LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Dizia Santo Agostinho: "O que eu sei pela confissão, eu
o sei menos do que aquilo que ignoro".
E Santo Ambrósio: "Não há nada mais oculto do que é
descoberto em confissão".
Esta é a lei: O confessor é obrigado ao mais inviolável
segredo a respeito do que sabe pela acusação do penitente. Esta lei do segredo
da confissão não admite absolutamente nenhuma exceção. Fosse preciso salvar a
sua vida, evitar uma grande desgraça, conservar mesmo a vida a cem milhões de
pessoas, jamais o confessor poderia declarar o que ouviu no santo tribunal.
Seria antes obrigado a deixar-se queimar vivo, do que revelar um só pecado.
Também sempre que o sacerdote se viu colocado na alternativa de escolher entre
a revelação do segredo sacramental e a morte, nunca hesitou em escolher a
morte. Atesta-o São João Nepomuceno.
Há inúmeros fatos semelhantes ao de São João Nepomuceno. Vou
relatar aqui apenas um: Em 1860, um indivíduo cometeu um assassinato. Confessou-se
depois, deixando na sacristia, onde um pobre cura o tinha ouvido, uma roupa ensanguentada
que pertencia à vítima. O cura foi preso e acusado do crime. Não podia dizer
uma só palavra de desculpa sem que violasse o segredo sacramental. Deixou-se,
pois, condenar como culpado. Foi degradado e enviado para as minas da Sibéria.
Em 1875, o verdadeiro assassino, achando-se no leito de morte, chamou
testemunhas e declarou, sob a fé do juramento, que era ele o culpado e que o
sacerdote estava inocente. O novo João Nepomuceno foi, pois, chamado do exílio,
e solenemente reintegrado em sua paróquia.
Um sacerdote, citado em justiça, deve responder, mesmo com
juramento, que ignora o autor de um crime, quando não o sabe senão pela confissão.
"Um homem, diz Santo Tomás de Aquino, não pode ser chamado como testemunha
senão como homem. É a razão porque o padre não prejudica a sua consciência
afirmando ignorar uma coisa de que não teve conhecimento senão como ministro de
Deus. Pois, propriamente falando, não foi a ele que se fez a confissão, mas a
Deus".
Uma pergunta que geralmente se faz é a seguinte: E o
penitente é obrigado ao segredo? Em outras palavras: pode ele contar a outros o
que o confessor lhe disse no santo tribunal da confissão? Resposta: O sigilo da confissão foi estabelecido em favor do
penitente, e não em favor do confessor. Entretanto, os teólogos concordam em
dizer que o penitente é obrigado, pela lei do segredo natural, a não divulgar as
palavras do confessor, que possam causar-lhe algum prejuízo. "Eu,
acrescento, diz Santo Afonso, que esta lei é mais rigorosa que qualquer outra
do mesmo gênero, porque o confessor dá os seus conselhos, não livre e espontaneamente
como os outros, mas por dever e por obrigação". Convém, além disso, que o
penitente guarde silêncio sobre tudo o que lhe diz seu padre espiritual, pelos
seguintes motivos: a) Pelo respeito devido ao sacramento, as coisas santas não
devem ser objeto de conversações fúteis; b) Pelo respeito a si mesmo, visto que
se expõe por isso a tornar conhecidas as suas próprias faltas, e passar por ter
uma língua inconsiderada; c) Pelo respeito que se deve ao confessor, cujas
palavras são tantas vezes mal compreendidas e deturpadas pelo penitente; d)
Pelo respeito às almas que precisam ter uma confiança muito grande no
confessor, confiança que não deixa de diminuir por esta espécie de conversas. Devemos
ter presente na mente que o confessor é médico, e, o que se dá atinente às
doenças corporais, com as devidas adaptações, se aplica também às doenças
espirituais no que se refere a alguns detalhes: por exemplo: os remédios que
são salutares para um paciente, podem ser prejudiciais a outros. Assim os
conselhos que se aplicam a um penitente, podem não ser salutares a outros,
porque as consciências não são iguais: há as consciências delicadas, as escrupulosas
e as laxas. Agora, detalhes na confissão que, com certeza não farão nenhum mal
a ninguém, mas, pelo contrário será para o bem de todas as almas que deles
tomarem conhecimento, o penitente pode externá-los, embora não esteja obrigado
a isso. Em algumas das postagens que aqui fiz sobre o "Sacramento da
Confissão", relatei alguns destes exemplos.
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