terça-feira, 6 de março de 2018

Aberrações ensinadas pelo ISPAC em Belo Horizonte

OBSERVAÇÃO: Trata-se, mais uma vez, de um artigo do saudoso erudito Gustavo Corção, artigo este extraído do livro A TEMPO E CONTRA TEMPO, escrito em 8-6-1968.
   Talvez alguém ou até muitos perguntem o porquê da transcrição de assuntos tão antigos! É porque a História é mestra da vida. 
   Li em 23-06-2015 um artigo no conceituado site "FRATRES IN UNUM": A CNBB decrépita e a Juventude da Fé Católica" e li também em (05/03/2016) "CNBB PROFÉTICA.   Fiz do primeiro artigo  um comentário onde afirmo que, com poucas exceções, são os bispos no mundo todo que estão tirando o fé do povo. Pois bem, disse que no decurso de uns longos 50 anos, venho acompanhando a derrocada da fé, crise esta perpetrada por aqueles mesmos que deveriam ser os guardas da mesma fé. . É a autodemolição. Mas ainda em 1968, pelo menos no Brasil, bispos esquerdistas e progressistas eram minoria. Se Corção fosse vivo hoje teria a nímia facilidade em provar o contrário: os bons bispos constituem minoria inexpressiva (não só numérica como ativamente). 
   Pelo artigo de Gustavo Corção podemos averiguar que o mau fermento do esquerdismo e progressismo, logo após o Concílio Vaticano II, já levedava a massa da crise atual. Eis o artigo:


"O EPISCOPADO brasileiro conta com muitos bispos sábios e veneráveis. Posso até afiançar, e poderia provar, que é uma pequena minoria a famosa ala de bispos esquerdistas ou progressistas, que se inculcam como interessados pela melhoria de condições sociais, e que insinuam que todos os que deles descordam só o fazem para defender o status quo e para impedir as ditas melhorias sociais do Brasil. Torno a dizer: graças a Deus constitui minoria (e só não digo inexpressiva minoria porque esses poucos são excessivamente expressivos) a parte do episcopado que mais se interessa pela promoção de suas ideias do que pelo zelo da boa doutrina.
A grande parte do episcopado continua, digo melhor, permanece onde o Cristo Jesus recomendou que permanecesse (Jo. XV). Mas depois desta sincera e consoladora declaração, não vejo como explicar e como ocultar a inquietação diante do que se faz atualmente no Brasil sob o olhar aprovador da Conferência Nacional dos Bispos e, portanto, sob a mesma aprovação dos bispos que não são modernistas e transviados.
Como exemplo dou abaixo duas transcrições do que se ensina no ISPAC  de Belo Horizonte. em cursos para formação de catequistas, começando em 2 de março, foram abordados vários assuntos, e distribuídas as apostilas respectivas. A que tenho diante dos olhos refere-se ao tema "secularização" e constitui uma das novidades da onda de apostasia que corre o mundo.

Eis as duas passagens que colhemos entre outras equivalentes, e que transcrevemos, pedindo ao leitor desculpas pelo mau português que não é nosso:

   "DESPEDIDA DO CRISTIANISMO TRADICIONAL - Notamos, em nossos dias, uma deseclesialização;  cada vez mais a gente fica por fora da Igreja com suas práticas tradicionais. Uns porque não concordam com o cristianismo em sua forma tradicional. Esta é por demais estranha ao mundo de hoje. Outros são mais indiferentes: não apenas o cristianismo tradicional está ultrapassado mas também a religião como tal (pois pertence a uma forma de cultura anterior). Mais outros dizem: sei que creio, mas sei também que a fé se torna discutível. Vamos procurar! Parece que a última posição é a mais comum: procurar uma resposta, uma nova forma de cristianismo. Isto é um sinal feliz. Pois enquanto há procura há também esperança. Os melhores livros atuais não são aqueles que já têm a resposta pronta, mas os que partem da realidade e sua problemática e tentam descobrir de que é que se trata afinal. As respostas antigas não satisfazem, pelo menos não na forma tradicional. Novas respostas ainda não há. Estamos numa fase de transição. Em tudo isto trata-se, em primeiro lugar, de cristianismo tradicional. Acabou. Existem várias opiniões a respeito deste fenômeno... A expressão "Deus morreu, nós o matamos", não é nova. Já a encontramos na obra de Nietzsche... A expressão "Deus morreu" pode significar: rejeitar a imagem tradicional de Deus, feita à imagem do homem, projetada a partir da incapacidade de dominar o mundo e a natureza; pode ser rejeitar o cristianismo tradicional, de um cristianismo estranho à vivência atual do mundo; pode ser também aceitar uma atitude ateísta na qual o homem se responsabiliza pelo mundo... e este modo de pensar é a tentativa de refletir sobre a fé, não na maneira de adaptação, mas na base da ruptura total com a tradição, para fundar a vida cristã, mas salvando a plena responsabilidade intramundana pelo mundo, pela história. Nestas tentativas nem tudo mostra madureza de pensamento. Há também disparates. Aliás, nem todos esses teólogos concordam entre si. Combatem-se mutuamente. Mas em todo o caso trata-se de uma séria tentativa, geralmente de jovens (está dito tudo!!) para situar o cristianismo no futuro próximo". 

   Agora eu. Torno a pedir desculpas ao leitor pelo mau português e pelo bestialógico. Feitos esses descontos, o que sobra é simplesmente o seguinte: o ISPAC, Instituto Superior de Pastoral Catequética, em Belo Horizonte, como aliás no Rio e em outros pontos do país, está ensinando os caminhos da apostasia, da blasfêmia, da negação de Deus, da recusa do cristianismo, a umas pobres freiras apatetadas, ou a uns jovens inebriados pelo incenso com que são adorados. Bem sei que esses professores são, antes de tudo, uns pobres idiotas que talvez não saibam o que fazem.

   O movimento modernista que aflige a Igreja e perde as almas se compõe, como é regra nestes casos, de uma pequena parte de perversos e uma multidão de idiotas. Seja como for, o resultado bruto é uma monstruosidade que me leva a clamar, a gritar, aos ouvidos dos bispo do Brasil.

   Onde estais? Como podeis admitir que tais coisas se ensinem com o apoio, as bênçãos e as verbas da Conferência Nacional dos Bispos? Como entender que os descendentes dos apóstolos se tenham tornado tão insensíveis à Sagrada Doutrina que tem por assinatura o preciosíssimo sangue de nosso Salvador? Onde está a Fé de nossos Bispos? Onde a autoridade? Onde o amor pela Igreja? Onde a devoção pelas palavras de vida?

   O pobre imbecil que ditou as palavras acima transcritas acaba de descobrir que a tradição católica é a da partida para novas procuras, porque onde há procura há esperança. De onde eu concluo que, na doutrina desse frade franciscano de Divinópolis, só há esperança onde faltar a fé.

   Veja bem o leitor: nenhum de nós ignora que a vida seja uma procura perpétua, um esforço contínuo. Todos nós procuramos os caminhos para melhor servir à vontade de Deus. Às vezes entendemos mal a irrepreensível Providência. Nenhum de nós se gaba de ter chegado a uma forma, a um padrão de vida satisfatório. Mas o que esse frade apóstata nos diz é que o própria palavra de Deus não é de Deus. Estivemos iludidos até aqui. Foi falso o ensinamento da Igreja durante vinte séculos. Sim, durante vinte séculos a Igreja ensinou a um povo boboca uma história parecida com a do Papai Noel, que traz brinquedos no noite de 24 de dezembro. Agora, depois do Concílio, abrimos os olhos, descobrimos os pêlos do corpo, somos adultos, e podemos tranquilamente deitar pela janela os algodões e os cetins da fantasia do pobre Papai Noel.

   Há ainda uns bobos que creem, mas o ISPAC está atento e pronto para soerguer do chão da crença elementar esses pobres retardatários...

   Detenho-me aqui exausto, sem saber continuar este artigo. Provavelmente hão de achar que sou eu quem está fazendo o escândalo dentro da Igreja. 

                                                                                            8-6-68 

2 comentários:

  1. Os escritos antigos são sempre os melhores. Muito bom artigo.

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  2. Os sacerdotes anti modernistas serão ridicularizados e considerados estarem "por fora", previsto isso nas profecias de N Senhora.
    Só de os bispos estarem sob um regime comunista no Brasil e não darem um pio contra os comunistas, caso PT, parecendo conformados ou coniventes, tem-se ideia de como as coisas estão, no caso os favorecendo pela omissão, salvas as exceções que parecem ser muito poucas, quase nomeáveis de tão restritas!
    O sr Pe Elcio não se enquadrá nisso, creio, para a perdição pessoal e induzir outros ao erro, sempre ativo e atuante que é:
    "“No ano de 1864, Lúcifer, juntamente com um grande número de demônios, será solto do inferno. Eles vão pôr fim à fé pouco a pouco, mesmo naqueles que se dedicam a Deus. Eles irão cegá-los de tal maneira que, a menos que recebam uma graça especial, essas pessoas irão assumir o espírito desses anjos do inferno; várias instituições religiosas perderão toda a fé e perderão muitas almas.

    Livros maus serão abundantes na terra e os espíritos das trevas espalharão por toda parte um relaxamento universal em tudo que concerne ao serviço de Deus. Os chefes, os líderes do povo de Deus negligenciaram a oração e a penitência, e o demônio obscureceu sua inteligência. Eles tornaram-se estrelas errantes que o velho demônio arrastará com sua cauda para fazê-los perecer.

    Sim, os sacerdotes estão pedindo por vingança, e a vingança paira sobre suas cabeças. Ai dos sacerdotes e pessoas consagradas a Deus, que por sua infidelidade e suas vidas perversas estão crucificando o meu Filho de novo!” (Virgem de La Salette, 19 de setembro de 1846).
    Parabéns, Pe Elcio, por não se relativizr!

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