terça-feira, 30 de abril de 2013

O VERDADEIRO SENTIDO DA SALVAÇÃO PELA FÉ - ( 7 )

   64.  O CASO DO PARALÍTICO.

   Mas os protestantes apresentam as palavras de Jesus ao paralítico: Filho, tem confiança; perdoados te são teus pecados (Mateus IX-2), tentando provar com elas que basta a confiança para obter o perdão dos pecados e, por consequência, a salvação.

   O argumento não prova coisa alguma.

   Eis aí um belo exemplo para se mostrar, numa aula de português, quanto pode às vezes influir no sentido de uma frase a partícula E, que tantos vezes a gente pode colocar ou suprimir, sem alterar, de maneira alguma, o sentido. 

   Se eu digo: O sol, a lua, as estrelas foram criados por Deus, posso acrescentar o E, sem sofrer alteração o sentido da frase: O sol e a lua e as estrelas foram criados por Deus. 

   Mas, se Jesus Cristo tivesse dito: - Filho, tem confiança, e perdoados são teus pecados - os protestantes teriam razão: Nosso Senhor estaria dizendo que bastava ao paralítico ter confiança para receber o perdão de suas culpas. Nesse caso os escribas não teriam estranhado a palavra do Mestre; não teriam pensado: Este blasfema (Mateus IX-3), porque assim Jesus não estaria dizendo que perdoara os pecados ao paralítico, mas aconselhando-o a que tivesse confiança, pois Deus lhe perdoaria, caso esta confiança não lhe faltasse. 

   Mas Nosso Senhor disse: Filho, tem confiança; perdoados te são teus pecados (Mateus IX-2). No mesmo segundo em que o aconselhava a ter confiança, lhe está já anunciando que PERDOOU os seus pecados. 

   Havia, entre os judeus, a convicção de que as enfermidades corporais eram castigos de pecados. Relacionavam com esta crença as palavras dos Salmos: Se seus filhos abandonarem a minha lei e não andarem nos meus preceitos, se violarem as minhas justiças e não guardarem os meus mandamentos, visitarei com vara as suas maldades e com açoites os seus pecados (Salmos 88, 31-33). E uma amostra de que tinham esta convicção está na pergunta que fizeram a Jesus os seus discípulos, diante do cego de nascença: Mestre, que pecado fez este, ou fizeram seus pais, para nascer cego? (João IX-2).

   Jesus, que lia perfeitamente nos corações, bem sabia que perturbação, que ansiedade reinava na alma do paralítico: este desejava ardentemente a cura, mas seus pecados não seriam um obstáculo para isto? Jesus o tranquiliza, fazendo-lhe ver que não há motivo de receio quanto aos pecados, eles já foram absolvidos: Filho, tem confiança; perdoados te são teus pecados (Mateus IX-2). 

   No ânimo triste e acabrunhado do paralítico, a palavra de Jesus deve produzir o mais benéfico e salutar efeito: é preciso que ele esteja confiante de que alcançará a cura do corpo, pois até a própria cura da alma já lhe foi concedida.

   Querer basear-se neste texto par provar que a confiança na salvação é a condição exclusiva para remissão dos pecados, é inteiramente fora de propósito: 1º porque a confiança, a que Jesus aí se refere, não é confiança na salvação eterna, é a confiança na libertação daquela cruel enfermidade; 2º porque esta confiança aí já se mostra não como causa, mas como EFEITO da remissão dos pecados concedida ao paralítico. 

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