"Eu sou o pão da vida" . "Se alguém comer desse pão,
viverá eternamente; e o pão que eu darei é minha carne para a vida do mundo"
(Jo. 6, 48 e 52).
Demos a palavra ao Papa Leão XIII, de santa memória:
5. "Conhecer com fé íntegra a virtude da Santíssima
Eucaristia, tal qual é, é conhecer tal qual é a obra que, na sua onipotente
misericórdia, Deus feito homem realizou em favor do gênero humano. Porquanto a
mesma fé que nos obriga a confessar e a honrar a Cristo como o soberano Autor
da nossa salvação, o qual, pela sua sabedoria, pelas suas leis, ensinamentos,
exemplos e pela efusão do seu sangue, renovou todas as coisas, igualmente nos
força a crê-lo e adorá-lo assim realmente presente na Eucaristia, onde ele
próprio permanece mui verdadeiramente até o fim dos tempos no meio dos homens,
e como mestre e pastor cheio de bondade, como intercessor onipotente junto a
seu Pai, para haurir em si mesmo e distribuir a eles com eterna abundância os
benefícios da sua redenção. Quem atenta e religiosamente considerar os
benefícios que emanam da Eucaristia, compreenderá que o mais excelente e o mais
eminente é aquele que contém todos os outros, sejam quais forem: com efeito, é
da Eucaristia que se transfunde nos homens essa vida que é a verdadeira vida: O Pão que darei é a minha carne para a vida
do mundo (Jo 6, 52).
6. Não é só desta maneira (...) que Cristo é a Vida, Ele que
declarou que o fim da sua vinda ao meio dos homens era trazer-lhes verdadeira
abundância de uma vida mais do que humana: Vim
a fim de que eles tenham a vida e a tenham superabundantemente (Jo 10, 10).
E, realmente, ninguém o ignora, desde que a
bondade e a humanidade de Deus nosso Salvador apareceram (Tito 3, 4) na
terra, fez-se sentir uma força
criadora de uma ordem de coisas toda nova e a difundir-se em todas as veias da
sociedade civil e doméstica. Desde então, novas relações se estabeleceram entre
o homem e seu semelhante, novas leis regeram a sociedade e os indivíduos, novos
deveres foram impostos, as instituições, as ciências e as artes adquiriram novo
surto; mas o principal é que os corações e as mentes foram reconduzidos à
verdade da religião e à pureza dos costumes; bem mais: uma vida toda celeste e
toda divina foi-nos comunicada; é o que certamente significam estas expressões
frequentemente relembradas na Sagrada Escritura: lenho de vida, palavra de vida, livro de vida, coroa de vida, e, em
particular, pão de vida.
7. A vida de que falamos tem muita semelhança com a vida
natural do homem, e esta é entretida e fortalecida pelo alimento; deve, pois,
aquela ser sustentada e reanimada pelo seu alimento próprio. Importa lembrar
aqui em que tempo e de que maneira Cristo nos exortou e induziu a receber
convenientemente e dignamente o pão de vida que ele se propunha dar-nos. Quando
se espalhou a notícia do milagre da multiplicação dos pães, realizado nas
margens do lago de Tiberíades para saciar a multidão, logo muitos afluíram para
Ele, esperando talvez obter para si mesmos um benefício semelhante. Jesus aproveitou
essa ocasião, e, assim como outrora, à Samaritana que lhe pedia tirar para ela
água do poço, Ele mesmo inspirara a sede da água que jorra para a vida eterna (Jo 4, 14), assim também eleva as
almas dessa multidão ávida a fim de fazer desejar com mais ardor esse outro pão
que permanece para a vida eterna (Jo
6, 27). "Mas esse pão, diz Jesus prosseguindo o seu ensinamento, não é
aquele maná celeste que, na sua marcha através do deserto, vossos pais acharam
já pronto; não é sequer esse que, de todo admirados, recebestes recentemente de
mim; porém eu mesmo sou esse pão: Eu sou
o pão de vida (Jo, 6, 48). E, para ainda mais os convencer desta verdade,
dirige-lhes este convite e lhes dá este preceito: Se alguém comer desse pão, viverá eternamente; e o pão que eu darei é
minha carne para a vida do mundo (Jo 6, 52). Ele mesmo lhes prova assim a
importância desta ordem: Em verdade, em
verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do homem e se não beberdes
seu sangue, não tereis a vida em vós (Ib. 54, 10). Longe de nós, pois, esse
erro, tão difundido e perniciosíssimo, dos que pensam que o uso da Eucaristia
deve ser quase exclusivamente reservado a esses homens livres de todos os
cuidados, acusados de terem o coração estreito, e de só o repouso buscarem num
regime de vida mais religiosa. Esse bem,
fora do qual nada é mais excelente nem mais salutar, oferece-se a todos
indistintamente, sejam quais forem a condição e a categoria de cada um;
pertence a todos os que querem (e ninguém há que não deva querê-lo) alimentar
em si a vida da graça, cujo termo é a aquisição da vida bem-aventurada com
Deus.
8. E prazam ao céu façam uma justa ideia da vida eterna e
não a percam de vista aqueles, sobretudo, cujo talento, atividade, autoridade
tanto podem para dirigir os acontecimentos e os homens. Mas, ao contrário,
vemos e deploramos que a maioria deles consideram com orgulho o haverem
inculcado ao século como que uma vida nova e próspera, porque, graças ao seu
impulso, o obrigam a marchar a largos passos para toda sorte de progressos e de
maravilhas. Na realidade, para qualquer lado que se dirijam os olhares, o que
se verá é a sociedade humana, se se afastar de Deus, ao invés de fruir da
tranquilidade que deseja, ser, ao contrário, presa de angústia e de agitação,
como o doente atormentado por uma febre ardente: ao passo que ela aspira
ansiosamente à prosperidade em que coloca a sua única esperança, vê-a
desaparecer e fugir-lhe no momento em que acredita possuí-la. Efetivamente, os
homens e os Estados dependem necessariamente de Deus, de sorte que não podem
viver, nem mover-se, nem fazer qualquer bem senão em Deus, por Jesus Cristo, de
quem têm promanado e promanam abundantemente todos os bens, os melhores e os
mais preciosos.
9. Ora, a fonte e o princípio de todos esses bens é
sobretudo a sagrada Eucaristia: esta entretém, fortifica essa vida cuja
privação nos causa tamanho pesar, e aumenta maravilhosamente essa dignidade
humana de que se faz tanto caso agora. Com efeito, que coisa maior e mais
desejável do que nos tornarmos, tanto quanto possível, participantes e
associados da natureza divina? Ora, é isso precisamente o que Cristo nos
concede na Eucaristia, pela qual ele prende e une a si ainda mais estreitamente
o homem, elevado pela graça até à divindade. Há, com efeito, esta diferença
entre o alimento do corpo e o da alma: que aquele se converte na nossa própria
carne, ao passo que este nos transforma nele; e, a este propósito, eis o que
Santo Agostinho faz o próprio Cristo dizer: Tu
não me transformarás em ti como faz o alimento de tua carne, mas serás
transformado em mim (Conf. lib. 7, c. 10).
AVISO: Até aqui são palavras do Papa Leão XIII, na Encíclica Sobre Santíssima Eucaristia, "Mirae Caritatis"
escrita em 1902.
Quero aproveitar o ensejo para avisar ao "FRATRES IN
UNUM" e aos seus caríssimos leitores que ficarei em recesso nesta coluna
por 2 meses a partir do dia 17 de julho. Farei, se Deus quiser OS EXERCÍCIOS
ESPIRITUAIS DE SANTO INÁCIO (30 dias) e depois farei várias consultas e
tratamentos médicos. Caríssimos, peço-lhes a caridade de vossas valiosas
orações e, desde já, vos agradeço. Que Deus Nosso Senhor abençoe a todos e os
cumule de escolhidas graças. Salve Maria! Amém!
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