LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Outra parte
necessária da confissão é a SATISFAÇÃO, ou seja, a penitência imposta ao
penitente pelo confessor. Dizemos que a satisfação ou penitência na confissão é
parte necessária mas não essencial. Por que não é essencial? Porque sem ela o
sacramento pode ser válido. Diz-se em teologia que a satisfação ou penitência é
parte integrante do sacramento. Vamos dar exemplo de quando o sacramento da
Penitência pode ser válido mesmo não havendo condição de se fazer a penitência:
uma pessoa perto de morrer, recebe validamente o sacramento da Penitência, sem
a imposição da penitência, porque o moribundo está incapacitado de a fazer.
Sendo, porém, a satisfação parte integrante, significa que ao
confessar-se, se o penitente não tiver a intenção de cumprir a penitência, a
confissão seria nula, pois, deve-se ter a vontade de satisfazer a penitência
que o confessor impuser. Se, ao contrário, havia esta intenção ao confessar-se,
e depois houvesse negligência em cumprir, a confissão seria válida, mas
cometer-se-ia um pecado grave, sendo a penitência imposta em matéria grave.
Caríssimos, vamos explicar o porquê e o significado da
SATISFAÇÃO ou PENITÊNCIA. Quem peca se torna culpado da falta cometida, e se
torna passível da pena devida a esta falta. A absolvição, que dá depois o
confessor, perdoa a falta, e ao mesmo tempo a pena eterna; e, quando o
penitente tem uma grandíssima contrição, recebe também a remissão de toda a
pena temporal; mas quando a sua contrição não é bastante grande, fica passível
de uma pena temporal, que deve satisfazer, nesta vida ou no purgatório. Ora, o
Santo Concílio de Trento nos ensina que, pela penitência sacramental não só se
satisfaz a pena merecida, mas ainda se remedeiam os maus efeitos do pecado, as
paixões, os hábitos viciosos , a dureza do coração, e, além disso, se adquire
força para não recair. Daí compreendemos a vantagem de se confessar mais vezes,
senão de quinze em quinze dias, pelo menos mensalmente.
Algumas perguntas com as devidas respostas sobre este
assunto de que estamos tratando:
1ª - Que pecado comete quem se descuida de fazer
a penitência imposta pelo confessor na confissão? RESPOSTA: Devemos
distinguir: se a penitência é leve, peca venialmente; se é grave, peca
mortalmente. Quem sente muita dificuldade em cumprir a penitência recebida,
pode fazê-la mudar pelo mesmo confessor ou por um outro.
2ª - Pode acontecer que realmente o penitente, dadas as circunstâncias
em que se acha, não tenha condição de fazer tudo o que o confessor mandou,
então o que fazer? RESPOSTA: O melhor é ali mesmo na hora da confissão,
expor para o confessor as dificuldades que terá em cumprir aquela penitência
que acabou de lhe impor. E deve dizer assim: Padre, temo não poder fazer esta
penitência, peço que me dê outra. É
melhor agir assim do que ficar calado, e aceitar a penitência e depois não
fazer nada.
3ª - Em que tempo devemos cumprir a penitência? RESPOSTA: No
tempo prescrito pelo confessor; e, se este nada determinar a tal respeito,
deve-se cumpri-la logo: pois, quando a penitência é grave, principalmente sendo
medicinal, seria grave falta diferi-la por longo tempo.
4ª - Quem, depois da confissão, tivesse a desgraça de recair em um
pecado grave, teria ainda de fazer a penitência imposta? REPOSTA: Sim,
seria ainda obrigado a isso.
5ª - E a penitência assim feita, em estado de pecado, é satisfatória?
RESPOSTA: Sim, é satisfatória.
Infelizmente pode acontecer que haja pessoas que não fazem a
penitência imposta pelo confessor. Ou, então, vão adiando, e acabam se
esquecendo. Sabei, caríssimos, que se não cumprirdes a vossa penitência neste
mundo, tereis de fazer uma muito maior no purgatório. Por isso, devemos
considerar a penitência do confessor muito pequena em comparação do castigo que
merecemos, e devemos tomar aquela penitência imposta pelo confessor mais como
uma lembrança de que devemos fazer mais penitências. Daí está respondida já uma
outra pergunta: se a gente pode fazer mais ou maior penitência do que aquela
imposta pelo confessor? Respondo: Pode e é sumamente aconselhável que o faça, desde que tenha a discrição para não fazer nada que prejudique à saúde, e faça tudo com muita humildade e reta intenção.
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