segunda-feira, 14 de julho de 2014

1- A alma falando a Jesus na Eucaristia

   Temos o Emanuel, ou seja, Deus está conosco. Oh! que felicidade! Temos Jesus vivo na Eucaristia. Mais feliz porque não o vejo, mas Lhe falo como se O visse. Vós, ó Jesus dissestes: "Felizes os que não viram e creram". Pela vossa graça, não vejo, mas creio firmemente e, por isso, quero dirigir-me a Vós do mesmo modo como se o estivesse vendo. Primeiro quero dizer-Vos que Vos amo; mas aumentai o meu amor! 

  Ó Jesus, sinto às vezes certos pesares que me perturbam o coração, e me fazem perder o recolhimento e a doçura em todas as minhas devoções. Parece-me estar sob o peso da maior desventura que me tenha ferido ou esteja para ferir-me. Se, porém, resistindo por um momento ao sentimento penoso que provo, eu estudo com calma a causa do meu sofrer, não tardo a ver que tudo se reduz ao amor próprio ofendido ou a um apego desordenado às criaturas, e que o remédio para o meu mal está sempre ao meu alcance: basta que eu queira dele utilizar. O meu grande remédio é sempre Vós, ó meu doce Jesus!
   Acontece-me por vezes ser esquecida de todos, ou pelo menos parece-me sê-lo; e por causa do meu amor próprio sinto-me ferida no mais íntimo do coração, deixando-me dominar por um profundo sentimento de melancolia. Trabalho, mas não há ninguém que me diga se eu executo bem ou mal o meu serviço, não há ninguém que me diga um palavra de louvor; todos me deixam andar indiferentemente pelo meu caminho. Ninguém procura saber do meu estado, ninguém se compadece de mim. Faço uma boa obra; não há um louvor, um incitamento, uma só palavra que me faça crer que a minha obra seja apreciada.
   Mas, ó meu doce Jesus, eu não sofreria, deste modo se pensasse em Vós, se deveras O amasse. Não é melhor para mim ser esquecida de todos? Não é então exatamente que se me torna mais vizinha e preciosa a Vossa presença? Ninguém olha para mim? Todos de mim se esquecem? Seja muito embora: há porém, UM que nunca me abandona, que sempre me procura e que quisera ter-me sempre aos seus pés. E este UM vale mais sozinho que todas as criaturas juntas: sois Vós, ó doce Jesus!!!
   Como sois bom, ó meu Jesus! Vós avaliais todas as minhas fadigas, todos os meus sofrimentos e aquele pouco de bem que faço, Vós que sabeis quanto me custa o viver cristãmente, quando me vedes toda só abandonada a seus pés, como uma pobre náufraga arremessada sobre uma praia deserta, então me chamais para mais perto de Vós, e me segredais ao coração certas palavras misteriosas que me dão a vida. Ó doce Jesus, então desabafo convosco com a maior confiança, sem reticências, exatamente como uma filha com o seu bondoso pai, como uma esposa com o seu esposo; e acabo por ficar contente com o abandono a que me votaram, porque os confortos que me recusaram as criaturas recebo-os todos de Vós. E, se antes me senti ferida, depois dum quarto de hora passado aqui junto de Vós sinto-me curada, ó doce Jesus; porque, na verdade, para as enfermidades da alma o melhor remédio é sempre a Divina Eucaristia, que sois Vós, ó doce Jesus! Amém!

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