terça-feira, 4 de agosto de 2020

PRINCÍPIOS PARA DESFAZER DÚVIDAS DE CONSCIÊNCIA


Padre, tenho tantas dúvidas de consciência! Que devo fazer? Responderei com o célebre escritor espiritual e grande teólogo o Padre Perriens. Este, por sua vez se baseia em Santo Afonso Maria de Ligori, que, como todos sabem é a maior autoridade na Igreja no que se refere à Teologia Moral.

"Quanto às dúvidas, que podereis ter, relativamente a pecados que não estais certos de ter cometido, ou a confissões talvez mal feitas, se quiserdes manifestá-las ao vosso diretor, para maior tranquilidade, fareis bem, a menos que não sejais escrupulosos; pois, para os escrupulosos, não aconselho a que confessem as suas dúvidas.

Todavia, é bom que conheçais alguns ensinamentos aprovados pelos teólogos, que podem livrar-vos de muitas inquietações e dar-vos a paz.

1. Em primeiro lugar, não há obrigação de confessar os pecados graves, quando duvidosos, ou quando há dúvida de terem sido cometidos com pleno conhecimento ou consentimento perfeito e deliberado.

Além disso, as pessoas que levaram durante muito tempo vida espiritual, quando duvidam de ter cometido ou não algum pecado grave, podem estar certas de não ter perdido a graça de Deus; pois, é moralmente impossível que uma vontade firme nos bons propósitos mude de repente, e consinta em um pecado mortal, sem o conhecer claramente; porque o pecado mortal é um monstro tão horrível, que não pode entrar em uma alma que teve por muito tempo horror a ele, sem se fazer conhecer claramente.

2. Em segundo lugar, quando o pecado mortal foi cometido com certeza, e se duvida se foi confessado ou não, então, não havendo razão para julgar que tenha sido confessado, deve-se certamente declará-lo.

Mas, havendo razão ou presunção fundada de que o pecado foi outrora confessado, não há obrigação de o confessar.

Daí, quando uma pessoa fez as suas confissões gerais ou particulares com o cuidado requerido, e receia ter omitido algum pecado ou alguma circunstância, não precisa acusar-se de novo, pois pode crer prudentemente que fez o que devia.  - Mas, objetar-me-eis, se eu estivesse obrigado a dizer isso, sentiria muita vergonha. Resposta: Não importa; desde que não estais obrigado a falar da vossa dúvida, esta repugnância não vos deve inquietar. Basta dizer em vosso coração: Senhor, se eu soubesse verdadeiramente que devia confessar-me, eu o faria logo, qualquer que fosse a pena que tivesse de sofrer.

Demais, é bom que cada um descubra ao seu diretor as dúvidas que o inquietam, não fosse isto senão para se humilhar, a menos que não seja escrupuloso; pois, neste caso, não deve falar neles. Mas o que eu queria principalmente é que fizéssemos conhecer ao confessor as vossas PAIXÕES, as vossas INCLINAÇÕES  e AS CAUSAS das vossas tentações, afim de que ele pudesse achar as raízes do mal; pois, não se arrancando essas raízes, as tentações não cessarão nunca; e há grave perigo de consentir nelas, quando se pode afastar a causa e não se o faz.

É ainda útil, pelo menos, a algumas pessoas, para se humilharem, descobrir as tentações que mais as humilham; tais são especialmente, as tentações contra a castidade. "A tentação descoberta é meio vencida",  diz São Filipe Nery. Eu disse, PELO MENOS A ALGUMAS PESSOAS,  pois, para outras, que são raras vezes tentadas, mas muito tímidas neste matéria, temendo sempre ter consentido, é por vezes prudente proibir-lhes que se confessem sobre tal ponto, enquanto não têm a certeza de ter consentido no pecado.

Uma pessoa que contasse as tentações, mas logo garantisse que não deu consentimento, isto é simplesmente perder tempo no confessionário. Porque aí se contam pecados, e, quando não se consente nas tentações, não há nenhum pecado. E se alguém, porventura só contar tentações nas quais não consentiu, não pode receber a absolvição, a menos que inclua pecados passados já confessados e dos quais tem certeza de ter arrependimento de os ter cometido.  


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