terça-feira, 3 de setembro de 2019

VIDA DE SÃO PIO X DESCRITA PELO PAPA PIO XII - ( II )

Breve Apostólico da Beatificação ( continuação)
   6- Leão XIII, de gloriosa memória, que tinha grande estima e singular afeto ao Bispo de Mântua, no Consistório de 12 de junho de 1893 alistou-o entre os Cardeais e, três dias depois, nomeiou-o Patriarca de importante Igreja de São Marcos de Veneza, a fim de que se visse claramente que a honra da Púrpura Cardinalícia, mais do que a Sé, embora digníssima, se conferia ao homem de méritos excepcionais.
   7- A maravilhosa cidade, Rainha do Adriático, que há tanto esperava um novo Patriarca, recebeu-o com enorme júbilo e universal aplauso em 24 de novembro de 1894, e logo os venezianos de todas as condições foram conquistados pela sua afabilidade e virtude. Realmente, excetuadas as vestes e os distintivos próprios da dignidade cardinalícia, nada mudou na vida íntima  e nos usos do Servo de Deus. A mesma humildade e desprezo de si próprio, o mesmo amor à pobreza e ao trabalho, o mesmo ardentíssimo e constante zelo pela glória de Deus e salvação das almas.
   8- Como em Mântua, assim em Veneza se preocupou antes de mais com restaurar a disciplina e promover a santidade do Clero, renovar e fomentar a piedade do povo e a prática das virtudes cristãs, restaurar a dignidade das sagradas cerimônias e do canto eclesiástico, reformar os costumes, abolir abusos, reivindicar com suavidade e fortaleza os direitos da Igreja.
   9- Falecido Leão XIII em 1903, o cardeal José Sarto, a 4 de agosto do mesmo ano, foi elevado ao fastígio do Sumo Pontificado que aceitou, com relutância e com lágrimas, "como uma cruz", tomando o nome de Pio X. Estabelecido na Cadeira de São Pedro, vendo o que exigia o bem da Religião e o que reclamavam os tempos, tomou como lema do seu pontificado esta sublime e insigne divisa: instaurare omnia in Christo. O Servo de Deus, tendo experimentado que nada poderia contribuir mais eficazmente para a renovação dos homens em Cristo do que a vida do Clero, esforçou-se com particular empenho por que todos os chamados para o serviço do Senhor se distinguissem pela piedade, ciência e obediência.
   10- Por isso é que na primeira Carta Encíclica "E supremi" quis abrir a sua alma ao Clero, exortando-o vivamente a só se compenetrar das coisas celestes e só a estas procurar. Volvendo particulares cuidados para os Seminários da Itália, deu-lhes nova organização e favoreceu neles muitíssimo o estudo das ciências sagradas e profanas; excitou os cultores da filosofia cristã a pugnarem pela verdade tomando por guia Santo Tomás de Aquino; erigiu em Roma o Instituto Bíblico e, por ocasião de seu cinqüentenário sacerdotal, numa suavíssima exortação, estimulou todo o Clero a observar diligentemente os deveres do próprio ministério. Mandou reunir as leis da Igreja, até então dispersas por muitos volumes, em um corpo adaptado às condições do tempo e reorganizou a Cúria Romana para que se tornasse mais rápido o expediente dos serviços.
   11- Preocupado ao máximo com a eterna salvação das almas, providenciou para que fosse devidamente ensinado o catecismo às crianças e adultos; estabeleceu sábias normas para a pregação; ordenou que a música sacra se conformasse com a majestade das sagradas funções. Fautor da santidade e da inocência, inspiriado pelo amor divino, introduziu o uso da Comunhão freqüente e até cotidiana e estabeleceu que as crianças se aproximassem da Primeira Comunhão desde os mais tenros anos; além disso, alimentou a acendeu em todos os filhos da Igreja maior amor ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Mestre infalível da fé, na memorável Encíclica "Pascendi" denunciou e reprimiu com o necessário rigor doutrinas que formavam uma triste síntese de todos os erros.
   12- Acérrimo defensor da Religião e fortíssimo guarda da liberdade da Igreja de Cristo, cônscio do seu ofício pastoral, aboliu o chamado Veto civil na eleição do Pontífice Romano; repudiou impavidamente as leis da separação do Estado da Igreja; à França afligida pela perseguição, deu novos Bispos, e resistiu à audaciosa erupção da malícia dos homens. Para defesa da Religião, restaurou a disciplina da Ação Católica e tornou-a mais sólida; deu novo desenvolvimento à ação social dos católicos: conduziu com sapientíssimas leis as associações operárias para o caminho religioso; reforçou as Ordens Religiosas com mais oportunas normas jurídicas.
   13- A fim de promover e preservar a fé cristã, erigiu em Roma novas paróquias e fomentou por todas as formas a vida paroquial; proveu às múltiplas necessidades das Dioceses; difundiu no mundo a palavra de Deus com a missão de arautos do Evangelho; empregou todos os esforços para reconduzir à unidade da Igreja os Orientais dissidentes e, como verdadeiro Pai amantíssimo dos pobres e dos órfãos, nunca deixou de atender a quaisquer desgraças do seu povo.
   14- Não vencido pelo trabalho, mas esmagado de acerbíssima dor por causa da infeliz e cruel guerra européia declarada nesses dias, começou a sentir-se mal em 15 de agosto de 1914 e, tendo-se agravado rapidamente a doença, no dia 19 chegou ao extremo. Confortado com todos os Sacramentos da Igreja, a 20 do mesmo mês trocou placidamente a vida mortal pela eterna, chorado por todo o mundo católico e logo proclamado Santo, como a primeira e a mais nobre vítima da guerra que já alastrava com furor. Celebradas solenes exéquias na Basílica de São Pedro a 23 de agosto, foi sepultado nas Grutas Vaticanas, no lugar que em vida tinha escolhido para o seu túmulo. O povo católico considerava-o imediatamente, à conta das exímias virtudes que lhe tinham adornado a vida, como intercessor junto da Majestade Divina.
   
Sua festa, no calendário liturgico tradicional, é celebrada no dia 3 de setembro.
SÃO PIO X ! ROGAI POR NÓS! ROGAI PELA SANTA IGREJA! ROGAI PELA VOSSA FRATERNIDADE SACERDOTAL!

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