Extraído da "INSTRUÇÃO PASTORAL SOBRE A IGREJA" escrita por D. Antônio de Castro Mayer em 2 de março de 1965.
Dizendo que a Igreja é o Corpo Místico de Cristo, indica São Paulo que hemos de conceber a sociedade instituída por Jesus Cristo à maneira do corpo humano. "Como o corpo - escreve o Apóstolo - é um todo tendo muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também Jesus Cristo" (1 Cor. 12, 12). Com semelhante expressão, São Paulo afirma a unidade interna da Igreja, fruto do Espírito Santo, que vivifica a Igreja inteira e cada um de seus membros, como a alma dá vida ao corpo e aos membros: "Em um só Espírito fomos batizados - continua o Apóstolo - todos nós, para formar um só Corpo" (1 Cor. 12, 13). É unidade que não destrói a natureza pessoal de cada fiel, mas os congrega todos pelos laços invisíveis da fé e da graça, de maneira que torna verdadeira e própria a expressão de Jesus Cristo a Saulo, perseguidor da Igreja: "Eu sou Jesus Cristo a quem persegues" (Atos 9, 5).
A expressão do Apóstolo mostra, outrossim, que na Igreja os membros não são iguais, mas que há entre eles diferenças e subordinações, da mesma maneira que no corpo humano todos os órgãos não são os mesmos, e embora todos gozem da mesma dignidade enquanto humanos, sem embargo nem todos têm as mesmas excelências, o que não quer dizer que uns possam menosprezar os outros, porquanto todos são necessários, como necessária é a subordinação entre eles para o bem-estar do todo, e isso segundo o determinou o Criador da mesma natureza.
É tão inata no coração do homem, após a queda, a rebeldia contra as legítimas superioridades, que São Paulo se demora em explicar aos coríntios esta verdade. As palavras do Apóstolo têm hoje igualmente grande oportunidade, pelo que vamos recordá-las: "O corpo - assim ele - não consiste em um só membro, mas em muitos [...] Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se fosse todo ouvido, onde estaria o olfato? Mas, Deus dispôs os membros do corpo, cada um como Lhe aprouve. Se todos fôssemos um só membro, onde estaria o corpo? Há, pois, muitos membros, mas um só corpo. O olho não pode dizer à mão: eu não preciso de ti; nem ainda a cabeça aos pés: vós não me sois necessários. Antes, pelo contrário, os membros do corpo que parecem mais fracos, são os mais necessários. E os membros do corpo que temos por mais vis, a esses cobrimos com mais decoro. Os que em nós são menos decentes, recatamo-los com mais decência, ao passo que os membros decentes não têm necessidade de decoro" (1 Cor. 12, 14 e 17-24).
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