo, ou que, espalhados pela superfície da terra, nos escutais na exultação deste dia bendito.
2- Realizou-se um anelo comum. Deste os tempos de sua piedosa morte, enquanto ao seu túmulo se dirigiam sempre numerosas e devotas peregrinações, de todas as Nações afluíam súplicas a implorar a glorificação do imortal Pontífice. Elas emanavam dos mais elevados graus da Hierarquia eclesiástica, do Clero secular e regular, de todas as classes sociais e especialmente das mais humildes entre as quais ele próprio tinha nascido como flor puríssima. E eis que estes anelos são ouvidos; eis que Deus, nos arcanos desígnios da Sua Providência, escolheu o seu indigno sucessor, para satisfazê-los e fazer resplandecer, nesta triste penmbra que ofusca o caminho ainda incerto do mundo de hoje, o fulgente astro da sua branca figura, a fim de traçar o caminho e firmar os passos da humanidade transviada.
3- Mas, enquanto a alegria de que o nosso coração transborda nos impele irresistivelmente a cantar nele as maravilhas de Deus, a nossa voz hesita, como se as palavras devessem faltar-nos, insuficientes como são para exaltar dignamente, ainda que em rápidos quadros, a vida e as virtudes do Sacerdote, do Bispo, do Papa, na prodigiosa ascensão desde a pequenez da aldeia natal e desde a humildade do nascimento aos cumes da grandeza e da glória sobre a terra e no céu.
4- Desde há mais de dois séculos não se tinha elevado sobre o Pontificado romano um dia de esplendor comparável a este, nem tinha vibrado com tal veemência e concórdia a voz a cantar hinos de todos aqueles para os quais a Cátedra de Pedro é a rocha sobre a qual ancorou a sua fé, o farol que conforta a sua indefectível esperança, o vínculo que os firma na unidade e na caridade divina.
5- Quantos, também de entre vós, conservam viva no seu espírito e no seu coração a lembrança do novo Bem-aventurado! Quantos revêem em pensamento, como o revemos nós próprios, aquele rosto em que transparecia uma bondade celeste! Quantos o sentem perto, muito perto de si, a este Sucessor de Pedro , este Papa do século vinte, que no formidável furacão provocado pelos que negam a Cristo e pelos seus inimigos, soube demonstrar desde o princípio uma consumada experiência no manejo do leme da barca de Pedro, e que Deus chamou a Si, quando já, violenta, bramia a tempestade! Que dor, que desânimo, ao vê-lo desaparecer, no auge da angústia de um mundo revolto!
6- Mas eis que a Igreja o vê hoje reaparecer, não já como um piloto lutando afanosamente em direção à barra contra os elementos desencadeados, mas como um Protetor glorioso, que do céu a envolve com o seu olhar custódio, em que brilha a aurora de um dia de consolação e de força, de vitória e de paz!
Continue lendo o discurso nas próximas postagens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário