terça-feira, 3 de dezembro de 2019

AS IMAGENS ATRVÉS DOS SÉCULOS DA ERA CRISTÃ

   O uso das imagens tinha que vir aparecendo, portanto, pouco a pouco, de acordo com as circunstãncias. Daí se explica, por exemplo, que os primeiros cristãos não tivessem imagens nas suas igrejas abertas ao público, que aliás não eram numerosas naqueles tempos de tremenda perseguição, como foram os 3 primeiros séculos da nossa era. Não só as imagens e símbolos serviriam para denunciá-los, como também podiam ser mal interpretadas pelos pagãos que os vissem, os quais poderiam pensar que os cristãos apenas tinham mudado de ídolos. Daí também ser no princípio restrito o uso às imagens pintadas, para depois se passar às imagens de escultura.
   Mas que as imagens, pelo menos de pintura, tenham sido usadas pelos cristãos dos primeiros séculos, não há dúvida alguma.
   Temos o testemunho valioso das catacumbas de Roma. Ali naqueles subterrâneos, que eram lugares também de culto coletivo, longe das vistas dos pagãos podiam os artistas cristãos entregar-se mais livremente à sua tarefa de reproduzir os personagens e os mistérios do Cristianismo. E assim é comum nas catacumbas encontrarem-se imagens em pintura do Bom Pastor, de Maria Santíssima e de alguns santos (entre os quais predomina São Pedro, que era muito conhecido em Roma, onde se estabeleceu e sofreu o martírio). Algumas destas imagens dão indícios de pertencerem ao 1º e ao 2º século; e outras em grande número são pertencentes com toda certeza aos séculos 3º e 4º.
   A Virgem Maria é quase sempre representada com seu Divino Filho nos braços, e a sua imagem mais antiga conhecida remonta no máximo à metade do século 2º; encontra-se na Capela Grega das Catacumbas de Priscila. A Virgem aparece juntamente com os três reis magos. Há outra imagem muito célebre, que tudo indica remontar a fins do século 2º, em que aparece a Virgem sentada com o Menino nos braços, vendo-se ao seu lado o profeta Balaão apontando para uma estrela. Outra figura de Maria, de cerca da metade do século 4º, apresenta-a como orante, de braços estendidos diante de seu Divino Filho e se encontra no fundo de um arcosólio no Cemitério Maior. Isso mostra não só o uso da imagens, mas também o apreço que os cristãos sempre tiveram à Mãe do Salvador.
   As estátuas ou esculturas já são frequentes em sarcófagos do século 4º e 5º; e há nas catacumbas, pelo menos, 2 estátuas do Bom Pastor que parecem ser anteriores à época de Constantino (portanto, no máximo, do século 3º).
   Passando o testemunho das catacumbas para o dos livros, como autores que testemunham a existência de imagens, temos no século 3º Tertuliano que fala no Bom Pastor representado nos cálices (De pudicitia VII, 10) e o historiador Eusébio de Cesaréia, que diz ter visto imagens pintadas de Jesus Cristo, de São Pedro e de São Paulo (História Eclesiástica VII, 18).
   Uma vez conseguida a paz no tempo de Constantino (313), passando o Cristianismo a usar da liberdade de culto no Império Romano, vai-se espalhando por toda a parte o culto à cruz , principalmente depois que a rainha Helena, mãe de Constantino, encontrou A VERDADEIRA CRUZ DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, a qual, no meio das outras duas, demonstrou a sua autenticidade por meio de um milagre; (ao tocá-lo numa doente grave, esta levantou-se imediatamente curada); e à proporção que se vai extinguindo o paganismo e, portanto, desaparecendo o perigo da confusão que poderia surgir entre os ídolos pagãos e as venerandas imagens de Jesus Cristo, da Santíssima Virgem e dos santos, vão aumentando em toda parte, pública e privadamente, o uso e o culto das imagens.
   Que do século 5º em diante já se começam a usar profusamente não só nas casas particulares, mas também nas igrejas públicas, e não só imagens pintadas, mas também esculturas, isto é um fato incontestável.
   Quando aparece no século 8º a heresia dos iconoclastas ou quebradores de imagens, fomentada pelos imperadores bizantinos, é logo condenada pelo 2º Concílio de Nicéia (que é Concílio Ecumênico, isto é, universal) reunido em 787. E é de notar que este Concílio apela, em favor do culto das imagens, para a TRADIÇÃO DA SANTA IGREJA CATÓLICA, ao mesmo tempo que acusa os iconoclastas de quererem introduzir uma novidade, indo de encontro às tradições eclesiásticas. Isto mostra como era antigo na Igreja este culto.
   Se o Imperador Carlos Magno entendeu, por razões políticas, de fazer coro com os imperadores bizantinos e isto produziu uma certa agitação no seio dos francos, a Igreja fez cessar esta perturbação com outro Concílio Ecumênico, o 4º Concílio de Constantinopla (869 e 870) em que reafirmou e redefiniu o que já havia sido determinado no 2º Concílio de Nicéia.
   Do 2º Concílio de Nicéia até os nossos dias, continuou cada vez mais propagado na Igreja Católica o culto das imagens. Aí estão os documentos históricos, os museus, as igrejas antiquíssimas da Europa para atestá-lo. E a prova é esta: por que os protestantes, aparecendo no século 16º faziam tanta grita contra o culto das imagens, provocando assim um novo pronunciamento no Concílio de Trento, senão porque este culto continuava a existir na Igreja Católica?
   O feitiço contra o feiticeiro. Quando os protestantes dizem que o culto das imagens é uma idolatria, quando dizem que, se há este culto é simplesmente porque o paganismo invadiu a Igreja, mostram apenas que NÃO CRÊEM EM NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Podem perguntar porque digo isto. Eis o argumento: Jesus Cristo fundou a sua Igreja e prometeu que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a MINHA IGREJA, E AS PORTAS DO INFERNO NÃO PREVALECERÃO CONTRA ELA" (S. Mat. XXVI, 18). Bem como mandou seus Apóstolos propagar A SUA IGREJA NO MUNDO TODO, por isso é chamada CATÓLICA,  que em grego significa "do mundo todo": "Ide, pois, ensinai TODAS AS GENTES (S. Mat. XXVIII,19) e prometeu sua proteção, sua assistência até o fim do mundo: "E estai certos de que EU ESTOU CONVOSCO TODOS OS DIAS ATÉ A CONSUMAÇÃO DO SÉCULO" (S. Mat. XXVIII,20).
   Como é que deixou esta Igreja Católica(=Universal) ficar durante mais de mil anos praticando A IDOLATRIA, invadida, como dizem os protestantes, por um grosseiro paganismo e só no século 16º  fez aparecer Calvino para remediar a esta situação? Neste caso, então A PALAVRA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO NÃO SERIA INFALÍVEL.
   A Igreja é a amada esposa de Cristo (Efésios, V, 25). Não se pode lançar sobre ela a gravíssima acusação de haver-se prostituído pela idolatria, sem ultrajar ao mesmo tempo o seu Divino Esposo que, tendo poder infinito, tão explicitamente prometeu velar sobre ela até a consumação do mundo.

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