terça-feira, 13 de novembro de 2012

A MISTIFICAÇÃO DO VATICANO II - ( I )

Capítulo XXIV do Livro "DO LIBERALISMO À  APOSTASIA" de D. Lefebvre.


  É interessante encontrar um precedente ao Concílio Vaticano II, pelo menos quanto aso métodos usados por uma ativa minoria liberal, que rapidamente se transformou em maioria. A este respeito deve-se observar o Concílio Geral de Éfeso, a que o Papa São Leão I deu o nome de "A Mistificação de Éfeso". Este concílio foi presidido por um bispo ambicioso e sem escrúpulos, Dióscoro, que com a ajuda de seus monges e dos seus soldados imperiais, exerceu uma pressão extraordinária sobre os Padres do Concílio. Foi negada a presidência aos legados do Papa, presidência que eles reclamavam; as cartas pontificais não foram lidas. Este Concílio, não não foi ecumênico, chegou a declarar ortodoxo o herege Êutiques, que sustentava o erro dos monofisismo ( uma única natureza em Cristo). 

  O Vaticano II foi igualmente uma mistificação, com a diferença de que os Papas (João XXIII e Paulo VI) apesar de estar presentes, não opuseram resistência nem ao menos à manipulação dos liberais, mas até a favoreceram. Como foi possível isto? Declarando este Concílio pastoral e não dogmático, insistindo no "aggiornamento" e no ecumenismo, estes Papas privaram a si mesmos e ao próprio Concílio da intervenção do carisma da infalibilidade, que o haveria preservado de qualquer erro. 

  Neste capítulo mostrarei três manobras do clã liberal durante o Concílio Vaticano II.

  Manipulações nas Comissões Conciliares

  O Pélerin Magazine de 22 de Novembro de 1985 citava declarações muito esclarecedoras do Cardeal Liénart ao repórter Claude Beaufort, em 1972, sobre a primeira congregação Geral do Concílio. Cito "in extenso" este artigo intitulado "O Cardeal Liénart : "O Concílio, a Apoteose de Minha Vida". Apenas acrescentarei minhas observações ( 1 ). 
   
    "Dia 13 de Outubro de 1962: O Concílio Vaticano II tem sua primeira sessão de trabalho. A ordem do dia prevê que a Assembleia designe os membros das Comissões especializadas, chamadas para ajudá-la em sua tarefa. Mas os 2300 Padres reunidos na imensa nave de São Pedro mal se conheciam. Podem eleger assim equipes competentes? A Cúria resolve a dificuldade: distribui juntamente com as células de votação as listas das comissões preparatórias, que haviam sido constituídas por ela. É evidente o convite para manter as mesmas equipes..."
  
  O que seria mais normal do que voltar a eleger para as comissões conciliares aqueles que durante três anos haviam elaborado, dentro das comissões preparatórias, textos irrepreensíveis? Mas evidentemente, esta proposta não podia ser do agrado dos inovadores:

    "Na entrada da Basílica, o Cardeal Liénart foi informado pelo Cardeal Lefebvre, arcebispo de Borges ( 2) deste procedimento ambíguo. Os dois conheciam o grande perigo das comissões pré-conciliares: seu caráter muito romano e pouco acomodado à sensibilidade da Igreja universal. Eles temiam que as mesmas causas produzissem os mesmos efeitos. O bispo de Lille tem sua posição no Conselho de Presidência do Concílio. Esta posição lhe permite intervir, opor-se a alguma manobra e exigir os espaços de tempo necessários para que as Conferências Episcopais possam propor candidaturas representativas". 

  Portanto os liberais temem os teólogos e os esquemas "romanos". Para obter comissões de sensibilidade liberal, digamos, é preciso preparar novas listas que conterão os nomes da máfia liberal mundial: um pouco de organização, para começar uma primeira intervenção, e o conseguiram. 
  Ajudado por Mons. Garrone, o Cardeal Lefebvre preparou um texto em latim e o passou para o Cardeal Liénart. Havia então um texto preparado pelo Cardeal Lefebvre, arcebispo de Bourges. Quer dizer que nao houve improvisação, mas premeditação, digamos: preparação, organização entre os cardeais de sensibilidade liberal. 

  Dez anos depois, o Cardeal Liénart recordava seu estado de ânimo naquele dia com os termos seguintes:

    "Fiquei sem resposta, mas convencido de que não era razoável ficar calado pois se não falasse faltaria com meu dever. Nós não podíamos renunciar à nossa função, que era eleger. Então assumi meu papel: me inclinei par o Cardeal Tisserant que estava a meu lado e presidia  e lhe disse: Eminência, não se pode votar, não é razoável, nós não os conhecemos, peço-lhe a palavra. Ele respondeu: é impossível, a ordem do dia não prevê nenhum debate; estamos reunidos simplesmente para votar, e não posso dar-lhe a palavra. Eu respondi: então vou tomá-la. Me levantei e tremendo li meu papel. Imediatamente percebi que minha intervenção respondia à angústia de toda a assistência. Aplaudiram e logo depois o Cardeal Frings, que estava um pouco mais longe, se levantou e disse o mesmo. Os aplausos redobraram. O Cardeal Tisserant propôs levantar a sessão e relatar aos Santo Padre. Tudo havia demorado apenas vinte minutos. Os Padre saíram da Basílica, fato que alarmou aos jornalistas. Inventaram histórias: "Os bispos franceses se rebelam no Concílio, etc. Não era uma rebelião, era uma sábia reflexão. Pela minha posição e pelas circunstâncias, eu estava obrigado a falar ou renunciar". 

  Saindo do local do Concílio, um bispo holandês expressava sem rodeios seu pensamento e o dos bispo liberais franceses e alemães, dizendo a um sacerdote amigo que estava a uma certa distância: "Nossa primeira vitória!" ( 3). 

  Notas: (1) - Le Figaro de 9 de Dezembro de 1976, publicou extratos do "Journal du Concile" do Cardeal Liénart, Michel Martin comenta estes extratos em seu artigo "L'Ardoise Fefilée", no nº 165 do "Corrier de Rome, Janeiro de 1977. 

                (2) - Não confundir com seu primo Mons, Marcel Lefebvre.

                 (3) - Ralp Wiltgen "Le Rhin se jette dans le Tibre", L'Alliance Européenne", pg. 16-17. 

                                                                 NB. Continua no próximo post.

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