A IGREJA E O MUNDO
(III)
"Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo
não há nele o amor do Pai, porque tudo o que há no mundo é concupiscência da
carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida".
D. Antônio de Castro Mayer, de saudosa memória, em sua CARTA
PASTORAL "AGGIORNARMENTO" E TRADIÇÃO escreveu em 1971 que o esforço na
adaptação ("aggiornamento") foi além da simples expressão mais
ajustada à mentalidade contemporânea. Declara que, em largos meios
eclesiásticos, este "aggiornamento" atingiu a própria SUBSTÂNCIA da Revelação. Diz D. Mayer: "Não se cuida de uma exposição da
verdade revelada, em termos em que os homens facilmente a entendam; procura-se,
por meio de uma linguagem ambígua e rebuscada, mais propriamente, propor uma
nova Igreja, ao sabor do homem formado segundo as máximas do mundo de hoje. Com
isso, difunde-se, mais ou menos por toda parte, a ideia de que a Igreja deve
passar por uma mudança radical, na sua Moral, na sua Liturgia, e mesmo na sua
Doutrina".
Fico a imaginar que quando o Papa João XXIII, anunciou um
Concilio, e este pastoral e para fazer "aggiornamento" (o verdadeiro
sentido dado pelo Papa, certamente entrou num ouvido e saiu pelo outro) os
modernistas esfregaram as mãos e disseram: "Ou agora ou nunca mais; o
prato não podia estar melhor pronto para nós mudarmos esta Igreja 'fechada e
ultrapassada'!!!" E pior: são unidos e incansáveis nesta tarefa diabólica!
Talvez não ousaram imaginar o que infelizmente está acontecendo: um Papa a seu
favor, diametralmente oposto a S. Pio X. Atualmente é o reinado das trevas, mas
como eclipse. Por fim Nosso Senhor Jesus Cristo dará um basta ao Modernismo, ao
Comunismo e ao Liberalismo e triunfará o
Imaculado Coração de Maria e teremos o Reinado do Sacratíssimo Coração de
Jesus. Tenhamos fé, pois, a Igreja é divina!
Feita esta introdução, vamos ver como a verdadeira Igreja, (não
a modernista) mas a tradicional, age em
relação ao MUNDO, no sentido dado pelo texto em apreço.
A Igreja Tradicional, sempre baseada na Sagrada Escritura e
na Tradição, combate o mundo ( no sentido exposto acima) e adverte os homens
contra os seus perigos e as suas seduções. Ela admite e elogia os legítimos
progressos da ciência e da sociedade. Aliás a Igreja deu grandes cientistas e
homens célebres à sociedade. A doutrina e moral de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no entanto, são perfeitas, e como tais, não podem sofrer adições, subtrações,
alterações ou transformações. Podem sim esclarecer-se. É como um ser vivo que
se desenvolve e aperfeiçoa, porém na mesma natureza, que faz com que o
indivíduo seja sempre o mesmo.
Apenas um parêntese: Antigamente dizia-se simplesmente SANTA
MADRE IGREJA, todos sabiam que se tratava da única e verdadeira Igreja de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Hoje, dominando na Igreja os Modernistas, faz-se mister
adicionar a qualificação TRADICIONAL, em
oposição à ala progressista, que, como diz D. Mayer na citação acima,
"procura-se propor uma nova Igreja, ao sabor do homem formado segundo as
máximas do mundo de hoje".
A Igreja Tradicional procura ver o que disse Jesus Cristo,
que disseram os Apóstolos e os seus sucessores sobretudo os santos, no decorrer
dos séculos.
1. QUE DISSE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO?
a) Jesus afirma que
Ele não é do mundo e que seus seguidores também não são do mundo: Na oração
ao Pai: "Dei-lhes a tua palavra e o
mundo os odiou, porque não são do mundo, como também Eu não sou do mundo. Não
peço que os tires do mundo, mas que os guarde do mal. Eles não são do mundo,
como também eu não sou do mundo" (S. João, XVII, 14-16). Após a Última
Ceia, dirigindo-Se aos seus discípulos: "Se o mundo vos aborrece, sabei que
primeiro do que a vós me aborreceu a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo
amaria o que era seu, mas porque vós não sois do mundo[...] por isso o mundo
vos aborrece" (S. João, XV, 18 e 19).
b) Jesus afirma que venceu o mundo: "Haveis de ter aflições no mundo, mas
tende confiança, eu venci o mundo" (S. João, XVI, 33).
c) Jesus afirma que a sua paz não é a mesma do
mundo: "Deixo-vos a paz: dou-vos
a minha paz; não vo-la dou como a dá o mundo" (S. João, XIV, 27).
d) Jesus explicando a
parábola do semeador, disse que são os cuidados do mundo com seus deleites
desordenados e a ilusão das riquezas que impedem o homem de se converter quando
ouve a palavra de Deus: "Os que
recebem a semente entre os espinhos são aqueles que ouvem a palavra; mas as
solicitudes do mundo e a ilusão das riquezas e os afetos desordenados,
entrando, afogam a palavra e ela fica infrutuosa" (S. Marcos, IV, 18).
e) Jesus fala contra
os escândalos e na necessidade da mortificação: "Ai do mundo por causa dos escândalos! Porque é inevitável que
sucedam escândalos, mas ai daquele homem por quem vem o escândalo! Por isso, se
a tua mão ou o teu pé te escandaliza, corta-o e lança-o fora de ti; melhor te e
entrar na vida com um pé ou mão a menos, do que, tendo duas mãos e dois pés,
ser lançado no fogo eterno" (S. Mateus, XVIII, 7-9).
f) Jesus exige
abnegação, penitência e renúncia do mundo: "E chamando a si o povo com seus discípulos, disse-lhes: Se alguém
me quer seguir, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Porque o que
quiser salvar a sua vida[neste mundo]a perderá [a eterna]; mas o que perder a
sua vida por amor de mim e do Evangelho, a salvará. Pois que aproveita ao homem
ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca pela
sua alma? No meio desta geração adúltera e pecadora, quem se envergonhar de mim
e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando
vier na glória de seu Pai com os santos anjos" (S. Marcos, VIII,
34-38).
g) Jesus no sermão da
montanha mostra as suas máximas que são diametralmente opostas à máximas do
mundo: Caríssimos, aconselho que leiam e meditem este sermão do Divino
Mestre, sermão este que o Evangelista São Mateus relata nos capítulos 5º, 6º e
7º.
2. QUE DISSERAM OS APÓSTOLOS SOBRE O MUNDO?
SÃO JOÃO EVANGELISTA: "Eu
vos escrevo, jovens, porque sois fortes, e porque a palavra de Deus permanece
em vós e porque vencestes o maligno. Não ameis o mundo nem as coisas do mundo.
Se alguém ama o mundo não há nele o amor do Pai, porque tudo o que há no mundo
é concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida, e isto
não vem do Pai, mas do mundo. Ora o mundo passa, e a sua concupiscência com
ele, mas o que faz a vontade de Deus permanece eternamente" (1 S.
João, II, 14-17). Hoje se dirigem aos jovens (JMJ) com linguagem bem
diferente!!!
SÃO PAULO: "E não
vos conformeis com este século (=mundo),
mas reformai-vos com o renovamento do vosso espírito, para que reconheçais qual
é a vontade de Deus, boa, agradável e perfeita" (Rom. XII, 2). "Digo-vos pois: andai segundo o espírito de
Deus e não satisfareis os desejos da carne. Porque a carne tem desejos
contrários ao espírito, e o espírito desejos contrários à carne; porque estas
coisas são contrárias entre si, para que não façais tudo aquilo que quereis. As
obras da carne são manifestas: são o adultério, a fornicação, a impureza e a
luxúria, a idolatria, os malefícios, as inimizades, as contendas, as
rivalidades, as iras, as rixas, as discórdias, as seitas, as invejas, os
homicídios, a embriaguez, as glutonarias e outras coisas semelhantes, sobre as
quais vos previno, como já vos disse, que os fazem tais coisas não possuirão o
reino de Deus" (Gálatas, V, 16,
17 e 19-21). "Nem sequer se nomeie
entre vós a fornicação ou qualquer impureza ou avareza como convém a santos;
nem palavras torpes, nem loucas nem chocarrices que são coisas inconvenientes"
(Efésios, V, 3-6). "Não vos
deixeis seduzir; as más conversações corrompem os bons costumes".
"Não reine, pois, o pecado no vosso corpo mortal de maneira que obedeçais
às suas concupiscências" (Romanos, VI, 12). "E vós estáveis mortos pelos vossos delitos e pecados nos quais
andastes outrora, segundo o costume deste mundo, segundo o príncipe que exerce
o poder sobre este ar, espírito que agora domina sobre os filhos da
incredulidade entre os quais também todos nós vivemos outrora, segundo os
desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e da concupiscência e éramos
por natureza filhos da ira como todos os outros" (Efésios, II, 1-3). "Aqueles que são de Jesus Cristo crucificaram a sua carne com os
seus vícios e concupiscências" (Gálatas, V, 24).
SÃO PEDRO: "Por
Ele mesmo [Jesus] nos deu as maiores
e mais preciosas promessas a fim de que por elas vos torneis participantes da
natureza divina, fugindo da corrupção da concupiscência que há no mundo" (2
S. Pedro, I, 4). "Caríssimos,
rogo-vos que, como estrangeiros e peregrinos, vós abstenhais dos desejos
carnais que combatem contra a alma" (1 S. Pedro II, 11).
SÃO TIAGO: "Adúlteros,
não sabeis que a amizade deste mundo é inimiga de Deus? Portanto, todo aquele
que quiser ser amigo deste século constitui-se inimigo de Deus (S. Tiago,
IV, 4). "A religião pura e sem
mácula aos olhos de Deus e nosso Pai é essa: visitar os órfãos e as viúvas nas
suas aflições, e conservar-se puro da corrupção deste mundo" (S.
Tiago, I, 27).
A Teologia Moral tradicional sempre ensinou que temos
obrigação de fugir das ocasiões perigosas; ambientes onde reinam a imoralidade
e a imodéstia por causa da concupiscência dos olhos e da carne: "Quem ama o perigo morre nele" (Eclesiástico,
III, 27). Daí também o conselho de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Vigiai e orai para não cairdes em
tentação" (S. Marcos, XIV, 38). "Não
frequentes o trato com a bailarina, nem a ouças, para que não suceda pereceres
à força de seus atrativos (...). "Não deixes errar os olhos pelas ruas da
cidade, nem andes vagueando pelas suas
praças. Afasta os teus olhos da mulher enfeitada, e não olhes com curiosidade
para a formosura alheia. Por causa da formosura da mulher pereceram muitos, e
por ela se acende a concupiscência como fogo" (Eclesiástico, IX, 4,
7-9).
Aquelas que vivem em excessos de vaidades e na imodéstia
devem meditar no seguinte: Se a Sagrada Escritura tem tão detalhadas e
exigentes advertências contra os perigos da simples vaidade e atrativos
femininos quanto mais não será exigente em relação a maldade da imodéstia
feminina. Jesus disse: "Ai da pessoa
que der escândalos!"
Por outro lado, aquelas pessoas que possam ficar perturbadas
diante destes textos, já que são obrigadas a viver num mundo tão corrupto,
queremos esclarecer que este texto da Bíblia adverte o homem contra a maldade de
procurar o mal e se expor voluntariamente ao perigo. Mas se nós guardamos no
coração a vontade decidida de não ofender a Deus, embora tendo que trabalhar em
ambientes perigosos, tendo que andar nas ruas e praças das cidades e até que
tratarmos com pessoas perigosas , nós não pecamos mesmo sendo inevitável a
vista de muitas imoralidades e imodéstias, porque de um lado não procuramos
estas coisas e por outro, quando se apresentam, não aceitamos. Procurar, então,
mortificar a vista o quanto for possível e Deus nos dará a graça suficiente
para não nos contaminarmos. E assim não perdemos também a alegria do espírito.
Coisa bem diferente é quando a pessoa procura o mal como por
exemplo: se alguém sai às ruas e praças sem necessidade e já com o intuito de
procurar ver o que não deve, ou vai ao baile (que foi sempre perigoso e hoje
deixou de ser sem maldade), se vai ao carnaval etc., nestes casos já pecou,
porque aceitou a maldade no coração. Os modernistas dizem que o que manda é o
coração; os tradicionalistas dizem: sim, o que manda é o coração reto que
procura fazer o que Deus manda, e evitar o que Ele proíbe.
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