VIGÁRIO DE CRISTO
Autor: D. Antônio de Castro Mayer
Vigário de Cristo. É como identificamos o Papa. Assim o definem os Concílios, como o de Florença e primeiro do Vaticano.
Como Vigário de Jesus Cristo, o Papa é o chefe da Igreja. Jesus Cristo edificou sua Igreja sobre a rocha de Pedro, e o Papa é o sucessor de São Pedro no cargo de Chefe. Daí a frase "ubi Petrus ibi Ecclesia", para dizer que onde está o Papa aí está a Igreja. Eis que o primeiro Concílio do Vaticano destaca que ao Papa se deve obediência não somente nas questões de Fé e Costumes mas também nas relativas à disciplina e ao governo da Igreja, e declara que na comunhão com o Papa conservamos a união com a Igreja.
Com efeito, o Papa é essencialmente o Vigário de Jesus Cristo. Em outras palavras, ele assume a Pessoa de Jesus Cristo. Ele faz suas vezes. Deve-se-lhe o acatamento e a obediência que se presta a Jesus Cristo, a quem ele representa. Seu poder, porém, sua jurisdição é vicária. De si, ele é de Jesus Cristo, pois, como escrevia o Papa Inocêncio III ao Patriarca de Constantinopla, em 12 de novembro de 1199, "o primeiro e precípuo fundamento da Igreja é Jesus Cristo". O Divino Salvador, no entanto, confiou seu poder a Pedro: "Como meu Pai me enviou, Eu vos envio", disse Ele aos seus Apóstolos, especialmente ao Chefe deles, São Pedro. Esta outorga foi de modo permanente, e para sempre, para que o Papa o exerça em seu lugar, fazendo-lhe as vezes, "vicens eius gerens".
Este aspecto é essencial ao Papado. Não pode ser olvidado. Seu esquecimento pode ter nefastas conseqüências. Pode levar a pessoa a pensar que o Papa é dono da Igreja, que pode fazer o que quiser, mandar e desmandar o que melhor lhe pareça, estando os fiéis obrigados sempre a simplesmente obedecer. Refletindo um pouco, vê-se que esta concepção atribui ao Papa a onisciência e a onipotência que são atributos exclusivos de Deus. Outra coisa não faz a idolatria que transfere à criatura o que é peculiar à divindade.
Por este motivo, o primeiro Concílio do Vaticano ao definir os poderes do Papa, tomou o cuidado de definir também sua finalidade e seus limites. Deve o Papa conservar intacta a Igreja de Cristo, através da qual o Divino Salvador torna perene sua obra de salvação. Manterá, pois, a estrutura da Santa Igreja como o Senhor a constituiu, e velará para conservar e transmitir intacta a Fé e a Moral recebida da Tradição Apostólica. Para este fim e dentro destes limites, goza o Papa da assistência divina que lhe assegura a impossibilidade de errar e desorientar os fiéis sempre que definir um ponto de Fé e Moral.
Não é despropósito pensar que, precisamente para fixar bem o poder vicário do Papa, tenha a Providência permitido que , no trono de São Pedro, se tenham assentado indivíduos, em cuja doutrina e/ou procedimento, encontram-se pontos gravemente prejudiciais à Fé e/ou à Moral. Não ensinavam com sua autoridade suprema e definindo matéria de Fé, ou davam mau exemplo com seu modo de proceder. Explica-se assim o julgamento emitido sobre Honório I quer pelo Concílio de Constantinopla quer por São Leão II, ou seja, que ele (Honório I) "com profunda traição permitiu que se maculasse a imaculada Fé desta Igreja Apostólica". E de modo semelhante, verificaram-se fatos dolorosos na História de Igreja.
Resistir a tais ensinamentos e maus exemplos não é recusar obediência ao Papa, ou à sua pessoa. Quem assim procede concede sua adesão ao Vigário de Jesus Cristo. E é somente como Vigário de Jesus Cristo que o Papa é dotado dos poderes de jurisdição em toda a Igreja. De onde, os Padres de Campos, ao recusar a nova Missa não estão recusando nem João Paulo II, nem a comunhão com toda a Igreja, uma vez que a nova Missa é prejudicial à Fé, pois, entre outros pontos, na sua ambigüidade, não se destaca suficientemente da heresia protestante". (Jornal Monitor Campista, 17/10/1982).
Num discurso do papa Bento XVI em 10 de maio de 2005, parece que ele se definia como agia, parecendo com isso que teria sido inspirado pelo Espírito Santo e precaveria a todos de quem viesse após ele e, como sempre, muito profundo, admirável, e nessa fala existe esse trecho, atualíssimo:
ResponderExcluir*”O papa não é um soberano absoluto, cujo pensamento e vontade são lei. Ao contrario: o ministerio do papa é a garantia de obedencia a Cristo e à Sua Palavra. Não deve proclamar suas proprias ideias senão vincular-se constantemente a si mesmo e à Igreja na obediencia à Palavra de Deus, frente a todas as intenções de adaptação e alteração, assim como frente a todo oportunismo!