quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A CONSUMAÇÃO DO SACRIFÍCIO: A COMUNHÃO

   Nos sacrifícios do Antigo Testamento, o povo gostava que por qualquer sinal Deus lhe fizesse saber que o sacrifício era aceito por Ele e que Lhe era agradável. As vezes, como sinal, Deus mandava fogo do céu para consumir á vítima. E algo de análogo encontramos na imolação do Calvário. Deus, ressuscita o seu Filho e consome pelo fogo do amor as imperfeições do seu corpo mortal, para lhe conferir num grau superior todas as qualidades dos corpos gloriosos e, porque de certo modo se tornou espírito vivificante, para lhe permitir uma ação santificante sobre as almas. É sobretudo na Eucaristia que aparece este papel santificante : "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia" (S. Jo. VI, 54). Por isso, Jesus ressuscitado aparece subitamente no meio dos apóstolos reunidos no Cenáculo. São Paulo, depois de ter observado que os sacerdotes antigos tinham necessidade de sucessores, porque eram mortais, acrescenta: "Mas Ele, porque permanece para sempre, tem um sacerdócio que não passa. Por isso pode salvar perpetuamente aqueles que por Ele se aproximam de Deus, sempre vivo para interceder por nós" (Heb. VII, 24). Depois de cumprir a sua missão, depois de confirmar a fé dos apóstolos, e de lhes explicar o reino de Deus, passados quarenta dias depois da sua ressurreição, subiu ao céu, onde está sentado à direita do Pai, e onde pede e ora constantemente por nós, mostrando as cicatrizes das suas chagas gloriosas. Jesus é, portanto, no céu, o nosso Soberano Pontífice. Mas está também em estado de vítima.  São João no Apocalípse diz que viu   um Cordeiro vivo mas como se estivesse sido imolado. É certo que no céu, Cristo não oferece um sacrifício no mesmo sentido que no Calvário e nos nossos altares, mas aparece diante do Pai como tendo sido imolado outrora, com as cicatrizes gloriosas das suas chagas e na qualidade de vítima que lhe pertence tanto como a de sacrificador. Daqui se conclui que o sacrifício inaugurado na terra atinge no céu a sua consumação, no sentido de que Jesus não só recebe a recompensa do seu sacrifício, mas continua o papel de mediador e de sacerdote, não cessando nunca de se oferecer e de interceder por nós (Heb. VII, 25). É do céu ainda, que Ele faz descer sobre nós uma chuva ininterrupta de bênçãos, que nos permite participar dos frutos da redenção.

   Em certos sacrifícios antigos, os sacerdotes e os fiéis que apresentavam a vítima consumiam uma parte, para deste modo entrarem em comunhão com ela e com a divindade, à qual havia sido consagrada. Este ato, então meramente simbólico, encontra-se em toda a sua realidade no sacrifício oferecido por Cristo. Se Jesus subiu ao céu, fê-lo, segundo a sua promessa, para nos preparar um lugar para, enquanto vivermos na terra, nos tornar participantes das graças que nos mereceu. Estas graças, obtemo-las nós pelos sacramentos e sobretudo pela Eucaristia, que, ao dar-nos Jesus, nosso sacerdote e nossa hóstia, faz-nos participar dos seus pensamentos, dos seus sentimentos e virtudes. Mas podemos também obtê-las pela comunhão espiritual, que perpetua os efeitos da comunhão sacramental, ao levar-nos a pensar, a falar, a atuar sempre em união com Jesus. Caríssimos e amados leitores, ditosas as almas que vivem em união habitual com Jesus, sacerdote e vítima!. A sua transformação será total: em vez de se deixarem guiar por pensamentos egoístas, pelo desejo de agradar aos homens, pela curiosidade, pela vaidade ou pela sensualidade, fixaram toda a sua atenção em Nosso Senhor Jesus Cristo, o único a quem querem agradar. Para essas almas, Jesus é o centro de toda a vida. É por Ele, com Ele e n'Ele que elas oram, trabalham e vivem. Podem dizer com São Paulo: "Eu vivo, mas não sou eu que vivo: é Jesus que vive em mim"; "a minha vida é Jesus".
   Na próxima postagem vamos meditar nestas palavras: POR ELE, COM ELE E NELE.

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