terça-feira, 30 de agosto de 2016

REATANDO O FIO DA ARGUMENTAÇÃO



   Fechando o parêntesis, voltamos à argumentação feita nos 3 primeiros capítulos da Epístola aos Romanos. São Paulo quer demonstrar como não é mais suficiente nem a lei natural, nem a lei mosaica, uma vez que tanto sob o regime de uma como de outra, os homens pecaram da maneira mais desastrosa. Já mostrou, no 1º capítulo, como os gentios, que estavam sob a lei natural, caíram nos mais abomináveis pecados. 

   No capítulo 2º chega a vez dos judeus. Estão eles muito orgulhosos de sua lei, falando com bastante desprezo a respeito dos gentios que são pecadores, e no entanto, são eles, judeus, pecadores da mesma forma: Assim diz o 1º versículo: És inescusável tu, ó homem qualquer que julgas; porque no mesmo em julgas a outro, a ti mesmo te condenas, porque fazes essas mesmas coisas que julgas (Romanos II-1).

   São Paulo se baseia neste princípio de que, seja qual for a lei sob a qual o homem se encontre, ou lei natural, ou lei mosaica, ou lei de Cristo, o que é fato é que não são justos diante de Deus aqueles que ouvem a lei, ou que leem as palavras da lei, mas os que cumprem o que a lei manda: Não são justos diante de Deus os que ouvem a lei mas os que fazem o que manda a lei, serão justificados (Romanos II-113), porque Deus há de retribuir a cada um segundo as suas obras (Romanos II-6) e não há para com Deus acepção de pessoas (Romanos II-11). Basta este princípio estabelecido por São Paulo para nos mostrar que erram os protestantes atribuindo ao Apóstolo a doutrina de que o homem se justifica pela fé somente.

   Estabelecido o princípio de que são justos os que cumprem a lei, não os que a ouvem, São Paulo tira a conclusão de que os judeus já não são justos, nem agradáveis a Deus, estão fora do caminho da salvação. Ele fala ao judeu de seu tempo: Se tu que tens o sobrenome de judeu e repousas sobra a lei, e te glorias em Deus, e sabes a sua vontade, e distingues o que é mais proveitoso, instruído pela lei, tu mesmo que presumes ser o guia dos cegos, o farol daqueles que estão em trevas, o doutor dos ignorantes, o mestre das crianças, que tens a regra da ciência e da verdade na lei; tu, pois, que a outro ensinas, não te ensinas a ti mesmo; tu que pregas que se não deve furtar, furtas; tu que dizes que se não deve cometer adultério, o cometes; tu que abominas os ídolos, sacrilegamente os adoras; tu que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei (Romanos II-17 a 224). 

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