segunda-feira, 15 de maio de 2017

ESCLARECIMENTOS QUE TRANQUILIZAM A RESPEITO DA CONFISSÃO

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

Fazemos estes esclarecimentos para que o demônio não engane ninguém na confissão.

Primeiramente, a quantas pessoas devemos fazer conhecer os nossos pecados? Resposta: Basta que o digamos uma vez a um só confessor. E, como já tivemos ensejo de demonstrar, temos obrigação de confessar somente os pecados mortais. Esta é a matéria necessária. Por conseguinte, caríssimos, se o vosso pecado não é mortal, ou se, quando o cometestes, não o considerastes como tal, não sois obrigado a confessá-lo. Por exemplo: uma pessoa cometeu em sua infância uma ação desonesta, ignorando então que isso fosse pecado mortal, não tendo mesmo a menor dúvida a esse respeito; não é obrigada a confessar esse pecado.

Para desfazer outra possível tentação do demônio mudo para afastar alguém da confissão, ou, para levá-la a fazer confissão nula e sacrílega, vou formular mais alguns pretextos que o inimigo das almas costuma apresentar:

Temo, dirá alguém, que o confessor me repreenda, quando ouvir o meu pecado. Resposta: Isto, caríssimo(a), é uma apreensão inteiramente sem fundamento. Repreender-te? Por que? Isto é pura insinuação do demônio mudo, porque o ministro de Deus coloca-se no confessionário, para aí ouvir, não a narração de êxtases e de revelações, ou atestado de pretensas virtudes. O confessor, na verdade, se senta no confessionário, esperando ouvir a acusação de pecados cometidos. E caríssimos, o confessor não pode ter consolação maior do que quando uma alma lhe descobre as suas misérias. Se pudésseis sem muita pena livrar da morte uma rainha ferida pelos seus inimigos, que consolação não experimentaríeis procurando a sua liberdade! Pois bem! é o que faz o confessor, quando uma pessoa vai declarar-lhe o mal de que se tornou culpada: pela absolvição que lhe dá, cura a sua alma ferida pelo pecado, e a livra da morte eterna. Os sacerdotes zelosos têm alegrias que nenhum leigo poderá ter; mas estas alegrias os confessores as levarão consigo para o túmulo. Nós padres, às vezes, parecemos tristes, mas estamos sempre alegres e distribuindo alegrias espirituais.

Outra preocupação: O confessor, ao menos, escandalizar-se-á e tomará para sempre horror de mim. Resposta: Erro completo! Longe de se escandalizar com a vossa conduta, ficará edificado por vos ver fazer a confissão sincera das vossas faltas, apesar da confusão que experimentais. E, depois, pensais que o confessor não ouviu, confessando outros, muitos pecados semelhantes aos vossos, e talvez mais graves? Oh! quem dera que fôsseis só vós que tivésseis ofendido a Deus! Também não é verdade que o confessor vos terá horror; ao contrário, mais vos estimará, e se aplicará de boa vontade a ajudar-vos, comovido pela confiança que lhe testemunhastes, descobrindo-lhe as vossas misérias. Eis o que se passou com  um afortunado penitente de São Francisco de Sales: Muito lutou consigo mesmo para fazer uma confissão geral dos numerosos desvarios da sua mocidade. O bondoso S. Francisco de Sales, que ficara muito comovido com o humilde arrependimento  do penitente, manifestou-lhe o seu contentamento e a sua alegria. "Quereis consolar-me, padre, respondeu o penitente ainda todo confuso; pois, com certeza, não podeis ter ainda estima por um miserável pecador como eu!  -  "Estais muito enganado, replica logo São Francisco de Sales; eu seria um verdadeiro fariseu, se, depois da absolvição, vos considerasse ainda pecador. A meus olhos estais agora mais branco que a neve. Devo amar-vos duplamente: pela grande confiança que me testemunhais, abrindo-me tão perfeitamente o vosso coração, e porque vos tornastes meu filho em Jesus Cristo. De vaso de ignomínia, vejo-vos transformado em vaso de glória; não é certo que a Nosso Senhor agradaram mais as lágrimas do que desagradou a queda de São Pedro? Finalmente, eu teria muito duro coração se não tomasse parte na alegria que experimentam os anjos. Acreditai-me, acrescenta o Santo Bispo, as lágrimas que vi correr dos vossos olhos fizeram em minha alma o que faz a água dos ferreiros, que mais depressa abrasa do que extingue o fogo dos seus braseiros. Ó Deus! como eu vos amo deveras, agora que o nosso coração ama a Deus!" Esse penitente retirou-se tão satisfeito, que não sabia com que palavras exprimir a sua felicidade e o seu reconhecimento. E não contendo dentro de si o oceano de felicidade, externou-o a todos os que queriam ouvi-lo, contando tudo o que aconteceu com ele na confissão feita com o bispo Francisco de Sales.

Outra tentação do demônio: Confessar-me-ei mais tarde. Resposta: Mas, neste caso, o que pode acontecer é a pessoa ir acrescentando mais sacrilégios. E o sacrilégio é coisa horrível!!! E assim, o remédio que Jesus Cristo vos preparou com seu sangue na confissão, é convertido para vossa alma em um veneno mortal! É preciso também pensar no seguinte: quantas mortes repentinas e imprevistas! E então, que será daqueles que deixam a confissão para mais tarde, e são assim surpreendidos pela morte? Que será destes tais para toda a eternidade?

Caríssimos, tomai, pois, coragem. O difícil é só até começar a confissão. Desde que tiverdes começado a abrir o vosso coração, toadas as apreensões se dissiparão, e ficai persuadidos de que , depois da confissão, estareis mais contentes, por ter confessado as vossas faltas, do que um homem do mundo que ficasse rei de toda terra. E ficai sabendo que, quanto maior for a violência que tiverdes feito para vos vencerdes, maior será o amor com o qual Deus vos abraçará.


Para terminar, quero contar um fato: O célebre orador Padre Paulo Ségneri refere que uma mulher fez um tal esforço sobre si mesma, para confessar certos pecados cometidos em sua infância, que desfaleceu. Em recompensa deste ato generoso, Nosso Senhor lhe concedeu uma compunção tão grande e um amor tão forte, que desde esse momento entregou-se à perfeição, praticando austeras penitências. Morreu em odor de santidade. Amém!

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