segunda-feira, 29 de abril de 2013

O VERDADEIRO SENTIDO DA SALVAÇÃO PELA FÉ - ( 6 )

   63.  A CANANEIA.

   Não faz exceção a esta regra a própria cananeia, que nos legou um tão notável exemplo de confiança.

   À semelhança do que no exame faz o mestre com o ótimo discípulo, "espichando-o" bastante para que se saia com brilhantismo, Nosso Senhor procurou pôr em prova as virtudes da cananeia.

   Ela vem pedir-Lhe um milagre, mas Jesus não dá resposta. Insiste aos gritos atrás d'Ele, a ponto de azucrinar os Apóstolos que, impacientes, dizem a Jesus: Despede-a, porque vem gritando atrás de nós (Mateus XV-23).

   Jesus diz: Eu não fui enviado senão às ovelhas que pereceram da casa de Israel (Mateus XV-24). E quando a mulher O adora, dizendo: Senhor, valei-me, Jesus lhe dá uma resposta um bocado dura: Não é bom tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães (Mateus XV-26). Mas a cananeia responde calmamente: Assim é, Senhor; mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos (Mateus XV-27). Sem falarmos no amor materno, que a faz, tão solícita, tudo enfrentar pela cura da filha, quantas virtudes mostra a mulher com esta réplica tão suave! Dá um exemplo de PRUDÊNCIA NAS PALAVRAS, porque responde com respeito e, ao mesmo tempo, com lógica, fazendo reverter em seu favor as próprias palavras de Jesus; de PACIÊNCIA, porque, se fosse uma mulher afobada, se tomaria  logo de raiva e deitaria tudo a perder; de HUMILDADE, porque se conforma em ser equiparada a uma cadelazinha, em comparação com os judeus que são considerados como filhos; de PERSEVERANÇA NA ORAÇÃO, porque insiste em pedir, mesmo quando já recebeu uma resposta negativa. Por conseguinte, não foi só de confiança, que ela nos deu um admirável exemplo! Se Jesus quisesse fazer o seu elogio completo, teria muita coisa que dizer. Preferiu elogiar-lhe a fé: Ó mulher, grande á a tua fé; faça-te contigo como queres (Mateus XV-28). De todas aquelas virtudes a base era a fé, porque, se ela se portou com tanta prudência, paciência, humildade e perseverança diante de Jesus, é porque sabia que estava diante do Messias Prometido, a quem ela chamou: Senhor, filho de Davi (Mateus XV-22), estando certa, portanto, da missão divina de Jesus.

   Não há dúvida que a fé vem sempre acompanhada de um certo sentimento de confiança: QUEM ACREDITA, é porque TEM CONFIANÇA naquele que revela. E se nos textos evangélicos que nos falam das curas por Jesus realizadas, se resume sob o nome de fé um complexo sentimento daqueles que vinham em busca de milagres, sentimento este que era adesão a Cristo, incluindo também a confiança e até alguma coisa mais como no caso da cananeia e não só a fé, no sentido em que a distinguimos das demais virtudes, não há aí nenhuma confirmação da doutrina protestante, pois daí não se conclui de forma nenhuma   que devamos ter uma mera fé-confiança, sem cuidar de aderir seriamente com a inteligência à verdades reveladas. Sem esta adesão da inteligência é que não pode haver fé  de maneira alguma. E se podemos ter confiança de nos salvarmos, é só nas bases e  sob as condições em que o plano da salvação nos é apresentado pela doutrina infalível de Jesus Cristo no Novo Testamento.  

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