sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

O SACERDOTE CONFESSOR

Extraído do Livro "MENSAGEM DE JESUS AO SEU SACERDOTE"
Pelo Padre José Schrijvers, C. SS. R.

   Eu te entreguei as chaves do reino dos céus. Poderão entrar aqueles a quem tu abrires a porta.
   Dei-te o poder de dar às almas a vida divina e de multiplicar os tabernáculos onde mora a Santíssima Trindade.
   Tens o poder de perdoar aos homens os seus pecados, de os absolver dos crimes mais espantosos, e não uma só vez, mas sempre, desde que eles se arrependam e confessem as suas quedas.
   Oh, quanto eu te amei, e como tu devias apreciar este sublime ministério sendo assíduo em o exerceres!

   Outrora o anjo do Senhor vinha em certas épocas remover as águas da piscina probática. Como esta visita era esperada com impaciência pelos doentes!
   Todavia tu é que és verdadeiramente o anjo do novo Testamento. Podes mergulhar a todo o momento os doentes espirituais no banho misterioso do meu divino sangue e dar-lhes a cada instante a saúde da alma.
   Não fazes esperar demasiadamente os estropiados espirituais, os cegos, os paralíticos, todos os que estão detidos por qualquer enfermidade, por esta visita salutar?
  
   És o médico caridoso. Sê condecendente com os penitentes, sobretudo com aqueles que vêm mal preparados, hesitantes, ou embaraçados pelo respeito humano.
   Estes são infelizes doentes que envergonhados, quedam a distância. Vai ao seu encontro, examina-lhes delicadamente as feridas nojentas, dispõe-os a fazerem uma sincera confissão e a aceitarem os remédios do seu mal.
   O demônio mudo procura fechar a boca aos que vêm confessar-te os seus pecados. É preciso expulsar deles este espírito mau, acolhendo paternalmente todos os pecadores.
   O exterior digno e bondoso do sacerdote dirá a todos: "Vinde a mim os que sofreis atormentados, e eu vos consolarei".

   Meu filho, tu és Pastor de almas, mas não te iludas. São muitos os que se condenam por terem, com vergonha, ocultado os seus pecados no santo Tribunal. Entre os teus próprios paroquianos, muitos, que te parecem sinceros como crianças e puros como anjos, escondem grandes delitos. Temem perder a tua estima e não temem perder a minha graça.
   Se és solícito da salvação do teu rebanho, chama frequentemente em tua ajuda Padres estranhos; abstém-te, de quando em quando, de ouvir as confissões dos teus paroquianos, e particularmente da juventude; favorece em tempos dados a tua freguesia com o benefício extraordinário da uma santa Missão.
   Que infelicidade para um povo, quando o seu Pastor por negligência, por avareza, ou por criminosos ciúmes recusa aos seus fiéis esta graça das graças!
  
   Doíam-me nas entranhas os pobres leprosos que recorriam à minha misericórdia.
   E tu como é que tratas os leprosos espirituais que rodeiam o teu confessionário? Tratá-los talvez com dureza e levantas a voz para os confundir perante os outros. Oh, tu não és outro Jesus!
   E os pobres pecadores que tinham posto a sua confiança em ti, vêem apagar-se este derradeiro vislumbre e não voltarão mais, e eu perderei estas almas que um acolhimento bom ou uma palavra amável teriam salvado.
   Oh, como deves ser paciente e compassivo! Não te perdoei eu a ti todas as dívidas? Como te mostras tu então duro e exigente com os demais?
   Sê bom e misericordioso. Usar-se-á contigo a mesma medida com que tu medires os outros.
   Sem a minha paciente indústria a Samaritana, de costumes ligeiros, ter-se-ia perdido. Oh, quantas almas frívolas e pecadoras eu te envio, meu filho, ao poço da águas vivas e verdadeiras, ao confessionário, onde tu esperas os pecadores!
   Que dita para elas, quando encontram lá o homem de Deus, doce e paternal para as atrair, reservado e prudente para a si próprio se não prejudicar, hábil e esperto para adivinhar e obter a confissão dos dolorosos segredos!

   Preocupas-te em dar aos enfermos o primeiro lugar nos teus cuidados pastorais? Deve-los visitar, consolar, confortar e preparar para uma boa confissão no momento da grande passagem.
   Ocupa o meu lugar neste caridoso ofício, meu Padre, e consola nesta terra de exílio os meus filhos, e extremadamente no momento da morte.
   Eu tive comiseração com a pobre viúva de Naim, quando levavam para o sepulcro o seu único filho.
   Compadeci-me de Marta e de Maria e chorei ante a campa de Lázaro, porque eu amo os homens e sinto no íntimo da alma as suas tristezas e as suas desgraças.
   Não oponhas dificuldades jamais, quando te chamam à cabeceira de um enfermo.
   Que aflição e que decepção, quando te esperavam com impaciência e te demoravas em chegar!
   E que desgraça seria, se por teu descuido um dos teus paroquianos morresse sem confissão!!
   Como suportarias tu o amargo queixume: "Meu Padre, se tivésseis estado aqui, o nosso querido defunto não teria morrido sem sacramentos!"

   Que consolação naquela casa quando o sacerdote chega sem demoras! Que emoção para o enfermo, vendo o bom Pastor sentar-se junto do seu leito, inclinar-se sobre ele com interesse, informar-se solicitamente do estado da doença e levantar o seu ânimo com uma palavra de alento!
   Como a freguesia toda rapidamente se inteira de uma conduta tão condescendente e caridosa e como todos se regozijam de terem um Pastor tão acessível e amável!
   O bom sacerdote não crê ter cumprido as suas obrigações porque uma vez administrou os últimos sacramentos. O doente deve ser amparado e consolado. Tem ainda necessidade de receber a absolvição e a santa comunhão.
   E o meu Coração sente igualmente a necessidade de se unir a ele mais intimamente à medida que se aproxima a morte, a fim de o purificar e confortar antes de dar o terrível passo.
   O que tiveres feito para assistir aos enfermos, santificar os moribundos, consolar as famílias aflitas, considerá-lo-ei como feito a mim mesmo e à minha pobre Mãe, agonizante de tristeza ao pé da minha cruz.

2 comentários:

  1. Muito interessante todo o conteúdo com os detalhes das sutilezas de saber atender os pecadores que procuram o confessionario e estão com dificuldade de se exporem e ainda contam com o diabo para atrapalhar eles ainda mais!
    Algo que relembro de S João Bosco: a grande quantidade de pessoas que se perdem, vão para o inferno por causa de confissões mal feitas, ocultando pecados graves, resultando em confissões sacrílegas e iguais as recepções da Sagrada Comunhão, piorando ainda mais o que já estava péssimo.
    Nesse caso, melhor se tivessem permanecido da forma como estavam, em seus pecados anteriores, sem ajuntar mais a eles!
    A confissões frente à frente sem o véu até que poderiam atrapalhar ainda mais os pecadores com essas dificuldades de contarem as verdades dos pecados, + tentações em cima deles, não acha?
    Na fila de espera deveria ter um aviso para as pessoas não esconderem pecados para não sairem piores que entraram!

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