quinta-feira, 14 de julho de 2011

A PAIXÃO DE JESUS CRISTO - I -

   Alguém disse: Acabei de ler a postagem sobre o Ato de perfeito Amor a Deus; mas como conseguir ter este Amor Perfeito (dentro das limitações humanas) a Deus, Nosso Pai e Senhor? O melhor meio é meditar a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. É o que faremos, se Deus quiser, em quatro postagens.
   O Pai nos amou de tal modo que nos deu o seu Filho Unigênito. Jesus, o Filho de Deus feito Homem nos amou de tal modo que se entregou a Si mesmo por nós. Amor se paga com amor.

  A Paixão constitui o "santo dos santos" dos mistérios de Jesus Cristo. Marca o ponto culminante da obra que vem realizar neste mundo, obra para qual todas as outras convergem ou da qual tiram seu valor e eficácia. Para Jesus, é a hora em que consuma o sacrifício que deve dar ao Pai glória infinita. - redimir a humanidade,- e reabrir aos homens as fontes da vida eterna. E como Jesus desejou a Paixão! que Ele chama a Sua Hora. "Devo ser batizado com um batismo- o batismo de sangue - e quanto anseio por o ver realizado!" E quando chega esta hora segundo a vontade do Pai, Jesus entrega-se com o maior ardor, apesar de conhecer de antemão todos os sofrimentos que devem despedaçar-Lhe o corpo e a alma. "Desejei com o maior ardor comer esta Páscoa convosco, antes de sofrer a minha Paixão" "Jesus Cristo, diz São Paulo, amou a Igreja - entregou-se a Si mesmo por ela, por amor dela - para a santificar e fazer aparecer diante de Si uma Sociedade gloriosa, sem mancha, nem ruga, nem coisa semelhante, mas toda santa e imaculada". (Ef. V, 25-27).
   Nestas palavras está indicado o próprio mistério da Paixão: "Jesus entregou-se a si mesmo". O que é que O move a isto? O amor. "Amou a Igreja". Qual é o fruto? "Para santificar, para que ela seja bela, santa e imaculada". A Igreja aqui significa o reino daqueles que devem formar o Corpo Místico de Jesus (1Cor. XII,27) Jesus Cristo amou esta Igreja, e foi por a ter amado que se entregou por ela.
   Sem dúvida, antes e acima de tudo, foi por amor ao Pai que Jesus Cristo quis sofrer a morte na Cruz: "Mas é preciso que o mundo conheça que amo o Pai e que faço como Ele ordenou" (S. Jo. XIV, 31). Mas é também o seu amor para conosco. Aliás essa era a vontade do Pai, como disse a Pedro: "Não hei de beber o cálice que o Pai me deu? (S. Jo. XVIII, 11).
   Na última ceia, quando vai soar a hora de sua oblação, que diz aos apóstolos, congregados em volta d'Ele? "Não há maior amor do que dar a vida pelos seus amigos". ( S. Jo. XV, 13). E Jesus vai no-lo demonstrar, pois diz São Paulo: "Foi por nós que Ele se entregou".
   Morreu por amor de nós, sendo como éramos seu inimigos". Que maior prova de amor poderia dar-nos?Nenhuma.  E entregou-se livremente: "Oblatus est quia ipse voluit" E esta liberdade com que Jesus dá a sua vida por nós é absoluta. Meditemos: "Deus amou o mundo a ponto de lhe dar o Seu Filho único" e Jesus Cristo, por sua vez, amou os seus irmãos a ponto de se entregar a Si mesmo total e espontaneamente para os salvar" Jesus oferece-se a si mesmo e sem reserva, isto é, totalmente. A Sua alma e o Seu corpo são dilacerados, esmagados pelos sofrimentos, não há nenhum que JESUS não experimente. Já no Getsêmani dissera: "A minha alma está triste até a morte!" Que abismo! Um Deus, Poder e Beatitude infinitos, acabrunhado pela tristeza, pelo pavor, e pelo tédio. O Verbo Encarnado conhecia todos os sofrimentos que iam cair sobre Ele durante as longas horas de sua Paixão. Esta visão fazia nascer na sua natureza sensível toda a repulsa que teria sentido uma simples criatura; na divindade a que estava unida, a sua alma via claramente todos os pecados dos homens, todos os ultrajes feitos à santidade e ao amor infinito de Deus. Tomou sobre Si todas estas iniquidades; e sentia pesar sobre sua cabeça toda a cólera da justiça divina, Mas Jesus tudo aceita. Sai do Jardim das Oliveiras e vai ao encontro dos seus inimigos. Traído pelo beijo de um dos Seus apóstolos, acorrentado pela soldadesca como um malfeitor, é levado ao Sumo Sacerdote. Ali cala-se no meio das falsas acusações. Fala apenas para proclamar que é o Filho de Deus. Jesus, Rei dos mártires, morre por haver confessado a Sua divindade, e todos os mártires darão a vida pela mesma causa.
   Pedro, o chefe dos apóstolos, por três vezes renegou a Jesus. Foi esse, sem dúvida, para o nosso divino Salvador um dos mais profundos sofrimentos daquela terrível noite.
   Os soldados guardam Jesus e cobrem-No de injúrias e maus tratos. Não podendo suportar aquele olhar tão meigo, vendam-Lhe os olhos. Dão-Lhe bofetadas; Têm até a ousadia de manchar com vis escarros aquela face adorável que os Anjos contemplam extasiados.
   Logo de manhã foi conduzido ao Sumo Sacerdote, depois arrastado de tribunal a tribunal; tratado por Herodes como louco e insensato,  Ele, Sabedoria eterna; açoitado por ordem de Pilatos; os algozes ferem sem dó a vítima inocente, cujo corpo se torna logo uma chaga viva. Enterram na cabeça de Jesus uma coroa de espinhos e cobrem-no de escárnios.
   O covarde governador romano imagina que o ódio dos judeus ficará satisfeito vendo Jesus Cristo naquele triste estado; apresenta-O à multidão: "Ecce homo!", "Eis aqui o homem!".
   Contemplemos neste momento o divino Mestre mergulhado nesse abismo de sofrimento  e humilhações, e pensemos que o Eterno Pai também no-Lo apresenta, dizendo: "Eis aqui o meu Filho, o esplendor da minha glória, ferido por causa dos crimes do meu povo: "Eu o feri por causa do pecado do meu povo".( Isaías, LIII, 8).
   Jesus ouve os gritos daquela população enfurecida que lhe prefere um bandido e em paga de todos os benefícios que dEle recebeu, reclama a Sua morte: "Crucifica-O, crucifica-O".
   É pois pronunciada a sentença de morte, e Jesus Cristo tomando em seus ombros feridos a pesada cruz, dirige-se para o Calvário. Quantas dores ainda Lhe não estavam reservadas! A vista de Sua Mãe tão ternamente amada e cuja dolorosa aflição compreende melhor do que ninguém; o despojarem-No das suas vestes; o cravarem-Lhe as mãos e os pés, a sede ardente. Depois os odiosos sarcasmos dos seus piores inimigos. Enfim, o abandono por parte do Pai, cuja santa vontade cumpre sempre: "Pai, por que me abandonaste?"
   Bebeu o cálice até a última gota; realizou até os mais pequenos pormenores de tudo o que fora predito: "Consummatum est". Sim, tudo está consumado, só Lhe resta entregar a alma ao Pai: "E inclinando a cabeça, entregou o espírito"(S. Jo. XIX, 30).
   Quando a Igreja na Semana Santa, nos lê a narrativa da Paixão, interrompe-a neste ponto para adorar em silêncio. Prostremo-nos com ela; adoremos Esse Crucificado que acaba de exalar o último suspiro: Ele é realmente o Filho de Deus.
   Ó Divino Salvador, que tanto sofrestes por amor de nós, prometo-Vos fazer o possível para não mais pecar. Fazei pela vossa graça, ó Mestre adorável, fazei com que morramos para tudo quanto é pecado, apego do pecado ou à criatura e que só vivamos para Vós!.
   É o que diz São Paulo: "O AMOR QUE JESUS CRISTO NOS DEU PROVA, MORRENDO POR NÓS, DEVE FAZER COM QUE AQUELES QUE VIVEM, JÁ NÃO VIVAM PARA SI, MAS PARA AQUELE QUE MORREU POR ELES". (2 Cor., V, 15).
   

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