sábado, 16 de julho de 2011

A PAIXÃO DE JESUS CRISTO - IV -

SE PARTICIPARMOS DAS DORES DE JESUS NA CRUZ, PARTICIPAREMOS TAMBÉM DA SUA VIDA GLORIOSA.

    Diz São Paulo: "Se sofremos com Ele para que também com Ele sejamos glorificados." (Rom.VIII, 17). Jesus tendo-nos obtido a graça de com Ele levarmos a nossa cruz, far-nos-á igualmente participar da Sua Glória. Para nós como para Ele, esta glória será medida pela nossa "paixão".
   Quando Nosso Senhor Jesus Cristo fala aos Apóstolos na Sua Paixão, acrescenta sempre que "ressuscitará ao terceiro dia". Instrumento da nossa salvação a cruz tornou-se para Cristo penhor da Sua glória. O mesmo se dá conosco. Depois de termos participado da Paixão do Salvador, teremos também parte na Sua glória. Na véspera de Sua morte, Jesus dizia aos seus discípulos:"Conservaste-vos ao meu lado nas minhas provações". E logo acrescenta: "E Eu, em paga, preparo-vos um reino, assim como meu Pai me preparou" (São Lucas XXIV). Se nos tivermos conservado com Jesus nas Suas provações, se tivermos muitas vezes contemplado com fé e amor os seus sofrimentos, Jesus Cristo virá buscar-nos, quando soar a nossa hora derradeira, para nos levar ao Reino do Seu Pai.
   Dia virá, mais cedo do que pensamos, em que a morte estará próxima; estaremos deitados no leito sem movimento; os que nos rodeiam fitar-no-ão em silêncio, na imobilidade de nos ajudarem, deixaremos de ter contato com o mundo exterior, a alma estará a sós com Jesus. Saberemos então o que é ter estado com Ele em Suas provações; ouvi-Lo-emos dizer, nesta agonia que é agora a nossa, suprema e decisiva: "Não me deixaste na minha agonia, acompanhaste-Me quando eu ia para o Calvário, para morrer por ti; aqui estou Eu agora; estou ao teu lado para te ajudar, para te levar comigo; não temas, tem confiança, sou Eu"! Poderemos então repetir com confiança a palavra do Salmista: "Etsi ambulavero in medio umbrae mortis, non timebo mala; quoniam tu mecum es" (Salmo XXII, 4) "Senhor, agora que me vejo rodeado das sombras da morte, nada temo, pois Vós estais comigo"!
 CONCLUSÃO
   Assim como acabamos de meditar, vemos que a devoção à Paixão de Jesus Cristo é a mais útil, a mais terna e a mais cara a Deus, Nosso Senhor. Devoção que mais consola os pecadores e mais anima as pessoas que amam a Jesus. De onde recebemos tantos bens senão da Paixão de Cristo? De onde temos a esperança do perdão, a força contra as tentações, nas provações e a confiança de chegar ao Paraíso? De onde vem tantas luzes da verdade, tantos convites de amor, tantos estímulos para mudar de vida, tantos desejos de nos doar a Deus, senão de Paixão de Cristo? Dizia São Boaventura: "Se quereis progredir no amor de Deus, meditai todos os dias na Paixão do Senhor". Nada contribui tanto para a santidade das pessoas como a Paixão de Cristo. E dizia já Santo Agostinho: "Vale mais uma lágrima derramada na meditação da Paixão de Jesus, do que um jejum a pão e água durante uma semana".
   Ah! caríssimos leitores, como beijar a cruz se não queremos honrá-la com  o nosso sacrifício. Jesus recusou tudo o que pudesse suavizar os seus tormentos! E nós? Não imitamos, talvez, a Barrabás que passando diante  de Jesus   com a Cruz, quiçá diria: "Eu devia estar crucificado no lugar deste homem; eu estou livre e ele que se vire! Tais seriam em essência, nossos sentimentos se não quiséssemos sofrer nada.
   No espelho do Crucifixo procuremos ver o abismo da divina misericórdia, a grandeza do divino Amor e o  valor de uma alma. Um Deus dá Sua vida pelas almas!!! E assim terminemos:
   A Vós correndo vou, braços sagrados,
   Nessa Cruz sacrossanta descobertos:
   Que para receber-me, estais abertos,
   E, para não castigar-me, estais cravados.

    A vós, olhos divinos eclipsados,
    De tanto sangue e lágrimas cobertos,
    Que, para perdoar-me, estais despertos.
    E, por não devassar-me, estais fechados.

     A vós, pregados pés, por não fugir-me,
     A vós, cabeça baixa, por chamar-me,
     A vós, sangue vertido, para ungir-me;

      A vós, lado patente, quero unir-me;
      A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
      Para ficar unido, atado e firme!
                             (Da "Floresta" do Pe. Manuel Bernardes).

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