Primeiramente, ó meu amantíssimo Jesus Sacramentado, quero dizer que, pela vossa graça, creio firmemente na vossa presença real aí na Hóstia Consagrada. Mas aumentai a minha fé. Ó meu doce Jesus, Vós dissestes que, quem estivesse acabrunhado, aflito, cheio de problemas, viesse a Vós para ser aliviado e consolado por Vós. Aqui estou novamente com as minhas lamúrias e misérias.
Ó meu doce Jesus! Um outro mal que muito me faz sofrer é o ver-me sempre cheia de misérias espirituais. Desejaria fazer-me santa, desejaria sê-lo desde já, mas cometo todos os dias tantas faltas... As minhas paixões, longe de estarem mortas, mostram-se de vez em quando muito vivas; e eu recaio muitas vezes nas impaciências, na vaidade de pensamento e de coração, na tibieza e em muitas outras misérias. É então que me passa pela mente a ideia de que para mim não há perfeição possível, que Deus já não sabe que fazer comigo, que talvez já me tenha abandonado, e que à hora da morte me encontrarei em condições bem pavorosas, se um golpe da graça divina me não vier salvar.
É com todos estes desalentos, ó meu Jesus, que estou aqui na vossa presença. Quero agora meditar no vosso amor, porque sei que estas minhas tristezas vão se dissipar e a serenidade voltará a esta pobre alma, que, apesar de tudo, Vos ama, e deseja ardentemente amar-Vos cada vez mais.
Pela Vossa misericórdia infinita vejo, ó doce Jesus, que Vós vos compadeceis de mim mais do que todos os outros, mais do que eu mesma posso de mim compadecer-me; pois, que se assim não fosse, não me daria certamente o desejo de O procurar quando me sinto culpada, e muito menos me suportaria na Vossa presença. E depois, estando convosco, começo a recordar que a Comunhão me purifica de todas as venialidades, e me ajuda a não cometer já tantas; sinto-me consolada e desejosa de ver chegar a hora e o momento de receber-Vos e me preparo com uma grande contrição e com o propósito firme de viver melhor para o futuro. Oh! se Vós, Jesus Eucarístico, não fôsseis um remédio, que seria desta pobre alma quando ela se vê combatida por alguma doença espiritual?
Para eu viver contente devo, portanto, persuadir-me de duas coisas: a primeira é que, enquanto eu viver, hei de sentir sempre o coração amargurado por causa das minhas más inclinações; segunda é que Vós, ó Jesus na Eucaristia, sois o remédio perene para todas estas penas, e que sem Vós só me restaria sofrer por toda a minha vida, e sofrer sem merecimento algum. A conclusão que Vós me levais a tirar de tudo isto, é de recorrer a Vós em todas as minhas tribulações, confiar-Vos todas as minhas coisas, esperar de Vós, ó meu doce Jesus, todo auxílio.
Oh! se eu tivesse pensado sempre assim! quantos sofrimentos e quantas culpas a menos! Não teria caído na ingenuidade de confiar nas criaturas quando estava aflita, e de deixar-me abater pelo desalento quando caía na culpa.
Mas, para o futuro, ó Jesus, Vós sereis sempre o médico piedoso de todos os meus males. Eu viverei convosco, de Vós e para Vó em todos os dias que me restam de vida. Se as criaturas me repelirem de si, eu contarei convosco, virei aqui dizer tudo para Vós. Se me negarem o necessário, eu viverei de Vós; se não souberem que fazer de mim, eu viverei para Vós; deste modo se acabarão para mim tantas dores. E quando por infelicidade eu cometer uma culpa, não me perderei em melancolias inúteis, mas refugiar-me-ei no Sacrário convosco, ó doce Jesus. Humilhar-me-ei diante de Vós, pedir-Vos-ei sinceramente perdão, e depois deixarei que o Vosso Sangue, ali no confessionário, desça como um lavacro celeste a purificar-me e fazer-me santa. Amém!
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