sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A ALEGRIA ESPIRITUAL

   São Paulo na sua Epístola aos Filipenses, IV, 4-6, mostra os caracteres e motivos da verdadeira alegria espiritual: Meus irmãos, alegrai-vos incessantemente no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos. A vossa modéstia seja conhecida de todos os homens; o Senhor está perto. Não vos inquieteis com coisa alguma, mas com muita oração e rogos, com ação de graças sejam manifestadas as vossas petições diante de Deus. 

   A alegria espiritual se funda em Deus -  NO SENHOR: por isso é constante e inalterável. A alegria que provém das paixões satisfeitas, passa como uma enxurrada após tempestade que seca logo, e só deixa após si um lodo imundo. A que provém das criaturas, ainda que seja inocente, é pelo menos vã, superficial e passageira, como os bens que a causam. A alegria espiritual é a única que enche o coração e que pode durar sempre, porque dimana da fonte: alegrai-vos SEMPRE. É modesta. e nada tem de comum com as alegrias loucas e turbulentas dos mundanos; São Paulo dá como razão, que ela é fundada na nossa fé na presença de Deus, O SENHOR ESTÁ PERTO, no seu poder, na sua bondade, e na fidelidade às suas promessas, donde nasce em nós o sentimento da confiança. Quem poderia inquietar-nos? Deus está em toda a parte, vê tudo, pode tudo, e quer sempre a nossa felicidade. Os seus tesouros são nossos; entregou-nos a chave deles: A ORAÇÃO. "A oração do justo, diz Santo Agostinho, é a chave do Céu"; e Deus deseja que usemos dela. Animada pela lembrança dos benefícios já recebidos, a oração obtém tudo: "manifestai a Deus as vossas necessidades por meio de orações e de súplicas unidas à ação de graças" (Filipenses IV, 6). A alegria espiritual é em nós um dom do Espírito Santo, e um começo de participação da alegria do mesmo Deus: Entra na alegria de teu Senhor. Na terra, a alegria cai gota a gota na alma dos justos; no Céu são dela inundados, como de uma torrente. 

   Que é pois alegrar-se no Senhor? É pôr n'Ele e no seu serviço todo o meu contentamento. Alegro-me em Deus, quando me felicito de ser criado de tão bom Senhor, filho de tão bom Pai... quando me alegro do amor que me tem, das provas que dele me dá, dos bens que espero d'Ele. Mas alegro-me em Deus da maneira mais perfeita, quando contemplo com júbilo as suas infinitas perfeições, a sua absoluta independência, a sua suma felicidade, que todos os atentados dos maus corações não podem perturbar nem alterar; a minha alegria é então o amor do filho, que se compraz em olhar para seu pai, e se sente feliz da sua felicidade. 

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