quinta-feira, 29 de março de 2018

A EUCARISTIA VEM DO AMOR DE JESUS POR NÓS



Caríssimos, quem nos deu mais provas de amor do que Nosso Senhor Jesus Cristo?! Quem nos perdoou tantas vezes quantas Jesus nos perdoou? E ainda nos dá a graça do arrependimento porque quer  continuar a perdoar os pecadores arrependidos. Mas o amor de Jesus pelas suas criaturas foi mais longe, chegou ao auge, ao extremo. "Tendo amado os seus que estavam neste mundo, amou-os até ao fim". Isto é, amou até ao fim de sua vida, instituindo a Santíssima Eucaristia nas vésperas de Sua morte. Amou os homens até o fim do mundo: "Não vos deixarei órfãos, estarei convosco até o fim dos séculos". Mas, segundo a interpretação mais seguida pelos Santos Padres, este "ATÉ AO FIM"  significa "ATÉ AO EXTREMO". E assim exclama Santo Agostinho: "Sendo poderosíssimo, não poderia fazer mais; sendo sapientíssimo, não saberia fazer aos homens algo melhor; sendo riquíssimo, não teria nada mais precioso que pudesse nos dar".

A Santíssima Eucaristia é um mistério de amor, considerando, outrossim, as circunstâncias nas quais Jesus a instituiu. Justamente quando os homens tramavam a sua morte e não queriam tê-Lo junto deles, Jesus encontrava um meio para continuar vivo e vivificante junto aos homens, e como alimento para os sustentar na travessia deste deserto em demanda da Jerusalém Celeste.  Sendo Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo teve certamente grande amargura no momento da última Ceia. Se era grande a sua alegria de Se tornar o Companheiro e o Alimento divino da humanidade até à consumação dos séculos, e se via quantos O cercariam de adoração, reparação e amor... não foi menor, com certeza, a Sua tristeza ao ver tantos outros que O abandonariam no Tabernáculo, ou não acreditariam na Sua presença real!. Mas esta tristíssima previsão não impediu que o Amor do Coração de Jesus titubeasse sequer em instituir a Santíssima Eucaristia.

Jesus via que em muitos corações manchados pelo pecado, deveria entrar e quantas vezes a Sua Carne e o Seu Sangue profanados só serviriam de condenação para essas almas culpadas, almas, pelas quais Ele iria no outro dia tanto sofrer, e morrer pregado numa cruz. Assim, os sacrilégios, os ultrajes e as abominações sem nome que se cometem contra o Santo Sacrifício da Missa e contra a Santíssima Eucaristia, passaram qual cortejo fúnebre diante dos olhos de Jesus no momento da última Ceia. Viu, também quantas horas, dias, noites, ficaria sozinho no Tabernáculo, e quantas almas repeliriam os convites que lhes dirigiria desde esta morada!

É por amor às almas que Jesus é Prisioneiro na Eucaristia. Ali permanece para que possam vir com todas as suas mágoas consolar-se junto do mais terno e melhor dos pais e do Amigo que nunca as abandona. A Eucaristia é invenção do Amor!... E este amor que se esgota e se consome pelo bem das almas não encontra correspondência!... Jesus quis habitar entre os pecadores para lhes ser Salvação, Vida, Médico e ao mesmo tempo Remédio em todas as doenças geradas pela natureza corrompida. Em paga, muitos e muitos pecadores afastam-se, ultrajam a Jesus e O desprezam!... E, ao instituir a Eucaristia, Jesus sabia que tudo isso iria acontecer!

Ah! pobres pecadores! Não vos afasteis de Jesus Cristo! Ficai bem sabendo que Jesus, noite e dia, espera-vos no Tabernáculo... O divino Salvador quer lavar os vossos crimes no Sangue de suas Chagas. Não tenhais medo e ide enquanto é tempo. Jesus sabe que as exigências do mundo incessantemente solicitam estas pobres almas. Mas será que não terão um instante para dar a Jesus alguma prova de amor e gratidão? Pobres pecadores não desprezeis esta misericórdia infinita de Jesus. Estai lembrados que a Sagrada Escritura diz que a Justiça e a Misericórdia em Deus, andam juntas. Portanto, não vos deixeis arrastar por mil preocupações inúteis e reservai um momento para ir visitar a Jesus Aliás, quando vosso corpo enfraquecido ou doente não encontrais tempo para ir ao médico que há de curar-vos? Ide, pois, Àquele que pode dar à vossa alma força e saúde e dai uma esmola de amor a este Prisioneiro divino que vos espera, chama e deseja!. Quer o teu coração generoso e dilatado pelo amor, e não um coração acanhado e mesquinho. Ouvi esta lenda indiana que usarei como parábola: "Um mendigo tinha saído a mendigar. E eis o ruído de um coche real que sobrevém em direção a ele. Acreditou o pobre ter chegado afinal o dia de sua fortuna. Mas eis que saiu da carruagem dourada, uma mão que se estendeu para ele em atitude de pedir: "Que tens para me dar?" Que ironia estender a mão para pedir esmola a um mendigo! Contudo, confuso e hesitante, o mendigo puxou fora da sacola um punhadinho de grão e lho deu. Mas qual não foi a sua surpresa quando, findo o dia, despejando a sacola no chão de seu tugúrio, achou no lugar do escasso punhado de grão dado ao nobre rico, um punhado de ouro! O mendigo chorou amargamente e exclamou: Por que não tive coração para dar ao nobre pedinte tudo o que possuía?".  Também nosso Rei dos Reis, Nosso Senhor Jesus Cristo, veio até nós, pobres mendigos, estendeu sua mão e tomou nosso grãozinho de trigo. Mas Ele não se contentou só em convertê-lo num grãozinho de ouro mas o transformou n'Ele próprio, para nos oferecer ao Pai, e oferecer-Se a nós, afim de que entre Deus e o homem não houvesse separação, mas uma santa e inefável união. E pensar que muitos só se contentam em fazer a Páscoa, e só Deus sabe a que custo!...

É evidente, caríssimos, que Jesus viu também o outro lado, isto é, as almas adoradoras e amantes da Santíssima Eucaristia. Viu todas estas almas privilegiadas que se haviam de alimentar do Seu Corpo e do Seu Sangue e aí encontrariam, umas, remédio à sua fraqueza; outras, fogo para consumir suas misérias e inflamá-las de amor por Jesus Eucaristia. Todas unidas com um mesmo fim, seriam como que um jardim fechado, onde cada uma produziria sua flor e recrearia Jesus com seu perfume. E Jesus aqueceria, no seu amor, as que precisassem de calor e o Corpo sagrado de Jesus seria o Sol que as animaria. Jesus iria a umas e outras, para repousar. O Homem-Deus que nos ama infinitamente, depois de nos libertar da escravidão do pecado, semeia em nós a graça incomparável do seu apelo e de maneira misteriosa atrai-nos ao jardim das suas Delícias, aos seminários ou aos conventos. Quantas almas sacerdotais e religiosas encontraram sua vocação junto ao sacrário!  Amém!

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