quinta-feira, 28 de novembro de 2019


O CELIBATO SACERDOTAL

                                                          Dom Fernando Arêas Rifan*          

Por ocasião do Sínodo da Amazônia, debateu-se sobre o celibato sacerdotal, continência sexual “por causa do Reino dos Céus”, com objeções antigas e que já foram respondidas, especialmente pelo Papa São Paulo VI, na sua lapidar encíclica “Sacerdotalis caelibatus”.
A objeção baseada na escassez do clero é assim exposta por ele: “Manter o celibato sacerdotal na Igreja muito prejudicaria as regiões onde a escassez numérica do clero, reconhecida e lamentada pelo Concílio, provoca situações dramáticas, dificultando a plena realização do plano divino de salvação e pondo às vezes em perigo até mesmo a possibilidade do primeiro anúncio evangélico. De fato, a preocupante rarefação do clero é atribuída por alguns ao peso da obrigação do celibato”.
A essa objeção, Paulo VI responde magistralmente: “Nosso Senhor Jesus Cristo não temeu confiar a um punhado de homens, que todos teríamos julgado insuficientes tanto em número como em qualidade, o encargo imenso da evangelização do mundo até então conhecido; e ordenou a essa "pequena grei" que não tivesse receio (cf. Lc 12,32), porque alcançaria com Ele e por Ele, a vitória sobre o mundo (Jo 16,33) graças à constante assistência que lhe daria (Mt 28,20). Advertiu-nos também Jesus de que o Reino de Deus possui uma força íntima e secreta, que o faz crescer e chegar à messe sem que o homem saiba como (cf. Mc 4,26-29). Essa messe do Reino de Deus é grande, e os operários ainda são poucos, como ao princípio; ou por outra, nunca chegaram a ser tão numerosos, que se pudessem dizer suficientes segundo os cálculos humanos. Mas o Senhor do Reino exige que se reze, para que o Dono da messe mande operários para o seu campo (Mt 9,37-38). Os planos e a prudência dos homens não podem sobrepor-se à misteriosa sabedoria daquele que, na história da salvação, desafiou a sabedoria e o poder do homem com a sua insensatez e fraqueza (1 Cor 1,20-31)”.
E o Papa explica mais: “Não se pode acreditar sem reservas que, abolido o celibato eclesiástico, as vocações sacerdotais cresceriam por isso mesmo e de forma considerável: a experiência contemporânea das Igrejas e das comunidades eclesiais que permitem o matrimônio aos seus ministros, parece depor em contrário. A rarefação das vocações sacerdotais deve ser procurada principalmente noutras causas: por exemplo, na perda ou na diminuição do sentido de Deus e do que é sacro nos indivíduos e nas famílias, e na perda da estima pela Igreja como instituição de salvação mediante a fé e os sacramentos. O problema tem, portanto, que ser estudado na sua verdadeira raiz”.
 "Amargura-nos saber... que alguns fantasiam sobre o desejo ou a conveniência, que haveria para a Igreja católica, em renunciar ao que por tantos séculos foi e continua a ser uma das mais nobres e mais puras glórias do sacerdócio. A lei do celibato eclesiástico ... (lembrando) as batalhas dos tempos heroicos, quando a Igreja teve que lutar e venceu, evoca o triunfo do seu trinômio glorioso, que será sempre emblema de vitória: Igreja de Cristo, livre, casta e católica".

                                                                                                                                                                            *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                                                                                                                                                                São João Maria Vianney

                                                                                                                                                                                                                                              http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

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