domingo, 27 de maio de 2018

AS SANTAS DELÍCIAS DA COMUNHÃO BEM FEITA



Quem tem fé viva não pode ficar insensível ao comungar com as devidas disposições, pois, está convicto que recebe o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sabe que permanece em Jesus e Jesus nele, sabe que adquire o penhor da vida eterna, da ressurreição gloriosa no Juízo Final. Estar com Jesus é um doce paraíso, é fonte de consolações espirituais inefáveis.

Ao comungar, ainda que eu não experimente alguma consolação sensível, não é para a minha alma uma grande consolação saber com certeza que Jesus Cristo se dá a mim, e que possuindo-O, possuo o sumo bem, a fonte de todo o bem? Caríssimos, quando o Filho de Deus vem a nós, vem com as mãos cheias de dons, e o coração cheio de amor. Mas ainda que, vindo a nós na comunhão, deixasse no Céu as suas riquezas espirituais e os seus favores, e viesse só, não bastaria Ele para a minha felicidade? Afinal não é Jesus o mais precioso de todos os tesouros? Posso eu ignorar que os gozos e as consolações SENSÍVEIS são um dos menores frutos da comunhão, e que este bom Senhor priva deles muitas vezes os seus mais devotos servos e servas, para os levar a estimar mais os seus dons?

Caríssimos, os santos é que sabem falar sobre isso! Vamos ouvir alguns: "Este pão celeste, dizia S. Cipriano, encerra, à semelhança do maná, todos os gozos imagináveis, e por uma admirável virtude, faz sentir a quem o recebe dignamente aquele gosto que eles desejam, e excede em suavidade todos os outros gostos" (Serm. de Coena Domini). S. Macário afirma que a alma bem disposta acha na comunhão delícias inexplicáveis; que descobre nela riquezas que os olhos não viram nem os ouvidos ouviram" (Hom. IV). S. Boaventura põe nos lábios de Jesus estas palavras: "Ó alma, não tens tu conhecido por experiência, ao receber-Me, que saboreavas o mel com o favo que o contém, a doçura da minha divindade unida ao meu Corpo e Sangue?" Todas as obras dos Santos Padres exprimem os mesmos sentimentos.

E a Sagrada Escritura que é a Palavra de Deus escrita por inspiração do Espírito Santo, que diz à respeito da Eucaristia? Ela dá a entender, pelos símbolos de que se serve quando fala da Eucaristia, quão delicioso é este sagrado alimento para as almas bem dispostas. O próprio Jesus lembra o maná que, segundo as Escrituras Sagradas, era um pão descido do céu e que continha em si todos os gostos. E acrescenta o Divino Mestre que Ele mesmo é o Pão vivo descido do Céu; que sua Carne é verdadeira comida, e o seu Sangue verdadeira bebida e que, quem come a sua Carne e bebe o seu Sangue, permanece n'Ele e Ele no que o recebe. E pode haver maior delícia do que ter Jesus como alimento da nossa alma, e nela permanecendo?! O Divino Mestre quis ressaltar que os judeus que comeram o maná no deserto, morreram apesar disso, mas quem come sua Carne e bebe o seu Sangue não morrerá eternamente. E pode haver delícia maior do que ter a certeza de, neste mundo estar sempre com Jesus e mais ainda, ter a segurança de possuí-lo eternamente no Céu?  S. João Bérchmans dizia ternamente: "Ó meu Salvador, que há, depois da divina comunhão, que possa dar-me cá na terra doçura e contentamento?" 

São Francisco de Sales dizia que é muito avaro aquele a quem Deus não basta. Ao comungarmos com as devidas disposições é certo que Jesus nos dá o seu Corpo em alimento, o Seu Sangue como bebida, a sua vida como resgate, a sua divindade como amparo, o seu paraíso como herança. Ele esclarece o nosso entendimento, aumenta o nosso amor, purifica o nosso coração, mortifica os nossos sentidos, enfraquece as nossas paixões; comunica-nos as suas virtudes, em uma palavra: SANTIFICA-NOS!

A nossa alma, pela comunhão bem feita, é embalsamada de celestiais perfumes, abrasa-se em amor divino, canta os louvores Àquele que é todo dela; e dá-se toda a Ele. Dedica-se ao Seu serviço, experimenta suma repugnância a todos os prazeres da terra, e torna-se insensível a todas as adversidades da vida, de sorte que nem a comovem as injúrias, nem as contradições, nem o abandono das criaturas. A vista da perfeições de Jesus e o amor das suas bondades dão à alma do comungante bem disposto, a força para disposições tão heroicas e santas.

Caríssimos, creio que não seja supérfluo observar que estas grandes delícias da comunhão não são concedidas a todos, nem no mesmo grau aos que a recebem; na verdade, são poucas as almas tão puras, tão desapegadas do mundo e de si mesmas, tão crucificadas com Jesus Cristo que saboreiem toda a doçura dessas puras consolações. Quanto ao gozo espiritual, gozo este produzido pelo conhecimento dos grandes bens contidos neste sacramento, não há cristão algum, que não possa senti-lo. Basta para isto estimar os bens da graça, desejar a salvação, suspirar pelo Céu, e não esquecer que a Eucaristia é o melhor meio de realizar estes santos desejos.

Caríssimos, devemos meditar sempre nos misericordiosos desígnios que Jesus teve ao instituir este sacramento que é o amor dos amores. Quis unir-se a nós, quis tronar-Se semelhante a nós, quis encher-nos de delícias, e deste modo, inspirar-nos um amor mais perfeito, em que consiste a vida santa. Este Pão descido do Céu, é o princípio aqui na terra de uma vida santa; e é o penhor da vida eterna no Céu. Ó que nobre e ditosa vida esta de amar a Jesus e ser amado por Ele! Amém!

Nenhum comentário:

Postar um comentário