quinta-feira, 1 de novembro de 2012

OS ARIANOS E SANTO ATANÁSIO

  "Os arianos que tinham sido condenados - continua S.João Bosco - no Concílio de Niceia, para não serem desterrados, fingiram aceitar a decisão dos Padres, ao passo que trabalhavam secretamente contra os católicos. Santo Atanásio, Bispo de Alexandria, foi seu mais formidável adversário e a coluna que Deus pôs para que servisse de dique contra aqueles ímpios, blasfemos de seu Filho. Nasceu em Alexandria do Egito, e ainda muito jovem, apenas diácono, tomou parte no Concílio de Niceia onde deu visíveis sinais de santidade, zelo e profunda doutrina. Morto o bispo Santo Alexandre, foi eleito com aplauso universal para ocupar seu posto.
  "Tendo ele reprimido a impiedade de Ario, de tal modo concitou contra si o ódio de todos os arianos, que desde então nunca mais deixaram de lhe armar insídias. E como vissem que saíam baldados todos os esforços, dirigiram contra ele a arma costumada dos malvados, a calúnia. Em conciliábulo reunido em Tiro, os arianos apresentaram a Santo Atanásio, que se achava presente, a mão de um morto, dizendo-lhe: "Eis aqui o que te condena. Conheces esta mão? é a mão daquele santo varão chamado Arsênio, a quem tu mandaste dar a morte". Atanásio ficou algum tempo em silêncio, e dirigindo-se em seguida à assembleia, disse: "Recorda alguém de vós as feições de Arsênio?" Muitos responderam afirmativamente. Então Atanásio fez um sinal a Arsênio, que tinha feito ir ali para provar as sua inocência, e mandou-lhe que, deixando o manto em que estava envolto, se adiantasse e mostrasse que estava vivo e que possuía ambas as mãos. Em vista disto, aqueles ímpios caluniadores se cobriram de vergonha; longe, porém, de se apaziguarem ante justificação tão evidente, se enfureceram ainda mais e, acrescentando calúnia a calúnia, obrigaram ao imperador a tirar Atanásio de sua sede e à mão armada pôr outro em seu lugar. O santo prelado viu-se obrigado a salvar sua vida passando muitos anos em penoso desterro. Pôde é verdade, voltar de vez em quando a Alexandria, porém, teve de retirar-se novamente dali pela perseguição dos arianos: e para não cair em suas mãos viu-se forçado a ficar escondido cinco anos em uma cisterna enxuta, e outros quatro meses no sepulcro de seu pai. Contudo não deixou por isto de refutar e combater por meio de cartas, livros e todos os meios a seu alcance a esses inimigos de Jesus Cristo; até que voltando à sua sede, concluiu em paz sua vida no ano 373, tendo sido bispo durante 46 anos".

MORTE DE ARIO. - Ario, depois de ter causado males gravíssimos à Igreja, desejando abrir-lhe chagas mais profundas ainda, fingiu emendar-se: para isso se apresentou ao imperador, e com juramento lhe assegurou que acreditava tudo o que ensinava a Igreja Católica. Receando Constantino algum engano, disse-lhe: "Se mentes, Deus vingará teu perjúrio, entretanto podes voltar a ocupar teu cargo!", e deu ordens para que pudesse voltar ao exercício de seu ministério em Constantinopla. Os hereges seus sectários, estavam sobremaneira contentes de poder levar Ario a tomar posse daquela Igreja, donde tinha sido expulso; e para que a reintegração fosse mais solene estabeleceram que se realizaria no domingo seguinte.
  Um povo imenso acompanhava o obstinado herege que, sentado em um carro elegantemente adornado, tratava de aumentar sua pompa espraiando-se em fastidiosos e arrogantes discursos; porém, ali o esperava a divina vingança. Tendo chegado no meio de tanta glória, perto da Igreja onde devia dar-se a reintegração, apodera-se dele um repentino terror, empalidece e treme agitado por violentos remorsos. Acometido ao mesmo tempo de horríveis dores de ventre e laceração de intestinos, morreu desesperado em uma pública sentina, tendo caído com muito sangue uma parte de suas entranhas. Ano 336."

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