domingo, 7 de janeiro de 2018

O SACERDOTE PREGADOR

Extraído do Livro "MENSAGEM DE JESUS AO SEU SACERDOTE" pelo Padre José Schrijvers, C. SS. R.

   Como meu Pai me enviou, assim eu envio os meus sacerdotes a pregar o Evangelho a todas as nações, ensinando-as a observar tudo aquilo que eu mandei.
   Prega, portanto, a minha palavra a tempo e fora de tempo, persuade, ameaça, repreende com toda a paciência e doutrina.
   Que a tua voz retina sem cessar como alarido de trombeta. Não te canses de dizer ao meu povo os seus crimes e prevaricações.
   Eu te constituí pregador e pus a minha palavra nos teus lábios; encarreguei-te de arrancar e de plantar, de destruir e de edificar.
   Se descurares de dizer ao ímpio: "Serás punido de morte" e não te esforçares com estas ameaças em o arrancar ao pecado, o ímpio morrerá na sua iniquidade, mas o seu sangue reclamá-lo-ei das tuas mãos.
  
   Eu dei a vida para deixar ao meu rebanho verdadeiros pastores. Mas, ai, quantos de entre eles se deslizaram, entrando no meu redil lobos rapaces!
   Ai destes pastores indignos, que a si próprios se apascentaram em vez de apascentarem o meu rebanho! Bebem o leite das suas ovelhas, vestem-se da sua lã, e desleixam-se de as levar a bons pastos.
   Ai deles! que em lugar de ampararem os fracos, sararem os doentes e buscarem as ovelhas desgarradas, contentam-se com lhes intimarem as suas ordens com severidade e rigor.
   Desta sorte as minhas ovelhas dispersam-se e são presa das feras selvagens.

   Meu filho, que desgraça se estas ameaças fossem escritas para ti!
   És fiel em pregar a minha doutrina àqueles que eu te confiei? Estão no direito de ouvir da tua boca palavras de vida eterna.
   A ignorância da religião, a indiferença e a impiedade invadiram uma grande parte do campo da minha Igreja. A ti toca exterminar estes males e, em vez deles, semear a boa semente.
   Não te queixes da esterilidade dos teus esforços. Já limpaste bastante o campo, e tiraste a cinzânia, e remexeste suficientemente a terra?
   Dás atenção especial aos rebentos das plantas novas, às criancinhas que são a parte preferida do meu jardim?
   Explicas claramente, pacientemente, e com perseverança as verdades do catecismo?
   Não descuras os que por necessidade, por ignorância ou por abandono não frequentam a igreja e crescem como plantas selvagens no meio dos campos?
   Sem a tua solicitude paternal, eu perderia estas almas imortais para sempre.

   Prega a minha palavra em toda a ocasião. Não esperes que venham ouvi-la, junto do púlpito. Vai à procura das ovelhas arredias. Esforça-te em ganhá-las com a tua advertência paternal, com uma palavra amável, com um proceder caridoso ou com uma santa indústria. Jamais temas a pena nem a afronta, quando se trata de salvar um dos meus filhos.


   Não tens na tua freguesia alguma ovelha sarnosa, um pecador público, um miserável por todos repelido, um incrédulo obstinado? Oh!, como estas almas estão abandonadas e como tu devias deixar as noventa e nove no redil para ires à procura desta pobre ovelhinha tresmalhada!
   Tu és o mordomo da minha casa. E eu te encarreguei de dar a seu tempo e a todos os que nela moram, a medida de trigo que lhes está destinada.
   Ai do sacerdote, se um dia o Mestre o surpreender a maltratar as almas que lhe estão confiadas, ou a fazer causa comum com os pecadores e a armar ciladas às próprias ovelhas!

   A minha doutrina não é minha, é do Pai que me enviou. Cuida, portanto, de a não desvirtuares com a demasiada sabedoria humana, com a ciência vã ou com rebuscas literárias.
   Não deves adulterar o vinho bom do Evangelho com a água do teu próprio espírito.
   O verdadeiro Pastor esforça-se por haurir do seu tesouro o velho e o novo. Adapta as verdades velhas às necessidades presentes dos seus ouvintes, consulta humildemente os livros escritos, a seu uso, não poupa sacrifício nem tempo, a fim de preparar alimento espiritual a seu povo.


  Meu filho, não te pregues a ti mesmo. Que os teus fiéis, ouvindo-te, se esqueçam de admirar o teu talento para pensarem na reforma dos seus costumes.
   De ti mesmo não és mais do que um bronze sonoro ou um címbalo que retine. Sou eu quem dá às almas a graça de entenderem as palavras e de se converterem.
   Guarda-te bem de fazeres da cadeira da verdade um estrado para, aos domingos, defenderes a tua própria honra ou para invectivares os teus paroquianos.
   Isto seria profanar o meu santuário e aviltar o teu santo ministério.

   O sacerdote é o meu porta-voz. Deve pregar a minha bondade e a misericórdia sem limites da minha Mãe do Céu, o refúgio dos pecadores, Deve inspirar a meus pobres filhos, já tão débeis e desgraçados, confiança, e não acabrunhá-los com lamentos sem fim e com invectivas amargas.
   Deve saber, em ocasião oportuna, repreender com firmeza, mas com doçura, sem corromper o remédio com o veneno da sua própria impaciência.
  
   Meu filho, jamais te canses de semear a boa palavra. Lança por toda a parte, em toda a ocasião, em público e nas conversas privadas, os grãozinhos da minha doutrina.
   Não te preocupes com o sucesso dos teus trabalhos. Eu terei cuidado em fazer nascer nas almas bem dispostas o germe que tu nelas deixaste.
   Uma simples reflexão, uma boa palavra dita como que ao acaso, produzirá os seus frutos, porque tu é somente o humilde e obscuro semeador. Sou eu, o teu Jesus, o Onipotente, quem dá o crescimento.
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário