LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Que isto significa? O propósito EFICAZ deve nos fazer empregar todos os meios para
evitar o pecado no futuro. Ora, um dos meios mais necessários é fugir e afastar
as ocasiões de recair no pecado. É um ponto que merece toda nossa atenção:
pois, se os homens tivessem cuidado de fugir das más ocasiões, evitariam muitos
pecados, e muitas almas escapariam ao inferno. Sem a ocasião, o demônio pouco
aproveita, pouco consegue; mas quando nos expomos voluntariamente à ocasião,
principalmente em matéria de pecados desonestos, é moralmente impossível não
sucumbirmos nela. "Quem ama
(procura) perigo, morre nele"
diz a Bíblia. Assim, todos os teólogos concordam em que o mesmo preceito que
nos proíbe pecar nos proíbe também de nos expor à ocasião próxima voluntária de
pecar.
E argumento mais importante são estas palavras de Nosso
Senhor Jesus Cristo, o Divino Mestre: Se
o vosso olho, é para vós uma ocasião de pecado, arrancai-o e lançai-o longe de
vós. Do mesmo modo, se a vossa mão ou o vosso pé é para vós uma ocasião de
pecado, cortai-os e lançai-os para longe de vós" ( ). Talvez alguém ache esta ordem muito
severa. Primeiramente devemos entender que não se trata de mutilar-se
fisicamente, é claro. Nosso Senhor faz uma comparação e ele mesmo proíbe a
mutilação. O significado da comparação é o seguinte: Jesus quer dizer que,
mesmo quando uma pessoa , uma leitura, uma profissão, um divertimento, etc.,
nos fossem tão caros como o nosso olho ou tão necessários como a nossa mão e o
nosso pé, se, entretanto, são para nós uma ocasião de pecar e de nos condenar,
devemos, custe o que custar, fazer o sacrifício deles. É o que Jesus explica
quando acrescenta: "Vale mais para
vós ir para o céu não tendo senão um olho, ou uma só mão, ou um só pé, do que
ser precipitado no inferno com dois olhos, duas mãos e dois pés" (S.
Mateus, IX, 13). Jesus Cristo disse o mesmo com outras palavras: "Que adiante a pessoa possuir o mundo
todo, se vier a perder a sua alma?" Portanto, o Divino Mestre deixou bem claro que
é de absoluta necessidade a gente fugir da ocasião próxima de pecar, mesmo que
esta ocasião seja uma coisa que nos é muito querida e/ou muito necessária.
Assim devemos entender esta outra sentença de Jesus Cristo: "O reino do Céu sofre violência e só os violentos o
arrebatam". Temos realmente de fazer-nos uma grande violência para
renunciarmos certos apegos à alguma coisa ou pessoa que se constitui uma ocasião
próxima de pecado, máxime, as de pecados contra a pureza.
São Francisco de Sales dizia que há certas coisas que são
NÓS (plural de nó) que devem desaparecer, e não podemos ficar tentando
desfazê-los, devemos cortá-los imediatamente. Por isso Jesus não disse que
simplesmente a pessoa deva fechar os olhos, ligar a mão e o pé. Deve arrancar o
olho, e cortar a mão e o pé e ainda Jesus acrescenta: e lançá-los longe. Portanto,
por tudo que Jesus Cristo disse, fica claro que quem não quiser fazer uma
verdadeira violência para deixar inteiramente as ocasiões próximas de pecado
mortal, cairá inevitavelmente em pecado mortal e aí já está no perigo de morrer
assim e ir para o inferno. Então, vale à pena a gente fazer esta violência e
assim ir para o céu!
Tudo que dissemos acima se refere à ocasião próxima. Mas
temos que ressaltar a distinção entre ocasião próxima e ocasião remota.
A ocasião remota é aquela que se apresenta por toda a parte, ou aquela na qual
raramente se peca. Já a ocasião próxima é aquela que por si mesma
ordinariamente induz ao pecado; tais como são certos lugares, certas tabernas,
certas amizades, certas leituras, certos divertimentos, certos serões, etc. que
levam ao pecado por sua natureza. Estas ocasiões próximas chamam-se absolutas porque são perigosas para
todos, não importa a que espécie de pecados mortais elas conduzam. De todas
estas ocasiões, as mais funestas são sem contradição, aquelas que nos expõem ao
perigo de perder o dom tão precioso da fé, como são as más escolas, os maus
livros, jornais e revistas e, hoje em dia, os maus filmes, cinemas, e televisão
e quando se usa a Internet para o mal.
Chamam-se também ocasião próxima, para certa pessoa, aquela
que muitas vezes a tem feito cair no pecado; pois, há ocasiões que não são
próximas para a maioria, e que o são para algumas pessoas em particular, visto
suas quedas reiteradas, sua má inclinação, ou o mau hábito contraído. Estas
ocasiões são por esta razão chamadas relativas.
Eis aqui alguns casos de ocasião próxima: quando se conserva em casa uma pessoa
com a qual se cai em pecado; quando se vai a uma taberna ou a uma casa
particular, onde se tem muitas vezes pecado por excessos de bebida, por brigas
ou por ações, palavras, pensamentos impuros; quando se têm cometido fraudes,
provocado rixas ou proferido blasfêmias, etc., etc.
Na próxima postagem, se Deus quiser, mostraremos que aqueles
que estão na ocasião próxima voluntaria não podem ser absolvidos.
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