quarta-feira, 10 de maio de 2017

É UMA LOUCURA E UMA DESGRAÇA A VERGONHA EM CONFESSAR OS PECADOS

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

Em primeiro lugar, vamos ouvir a palavra do grande doutor da Igreja, Santo Agostinho: "Que desgraça para vós! Pensais somente na vergonha e não pensais que, se não confessardes, vos condenareis! Ó loucura! não receastes fazer uma ferida mortal em vossa alma, e corais de lhe aplicar o remédio que a pode curar".

O Sacrossanto Concílio de Trento diz: "Se o médico não vê e não conhece bem a chaga, não pode curá-la". Caríssimos, que desgraça para uma alma que se confessa, calar por vergonha qualquer pecado grave! "O que devia reparar o mal causado por este pecado, torna-se um novo triunfo para o demônio", exclama Santo Ambrósio.

Prestai atenção nesta comparação: Os soldados vitoriosos fazem alarde das armas que tomaram ao inimigo; e assim que o demônio se gloria das confissões sacrílegas, armas  de que despojou àqueles que podiam servir-se delas para o vencer. Realmente, como são dignas de lástima estas almas, que mudam assim seu remédio em veneno!

Na  parte superior: símbolo de uma alma no
estado de graça após uma santa confissão.
Na parte inferior do quadro: símbolo de uma
alma dominada pelo demônio após confissão
sacrílega. 
Por exemplo: Tal pessoa teve a desgraça de cair em um pecado grave; mas, não o declarando na confissão, comete um sacrilégio, que é um pecado muito maior; eis aí como o demônio triunfa.
Dizei-me: se, por não ter confessado vosso pecado, devêsseis ser mergulhado em uma caldeira de azeite a ferver, e que depois este pecado devesse ser conhecido por todos os vossos parente e todos os vossos concidadãos, ocultá-lo-eis? Seguramente que não, tanto mais quanto sabeis que, depois de uma boa confissão, o vosso pecado ficaria escondido, e não teríeis de vos sujeitar a esse horrível suplício. Ora, é muito certo que, se não confessais o vosso pecado, ardereis no fogo do inferno durante toda a eternidade, e, no dia do julgamento, esse pecado será conhecido, não só dos vossos parentes e dos vossos concidadãos, mas de todos os homens: "Pois devemos todos comparecer ao tribunal de Jesus Cristo" (2 Cor. V, 10). Se não confessais o mal que fizestes, diz o Senhor, "manifestarei vossas ignomínias a todas as nações" (Naum, III, 5).

Suponhamos: Cometestes o pecado mortal; se não o confessais, sereis condenado. Por conseguinte, se vos quereis salvar, deveis confessá-lo um dia; e, se deveis confessá-lo um dia, por que não agora? Quereis esperar que chegue a morte, depois da qual não podereis mais confessá-lo! Ficai sabendo que, quanto mais diferirdes a sua confissão, multiplicando com isto os sacrilégios, tanto mais hão de aumentar em vós a vergonha e a obstinação, ou o endurecimento do coração. Sabei, outrossim, que, se não confessais o vosso pecado, nunca tereis repouso durante a vossa vida. Ah! que tormento experimenta em si mesmo uma pessoa que sai do confessionário, sem ter declarado o seu pecado" É uma víbora que traz continuamente em seu seio, e que não deixa de lhe dilacerar o coração. Dupla desgraça: sofrerá um inferno nesta vida e na outra! Coragem, pois, o pecador demasiadamente temeroso; se tivestes a desgraça de não confessar algum pecado por vergonha, tomai a resolução de vos acusar dele o mais depressa possível. Isto não é difícil; basta que digais ao confessor: "Padre, tenho vergonha de confessar um pecado". Ou, então,  dizei: "Tenho inquietação de consciência sobre minha vida passada". Será depois trabalho do confessor arrancar o espinho que vos mortifica. Oh! que alegria quando tiverdes expulsado do vosso coração aquela funesta víbora!

Para terminar esta postagem, quero contar um fato histórico: Santa Ângela de Foligno, que também teve, em sua mocidade, a desgraça de ocultar pecados em confissão. Desde muitos anos, o cuidado da sua reputação lhe fechava a boca, quando uma noite, não podendo mais suportar-se a si mesma, levantou-se, ajoelhou e, derramando lágrimas, invocou com fervor o socorro de S. Francisco de Assis, em quem tinha tido sempre uma grande confiança. O santo apareceu-lhe e lhe disse com suave compaixão: "Pobre filha, se me tivésseis chamado mais cedo, desde muito tempo que eu teria vindo em teu auxílio! Amanhã, ao amanhecer, sai de casa; o primeiro padre que encontrares, será este que te envio para te confessar e te salvar". No dia seguinte, de manhã, Ângela encontrou diante da sua casa um bom padre capuchinho que entrou na igreja, para celebrar a missa. Ela seguiu-o; depois da missa, confessou-se com grande arrependimento. Fez desde então tais progressos na virtude, que chegou a uma santidade sublime e foi enriquecida do dom dos milagres. Tal foi sua humildade que fez questão de contar esta passagem de sua vida! Mas ela não tinha obrigação de contar. E realmente só no dia do juízo final, veremos quantas almas se salvaram, por terem rezado para conseguir esta graça de sair de uma vida de sacrilégios!


Nenhum comentário:

Postar um comentário