CORAÇÃO SACERDOTAL
Germano de Novais
Um coração sacerdotal deve ser um cálice cheio de Jesus. Um relicário precioso em que Cristo almeje dascansar das ingratidões humanas.
Um coração sacerdotal deve ser grande como o oceano para receber todos os rios dos sofrimentos e da miséria que afligem e envolvem os outros corações. Um coração que se desdobre em gestos de paz para as almas sofredoras. Um coração que tenha para todos uma palavra de conforto, uma prece de amigo, uma bênção de perdão.
Um coração sacerdotal deve revestir-se da pureza dos lírios trescalantes de frescura, donde se evole o suave aroma da caridade.
Um coração sacerdotal deve ser um lago repleto de bondade, de alegria, misericórdia, perdão e amor. Sempre calmo, capaz de refletir o céu estrelado das almas. E ainda sempre tranqüilo, mesmo depois de receber dentro de si as torrentes caudalosas dos pecados e dos crimes da humanidade pecadora.
Um coração sacerdotal deve ser uma patena viva sobre a qual repousem todos os corações humanos dispostos a oferecer-se, juntamente com a Vítima divina dos nossos Altares, e ao Pai dos Céus.
Um coração bondoso como um coração materno, amigo como um coração de pai, generoso como um coração consagrado a Deus. Um coração que tremule de ternura e de amor para com a mais bela das Virgens e a mais carinhosa das Mães. Um coração que procure espalhar e irradiar a beleza, o perdão e o amor infinito do Coração de Jesus, Rei e Centro de todos os corações, e modelo de todo coração sacerdotal.
MÃOS SACERDOTAIS
Mãos do sacerdote, mãos predestinadas,
Mãos de Jesus Cristo, mãos divinizadas,
Feitas lá no céu de essências imortais.
Mãos do sacerdote, feitas sob modelo
Que Jesus traçara cheio de desvelo,
Desde todo sempre, mãos sacerdotais.
Mãos do sacerdote para a cruz voltadas,
Mãos de lírios roxos sobre a cruz pregadas,
Sempre, sempre abertas, sem fechá-las mais,
Mãos de sofrimentos, mãos de mil suplícios,
Têm as veias rubras feitas de cilícios,
Mãos de mil calvários, mãos sacerdotais.
Mãos do sacerdote, mãos de toda hora,
Quando a noite é negra, quando brlha a aurora,
Quando reina a calma, quando há temporais,
Mãos de sacerdote, mãos de toda gente,
Mãos do fervoroso, mãos do indifenrente,
Mãos dos sofredores, mãos sacerdotais.
Mãos do sacerdote, mãos feitas de lodos,
Frágeis, passageiras, como as mãos de todos,
Filhas do pecado como as dos demais,
Mãos feitas de lodo, frágeis, pecadoras...
Mãos purificadas, santas, redentoras...
Beatificantes, mãos sacerdotais.
Quantas mãos existem. Que diversidade!
Mãos para a virtude, mãos para a maldade,
Mãos cheias de lodo, mãos cheias de luz.
Mãos que ferem, mãos que fecham as feridas,
Mãos que dão a morte, mãos que dão a vida,
Mãos que dão o diabo, mãos que dão Jesus.
Quantas mãos existem. Que diversidade!
Mas somente vós não sois como as demais.
Pois somente vós levais à eternidade;
E há recantos n'alma em que só vós tocais.
E há espinhos fundos que ninguém alcança,
E há doridos prantos que ninguém estanca
A não serdes vós, ó mãos sacerdotais!
Mãos do sacerdote, luz, calor, guarida,
Para cada morte trazem uma vida,
Para cada vida acendem mil fanais.
Mãos do sacerdote, báculo que arrima,
Bálsamo que alenta, asa que sublima,
Cofre dos consolos, mãos sacerdotais.
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