domingo, 23 de outubro de 2011

Jesus Cristo, Sacerdote por excelência.

2 - JESUS SATISFAZ AS CONDIÇÕES DO SACERDÓCIO

  Vimos na postagem anterior que as condições essenciais para o sacerdócio são: ser homem, ser consagrado e oferecer sacrifício. Pois bem. Vamos ver agora, com a graça de Deus, que Jesus satisfaz perfeitamente estas três condições.
   A)  SER HOMEM. Jesus é o  Filho de Deus feito homem. Antes da Encarnação, sendo só Deus, não poderia ser sacerdote. Mas desde que no dia da Encarnação no seio da sempre Virgem Maria se fez homem, nada O impede de se revestir da condição de sacerdote. Neste momento, o Verbo entra na família humana e pode, sem nada perder da sua divindade, abater-se, humilhar-se, aniquilar-se, adorar e pedir, como homem que é. Diz São Paulo: "Por isso, entrando no mundo, diz(Jesus): "Não quiseste hóstia, nem oblação mas formaste-me um corpo...Então Eu disse: Eis-me que venho... para fazer, ó Deus, a tua vontade...Por esta vontade somos santificados  mediante a oblação do corpo de Jesus Cristo..." (Heb. X, 5, 7 e 10). Em Hebreus, IV, 15 diz ainda o Apóstolo: "Não temos um Pontífice que não possa compadecer-se das nossas enfermidades, mas que foi tentado em tudo à nossa semelhança, exceto no pecado". Bossuet assim comenta: "Mas não a tomastes (=a natureza humana) sã, perfeita, imortal, tal como saíra no princípio das vossas mãos. Assumiste-la tal como o pecado e a justiça vingadora de Deus a tornaram - mortal, enferma, pobre -, porque queríeis carregar com o nosso pecado. Queríeis carregá-lo sobre a cruz, vítima inocente; queríeis carregá-lo durante todo o decurso da vossa vida... Como não podíeis assumir também a iniquidade e a mácula do pecado, tomastes a pena, o justo suplício, isto é, a mortalidade com todas as consequências. Assim Vos  tornastes sensível aos nossos males - Vós que os experimentastes na Vossa carne... Quem duvida que não possais ajudar-nos nas coisas que já sofrestes, pois sofrestes livremente e quisestes, ao suportá-las, fazer nascer em Vós a compaixão para conosco? Sede para sempre louvado, Senhor, e compadecei-Vos dos nossos males, não como os ricos se compadecem dos pobres, mas como os pobres choram os outros pobres" (Bossuet, Méditations sur l'Evangile, 95ª).
   Acrescentemos que, por não ter deixado de ser Deus, ao fazer-se homem, Jesus é o mediador ideal entre o Céu e a terra, não apenas santo e imaculado, mas impecável , o Filho bem-amado do Pai, em quem Ele pôs todas as suas complacências, o sacerdote escolhido por natureza para adorar a infinita majestade e defender a nossa causa. Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Como homem, pode compadecer-se das fraquezas dos seus irmãos e abater-se, humilhar-se, sofrer, morrer, para glorificar seu Pai; Como Deus, pode dar a todas as suas ações um valor infinito.
   São Paulo na mesma Epístola aos Hebreus, V,4-6 mostra ser necessário  que Cristo fosse chamado e estabelecido sacerdote pelo Pai. Portanto Jesus não se elevou por si mesmo à glória do Sumo Pontificado, mas recebeu-o d'Aquele que disse: tu és meu Filho, eu te gerei hoje; como disse ainda em outra passagem: "tu és sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque". Foi, portanto, a livre escolha de Deus que fez de Jesus o sacerdote supremo, o sacerdote por excelência. Como devemos agradecer a Deus essa sua bondade infinita!

   B) SER CONSAGRADO. Jesus foi consagrado sacerdote perfeito pelo próprio Deus. Escolhido desde toda a eternidade, Cristo é feito sacerdote no próprio momento da Encarnação e desde logo começa o seu duplo papel de Religioso de Deus e de Salvador dos homens. É o que declara São Paulo: "Ao entrar no mundo, Cristo disse (a seu Pai): não quiseste sacrifícios nem holocaustos mas formaste-me um corpo; não te agradaram holocaustos nem sacrifícios pelo pecado. Então eu disse: Eis-me aqui!... Venho, ó Deus, para fazer a tua vontade... É em virtude desta vontade que somos santificados pela oblação que Jesus fez, uma vez por todas, do seu corpo" (Heb. X, 5-7-10).
  Que vem a ser Religioso de Deus?  Jesus recebeu a consagração sacerdotal para desempenhar junto de Deus o papel de Religioso; e junto dos homens o papel de Salvador. O papel de Salvador, todos sabem em que consiste. Mas talvez nem todos compreendem em que consiste este papel de Religioso de Deus.
Vamos explicá-lo. Como Religioso de Deus, Jesus Cristo oferece-se como vítima, em substituição de todos os holocaustos e sacrifícios do Lei Antiga. É a obediência, a humildade e amorosa submissão à vontade do Pai que imolará todos os atos à glória de Deus e reparará assim, nobremente, a desobediência dos nossos primeiros pais. Desta forma, Deus será glorificado como nunca o fora; será glorificado como merece, com uma glória infinita, porquanto o Verbo comunica às ações e sofrimentos da sua humanidade um valor infinito. E por este mesmo sacrifício, Jesus salvará em princípio todos os homens, no sentido de que lhes merecerá, de uma maneira abundante e mesmo superabundante, todas as graças de que têm necessidade para serem salvos: se alguns não aproveitam da sua redenção, é porque resistiram à sua graça. E São João diz: "Se alguém pecou, temos um advogado junto do Pai, Jesus Cristo, o justo; Ele próprio é uma vítima de propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas pelos de todo o mundo" (1 João, I, 2). E se, possuindo o estado de graça, tivermos necessidade de novos socorros para perseverar ou progredir na vida espiritual, Jesus estará presente, "sempre vivo para interceder por nós" (Heb. VII, 25).

   C) OFERECER SACRIFÍCIO. Se alguém é sacerdote, então importa que ofereça sacrifício; se é  o sacerdote por excelência, importa que ofereça um sacrifício perfeito. Foi exatamente o que Jesus fez. Quanto ao sacrifício, começou a oferecê-lo interiormente desde o primeiro instante da sua existência e renovou exteriormente este oferecimento no dia da sua apresentação no templo. Preparou a imolação sangrenta por uma vida de rudes trabalhos e profundas humilhações. Completou o seu sacrifício na última Ceia e sobre o altar da Cruz, oferecendo-se livre e generosamente para suportar com paciência heróica todas as torturas físicas e morais que os seus algozes lhe infligiram. Consumou-o, ressuscitando e subindo ao céu; aí, aparece diante do Pai com a sua humanidade imolada por nós e, embora lá não ofereça um sacrifício propriamente dito, não cessa de interceder por nós e de pedir que os frutos da sua Paixão nos sejam aplicados.
   No Santo Sacrifício da Missa, Jesus Cristo continua o sacrifício do Calvário, oferecendo de novo a seu Pai a Vítima imolada sobre a Cruz, com as mesmas disposições de obediência e amor. E, como diz o Beato Olier, "como este augusto interior de Jesus é o mesmo sobre a cruz e sobre o altar, sob os véus do pão e sob os véus da carne, é ainda o que mais devemos estimar e honrar nos sacrifício de Cristo, que começou sobre a cruz e continua sobre os santos altares".

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