Considerando que há muita desinformação atinente a este
assunto tão angustiante, e isto até por parte de alguns exorcistas, achei por
bem, visando a maior glória de Deus e o bem das almas, expô-lo aqui no meu
modesto blog.
Caríssimos e amados leitores, em primeiro lugar serão de
enorme utilidade algumas noções preliminares.
É certo que o demônio pode, por permissão de Deus, exercer
influência e dirigir ataques contra o homem, produzindo nos sentidos externos
ou internos, operações e impressões, anômalas, dolorosas e/ou aflitivas.
Radicalmente perverso e maligno, lança mão de quanto possa contrariar a glória
de Deus e a felicidade do homem.
Jesus Cristo diz que o demônio é invejoso e homicida deste o
início da humanidade. Realmente com o pecado original dos nossos primeiros
pais, o inimigo das almas passou a ter um grande império e a exercer uma acerba
tirania. Mas com a vinda de Jesus Cristo que venceu este príncipe do mundo, do
orgulho, da avareza e da impureza, o domínio do demônio diminuiu muito e visa
muito mais atormentar as almas antes do que os corpos, acorrentando-as (quando
elas se afastam de Jesus) com as cadeias do pecado. Quem não está com Jesus,
estará com o demônio, como afirmou o divino Mestre: "Quem não está comigo,
está contra mim". Este ataque do demônio às almas, é feito ordinariamente
através das tentações de que falaremos em outro artigo, se Deus quiser. O ódio
insaciável que o Maligno tem à humanidade leva-o também a lançar mão de todos
os meios e, se lhe for dado, descarregar também sobre o corpo os mais pesados
golpes. São os ataques extraordinários: possessão e obsessão ou infestação.
O maior mal que pode acontecer a uma pessoa é ter sua alma
possuída pelo demônio por meio do pecado mortal. É infinitamente pior do que a
possessão porque esta atinge o corpo, e, só indiretamente, às vezes, atinge a
alma. Mas como a possessão da alma pelo demônio é algo invisível, são poucas as
pessoas que se preocupam em sair deste estado o mais lastimável possível.
Falemos, então, da possessão. "Dois elementos - diz
o Pe. Tanquerey - constituem a possessão: a presença do demônio
no corpo do possesso, e o império que ele exerce sobre esse corpo, e, por
intermédio dele, sobre a alma. É este último ponto que nos cumpre explicar. O
demônio não está unido ao corpo como a alma o está; não é com relação à alma
senão um motor externo, e, se influi sobre ela, é por intermédio do corpo em
que habita. Pode atuar diretamente sobre os membros do corpo e fazer-lhes
executar toda a sorte de movimentos; indiretamente influi sobre as faculdades,
na medida em que estas dependem do corpo para as suas operações". E
continua o grande teólogo Padre Tanquerey: "Podem-se distinguir nos
possessos dois estados distintos: o estado de crise e o estado de sossego. A
crise é como uma espécie de acesso violento, em que o demônio manifesta o seu
império tirânico, imprimindo ao corpo uma agitação febril que se traduz por
contorções, explosões de raiva, palavras ímpias e blasfemas. Os pacientes
parece que perdem então todo o sentimento do que neles se passa, e, voltando a
si mesmos, não conservam lembrança alguma do que disseram ou fizeram, ou antes
do que o demônio fez por eles. Só ao princípio é que sentem a irrupção do
demônio; depois, parece que perdem a consciência de tudo isso".(...)
"Nos intervalos de repouso, nada vem revelar a presença do espírito
maligno: dir-se-ia que se retirou". [E aí alguns exorcistas se enganam].
Como dizia o afamado exorcista, o Padre Gabriele Amorth,
recentemente falecido: o demônio, às vezes, demora muito tempo para sair de um
possesso.
Se, por um lado, muitos exorcistas menos avisados ou nímia e apressadamente
crédulos, fazem em vão o exorcismo, quando deveriam encaminhar o paciente ao
médico; por outro lado, às vezes, manifesta-se
a presença do demônio por uma espécie de enfermidade crônica que desconcerta
todos os recursos da medicina. O exorcista prudente, quando subsiste alguma
dúvida, deve enviar logo o paciente aos médicos. Daí, caríssimos leitores, será
de suma importância conhecer os sinais certos da possessão diabólica:
Segundo o Ritual Romano Tradicional (De exorcizandis
obsessis a daemonio), há três sinais principais que podem dar a conhecer a
possessão: "ignota lingua loqui pluribus verbis vel loquentem intelligere",
isto é, "falar uma língua desconhecida, fazendo uso de muitas palavras
dessa língua, ou compreender quem a fala". Vede, caríssimos como o Ritual
Tradicional é judicioso: "fazendo uso de muitas palavras dessa
língua". (Certa vez, um pastor protestante fez um pretenso exorcismo de
uma sua criada, querendo ela demonstrar que estava possessa, falou algumas
poucas palavras em grego e hebraico, só com um detalhe, que ela as havia
aprendido adrede de seu amo. É preciso que todos saibam também que muitos pretensos
exorcistas usam o hipnotismo de palco e enganam até multidões). Mas passemos ao segundo sinal:
"descobrir coisas remotas e ocultas". Por prudência, o exorcista deve
hoje em dia, sobre tudo por causa da Internet, procurar indagar se a pessoa não
soube através da mídia; e, em se tratando de predição do futuro, é prudente
esperar se realmente vai realizar. Também o exorcista não deve deixar se
enganar por predições vagas. Terceiro sinal: "dar mostra de energias que
ultrapassam as forças naturais da idade ou da condição. É evidente que se
reunirem estes três sinais é quase certo que se trate de possessão. Os exorcistas devem ter cuidado porque o
demônio pode também querer ridicularizar as coisas sagradas e zombar do próprio
exorcista e enganar os fiéis. Que faz o Pai da Mentira? Tenta alguém a
dissimular que está possesso. E, então,
o exorcista fica fazendo papel de palhaço e, pior ainda, usando inutilmente as
coisas sagradas, e o que é mais grave, há padres que usam até a Hóstia
Consagrada.
Caríssimos, se às vezes se enganaram alguns exorcistas, é
porque se haviam afastado das regras traçadas pelo Ritual Tradicional. Para
evitar esses erros, é oportuno fazer examinar o caso não somente por sacerdotes
mas também por médicos católicos e de preferência, médicos especialistas em
síndromes nervosas.
Indico sempre três grandes remédios contra a possessão: 1 -
Purificação da alma com uma boa confissão, e de preferência, uma confissão
geral. 2 - Usar a água benta, mas ter o cuidado de usar a água benta com o
Ritual Romano Tradicional, que já inclui vários exorcismos. 3 - Ter o crucifixo
em casa, e melhor ainda trazê-lo sempre consigo. Usar também a Medalha
Milagrosa, a medalha de São Miguel Arcanjo e também a do Anjo da Guarda.
Para terminar, quero lembrar o frase de Santo Agostinho:
"O demônio é um cão amarrado e só morde em quem dele se aproxima".
Daí dizer São Paulo: "Não deis lugar ao demônio". Amém!
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