LEITURA ESPIRITUAL - Dia 10
"Conjuro-te diante de Deus e de Jesus Cristo, que há de julgar os
vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu reino: prega a palavra, insiste,
quer agrade quer desagrade, repreende, suplica, admoesta com toda a paciência e
doutrina, porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina, mas
multiplicarão para si mestres ao capricho de suas paixões, (levados) pelo
prurido de ouvir novidades. Afastarão os ouvidos da verdade e os aplicarão às
fábulas" (II Timóteo IV, 1-4).
Há homens de coração reto que têm sede de uma luz infinita.
E esta sede do infinito, só Deus pode saciá-la. E Deus se fez Homem para lhes
dar a segurança dizendo: Eu sou a Verdade. E o grande foco da luz divina é a
Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. O Divino Mestre cingiu a fronte de sua
Esposa mística com o diadema visível de Rainha da Verdade. A unidade, a
indefectibilidade, a santidade e a infalibilidade refulgem na coroa da Igreja,
quais gemas preciosas, prendas que são deste Divino Esposo e que distinguirão a
Igreja das rugas das adulterações humanas e das manchas das sociedades
heréticas ou cismáticas. Dado o orgulho humano, estas últimas infelizmente
sempre existirão. Daí as exortações do Apóstolo
ao seu discípulo e bispo Timóteo, exortações estas sobre as quais vamos
ora refletir.
São Paulo, num tom pleno de solene gravidade, conjura o seu
discípulo caríssimo, o Bispo Timóteo, a ser fiel à sua missão de pregar a
doutrina imutável de Nosso Senhor Jesus Cristo. E, portanto, deverá insistir,
quer agrade quer desagrade, e repreender aqueles que dela se afastarem. O
Apóstolo dos Gentios, exorta o seu discípulo a ter sempre firmeza em defender a
verdade, a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo que não muda, e, ao mesmo
tempo, mostra que é mister fazê-lo sempre com bondade e paciência, isto é, sem
discussões e altercações.
Não há a mínima dúvida de que São Paulo faz aqui uma
profecia: "virá tempo" afirma ele. Já na primeira carta ao mesmo
Bispo Timóteo, o Apóstolo São Paulo já alertava: "O Espírito (Santo) diz
claramente que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvido a
espíritos enganadores e a doutrinas de demônios..." (I Tim., IV, 1). E ao
terminar esta mesma carta, faz esta exortação: "Ó Timóteo, guarda o
depósito (da fé), evitando as novidades profanas de palavras e as contradições
de uma ciência de falso nome, professando a qual, alguns se desviaram da
fé" (I Tim. VI, 20 e 21).
A lídima Palavra de Deus da qual os bons têm sede, causa
náuseas aos orgulhos. Não suportam ouvir a sã doutrina. Almejam uma multidão de
pregadores que adulem suas paixões. Por isso São Paulo já na primeira epístola,
havia dito a Timóteo: "Se alguém ensina, de modo diferente e não abraça as
sãs palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo e aquela doutrina que é conforme à
piedade, é um soberbo..." (I Tim., VI, 3 e 4). Não suportam ouvir sempre a
mesma coisa; desejam ardentemente ouvir novidades. Em lugar do Evangelho, da
verdade confirmada com tantos milagres, e assim tornada a mais evidente e
incontestável, abraçarão fabulosas, estranhas e inacreditáveis doutrinas. Assim
agiram os gnósticos, maniqueus e outros hereges.
Em verdade, esta profecia de São Paulo vem se realizando
desde os primeiros séculos; mas, com certeza se realizará plenamente nos últimos
tempos, na época do Anti-Cristo. Mas não resta a mínima dúvida de que ela se
cumpre ao pé da letra em relação aos modernistas. São Pio X dizia que o
Modernismo é a reunião de todas as heresias, e a sua origem está no orgulho
humano que procura novidades que agradam. Agravando-se o espírito de
contestação contra a Tradição e os dogmas, compreende-se que os modernistas não
suportem mais ouvir a verdade. Daí vem a apostasia da fé, e passam a pregar
abertamente doutrinas diabólicas. Os modernistas são pessoas ávidas de
popularidade, que lançam a divisão na Igreja e nas famílias. Organizam
conciliábulos e preparam os cismas dentro da Igreja. Procuram ensinar outras
coisas diferentes e rejeitam a linguagem escolástica tradicional. Cabe aqui
perfeitamente seguirmos a mesma exortação que S. Paulo fez a Tito: "Foge do
homem herege, depois da primeira e da segunda correção, sabendo que tal homem
está pervertido e peca, como quem é condenado pelo seu próprio juízo"
(Tito, III, 10 e 11).
Caríssimos, um só é o código que liga nossas almas aos
destinos eternos: o Evangelho genuíno sem alterações e acomodações humanas. A própria Santa Madre Igreja é infalível enquanto guarda santamente e expõe fielmente o que Jesus ensinou, ensinamento este em parte escrito por inspiração do Espírito Santo (S. Escritura), e em parte (maior) transmitido como de mão em mão através das gerações também sob a assistência do Espírito Santo (Tradição). Guardemo-lo com toda fidelidade e amor. A graça de Deus seja com todos vós. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário