quinta-feira, 31 de julho de 2014

SANTO INÁCIO DE LOYOLA

   No século em que o protestantismo arrebatou à verdadeira Religião um terço da Europa, Santo Inácio foi sem dúvida o lutador suscitado pela Providência para atender de modo pleno às necessidades da Igreja.

   Filho de uma família ilustre da Espanha, tendo passado a mocidade na corte e no exército, onde vivera com honra, mas esquecido da sua salvação, causou-lhe tal impressão a leitura de um Livro da Vida dos Santos que lhe caíra nas mãos, à falta de um livro de romances que tinha pedido, que se converteu e entregou generosamente a Deus, e em pouco tempo se elevou a uma eminente perfeição. Desde a sua conversão até à sua morte, se lhe perguntassem o motivo das suas penitências, das suas lágrimas, e das suas empresas..., poderia responder com o profeta Elias: Zelo zelatus sum pro Domino Deo exercituum.

   Para a verdadeira Reforma, Santo Inácio instituiu duas grandes obras: O Livro dos Exercícios Espirituais e a Companhia de Jesus. Foram os Exercícios, praticados fielmente, que deram à Igreja São Carlos Borromeu, São Francisco Xavier, São Francisco de Borja e muitos outros santos. São Francisco de Sales dizia que esta obra tinha salvado tantas almas quantas letras encerra. Quanto à Companhia de Jesus, podemos afirmar que, de todas as ordens religiosas que apareceram no século XVI, nenhuma prestou tantos serviços e foi mais célebre que a COMPANHIA DE JESUS. O Papa Paulo III aprovou-a em 1540, por uma bula solene. Inácio, conservando na religião alguma coisa do tom militar, deu ao seu instituto o nome de Companhia de Jesus, como uma companhia de soldados toma o nome do seu capitão. O inferno lhe jurou um ódio particular, e perseguiu e continua a persegui-la com furor.

   Um antigo autor dividia os homens em quatro classes: homens do Céu, homens da terra, homens dos homens e homens de Deus. Os primeiros procuram os bens eternos; os segundos apaixonam-se pelos falsos bens terrestres; os homens dos homens são escravos do respeito humano; os homens de Deus unem-se a Deus, só aspiram à felicidade de Lhe agradar. Santo Inácio distinguiu-se entre os primeiros e os últimos.

   Tinha sempre o coração, e com frequência os olhos voltados para o Céu, e costumava dizer suspirando: Quão desprezível é a terra, quando olho para o Céu! Pelo que respeita ao amor para com Deus, lemos nas atas da sua canonização, que a Deus referia, como a seu fim, todos os pensamentos, todas as palavras e ações, dirigindo tudo à sua honra e glória . Seu primeiro cuidado foi glorificar a Deus com a sua própria santificação. Percorreu todos os graus, pelos quais uma alma se eleva à mais eminente santidade, e começou por ser penitente. Trocando as vestes de fidalgo pelos de um pobre vestido de saco e cingido com uma corda, o coração dilacerado de dor é já abrasado no amor de Deus. Logo após sua conversão passou uma noite em oração e, desde aquele momento já não se considerou senão como um homem crucificado para o mundo e para quem o mundo estava crucificado. Tinha então trinta anos de idade. A gruta de Manresa, os hospitais, as praças públicas foram testemunhas das suas penitências e humilhações. Que abnegação, que humildade, que paciência, que amor para com Deus e para com os seus irmãos! Que ardente desejo de concorrer para a salvação das almas! Que coragem, que magnanimidade nos seus primeiros ensaios da vida apostólica!

   Quis ir à Palestina para ali defender os interesses de Jesus Cristo no meio dos cismáticos e dos infiéis. - Os santos eram apostólicos e não ecumênicos! -  Inácio, depois de voltar à Europa, pensa que é necessário aprender as letras humanas para ser mais útil à glória do Senhor. E não titubeou malgrado a idade. A distância dos lugares, os obstáculos que parecem insuperáveis, a vergonha de parecer criança aos trinta anos, nada detém nem resfria o seu zelo: zelo zelatus sum, eu me consumo de zelo. Assim glorificou a Deus da maneira mais excelente, pois o glorificou por seu próximo e por si mesmo. E estendeu o seu zelo a todas as idades, a todas as condições, a todos os povos, a todos os tempos..., porque este é o largo campo que abriu à Companhia de Jesus, de que é o fundador.  

   O grande lema de Santo Inácio de Loyola foi: TUDO PARA A MAIOR GLÓRIA DE DEUS!  Ele pôde dizer com o seu adorável Mestre: Eu não busco a minha glória. Como ele mesmo o declara, a tentação que menos temia, era a do amor próprio. Não amava senão a Deus. - E eu, Senhor, ousarei dizer que Vós me bastais, que não busco senão a Vós?! 

   Este ideal de buscar em tudo a maior glória de Deus trazia para a alma de Santo Inácio uma paz, aquela encantadora tranquilidade, tranquilidade esta que ele conservava no meio dos acontecimentos mais inesperados. 

   Fazei que Vos conheça, ó Jesus, e eu buscarei sempre a vossa glória, a vossa maior glória, e não buscarei outra coisa, e, assim como Santo Inácio, saborearei como é um doce paraíso o estar Convosco, ó meu  Jesus! Amém! 

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